Never Stop escrita por Ellen Freitas


Capítulo 1
“I will never stop watching as you leave”


Notas iniciais do capítulo

Hey, pessoas!!!
Como estão nessa quarta feira sem Arrow? Bad, não é?

Bem, essa minha primeira fic nessa categoria, então peguem leve comigo, tá bom?! Espero que gostem, e uma história bem levinha e engraçada. Espero que se divirtam comigo!!!

Então, boa leitura, nos vemos nas notas finais. Bjs*



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Passo as mãos em minhas coxas desamarrotando minha saia não amarrotada enquanto saio da minha saleta no departamento de TI em direção à sala da presidência. Com a ausência do meu supervisor, uma viagem de última hora do diretor do setor e a total falta de voluntariado dos meus colegas, acabei sendo o bode expiatório designado à comparecer em uma “importantíssima reunião”.

Como se cuidar da proteção do sistema de uma empresa de bilhões de dólares não fosse importante... Rolei olhos, mesmo sem ninguém para ver.

Não, não sou do tipo que não gosta de gente rica apenas porque nunca terei a chance de ser assim. E não, também não sou algum tipo de oportunista alpinista social que espera o primeiro milionário passar na sua frente para se atirar nele, marcar compras com sua irmã e um chá das cinco com sua mãe. Até porque esse tipo de família não me aceitaria com toda essa gagueira.

Digamos que em termos de me relacionar com pessoas assim, prefiro julgar as pessoas pelo que elas são, ou como demonstram ser para mim, no geral mantendo uma distância segura dos seus egos inflados e irresponsabilidades crônicas. “Sua julgadora hipócrita!” Algumas pessoas podem estar me xingando. O quê? Eu disse que os julgava pelo que demonstravam ser. E até agora, todo mundo com a conta bancária superior a cinco dígitos me passou uma imagem de completos idiotas.

― Pra onde vai senhorita? ― Um homem negro gigante, com a espessura dos braços que deveriam ter no mínimo o triplo da minha, me parou na saída do elevador.

― Para um lugar com cadeiras, espero. ― Massageei minhas batatas da perna. ― No dia que decido trocar minhas sapatilhas de ratinho por esses saltos do inferno, tenho que sair da minha aconchegante sala de dois metros quadrados. ― Gesticulei com os braços abertos e ele não conteve um riso. ― Sou Felicity Smoak.

― John Diggle. ― Ele apertou minha mão de volta. ― Mas ainda tenho que perguntar sobre o que a senhorita faz aqui em cima.

― Acredite Sr. Diggle, eu não faço o tipo Katniss Everdeen. ― O homem me olhou com a sobrancelha franzida como se não fizesse ideia do que eu estivesse falando. ― Sério? “Eu me ofereço como tributo”? Panem? Colheita? Nada? ― Ele balançou a cabeça em negação. ― Ok, deixa pra lá. Apenas fui obrigada a estar aqui representando meu departamento por alguma idiotice que os Queen querem ostentar pra empresa.

― Apenas evite falar sua opinião sobre seus patrões em voz alta, certo?! Pode entrar. ― Senti um tapinha reconfortante em minhas costas quando passei por ele.

― Espera. E você é quem, o segurança do elevador? ― Diggle soltou uma gargalhada discreta.

― Segurança do Sr. Queen, na verdade.

― Pensei que o Sr. Robert Queen estivesse “em férias sem fim determinado”.

― Não esse Queen, o outro. Oliver. ― Foi minha vez de soltar uma sonora gargalhada.

Desde o colegial, em que fiz apenas um ano na mesma escola que Oliver (graças a uma bolsa integral, diga-se de passagem) acompanhei de longe o vai-e-vem dos amaldiçoados pela Sra. Queen a seguirem e tentarem afastar Oliver dos tabloides. Digamos que não têm funcionado tão bem nesses últimos 27 anos.

― Você foi o condenado da vez a ser babá do principezinho?

― Essa é a primeira vez que se referem a mim como príncipe. ― Meu coração começou a bater descompassado com o susto de ouvir a voz de Oliver Queen logo atrás de mim. Você e sua boca grande Felicity!

― Boa tarde, Sr. Queen.

― Ei, Dig, quem é sua amiga?

― A Srta. Smoak está representando o departamento dela aqui na empresa.

― Smoak? ― Oliver me mediu descaradamente de cima a baixo com a sobrancelha erguida. ― Eu acho que conheço você.

Acha que me conhece?

Você assistiu sua turminha de amigos me atormentar durante um ano inteiro no ensino médio. Sua namoradinha perfeita me apelidava, me difamava e competia comigo em tudo que podia, tornando minha adolescência deplorável. Você se aproveitou da minha quedinha por você para fingir gentileza e somente com o objetivo de colar toda a matéria de matemática avançada, e só conseguiu porque eu deixava, caso contrário não teria capacidade para isso sozinho. Tudo bem que tingi o cabelo e mudei bem minhas roupas e maquiagem, mas não justifica.

