Os Mistérios de Ethan Quinn escrita por Nathalie Alves


Capítulo 11
Baile de Outono


Notas iniciais do capítulo

Todos estão enfocados nos preparativos para o baile. Avanços na investigação levam os policiais a chegar mais perto da verdade. Uma noite de festejo pode acabar se convertendo em uma noite de terror.



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"A escola toda está fervorosa com os preparativos para o baile. Não se fala em outro assunto entre os alunos. As garotas escolhem seus vestidos e especulam quais seriam as escolhas das outras meninas, enquanto os garotos tomam coragem para convidá-las como acompanhantes. Funcionários circulam de um lado a outro levando papéis crepom, balões de festa, vigas de madeira, cortinas e tapetes coloridos, estrelas decorativas, letras recortadas, globos espelhados e todas as outras coisas bregas de baile de escola. A festa será na terça à noite. Algumas pessoas mal podem se conter de ansiedade. Eu não posso dizer o mesmo de mim. Nunca gostei muito de bailes. E ainda menos agora, depois de todas as coisas bizarras e sobrenaturais que têm assombrado a cidade. Minha mente não consegue pensar em nada mais. Sinto essa responsabilidade constante de combater o perigo, mesmo não sabendo se sou capacitado para a tarefa.

Já faz uma semana que o Henry desapareceu, e ele ainda não foi encontrado. A senhora Benson já está à beira do desespero. Ela diz que seu filho está muito machucado e enfraquecido, e que não pode ficar solto por aí sozinho. Eu e o Drake achamos que algo muito sinistro está acontecendo com o Henry, mas não temos como ter certeza. Depois do ataque na rua Bowman, o lobo negro não voltou a se revelar. A cidade está vivendo dias de paz que prometem se prolongar. É o que todos esperam. Mas isso para mim é uma ilusão. O inimigo está à solta e pode atacar a qualquer hora."

"O baile já é amanhã e eu ainda não tenho um par", reclamou Isobel. "Você deveria ir comigo Ethan. Seja um cavalheiro e me convide", brincou, dando um leve sorriso.
Os três caminhavam pelos corredores da escola.
"Na verdade eu já prometi a Bridgit que iria com ela", confessou o garoto. Sua melhor amiga sorriu.
"Eu sei, estava só brincando", Isobel soltou um risinho. "Eu vou achar alguém", declarou, confiante.
Bruce se aproximou. "Hey, alguma notícia do Henry?"
Bridgit balançou a cabeça. "Ainda não."
"Precisamos descobrir quem ele é... o lobo", falou, murmurando. "Henry pode estar em perigo e não temos ideia do que fazer", anunciou, franzindo a testa.
Ethan assentiu. "Nós vamos encontrá-lo."
"Bom, eu tenho que ir. Se descobrirem alguma coisa me avisem. Vejo vocês no baile", disse, afastando-se.
"É impressão minha ou ele tá diferente? Desde quando ele se preocupa?", perguntou Bridgit, intrigada.
"Parece que um bom mistério tem o poder de unir as pessoas", respondeu o garoto-lobo.
"Eu não sei... ainda não confio nele", confessou Isobel.
Ethan se distraiu por um instante e começou a refletir. "Lembram daquela pedra Rubi que desapareceu? Às vezes eu tenho sonhos com ela... não tenho ideia da dimensão dos poderes que possui, e tenho medo do que pode fazer se cair nas mãos erradas...", revelou, temeroso. "E se o lobo negro estiver planejando alguma coisa?"


Bridgit pensou por alguns segundos. "Você deveria perguntar ao Drake. Provavelmente ele sabe algo sobre essa pedra", aconselhou.
"Ela tem razão. E se ele não souber, com certeza conhece alguém que saiba", concordou a outra amiga.


"Eu só acho que a gente devia parar de pensar em tudo relacionado a lobos e coisas sobrenaturais, pelo menos no dia do baile", opinou Bridgit, caminhando em direção à sala de aula. Seus amigos a seguiram. "Amanhã será um grande dia!"

                                        .......................

Na Delegacia de Fort Woods, Joe Quinn estava trabalhando em seu escritório quando o policial Bryan bateu à porta.

