Sinceramente era surreal. Desde que eu entendi o que significava beijar alguém, sonhava com o momento em que estaria beijando Edward. E só podia dizer que não parecia ser eu ali, parecia que eu estava fora do meu corpo observando nós dois. O momento estava perfeito.

Exato, estava. No meio do silêncio que ficou no momento, um trovão estourou no céu, fazendo com que nos separássemos pelo susto, e fazendo com que Rose, deitada perto de nós desse um pulo e um grito, que veio seguido de uma forte chuva.

— Ai meu Deus. – Rose falou correndo para dentro e chorando.

— Vou ver o que aconteceu. – falei indo atrás dela, enquanto Edward tentava acordar Emmett que permaneceu dormindo.

Subi as escadas atrás de Rose, e quando chegava ao segundo andar ela se trancava no quarto.

— Rose? – perguntei batendo na porta. – Está tudo bem? – perguntei preocupada, era muito difícil ela chorar por qualquer coisa. – Deixa eu entrar. – falei.

— Está aberta. – escutei a voz dela falar, assim que entrei e ia fechar a porta vi Edward ajudar Emmett a subir as escadas.

— Está tudo bem? – perguntei me sentando na sua frente, e fiquei ainda mais preocupada com sua aparência frágil.

— Está, foi só um pesadelo. – ela disse enxugando as lágrimas que ainda escorriam por suas bochechas.

— Quer falar sobre isso?

— Fazia muito tempo que não sonhava com eles. –ela disse.

— Seus pais? – ela assentiu.

— Sonhei com o acidente deles, eu não estava junto, mas vi fotos.

— Eu sinto muito. – foi a única coisa que consegui falar. Escutei umas batidas na porta. – Só um pouco. – abri a porta e Edward estava do outro lado.

— Está tudo bem? – ele perguntou preocupado.

— Está. Foi só um pesadelo com os pais dela.

— Tem algo que eu possa fazer? – ele perguntou e eu neguei com a cabeça.

— Na verdade tem sim, você poderia chamar o Jazz? – perguntei.

— Claro. – ele falou e logo já saiu, voltei para o lado de Rose.

— Hey. – falei chamando sua atenção. – Vai ficar tudo bem.

— Rose? – Jazz perguntou entrando no quarto e Rose voltou a chorar. Me levantei e sai do quarto fechando a porta em seguida.

— Ela vai ficar bem? – Edward perguntou assim que fechei a porta.

— Vai, ela só precisa desabafar um pouco. – falei e antes que pudesse ficar um silencio constrangedor, Alice saiu do quarto, confusa.

— Esta tudo bem? –ela perguntou preocupada, ia começar a falar, mas meu telefone tocou e levei um susto com o nome que brilhava na tela.

— Mae? – perguntei confusa.

— Oi meu amor, quanto tempo. – ela disse.

— Está tudo bem? – perguntei preocupada e Edward e Alice me olharam perguntando se tinha acontecido alguma coisa, apenas acenei a cabeça e entrei no meu quarto.

— Claro que está, por que a pergunta?

— Por que você não me ligou nesse tempo todo, e são quase 02 da manhã. – falei me assustando ao ver o relógio.

— Ah querida, estive tão ocupada essas semanas e sei que você está bem, do contrário já teria me ligado. Hoje foi aniversário da Ashley, lembra dela?

— Claro mãe, fomos no aniversário dela nos cinco anos em que moramos ai. – falei me recordando das festas da chefe da minha mãe.

— Então, voltei da festa dela agora e resolvi ligar, me bateu uma saudade de você filhinha. Como estão as coisas por ai?

Ficamos conversando por mais uns 15 minutos, e quando desliguei vi que mais ninguém estava do lado de fora, então resolvi deitar e dormir, ou tentar pelo menos.

...

Acordei com os raios de sol em meus olhos e constatei que havia me esquecido de fechar a cortina, e quando olhei no relógio vi queque só havia dormido quatro horas. Me levantei e fui para o banho esperando que isso resolvesse o sono. Não resolveu. Fui me arrastando para cozinha encontrando Alice e Emmett já acordados, e já tomando café.

— Também caiu da cama? – Alice perguntou colocando seus óculos escuros.