Agora você “acha” que me conhece?

― Impressão sua, não lembro de conhecer você ― falei cinicamente, o que provocou nele uma careta frustrada.

― Tem certeza?

― Oliver! ― A mãe dele o chamou já de dentro da sala da presidência, onde era possível ver através da parede de vidro um grupo enorme de homens e mulheres de terno.

― Pode entrar também, srta. Smoak. ― Diggle incentivou.

― Me chame de Felicity.

― Era assim que o Oliver te chamava quando vocês se conheceram anos atrás?

― Que nada! O máximo que ele me chamava era de “ei, morena”. ― Percebi no segundo seguinte que tinha acabado de ser pega na mentira. Abri a boca para responder, mas fechei no minuto seguinte percebendo que não teria uma justificativa aceitável, e logo entrei na sala, torcendo pro meu rosto super vermelho passar despercebido entre tanta gente.

Gastei uns bons segundos observando a vista da enorme janela da presidência. Star City às vezes poderia parecer fria e sombria, mas olhar para o sol se pondo entre nuvens atrás dos prédios, o laranja mesclando-se com o azul claro e escuro das nuvens, me fez exibir um sorriso. O senhor Queen poderia reclamar de tudo, menos de falta de beleza do cenário que se mostrava na parede de vidro.

― Só pode ser uma brincadeira de muito mal gosto. ― A voz que me parecia estranhamente familiar ganhou um rosto quando me virei e dei de cara com meu pesadelo de adolescência.

― Laurel Dinah Lance ― falei a contragosto.

― Felicity Megan Smoak ― Laurel me observava de braços cruzados usando um conjunto de terninho cinza. ― Parece que a única coisa que ainda temos em comum é o péssimo gosto das nossas mães para nomes duplos.

― Dá licença. ― Saí sem falar mais nada.

― Passam os anos e você ainda é uma perseguidora do Ollie? Aposto que ele ainda não sabe quem você é. ― Me virei de brusco diante da provocação.

― Olha aqui, sua vareta! ― Apontei meu indicador para ela. ― Não que eu te deva explicações, mas eu trabalho na CQ faz dois anos e hoje foi a primeira vez que vi seu “precioso namoradinho Ollie” depois do colegial. Quer dizer, suponho que seja ex namorado, depois de todo o escândalo da traição em alto mar. Aliás, como vai sua irmã Sara? ― Devolvi a afronta jogando na cara o que mais irritava aquela patricinha.

― Sua vadiazinha nerd, como ousa?

― Como ousa você, ainda ficar correndo atrás desse cara que te humilhou em rede nacional. Se valoriza, garota!

― Eu não estou aqui por Oliver. Comecei a trabalhar no jurídico.

― Pois vamos agradecer aos céus por sua sala e a minha serem separadas por quinze andares e eu não precisar te ver mais! E nem ele!

― Ótimo.

― Fantástico ― confirmei.

― Laurel Lance e Felicity Smoak. ― Saltamos de susto ao ouvir nossos nomes serem chamados no microfone por Oliver Queen. Nos olhamos sem saber bem o que fazer, já que estávamos bem envolvidas em nossa própria discussão e não prestando atenção no discurso, até que o próprio loiro fez sinal com a mão para que nos aproximássemos.

Entramos em um acordo mudo de não contestar o chamado agora e começamos a caminhar.

― O que está acontecendo aqui, Ollie? ― Laurel cochichou para ele quando assumimos o lugar no palco em meio à muitas luzes dos flashs.

― E assim eu finalizo a apresentação da equipe que vai trabalhar comigo lado a lado na presidência das Consolidações Queen. Obrigado a todos pela presença e tenham um bom final de dia.

― O que você pensa que fez, garoto? ― A mãe dele, que até o momento sorria falsamente, chegou até nós demonstrando sua irritação.

― Você me obrigou a assumir isso aqui, então essa é minha condição. Quero Felicity e Laurel como assistentes executivas da presidência, ou nada feito.

― Eu já contratei a melhor equipe para te auxiliar e você quer sua ex e uma menininha que ninguém sabe de onde veio?

― Alto lá, senhora Queen, a senhora pode ser a mulher do meu chefe, mas deve ao mínimo respeitar meus diplomas de pós-graduação e meu QI bem superior ao da maioria dos funcionários desse prédio. ― A mulher abriu a boca para me responder (e provavelmente me demitir), quando Oliver a interrompeu.

― E elas estão aqui porque quero pessoas de confiança ao meu lado, não um monte de velhos enrugados. Mas se não quiser, vou ficar feliz em voltar pro Taiti, onde eu estava me divertindo bem mais antes de ser arrastado de volta pra Star City.