"Tenho uma novidade sobre o caso Collins", anunciou. "O Departamento de Perícia encontrou vestígios de pelo do animal nos ferimentos da Stacy e debaixo das unhas, provavelmente por tentar se defender. Mas não é só isso. Encontraram também vestígios de pele. Algumas sequências do DNA batem com o do lobo, mas outras coincidem com DNA humano", explicou, depositando um relatório sobre a mesa.

Joe agarrou o pequeno maço de papéis e analisou. "Está me dizendo que a garota foi atacada duas vezes? Por um homem e também por um lobo?", perguntou, aturdido.
"Parece loucura. A equipe está investigando as amostras, tentando descobrir a identidade do agressor. Mas não está sendo fácil. As sequências de DNA têm padrões desconhecidos", informou.
"E sobre os outros casos... o que encontraram?"
"Os resquícios no garoto Lawrence e no Thomas são os mesmos encontrados na garota. Só não tivemos tempo de colher as amostras do Henry antes que ele desaparecesse", respondeu objetivamente.

O policial Quinn soltou um longo suspiro e se jogou na cadeira. "Eu juro pra você... esse caso está roubando o meu sono", lamentou.

"Nem me fale", ele sentou-se em uma das poltronas. Em seguida, fixou os olhos num ponto distante, como se estivesse lembrando de algo. "Você não acha muita coincidência que aqueles adolescentes estivessem exatamente nos locais dos crimes? No primeiro e no último caso?", indagou desconfiado, os olhos semicerrados.

"Tirou as palavras da minha boca, Connor. Para mim eles são um bando de adolescentes escondendo algo", ele cuspiu as palavras, aborrecido.
"Você deveria falar com seu filho", aconselhou.
Joe Quinn balançou a cabeça. "Eu vou ter uma conversa séria com aquele garoto."

                                       .......................

A noite do baile chegou. O colégio estava adornado com todo tipo de enfeites e ornamentos. Letras gigantes feitas de isopor e papel laminado penduravam-se na entrada, dando as boas-vindas num azul marinho berrante. "Bem-vindo ao Baile de Outono". Adornos prateados decoravam ao redor. Os casais atravessavam o pátio externo, todos empolgados para a festa. As garotas com seus vestidos curtos de cores chamativas, saltos de dez centímetros de altura e maquiagens bem elaboradas. Os garotos exibindo seus smokings lustrosos de gravata borboleta. O ocaso ostentava um show magnífico de cores e tonalidades, derramando luzes rosa alaranjadas e azul-lilás no ambiente. A grama do pátio refletia o brilho do pôr-do-sol. Já era possível avistar a lua e algumas estrelas brotavam no céu.

Ethan esperava por Bridgit do lado de fora da casa da amiga. Quando ela atravessou a porta, o garoto ficou hipnotizado. Ela usava um vestido bege de alça, com detalhes em renda dourada, um salto combinando com o vestido, uma tiara de trança no topo da cabeça e os cachos soltos por trás dos ombros. A maquiagem estava impecável, os lábios tingidos com um gloss rosa brilhante.


"Ual! Você tá linda!", exclamou, admirado.
"Obrigada!", ela deu um sorriso grande e reluzente. "Levou cinco horas pra eu me arrumar... não é fácil ser uma garota", os dois riram.
"Cadê a Isobel? Não vem com a gente?", indagou Ethan, ainda sem tirar os olhos de Bridgit.
"Ela disse que ia na frente, com o acompanhante."
"E quem é?", perguntou, curioso.
"Eu não sei... ela quis fazer surpresa", a garota segurou no braço do amigo. "E então... vamos?"


O corredor que dava para o salão do baile estava repleto de grandes balões espalhados pelo chão, com pequenas luzes girando no piso. A entrada do salão também estava adornada com uma espécie de arco decorativo. O cenário da festa era a quadra de basquete, toda ornamentada para fazer parecer uma pista de dança. O globo reluzia no alto, luzes coloridas e ofuscantes espalhavam-se por todos os lados. Ainda assim, o ambiente estava agradavelmente escuro. Duas mesas compridas ofereciam uma variedade de petiscos, salgados, doces e bebidas. Alguns serviam ponche em copos descartáveis. Havia pequenas mesas num canto e um palco de madeira ao fundo, onde uma banda de ex-alunos tocava uma música punk rock dos anos 70. O barulho da guitarra era estrondoso. A multidão dançava ao ritmo do som.


