Eu ainda não podia acreditar, hoje faziam exatas duas semanas que meus pais quiseram ser honestos comigo e anunciar que o relacionamento não estava dando certo e eles iriam se separar. Não que fosse uma surpresa, visto que eles andavam brigando mais nos últimos meses que em todos os meus quatorze anos, e eu entendia os dois, não adiantava forçar um relacionamento só por causa de mim.

  Eu queria que eles fossem felizes e eu aceitava a separação totalmente, se isso fosse o melhor para os dois. O problema é que minha mãe inventou que seria muito melhor se saíssemos da Califórnia e fôssemos para Seattle. O que fazia minha mãe achar isso ainda era uma incógnita, mas ela achava que iríamos ser mais felizes e que eu deveria ficar longe do meu pai já que ele era muito imaturo para cuidar de mim. E se ele quisesse ter um tempo comigo, deveria nos visitar.

   O pior de tudo era que minha mãe não estava apenas me afastando do meu pai, mas também me afastando de todos os meus amigos. Toda vez que eu parava para pensar sobre eles meu coração apertava mais um pouco e eu pensava em seriamente fazer de tudo para ficar, mas eu sabia que não adiantaria, se tem uma coisa que minha mãe sabe muito bem é ser teimosa.

   Ainda estava pensando sobre o assunto quando finalmente terminei de fazer as malas e comecei a guardar em caixas outros itens importantes. Estava guardando diversas lembranças quando peguei um porta-retrato com uma foto minha com meus amigos. Os Cullen e os Hale eram meus amigos desde meu aniversário de oito anos – aniversário o qual pertencia a foto que eu olhava. Eles haviam se mudado para nossa rua há poucos dias e minha mãe os chamou para minha festinha.

   Eu nunca fui alguém muito sociável, portanto fiquei muito feliz quando nossos novos vizinhos se mostraram pessoas extremamente divertidas e amigáveis e na mesma hora viramos amigos. Ainda olhava para foto e me lembrava de todos os momentos que passamos desde então e reparando novamente nos rostos dos meus amigos tentando gravar em minha memória.

   Rosalie e Jasper Hale eram irmãos gêmeos dois anos mais velhos que eu, eles moravam com os Cullen desde que seus pais, que eram muito amigos dos Hale, morreram em um acidente de carro, os dois tinham apenas nove anos e os avós viviam muito longe, então Esme e Carlisle Cullen decidiram que seria melhor ficarem com os dois como tutores legais, como haviam sido nomeados pelos Hale, e desse jeito eles não seriam afastados dos seus melhores amigos. Emmett Cullen, três anos mais velho que eu, Edward Cullen, dois anos mais velho e Alice Cullen que tem a minha idade. Todos sempre foram melhores amigos e eu tive muita sorte de ser adicionada nessa grande família.

  Ainda tentando me conformar guardei a foto e uns dez minutos depois minha mãe me chamou para jantar e como nos últimos quinze dias a refeição foi feita sob um terrível e constrangedor silêncio. Terminei de comer o mais rápido o possível e subi para o meu quarto, terminei de empacotar tudo e me joguei na cama, extremamente cansada e sucumbindo ao sono rapidamente.

...

  Eu estava em um sonho estranho que envolvia muitas lágrimas e despedidas, quando minha mãe me chamou dizendo para eu acordar e me arrumar. Levantei da cama contra gosto e fui tomar banho e fazer minhas higienes matinais. Vesti a roupa que tinha separado que basicamente era uma calça e uma camiseta, sorri pensando que Allie e Rose falariam da minha roupa dizendo para eu ser mais ligada a moda como ambas eram. Terminei de me vestir ainda no banheiro e quando voltei ao quarto vi que minhas malas e caixas já não estavam mais ali.

   Peguei minha bolsa e meu celular e desci as escadas da nossa casa, olhando tudo por uma última vez. Meus pais estavam colocando tudo no carro e quando fui me juntar a eles meus amigos chegaram. Todos estavam com expressões tristes e falaram pouco, meus pais os convidaram para tomar café conosco.

   Depois de terminar o café da manhã fomos novamente para fora da casa e então a parte que eu mais temia chegou. A despedida. Comecei me despedindo de Emm que estava próximo de mim.

— Tchau Bellinha. – ele disse me abraçando, ou esmagando, e fungou em meu cabelo enquanto eu revirava os olhos para meu apelido.

— Você está chorando Emm? – perguntei tentando amenizar o clima, mas as minhas lágrimas já embaçavam meus olhos.

— Vou sentir sua falta baixinha. – ele disse bagunçando meus cabelos.

— Eu também Emm. – eu disse dando um sorriso triste e indo abraçar Jazz.

— Tchau Jazz. – eu disse já fungando baixinho.

— Tchau Bella. – ele disse com os olhos marejados. – Estaremos te esperando quando você voltar. – ele disse me dando um sorriso encorajador.

— Obrigada. – eu disse sorrindo para ele e fui para Rose que tentava desviar os olhos de mim. – Rose. – eu disse para chamar sua atenção. – Olhe para mim. – ela me olhou rapidamente e vi uma lágrima escorrer em sua bochecha e minhas lágrimas começaram a cair também, Rose nunca chorava.

— Eu não quero que você vá. – ela disse chorando. – Vou sentir sua falta. Como faremos nossa noite das meninas sem você agora? – ela me puxou para me abraçar e senti Allie colocando seus braços envolta de nós.

— Eu amo vocês meninas e vocês sempre serão minhas melhores amigas, não importa o tempo que passe.  – falei chorando abertamente.

— Nós te amamos também Bella. – Allie disse chorando junto com a gente. – Nós sentiremos muito a sua falta. – eu apenas concordei as abraçando novamente e indo para o último da fila.

— Bells. – Edward disse meu apelido com seus olhos também marejados e me puxou para um abraço. – Eu não sei o que vou fazer sem você agora. – ele disse. – Quem vai me aconselhar agora? – ele perguntou e eu ri um pouquinho com a pergunta.

— Você tem meu número, quando precisar me ligue e eu te darei conselhos. – ele me soltou e me olhou nos olhos.

— Eu realmente vou sentir sua falta. – ele disse.

— Todos iremos. – Emm falou.

— Abraço em grupo? – sugeri e senti todos eles me abraçarem super forte.

   Nos separamos e eu fui em direção ao meu pai que me olhava com os olhos cheios de lágrimas e o abracei.

— Meu amor, vou ficar te esperando. – ele disse em meu ouvido. – Eu irei te visitar logo, viu? E mesmo que sua mãe diga o contrário, essa sempre será sua casa. – ele disse e enxugou uma lágrima que escorria no meu rosto. – Eu te amo. – ele beijou minha testa e me abraçou.

— Eu também te amo pai. – falei dando um beijo no rosto dele.

— Bella. – minha mãe falou de dentro do carro. – Temos que ir. – apenas assenti para ela saindo do abraço do meu pai.

— Tchau pai. – falei indo para o carro. – Tchau galera, eu amo vocês. – falei entrando no carro em seguida.

— Nós também. – Rose falou.

   Minha mãe ligou o carro e foi acelerando saindo da frente da nossa casa e indo para a rua buzinando em seguida e indo para longe dos meus amigos e meu pai. Olhei pelo retrovisor e fiquei observando até eles desaparecem. Fechei meus olhos e senti o calor da Califórnia atingir minha pele pela última vez. Eu não queria ir embora, infelizmente não havia nada que eu pudesse fazer. Mas eu sabia que um dia eu iria voltar.