Dias de chuva escrita por Sazi


Capítulo 10
Um susto merecido


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas, espero que estejam gostando da trama.
Espero que possam opinar sobre ela.
Obrigada por lerem.



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Eu não medi a consequência dos meus atos naquele momento. Só sei que os murmúrios cessaram e eu apenas pude sentir o gosto da boca dela de encontro a minha. Para minha surpresa ela correspondeu ao meu beijo. Eu não escutei mais nada, absolutamente nada. Parecia que o tempo havia congelado e nós nos prendemos no calor daquele abraço. Suas mãos macias percorreram a minha nuca e o doce aroma de sua pele estava mais nítido do que antes. Aquele momento deve ter durado apenas uns cinco minutos, mas para mim foi como se perder na eternidade.
Eu a larguei completamente constrangido.
– Me perdoe, eu...eu...- Tayla apenas me olhava, os lábios rosados pela força do ato. Eu quis correr ou me enfiar em um buraco escuro. Mas não , eu tinha de ser homem naquele momento.
As garotas que zoavam com ela passaram por mim e disseram apenas.
– Boa sorte. – eu realmente não achava motivos para o bulling com Tayla, mas desde quando há sentido para ter violência?
– Tudo bem Leonardo. – ela desviou o olhar. Antes de mais nada era uma garota e aquele momento com certeza a deve ter constrangido.
– Vem comigo. – eu a puxei pelo braço, saindo do campo de visão dos curiosos. Fomos sentar nas arquibancadas da quadra de basquete. Aquela hora estava vazio e eu sabia que podia conversar com ela em paz. – Me perdoe pelo que eu fiz, não sou desses que sai por ai beijando as garotas sem motivo aparente. Mas aquelas idiotas estavam me tirando do serio e eu fiquei sem foco.
Ela apenas baixou a cabeça e ficou brincando com uma mecha do cabelo. Mas tinha uma coisa que eu queria perguntar. Se ela iria fugir disso ou não era escolha única e exclusiva dela.
– Por que elas disseram tudo aquilo? – seus olhos se desviaram do local onde fitava e me encarou. – Não quero me meter na sua vida, eu apenas...Não entendo. Não vejo motivos.
Ela olhou pro horizonte e depois voltou a me encarar, percebi que ela apertou a alça da mochila que trazia consigo.
– Eu...- ela hesitou. Se aquelas garotas conheciam seu passado, por que eu não poderia conhecer?
– Eu vou te contar tudo. Mas aqui não. Agora não. É algo do qual eu não escondo, porém em muitos casos eu gosto de evitar falar, o quanto isso foi vergonhoso na minha vida. O quanto tudo me foi jogado. – ela queria começar a chorar. Seus olhos estavam marejando.
– Tudo bem se for difícil, se não quiser falar. Por favor não fale. Eu peço perdão pela intromissão e nós nos entendemos.
– Tudo bem. – ela segurou a minha mão. – Eu confio em você.
Fiquei encarando os seus olhos por um tempo e sorri. Bobo e simples.
Levantei e me espreguicei. Estendi minha mão a ela e fomos juntos pra casa novamente. Dessa vez ela ficou me contando os fundamentos e regras do boxe. Eu apenas escutava e perguntava alguma coisa quando não entendia.
Me despedi na porta. Depois subi rapidamente e fiquei vendo ela indo embora.
Eu já esperava que ela estivesse na porta me olhando como uma idiota, mas dessa vez Laís não estava lá. Desci as escadas e aquele momento foi como um baque pra mim. Encontrei minha irmã desmaiada na cozinha.
Me desesperei, nossos pais ainda não estavam em casa. Tentei chama-la, mas ela não reagia. Sabia que se chamasse uma ambulância eles iriam demorar e eu em pânico. Peguei as chaves do carro da minha mãe e coloquei Laís no banco de trás e arranquei com tudo. Checava a respiração e estava boa, mas o pulso dela estava fraco. Não estava nem ai se passei no sinal vermelho. O hospital não ficava longe uma meia hora de distancia, se você for de carro. Eu tirei esse tempo em vinte minutos.
Entrei com tudo da emergência. E logo pegaram-na. Fiquei olhando ela ir ser atendida, inconsciente. O que estava acontecendo ali?
Liguei pros meus pais depois. Meia hora do ocorrido eles já estavam lá comigo. Avisei aos meus amigos, menos a Kevin, eles também vieram.
Estávamos todos preocupados, ela nunca havia desmaiado e nem demostrado que precisava de ajuda medica com algo.
– Os parentes da senhorita Walker? – um medico veio a nós.
– Sim, somos os pais dela. – minha mãe se pronunciou.
– Bem, ainda não sabemos a causa do desmaio. Ela já foi tratada e esta estável clinicamente. Vamos solicitar alguns exames. Sinto que ela vai precisar ficar aqui hoje.
– Quando poderemos vê-la? – eu quis saber.
– Duas pessoas por visita. As dezessete. – dizendo isso ele se retirou.