Assim que chegaram, Isobel saiu ao encontro deles. Ela segurou nas mãos da amiga e olhou-a de cima a baixo. "Você tá incrível!", elogiou, os olhos brilhando.


"E você mais ainda!", exclamou Bridgit. Sua amiga usava um vestido lilás sem alças, um colar prateado, os cabelos soltos e um sapato de brilhantes. Um estilo completamente diferente das roupas despojadas que estava acostumada a usar.
"Então... cadê o seu par?", perguntou Ethan.
Isobel apontou para um garoto que esperava atrás dela. Ele acenou, dando um sorriso forçado.
"Billy Johnson? Sério?", surpreendeu-se Bridgit. O parceiro de sua amiga era o menino mais nerd da turma deles. Era tímido, calado na maior parte do tempo e não tinha jeito com as meninas.

As duas amigas ficaram cochichando. Ethan olhou em volta. Avistou Bruce, acompanhado de uma menina loira. Na mesa mais ao fundo, Grayson servia uma bebida, e num canto remoto, Jeffrey balançava incessantemente um copo com ponche, bebericando de vez em quando. Ainda estava muito amargurado com a morte da irmã. Não tinha acompanhante, estava sozinho. Ethan se perguntou por que ele havia ido ao baile. Provavelmente por insistência dos pais, para se distrair um pouco.
De repente, a banda começou a tocar uma música lenta, Half-Life, de Duncan Sheik.
"Aaai, eu amo essa música!", exclamou Bridgit, entusiasmada.
"Quer dançar?", ofereceu seu melhor amigo. Ele segurou em sua mão e a conduziu até o centro da pista de dança. Colocou as mãos em volta de sua cintura e os dois começaram a dançar ao ritmo lento. Bridgit fechou os olhos por alguns instantes, escutando cuidadosamente a canção. Com os braços ao redor dos ombros de Ethan, ela se sentiu segura.

O garoto olhou bem para o rosto dela. A luz azulada que incidia sobre ele dava um ar doce e suave à garota, quase angelical. Eles dançaram em silêncio por um bom tempo.

Bridgit abriu os olhos lentamente. "Sabe...", começou a falar. "Eu quase consigo esquecer tudo o que a gente passou nos últimos dias...", disse, numa voz muito baixa, como um sussurro. "Homens-lobo, caçadores, enigmas e mistérios que parecem sem solução... é como se tudo tivesse sido um sonho...", declarou. "Um sonho muito ruim...", ela franziu levemente a testa.
O garoto olhou bem no fundo dos olhos da amiga e a tentou consolar. "Você não precisa se preocupar. Eu nunca vou deixar que nada de ruim aconteça com você", prometeu.

A garota sorriu em gratidão, exibindo um brilho imenso no olhar.
Após alguns segundos sem falar, Ethan quebrou o silêncio. "Você me disse que iria viajar para a França com sua família em setembro. O que aconteceu?"
"Tivemos que adiar a viagem...", ela parecia desapontada. "Era só por um feriado e fim de semana mas... eu acho que sentiria falta daqui", confessou.
"Ainda bem que você não foi."
"Por quê?", indagou ela.
"Porque eu sentiria sua falta", admitiu, os olhos fixos nos dela. Ele inclinou a cabeça. Bridgit imitou o mesmo gesto. Eles se acercaram, a tal ponto que podiam sentir a respiração um do outro. Fecharam os olhos suavemente e esperaram pelo beijo.


Subitamente, todas as luzes se apagaram e um rosnado estrepitoso, como uma trovoada, ecoou pelo salão. No mesmo instante, Ethan se deu conta de que era um rosnado de lobo. Ele olhou ao redor, sobressaltado. Algumas pessoas gritaram. Logo depois, o ambiente ficou extremamente silencioso. A música parou de tocar. Todo mundo permaneceu congelado onde estava. Outro rugido ressoou, ainda mais forte. Com sua audição aguçada, Ethan podia escutar batidas de coração aceleradas. Estavam todos em pânico. Bridgit encarou seu amigo com uma expressão apavorada. Nesse exato momento, de forma brusca e repentina, um lobo atravessou a porta dos fundos num tremendo salto mortal. Logo em seguida, outro lobo atrás dele, ambos rugindo impetuosamente.