— Da próxima vez que alguém decidir ficar até tarde bebendo no meio da semana, vamos tentar nos lembrar desse momento. – falei.

— Concordo. – Emmett falou.

Comemos em silêncio até o resto do pessoal descer. Edward foi o último, e até aquele momento, não sabia como, mas tinha me esquecido do nosso beijo, mas assim que o vi, a lembrança rapidamente me veio à cabeça e eu não sabia o que fazer, só sabia que não podia ficar sozinha com ele novamente.

— Alice vou de carro com você ok? – perguntei. – Não estou a fim de dirigir.

— Tudo bem, você vem também Rose? – Alice perguntou delicadamente, já que ninguém havia comentado sobre ontem à noite.

— Claro. – ela respondeu com um sorriso forçado.

— Vou terminar de arrumar minhas coisas. – falei saindo da mesa e indo até meu quarto.

Fiquei uns dez minutos pegando minhas coisas e quando estava prestes a sair alguém bateu na minha porta. Falei um entre ainda ocupada procurando um livro, sem ver quem era.

— Hey. – escutei a voz de Edward e paralisei, me esqueci da possibilidade de ser ele na porta.

— Hey. – falei me virando para ele com minha mente a mil sem saber o que fazer.

— Então. – ele começou e mexeu nos cabelos. – Eu queria falar sobre ontem. – ele disse mexendo nos cabelos novamente um sinal que estava nervoso, ótimo saber que não era a única.

— Claro, vamos conversar. – falei sentindo minhas bochechas esquentarem.

— Bella. – Rose chegou à porta.

— Oi Rose. – falei um pouco alto demais.

— Alice já está esperando a gente no carro. – ela disse.

— Tudo bem. – eu falei olhando para o Edward.

— Conversamos depois. – ele falou sorrindo e saiu do quarto ainda nervoso.

— O que foi isso? – Rose perguntou enquanto descíamos a escada.

— Longa história, quer dizer não tão longa assim. – falei.

— Então conte tudo. – ela falou empolgada enquanto entrávamos no carro.

— Conta o que? – Alice perguntou já ligando o carro.

— Alguma coisa entre nossa Bellinha e seu adorável irmão. – Rose falou rindo.

— Não foi nada demais. – falei tentando me convencer.

— Então conta. – Alice falou.

— É que ontem depois que vocês foram dormir, eu e o Edward continuamos cantando algumas músicas. – falei.

— E ... – as duas perguntaram.

— E... a gente se beijou. – falei fechando os olhos prevendo o que viria a seguir. Ou seja, os gritos e os “eu sabia” .

— Eu sabia que isso ia acontecer ...

— Vocês dois super combinam ...

As duas continuaram a falar durante todo o caminho enquanto eu apenas revirava os olhos para cada coisa que elas falavam. Saímos do carro e assim que fechei a porta, Jacob apareceu.

— Bella. – ele chamou.

— O que você quer? – perguntei.

— Quero conversar com você, pedir desculpas. – ele começou e antes que pudesse falar mais alguma coisa o interrompi.

— Eu já te escutei e não quero mais saber de nenhuma desculpa que você tenha para me dar. – vi o carro dos meninos estacionando e Edward logo saindo olhando para mim.

— Bella... – Jacob tentou falar novamente segurando meu braço.

— Não ... – puxei meu braço. – O que a gente tinha acabou e você fez questão de colocar um ponto final. – falei dando as costas para ele e rapidamente olhei para Edward que me lançou um sorriso fraco.

Segui com as meninas até o nosso campus, onde Rose se despediu e foi para as aulas dela nos lembrando de que tínhamos ensaio hoje à tarde.

...

Passei o dia inteiro tentando evitar Edward o máximo que eu podia, não podia fazer isso para sempre, mas eu precisava de um tempo para pensar. Logo depois do almoço, tinha uma hora vaga, Alice havia preenchido essa hora com outra matéria, porém eu resolvi usar esse horário para estudar.

Então enquanto estava no silencio da biblioteca de cara nos meus livros e tentando não pensar em mais nada, fui surpreendida quando a cadeira na minha frente foi puxada e Edward se sentou nela. Internamente gritei comigo mesma, tinha esquecido que ele também tinha o horário vago.