Todos estavam aflitos, ainda eram treze horas. Os meninos se despediram de mim, com exceção de Daniel que fez questão de estar ali. Como ela estava fora de perigo, o que restava era saber o que causou tudo aquilo. Meu pai foi pra casa, pois eu creio que tinha deixado tudo aberto. Ele estava com fome. Como assim ele podia pensar em comer em um momento como esse?
Minha mãe ficou comigo e Daniel ali. Quando deram quinze horas eu fiquei com fome, então nos três fomos comer alguma coisa.
– Obrigada por salvar sua irmã. – minha mãe disse.
– Não precisa agradecer. Laís é nossa princesinha. – ri disso que eu disse. Que estranho, mas era isso mesmo.
Daniel estava em silencio, mas eu sentia sua preocupação de longe.
Recebi mensagens de Renan e Matheus, estavam preocupados. Tranquilizei os dois.
‘ Aviso ao Kevin?’ Renan me questionou.
‘ Não, de jeito nenhum. ‘ Eu rebati.
‘O.k.a.i. Cara’. Assim espero mesmo.
A hora da visita chegou e eu entrei junto com a minha mãe. As duas se abraçaram. Eu também entrei no abraço.
– Que susto garota. – eu disse. Ela apenas sorriu pra mim, estava pálida. Muito pálida. Meu coração acelerou e eu estava preocupado.
– Eu acho que estou bem. Mas o que eu tive? – ela perguntou.
– Ainda não sabemos. Vão fazer mais alguns exames. – eu disse.
– Já fiz exame de sangue, um eletrocardiograma. Daqui a pouco eles disseram que iriam fazer uma tomografia. – ela completou.
– Você vai ver que não será nada. – minha mãe estava acariciando os cabelos dela.
– Assim esperamos. – eu completei. Realmente eu torcia para que não fosse nada.
Minha mãe foi chamada para assinar uns papeis de exames e eu fiquei a sós com a nossa princesa.
– Obrigada por me trazer. – ela completou.
– Que mania, não me agradeça por isso. Você é minha irmã e faria isso por você quantas vezes fosse preciso.
Ela estava sensível eu creio, pois se abraçou a mim e chorou. O horário da visita acabou e ela estaria de alta manhã. Fomos pra casa, mas antes eu disse a ela que Daniel tinha ficado conosco esse tempo todo. Ela não pode conter a expressão de surpresa.
Chegando em casa nosso pai estava dormindo. Apensar de ainda serem dezenove e meia. Eu fiquei muito irritado com isso e chamei Daniel pra dormir conosco naquele dia. O dia seguinte era sexta e eu não estava nenhum pouco a fim de ir pra aula. Eu não iria. Daniel pensava da mesma maneira. Ficaríamos em casa preparando tudo pra receber minha irmã. Eu iria busca-la no hospital com meu amigo. Seria melhor assim.
Que belo pai eu tenho.
...
O dia seguinte amanheceu logo, como eu estava cansado dormir rápido na noite anterior. Eu gostaria muito de ter um cunhado como Daniel. Ele me ajudou bastante e ainda por cima estava mega preocupado com minha irmã.
Tomamos café que eu mesmo fiz. Minha mãe já havia pedido dispensa do trabalho no dia anterior, então ela teve de ir nesse. Meu pai eu não conto. Nem sei porque ele estava ali conosco ontem. Acho que somente para marcar presença. Não sei como ela podia ter se casado com um homem assim. Minha mãe era como um sol. E ele nem pra lua servia.
O horário de buscar Laís eram as onze. E assim eu o fiz. O medico me orientou de que algum responsável viesse buscar os resultados dos exames dela no dia seguinte. Eu disse que minha mãe iria, já que era sábado e ela estava de folga. O caminho de volta foi em silencio, já que ela estava sonolenta pelos efeitos de alguns medicamentos. Ela me disse que estava com um pouco de dor no peito. Fiquei preocupado, ainda bem que sábado logo chagava e poderíamos saber ao certo o que ela tinha.
– Você nem foi a escola. – ela disse baixinho.
– Não tem problema algum eu não ter ido. – completei. Quando a olhei pelo espelho do carro ela parecia pálida e cansada. Precisava animar essa garota. – Tenho uma fofoca pra você.
– Huuum, coisa nova. Me conta. – ela bocejou.
– Eu beijei Tayla.
– O que? – ela ficou surpresa. – Conta isso direito. – a voz dela alcançou um tom um pouco alto, mas nada comparado quando ela bem.
– Eu vou te contar tudo quando chegar em casa. Na realidade eu fiz isso por que umas garotas estavam infernizando ela. Eu fiquei com raiva.
– Por causa do passado dela. – Laís completou.
– Ue, você também sabe?
– Sim, todos da nossa sabemos. Alias isso aconteceu no ano passado. Creio que você não soube por estar dentro do mundo cor de rosa com a Larissa.
– Então você pode me dizer o que aconteceu?
– Sim, eu posso. Quando chegarmos em casa eu conto tudo.
Esse era um mistério que valia a pena esperar.


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