A gritaria generalizou-se. As pessoas disparavam para todos os lados, tentando escapar. A multidão se dirigiu à porta de entrada em direção ao corredor. O jovem lobo puxou o braço da amiga. Quando estavam todos do lado de fora da quadra, o garoto agarrou uma viga de madeira que estava encostada na parede e prendeu a porta para impedir a passagem dos lobos. Em questão de segundos, o corredor ficou vazio. Todos correram para o pátio externo. Só restou o trio de amigos. Ethan olhou para dentro do salão. Havia duas ou três pessoas presas lá dentro. Ele retirou a viga da porta.
"O que você tá fazendo?", perguntou Isobel, alarmada.
"Ainda tem gente lá dentro. Preciso tirá-los de lá!", anunciou, eletrizado. "Vocês duas... corram, agora! Procurem um lugar seguro", sugeriu.


Bridgit agarrou o braço de sua amiga e as duas saíram correndo. O garoto puxou o celular do bolso e ligou para Drake pedindo ajuda. Depois de arrancar o paletó e a gravata e atirá-los no chão, Ethan começou a sentir as mudanças no seu corpo. Seu peito inflou, as garras surgiram, — assim também como as presas, — e seus olhos brilharam. Quando se deu conta, já estava na forma de lobo. Ele tomou fôlego e avançou para dentro da quadra. Seu grunhido chamou a atenção dos outros dois lobos, que viraram abruptamente os focinhos e grunhiram de volta. Em menos de um segundo, eles pularam em cima de Ethan com toda a ferocidade. O garoto percebeu, num vislumbre soturno, que um deles era o lobo negro. Aqueles olhos vermelho-vivos espreitavam com sagacidade.


Por fim, ele estava certo. O inimigo não iria se esconder por muito tempo. Estava aguardando a ocasião perfeita para dar o bote. Enquanto as feras o atacavam, os alunos encurralados tiveram a chance de escapar. O lobo desconhecido avançou para cima de Ethan. Ele tinha uma pelagem acinzentada e exibia as presas cortantes. O garoto-lobo tentava se defender com todas as forças que podia recobrar. As patas se chocavam umas contra as outras freneticamente. Os rugidos continuavam ecooando, cada vez mais estrondosos. À medida que tentava se proteger do ataque, o jovem lobo sentia as garras pontudas em sua pele, produzindo arranhões pequenos.


Disfarçadamente, o lobo negro subiu ao palco e preparou-se para um grande salto. O animal deu um impulso e pulou sobre Ethan, enterrando as garras nas costas dele. O garoto-lobo sentiu sua pele rasgando e o sangue escorrendo. Ele perdeu o equilíbrio e caiu no chão. A dor era forte, mas os ferimentos estavam sarando rápido. Ele permaneceu imerso no escuro do salão enquanto os outros lobos saíam pela porta dos fundos. Mas logo em seguida, ele se ergueu — com mais facilidade do que esperava — e correu para a saída. O corredor estava negro e desolado, repousando em pleno silêncio. Ethan virou à esquerda e disparou à procura dos adversários.


Vagando pelos corredores, ele se perguntava onde estariam os lobos a essa altura. Não havia sinal de nenhum deles. O garoto se transformou de volta. Sua camisa estava rasgada nas costas e banhada de sangue em alguns pontos do tecido branco. De repente ele ouviu passos de alguém no corredor. Olhou para trás. Era Bridgit. Ela se aproximou. Estava sem os saltos.
"O que você tá fazendo aqui? É perigoso!", exclamou, ofegante e alarmado.
"A gente não podia deixar você aqui sozinho. O que aconteceu com as suas costas?", indagou, os olhos em choque. Ela tocou de leve nos ferimentos.
"Não foi nada... já está sarando", respondeu o jovem lobo. "E a Isobel? Cadê ela? Não estava com você?"


"Eu pensei que ela estava vindo logo atrás de mim... mas depois ela tinha sumido", ela respirava exaustivamente, em busca de ar.
Subitamente, seus olhos petrificaram, fixando-se em algum ponto distante atrás do amigo.
"Ethan, atrás de você!", alertou, sem mover um músculo, os olhos ainda congelados.


