Guerra dos Lobos escrita por Paulinha Skywalker


Capítulo 13
Capítulo 13


Notas iniciais do capítulo

Oiee, meus leitores lindos!
Mais um capítulo! eba!!
Gente esse capítulo ficou grande, mas vale a pena! ♥
ENFIM, Boa leitura (:



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— Você pode, ao menos, me dizer onde estamos indo? – Resmunguei para Kedon. Estávamos subindo uma montanha que ficava ao lado esquerdo da aldeia. Zandor saltitava entre mim e ele, sem qualquer problema com escalada, já eu, tinha escorregado duas vezes no gelo.

— Paciência, Aika, você não vai se arrepender – ele respondeu por cima do ombro – acho que Zandor está zombando de você – ele falou com um sorriso.

— Se ele me rodear mais uma vez, juro que vou deserdar ele – Kedon gargalhou. Depois de um longo tempo subindo a gigantesca colina, Kedon mudou a direção – Vamos por aqui – atravessamos árvores que estavam completamente congeladas, correndo o risco de nos ferir com seus finos galhos, até que entramos em uma área aberta – Chegamos.

Observei ao redor, estávamos quase no topo, era uma visão linda, tudo branco coberto de neve. Algo chamou minha atenção, em uma distancia muito longa havia algo pontudo rasgando o céu, o objeto brilhava mesmo que o céu estivesse completamente coberto de nuvens.

— Aquilo é ...

— Sim, aquilo é o Castelo de Lupus! O castelo da Nação do Sul! – meus olhos brilharam com aquela pequena cobertura do castelo.

—  É tão próximo e tão longe ao mesmo tempo – sussurrei.

— Sim, mas é muito mais belo de perto – ele refletiu por um momento, mas logo voltou a falar – Seus vidros parecem pequenos reflexos do sol, dançam sobre as paredes do castelo, com duas torres na entrada que parecem as patas da frente de um lobo e as portas do grande salão – Kedon falava de forma apaixonada, me fazia querer estar lá pessoalmente. Ficamos um longo momento encarando os cristais do castelo rasgando o céu, até que enfim criei coragem e fiz uma pergunta que me rodeava há muito tempo:

— Kedon, como é ele? – ele me olhou confuso – Como é o Rei?

— Seu pai, você quer dizer – ele me corrigiu com um sorriso – Em todos os anos que convivi com seu pai, nunca o vi usar de maldade ou ser injusto com algo ou alguém, ele parece muito com Nana, parecem até gêmeos, só que Nana é mais durona, já seu pai nasceu pra ser rei, não é um guerreiro, apesar disso, ele luta muito bem, seus cabelos são aloirados que nem o seu e o humor também é bem parecido, porém você é teimosa – fiz uma careta – Acredito que seu único erro foi se apaixonar pela pessoa errada...

Ela, tudo sempre voltava pra ela. Eu sabia que esse também era o momento certo pra perguntar como era a rainha, mas eu não queria me afeiçoar por ela, então, optei por não perguntar. Continuei a admirar o castelo enquanto passava a mão sobre Zandor.

— Preciso voltar pra aldeia – Kedon falou.

— Vou ficar aqui mais um pouco – respondi, Kedon me olhou inseguro – Não se preocupe, eu sei o caminho de volta.

— Tudo bem – ele respondeu e seguiu o caminho de volta a aldeia. Não sei quanto tempo fiquei encarando o Castelo, apenas sei que estava encantada, imaginei como seria morar lá, deveria ser imenso, com um salão deslumbrante, sonhei com vestidos dourados e com o trono. A realidade me atingiu como um soco, antes de tudo teria que vencer a guerra, só Khosmos sabe o que aconteceria conosco se não conseguirmos derrubar o império da tirana.

Comecei a descer a colina, quando já estava no meio do caminho algo chamou minha atenção, havia algo laranja no meio da floresta na minha direção direita. Olhei para a aldeia, que estava a menos de um quilometro de distancia e para o objeto à minha direita. A curiosidade me venceu, andei em direção ao objeto, para minha surpresa quanto mais eu me aproximava mais ele ficava maior, até que me deparei com uma cabana, feita de uma madeira alaranjada, a qual eu nunca havia visto antes.

Quem moraria no topo de uma colina? Seria pedir pra morrer congelado. Fiquei à uma distancia segura, tentando escutar algo, estava tudo em completo silêncio. Zandor tentava farejar algo no ar, mas ele também não conseguiu nada, estaria abandonada? Aproximei-me da cabana pra observar mais de perto, ela não parecia abandonada, estava em perfeito estado. Uma brisa fez com que a porta abrisse uma pequena brecha. Tudo ainda estava em completo silêncio; arrisquei-me a olhar pela brecha da porta, encontrei apenas um cômodo completamente vazio.