— Oi. – ele disse se sentando.

— Oi. – respondi tentando parecer interessada no meu livro.

— Então ... – ele começou.

— Minha mãe me ligou ontem. – falei a primeira coisa que me veio à mente.

— Mesmo? – ele perguntou provavelmente se lembrando da nossa conversa no shopping. – Está tudo bem?

— Está ela só queria saber como eu estava, disse que está com saudades. – falei.

— Você parece desapontada. – ele disse.

— Eu estou. – comentei. – Sei lá, eu esperava que ela fosse me ligar antes, ou que ela realmente estivesse com saudades, não só por que era 02 horas da manhã e ela estava bêbada.

— Ela estava?

— Não completamente, ela estava no estado alegre da embriaguez, mas ela não ligaria se estivesse sóbria. Ela ainda está brava por que escolhi Stanford, ou nas palavras dela por que escolhi deixa-la sozinha. – falei revirando os olhos.

— Ela vai superar. – ele disse e eu só assenti. – E a Rose como está?

— Eu não sei, ela não falou nada e toda vez que tocamos no assunto ela finge que não escutou e começa a falar de outra coisa, além de estar toda feliz e fofocando no almoço.

— Talvez devêssemos falar com o Jasper, ver o que ele sabe. – assenti.

— Eu fico preocupada, ela nunca gostou de falar sobre o assunto. – falei olhando para o lado e vi que Tanya estava lá me olhando. – O que ela está fazendo aqui? Eu nem sabia que ela sabia ler. – falei sarcasticamente em um tom mais alto, fazendo com que ela me escutasse, o que deu efeito, pois ela se levantou e veio na direção da nossa mesa.

— O que você disse? – ela disse muito mais alto e várias pessoas olharam para ela pedindo silêncio.

— E eu estava certa. – falei. – Caso você não consiga interpretar sinais também, aquela placa ali significa silêncio. – sorri para ela. – Agora com licença, que eu tenho aula e depois treino das lideres, talvez você lembre como era toda a correria. – me levantei da cadeira e peguei minhas coisas.

— Eu vou com você. – Edward falou aparentemente se divertindo com a situação. – Isso definitivamente não vai acabar bem. – ele falou rindo quando saímos da biblioteca.

— E eu não podia ligar menos. – comentei rindo ao mesmo tempo em que meu celular tocava, era Alice. – Eu tenho que ir, a sua irmã requer minha presença, nos vemos depois. – falei já saindo e encontrei Alice perto da sala em que teríamos a próxima aula.

— Eu sei que você estava estudando, mas o professor nos liberou mais cedo, imaginei que você quisesse me fazer companhia.

— Com todo o prazer. – falei me sentando ao seu lado. Ficamos conversando por uns dez minutos quando vimos alguém colar um papel na porta da sala.

Curiosas, fomos ver o que se tratava, era um papel informando que o nosso professor estava doente, portanto não haveria aula. Como Jasper não tinha a última aula, Alice foi se encontrar com ele antes do treino, enquanto eu aproveitei para ir para o ginásio, local que ensaiaríamos devido à probabilidade de chuva.

Conforme eu esperei, o local estava vazio, troquei minha roupa por algo mais confortável e fui para o meio da quadra começar me alongar, logo coloquei uma música e arriscava alguns passos, estava no início de “Apologize – One Republic”, quando reparei que tinha público. Parei na mesma hora em que vi Edward parado na porta do ginásio. Ele estava me seguindo ou o que?

— Desculpa, não quis te interromper. Você estava tão concentrada que achei melhor apenas esperar. – ele comentou vindo em minha direção.

— Sem problemas. – comentei um pouco corada. – O que você está fazendo aqui? Já é hora do treino?

— O treino foi cancelado por causa da chuva. – ele falou e aí pude reparar no forte barulho no lado de fora. – Então, não pare por minha causa. Continue a dançar, por favor. – ele falou sorrindo.

— Apenas se você dançar comigo. – falei o provocando.

— Eu sou um péssimo dançarino. – ele falou, porém largou suas coisas perto das minhas e chegou perto de mim.