O lobo cinzento espumava de raiva. O garoto mudou de forma outra vez e partiu para o ataque. Depois de alguns minutos lutando contra o ímpeto do animal, Ethan se esquivou e correu com toda a velocidade, na tentativa de despistar a fera. Olhou em volta em busca de Bridgit mas não a encontrou. Quando já estava fora do campo de visão do outro lobo, ele entrou silenciosamente num quartinho de produtos de limpeza, transformou-se e esperou até que as coisas acalmassem. Tentou conter a respiração para não ser notado. Através das frestas na porta, ele viu um vulto passar desenfreadamente. Quando o lobo já havia desaparecido no final do corredor, Ethan saiu de seu esconderijo e seguiu na direção oposta.


Andando apressado na escuridão, ele esbarrou-se inesperadamente com alguém. Era Bruce. Estava arquejando, o suor banhando o rosto. "Tentei bloquear algumas portas, pra encurralar eles", informou. "Da última vez que os vi estavam indo para o refeitório, e acho que vi a Isobel entrar lá", seus olhos reviravam.


Ethan apoiou a mão sobre o ombro do colega e saiu em disparada. Ao entrar no refeitório, se deparou com uma situação tensa. Sua amiga estava diante do lobo negro. Ele rangia os dentes. Ela tremia e suava frio.


"Isobel, não se mexe!", ordenou o garoto. Ele trocou de forma mais uma vez e partiu para cima do oponente. Os dois travaram uma batalha intensa. No mesmo instante, o lobo cinzento se juntou a eles, cheio de fúria. A garota correu e conseguiu escapar. Escondido do lado de fora, Jeffrey observava tudo. Ele ficou pasmado com o que viu.


Ethan tentou despistar os adversários outra vez. Ele saiu para o corredor e acelerou com todo o ímpeto. De repente, ouviu um tiro. Ao virar para trás, avistou Drake segurando uma pistola prateada. O lobo cinzento caiu com o impacto e o sangue jorrou de sua pele. O outro lobo esquivou-se dos tiros e fugiu. Ethan assumiu a forma humana.
"Você está bem?", perguntou o caçador.
"Eu acho que sim", respondeu o garoto, atordoado.
"Vem comigo! Precisamos encontrá-lo."


Eles atravessaram o corredor juntos. Procuraram em todas as partes, mas nem sinal do lobo negro. Foi então que escutaram um leve rosnado. Drake fez sinal de silêncio com a boca e ambos pararam de caminhar. Permaneceram estáticos por alguns segundos, mergulhados na negritude, tentando descobrir a origem do som. Estava vindo de uma das salas de aula. O caçador se aproximou vagarosamente. Dentro da sala, o animal vagava em círculos.
Nesse exato momento, o lobo cinzento apareceu, erguido apesar do ferimento. Ele rosnava, ameaçador.

Drake virou-se para Ethan. "Vai atrás dele que eu cuido desse", sussurrou. O jovem lobo assentiu. Ele foi se acercando lentamente do adversário que estava no final do corredor.


O caçador observava a fera rondando dentro da sala, esperando o momento certo para atacar. Ele segurou na maçaneta e moveu cuidadosamente a porta. Um rangido ecoou e, quando menos esperava, o lobo notou sua presença e virou-se bruscamente. Em questão de segundos, o animal saltou em direção à porta. Com a mesma rapidez, Drake puxou um pequeno dispositivo do bolso interno de sua jaqueta e o atirou dentro da sala, fechando a porta imediatamente. Ele assistiu enquanto uma fumaça branca se espalhava pelo ar, paralisando o lobo negro, que despencou no chão. O caçador encarou aqueles brilhantes olhos vermelhos. Era como se já os tivesse visto antes, em algum momento do passado.


Quando já estava bem perto do lobo cinzento, Ethan escutou outro tiro, mas dessa vez não era do caçador. Ele enxergou feixes de luz vindos de algum lugar afastado. A polícia se aproximava, carregando armas e lanternas. Joe Quinn tomou a dianteira, o policial Connor vinha logo atrás dele e uma equipe de homens fardados amontoava-se na retaguarda. Assim que os viu, Ethan procurou se esconder para não ser reconhecido. Ele desmoronou num canto, encostou na parede e, ofegante, respirou bem fundo, tentando captar o ar. Por fim, ele fechou os olhos e mergulhou na completa e sufocante escuridão.


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