― Faz o que você quiser, Oliver, mas saiba que em breve terá que arcar com as consequências das suas más escolhas. ― Moira Queen saiu pisando firme e levando grande parte das pessoas ali da sala em seu encalço. Eu ainda olhava os pobres repórteres tentarem tirar algo a mais da toda-poderosa, quando ouvi um tapa estalar e me virei para ver Oliver acariciar o rosto e Laurel o encarar furiosa.

― Ai, isso doeu.

― Sorte sua eu não ter um bastão por aqui!

― Qual é Laurel, você nunca vai deixar isso pra lá? Já faz quase seis anos, o crime até já prescreveu. ― Oliver testou uma risada, mas ela ainda parecia prestes a explodir.

― Você entende o que é saber pelos jornais que sua irmã estava te traindo com seu namorado e ainda ter que chorar em um velório encenado, para logo em seguida ter que aturar a volta triunfal do casal sobrevivente? Minha família se quebrou depois daquilo! ― O meu ódio por Laurel nunca tinha me feito para pensar sobre como ela se sentia sobre o escândalo todo, que acompanhei apenas pelos jornais.

― Me desculpa, já pedi mais de mil vezes.

― Eu não me importo! E se você pensa por um segundo que vou aceitar esse capricho ridículo apenas para irritar sua mãe, você está muito enganado. E boa sorte com ele, Smoak!

― Que jovenzinha temperamental, essa sua namorada.

― Ela vai mudar de ideia ― ele falou ainda olhando para a porta de onde ela tinha acabado de sair. ― Tenho meus meios. ― Oliver justificou quando me olhou e meu rosto parecia demonstrar total incredulidade diante da última cena que presenciei.

― Sei bem que tem. ― Avermelhei com o duplo sentido que a frase soou. ― Quer dizer, imagino que tenha, nós nunca... ― apertei minhas pálpebras com força. ― A gente não se conhece, e vamos ficar assim, então... Não ficar ficar. Eu vou sair. ― Apontei os indicadores para a saída, já indo naquela direção.

― Te vejo amanhã, então?

― Sinto muito, Sr. Queen, mas eu...

― Oliver ― ele me corrigiu.

― ...mas eu realmente não acho que você precise de mim aqui. E como a outra disse, somos apenas um capricho.

― Não, não é.

― Eu não vou trabalhar pra você!

― Sinto muito, Felicity, mas você já trabalha para mim.

― Quer dizer, trabalhar com... Você me entendeu.

― Fe-li-ci-ty. Preciso de você e das suas especialidades aqui comigo. Eu não confio nos “ajudantes” que minha mãe contratou, Laurel mal sabe usar os filtros do Instagram, e meu conhecimento em tecnologia se limita a ligar o computador e mandar e-mails dispensando garotas.

― Me desculpe, mas isso não te qualifica como incompetente para o cargo de CEO? ― Me arrependi no segundo seguinte que as palavras escaparam, mas já era tarde.

― Você acha que não sei disso? Mas minha mãe está aproveitando as férias sem tempo para acabar do meu pai, para me ver fracassar diante de toda cidade e trazê-lo de volta pra Star. Por favor, me ajuda...

― Não quero servir de vela pra você e sua ex. E nem ser sua secretária que você acha que pode pegar, ou a garota que tem que dar desculpas e escolher presentes para suas amantes. O que eu falei pra sua mãe é muito verdade, eu não me graduei pra isso.

― Não vai ser nada disso, eu prometo. E ainda multiplico o seu salário por dez. ― Oliver deu um passo em minha direção. ― Por favor, Felicity.

― Como descobriu meu primeiro nome? ― Minha voz de repente ficou mais baixinha, e pra evitar ter de encarar de tão perto os olhos azuis, ou pior, os lábios de Oliver, fiquei olhando o nó na gravata azul escura.

― Eu sempre vou atrás do que quero, Felicity. ― Nossos olhos se encontraram quando o ouvi rir e não resisti, olhando para cima. ― Até amanhã, parceira. ― Ele fez um carinho em meu ombro antes de se retirar.

E assim como a vez no colégio em que ele me encurralou nos armários e convenceu a me arriscar ao ponto de fazer a minha prova e a dele matemática avançada, eu estava ali, suspirando e observando ele ir embora.

Ao passar por Diggle, este me lançou um sorriso malicioso que tratei de ignorar e respirar fundo, já indo para os elevadores para descer para o departamento de TI, onde me despediria da minha calma vidinha e iria direto para um barco aparentemente furado ao lado da minha arqui-inimiga e minha paixão de adolescência.


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Notas finais do capítulo

Então? Paro ou continuo?
Estou reservando grandes coisas para essa história. Muitas risadas, coisas fofinhas e "suspirantes" estão por vir.

Vejo vocês nos reviews... Não me deixem no vácuo galera!!!
Bjs*