Como um incentivo, arrisquei mais alguns passos da música, quando voltei a olhar Edward estava dançando e muito bem devo acrescentar. Ele então se aproximou de mim e puxou minha mão para dançarmos juntos, apenas ri e me deixei levar por sua condução, até que ele me puxou para muito perto.

Nossos narizes estavam a um centímetro de distância e nossas respirações estavam muito alteradas, e meu coração que eu achava que seria incapaz de se acalmar, se agitou ainda mais quando pela segunda vez em menos de 24 horas, Edward grudou seus lábios nos meus.

Não posso dizer quanto tempo estávamos ali nos beijando, mas depois do que não pareceu ser tempo o suficiente, um trovão ressonou apagando todas as luzes do ginásio e imagino que do campus inteiro. Eu estava começando a odiar trovões.

— Nós precisamos conversar. – Edward falou assim que nossos olhos se encontraram. – Eu preciso falar com você. – ele disse e eu apenas assenti, porém meu celular tocou e eu nunca detestei tanto meu celular quanto naquele momento.

— Só um minuto. – falei saindo dos seus braços que ainda estavam em minha cintura, e indo até minha bolsa. – É a Rose, não vai ter treino, eles já estão indo para a casa com o carro da Alice. Você está de carro?

— Estou. Vamos antes que a gente fique trancado aqui. – ele falou e veio pegar suas coisas.

Ele me esperou na porta enquanto eu desligava as luzes e o som, e quando eu estava chegando perto de onde ele estava ele estendeu sua mão que eu prontamente peguei, e como ambos estávamos sem guarda-chuva, corremos pelo campus de mãos dadas até o estacionamento.

É claro que mesmo correndo ainda nos molhamos consideravelmente, então assim que entramos no conforto do volvo de Edward eu comecei a tremer de frio.

— Pega. – ele disse me entregando seu casaco que estava no banco traseiro. Ele ligou o carro e seguimos em silêncio por uns dez minutos até que o carro simplesmente desligou.

— O que aconteceu? – perguntei com um leve medo, já que a chuva apenas aumentava e estávamos em uma rua deserta.

— Eu não faço ideia. – ele respondeu enquanto tentava ligar o carro novamente. – Droga. – ele disse batendo no volante. – Acho que temos que esperar essa chuva passar.

— Tudo bem. – falei ainda amedrontada e esfregando minhas mãos que estavam super geladas.

— Aqui. – ele disse colocando suas mãos sobre as minhas e se inclinou para soprá-las. – Uau, suas mãos estão um gelo. – ele disse.

— Eu sei. – falei sem saber o que falar e por instinto me inclinei sobre minhas mãos também e Edward me olhou.

— Você é tão linda. – ele comentou em um quase sussurro e senti meu rosto esquentar. – E eu não gostaria de falar o que eu vou falar enquanto estamos presos nesse carro, mas eu não consigo mais aguentar. – ele disse e por um momento eu realmente achei que meu coração fosse sair pela minha boca. – Eu estou apaixonado por você. – ele disse e eu me imaginei no paraíso. – Eu estou apaixonado por você desde... eu não sei, acho que desde sempre, e eu fui um idiota por ter deixado você ir embora sem ter falado nada, e eu não sei se você sente a mesma coisa, mas....

Interrompi o que ele estava prestes a falar, o puxando pela gola da sua camisa e o beijando profundamente e eu estava determinada a não deixar nenhum trovão estragar nada dessa vez. Nos separamos apenas quando o ar se fez necessário.

— Você está brincando comigo? – eu perguntei olhando para ele. – Se eu sinto alguma coisa por você? Eu me apaixonei por você desde o dia em que te conheci e continuei apaixonada por você até... quer dizer continuo apaixonada até hoje, esse momento. – falei e dessa vez eu fui interrompida por ele que novamente me beijou.

Mesmo trancada em um carro, no meio de uma tempestade eu podia dizer que ali se transformou em meu paraíso particular por alguns minutos que se seguiu até a tempestade parar e Edward ligar para um guincho para rebocar o carro. E é claro até o guincho chegar Edward e eu continuamos a nos declarar e nos beijar tentando recompensar todos os anos deixados para trás.