— Uma cabana vazia na encosta da montanha – falei passando pela porta – Era pra eu achar isso estranho? – comentei. Zandor ficou me encarando apreensivo do lado de fora – não tem ninguém aqui, Zandor, pode entrar...

— Ah! Ele não pode se aproximar de mim, querida – uma voz falou atrás de mim, todos os meus ossos congelaram, senti uma aura nova no ambiente, ao virar me deparo com a pessoa mais esquisita que já tinha visto na vida: era uma mulher enorme, ela tinha os cabelos longos, brancos como a neve, sua pele parecia translucida como um raio de sol e vestia um vestido completamente branco. Ela estava sentada em uma mesa que misteriosamente apareceu na sala, assim como ela e bebia algo em uma xícara de prata.

Seus dedos longos passeavam sobre a xícara levemente, ela abriu os olhos e olhou pra mim, me assustei mais uma vez, seus olhos eram completamente negros com pequenos pontos brilhosos que parecia um céu estrelado.

— Não precisa ter medo de mim, Aika – ela falou, sua voz era como um ronronar de gato. Eu estava estarrecida com tal criatura, não sabia se ela era uma ameaça, não sabia como ela tinha surgido em um espaço que estava completamente vazio, mas infelizmente – ou felizmente – ela me conhecia.

— Quem é você? – perguntei com toda a coragem que conseguir reunir. Ela colocou delicadamente a xícara sobre a mesa e me olhou com um leve sorriso.

— Você sabe quem eu sou – ela afirmou, neguei veemente com a cabeça, ela levou o dedo indicador e colocou sobre o queixo – Bom, você já ouviu histórias sobre criaturas que vivem sobre as montanhas, que são serventes de Khosmos, a procura de crianças pra as transformar em pequenos escravos... – refleti sobre aquilo e uma lembrança despertou na minha mente.

— Guardiã de Khosmos! – sussurrei assustada.

— ISSO! – ela falou animada e bateu palmas, em uma mudança drástica de comportamento – Agora sente-se, você está sendo mal educada ficando ai em pé – ela completou falando com uma carranca. Continuei no mesmo lugar, eu tinha escutado inúmeras histórias sobre as Guardiãs de Khosmos, mas sempre achei que eram apenas contos inventados pra assustar as crianças, eu não podia acreditar que tinha uma verdadeira na minha frente – Ah, não se preocupe, todas as histórias são mentiras, servem pra assustar criancinhas sabe? – continuei encarando aquela criatura.

— Porque Zandor não pode se aproximar de você? – perguntei ainda insegura. Ela suspirou como se estivesse sem paciência, tomou um gole do seu chá e respondeu.

— Ele é um ser místico, vindo de Khosmos, igual a mim, só que eu sou mais poderosa, o que faz com que se sinta repelido – ela explicou, olhei para Zandor que parecia impaciente com a situação, mas não ousava chegar perto da porta – Agora sente-se! – ela ordenou,  me arrastei até a cadeira da mesa e sentei.

— Como você me conhece? – perguntei curiosa. Ela deu uma gargalhada fraca.

— Vocês humanos são sempre tão mal-educados? – ela perguntou – Eu lhe conheço desde antes de você nascer, Aika – olhei pra ela mais confusa ainda. Ela bateu a xícara na mesa com força, ficou de pé e praticamente gritou: NASCERÁ ENTÃO, UMA MENINA E VENCERÁ A RAINHA DO OESTE, ENVERGONHADO TODOS OS INIMIGOS DO SUL E FAZENDO RESSURGIR A JUSTIÇA! – dei um sobressalto com aquelas palavras – Essas foram às palavras de Khosmos na sua criação – ela falou voltando a sentar-se à mesa.

— Isso é loucura – sussurrei.

— Não, não, não – ela balançou o dedo indicador – Isso é destino! – os pontos luminosos em seus olhos brilharam mais forte com essa palavra. Fiquei em silêncio ponderando sobre tudo aquilo, o que ainda faltava acontecer comigo? – Mas se eu estou aqui, é porque algo está errado – ela falou me olhando nos olhos, aqueles enormes olhos negros sondaram o meu rosto como se conseguissem ler minha alma.

— Não há nada errado, eu estou treinando, aceitei meu destino, irei para a guerra – respondi – Apesar de Nana ter sido capturada...

— Ah! Não se preocupe com Naila – ela falou balançando a mão – O destino dela está traçado assim como o seu – ela comentou – Eu não estaria aqui nesse mundo, se algo não estivesse errado com você, Aika – olhei pra ela confusa.

— Eu não sei do que você está falando...

— Seus olhos enganam, Aika, mas seu coração – continuei olhando pra ela, confusa – Eu sou sua guardiã, lhe conheço, assim como conheço seu lobo, Lobo! Venha aqui! – Zandor entrou sem nem me olhar e ficou cara a cara com a guardiã – Vamos ver o que essa garotinha está me escondendo – ela falou estralando a língua, ela segurou nos pescoço de Zandor fazendo com que ele lhe olhasse nos olhos. De repente, senti uma onda envolver todo meu corpo, me fazendo se sentir mais leve.

