Tinha essa menina, não se sabia o nome,sabia-se que ela ficou triste quando encontrou a etiqueta de um de seus vestidos favoritos no chão,sabia-se que tinha uma bolsa de estampa xadrez que zíper já não tinha mais, cheia de remédios de variados tipos para variadas dores, sabia-se que ela em noites de tamanha tristeza, riscava em papeis ou ate mesmo na parede ao lado da cama do quarto com giz de cera, de variadas cores, mas gostava bastante do azul, lembrava que anteriormente , havia comprado uma caixinha na qual continha um pequeno giz que era roxo, um roxo diferente, ficava triste ao lembrar que não sabia onde estava o dito cujo, sabia-se também que não gostava da parede limpa, com a cor monótona rosa, se sentia nauseada por ver aquela cor, por isso , sempre que poderia , passava uma pincelada de tinta a óleo para esboçar um desenho, não que seja a tinta mais apropriada, mas era a que tinha a mão nesse momento de tamanha inspiração, alias por falar em inspiração, vezes e vezes se lembrará que respirava, que sentira os olhos arderem de sono, ao olhar para o relógio digital do computador, marcando tantas para tantas da madrugada, sentia-se culpada por saber que não iria a aula no dia seguinte,completava alguns pares de semanas que não iria, mas não tinha forças para mudar, sentia que iria cair se mudasse, que iria desabar, de tempos em tempos sussurrava para si mesma “ vai ficar tudo bem, vai ficar tudo bem” porem, algumas vezes, o encanto não funcionava, e ela sentia como se fosse desabar de medo, de que sua cabeça iria explodir e que ela já não aguentava mais, mas oque faria se não aguentasse Parara para pensar sobre isto nos últimos dias, oque mudaria? oque aconteceria se não aguentasse?Pensando nisso, chegava a extrema necessidade de chorar, desmanchava ao mandar mensagens para os outros, na esperança que eles lhe dissessem oque aconteceria caso não aguentasse, queria que eles lhe falassem o encanto que repetia para si mesma “vai ficar tudo bem, vai ficar tudo bem” queria ouvir, queria acreditar, mas igual aos pensamentos anteriores, se perguntava, oque aconteceria depois? Nem mesmo acreditava em si quando repetia tal frase, digo, acreditava em seus plenos 5 minutos depois de repetir, depois , ela só se lembrava do barulho do ventilador, das teclas batendo, parecendo como se não tivesse feito nem mesmo um outro barulho na sala, sentia-se culpada por não ir a aula, mas não conseguia, as memórias que ela tinha da escola eram sempre as mesmas, o corredor principal e a coordenadora que vigiava a entrada olhando para si, de certo modo, esse pensamento fazia entrar em completo desespero, pânico, não deveria mentir, de vez em quase sempre, arranjava qualquer desculpa esfarrapada para não poder ir a aula, pois se sentia menos mal, não conseguia faltar por que “estava mal” tinha que ter algo que justificasse, qualquer coisa, era como se aquilo fizesse com que seu coração acalmasse e não palpitasse tanto quanto antes, sempre que conseguia ir a aula, sentia o estomago revirar, sempre que ia , inventava desculpas para sair da sala, sempre era quase a mesma, pedia para ir a biblioteca, La, se sentava escondida por poucos minutos, não podia ficar tanto tempo longe, mas era suficiente para não chorar na frente de todos, o medo comia suas ações, sua vontade de mostrar que era capaz, que era inteligente, que conseguia escrever e mostrar aos outros sua maneira de pensar, eram substituídos por uma menina calada e sentada, que tinha medo de perguntar a professora sobre a questão, raras as vezes que teve uma súbita vontade de mostrar quem era, que podia fazer tudo, tanto quanto na escola, tanto quanto em casa, vezes que podia mostrar aquele sentimento de sentir estar viva que transbordava pra fora de seu corpo, aquele sentimento estranho, porem familiar, aquela vontade de mudar.