— O que você está fazendo?  - perguntei incomodada com a situação.

— Você já deve ter percebido que você e o lobo são um só — ela falou enquanto encarava Zandor nos olhos – o que você sente, ele sente, felicidade, ansiedade, amor, ódio... – a palavra ficou solta no ar – Ódio... – ela repetiu. A palavra me incomodou, meu rosto começou a esquentar, eu estava me entregando. Ela deu um longo suspiro e ordenou que Zandor saísse.

— O que você viu? – perguntei com medo da resposta.

— Apenas um detalhe – ela levantou o olhar e me sondou, mais uma vez – Eu vejo que você tem um bom coração, Aika – encarei minhas mãos – Mas o que você pensa da rainha? – algo se movimentou dentro de mim, aquela chama de ódio pela rainha despertou e se alastrou pelo meu corpo.

— Nada – menti. Ela deu uma leve ronronada.

— Não minta para mim, Aika – falou de forma delicada. Fiquei em silêncio, lágrimas tentavam escapar dos meus olhos.

— Como posso não odiá-la? Olha o que ela fez comigo? – sibilei – E com o reino? – a guardião ficou em silêncio,

— Esta guerra não pode ser movida por ódio, Aika, se não ela está fadada a perecer – ela falou calmamente, eu queria jogar na cara dela todos os motivos porque eu odiava a rainha, sem ao menos conhecê-la, mas eu tinha a impressão que ela já sabia.

— Como posso fazer isso sem odiá-la? É culpa dela estarmos nessa situação! – cuspi as palavras.

— Aika, essa guerra tem que ser movida por justiça! Justiça pelo povo do Sul! Justiça por você — aquelas palavras não iam me convencer, o ódio que ardia em mim era tão forte que corria o risco de queimar alguém.

— Eu farei justiça, mas não sei se consigo esquecer o ódio – respondi séria. Ela me encarou durante um longo momento.

— Vamos ver o que eu posso fazer – comentou com uma pose de pensadora – Ah! – ela esticou o braço na minha direção e estalou os dedos, algo surgiu na palma de sua mão, um pequeno pano, me assustei com a aparecia súbita do objeto – Eu não posso convencer você, mas isso pode – ela me entregou o pano. Assim que peguei comecei a desenrolar, havia pequenas bolas na cor lilás, pareciam frutas.

— O que é isso?

— Isso não tem nome no seu mundo – ela respondeu dando de ombros – Olha, você pode está conformada agora com todo o seu ódio, mas logo ele vai se tornar insuportável, você não vai aguentar conviver com ele, ai você come alguns desses.

— Isso vai me fazer amar todo mundo? – brinquei.

— Não é esse o efeito, ah! Esteja perto de uma cadeira, provavelmente você vai desmaiar e também não dê pra ninguém, principalmente pra crianças, isso pode matá-las.

— Acho que não vou precisar comer isso – falei com medo.

— Você vai – ela afirmou – Não se preocupe, isso só vai abrir seus olhos – ela sorriu. Olhei mais uma vez para os frutos lilás.

— Vou chamar de Dedo-da-Guardiã!

— Mas não é feito dos meus dedos – ela retorquiu, eu sorrir – Não importa! Você precisa ir agora – ela se levantou e me levou até a porta.

— Eu tenho mais uma pergunta – falei antes que ela me chutasse porta a fora – Como é Khosmos? – ela deu uma longa risada.

— Você adoraria saber essa resposta – ela afirmou – Mas tudo no seu tempo!- fiz uma cara de decepcionada – Lembre-se, no momento certo coma o fruto – assenti – Adeus minha menina – ela me abraçou.

— Ainda nos veremos? – perguntei curiosa.

— Talvez sim, talvez não, mas estarei sempre lhe vigiando! – ela afirmou. Sai pela porta e me deparei com a floresta completamente escura, já era noite!

— Obrigada, Guardiã – falei, ela deu um leve sorriso e pequenos pontos de luz dançaram em seus olhos. Comecei a descer mais uma vez em direção a aldeia e quando olhei pra trás, tudo já tinha sumido. Sorri sem acreditar no que havia acontecido.

                                            ***

Entrei no refeitório e encontrei Luke sentado no mesmo lugar de sempre com Kaio e Agatha, assim que sentei na mesa, todos me olharam curiosos.

— Onde você esteve o dia todo, Aika? – Luke perguntou desconfiado.

— Se eu contasse, vocês não acreditariam.


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Notas finais do capítulo

NÃO SEJA FANTASMINHA! comente, por favor ♥ O capítulo chega 30 visualizações, mais só tem 2 comentário :(

Gostaram da Guardiã? Espero que sim!! Comentem algo que vocês gostam (ou não) na Aika, estou curiosa!
Beijos e até o próximo capítulo!



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