A Maldição Silenciosa escrita por Dama das Estrelas


Capítulo 20
Morte ao redor


Notas iniciais do capítulo

Fala aí, pessoal! Sejam bem-vindos a mais um capítulo novo! Espero que estejam curtindo. Obrigada por acompanharem esta fic e boa leitura! ♥

Atenção: o capítulo a seguir possui conteúdo sensível. Se não se sentir bem para lê-lo, por favor, não siga adiante.



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Talvez, só um talvez, a caçadora não estivesse ali. Talvez estivesse desacordada ainda, imaginando dezenas de cenários nos quais um deles era mantida num cárcere prestes a torturada a mando de alguém que confiava, ou achava confiável. Quem sabe aquilo tudo não passava de um sonho e a caçadora talvez nem estivesse adormecida naquela carroça, mas sim em sua cama; esperando que o dia clareasse para executar sua rotina de sempre. Teria a oportunidade de consertar alguns erros e resolver suas pendências do jeito certo. Beijaria Adrian com carinho, diria que o amava e que não veria a hora de consumar aquele casamento. 

E então tudo o que Maria viu foi uma parede espessa num ambiente escuro e frio. Água por todos os lados. Amarrada a uma cadeira unida a um suporte de madeira, foi mergulhada a fundo no tanque. Sem chance de escapar. 

Maria não sabia dizer se sua consciência a levou para longe; a um lugar do qual não sofreria ou sentiria mal algum como uma forma de proteção a si mesma. Sentiu-se dividida em dois lugares ao mesmo tempo. Os segundos iam passando e sensação de estar perdendo o fôlego a consumia em desespero. Era o seu corpo prendendo a respiração para suportar o tempo debaixo d'água.  

Ao abrir os olhos tudo o que viu foram paredes escuras cercando-a por todos os lados. Mãos, braços e pernas amarradas a correntes, tudo o que podia fazer era contemplar sua desesperança em sair dali. Queria gritar, mas fazer isso apenas diminuiria seu tempo acordada. Logo a água entraria em seus pulmões e bastaria poucos minutos para perder a consciência. Segundos, até. 

De repente, viu seu corpo se mover para cima, para fora daquele maldito tanque. Tão rápido quanto foi submergida, emergiu. 

— AH!  

Em pouco tempo seu sangue iria esfriar e uma onda congelante tocaria seu corpo. Suspirando rápido por várias vezes, buscava puxar o máximo de ar possível para seus pulmões. A experiência foi das piores: presa num tanque debaixo d'água sem a possibilidade de se soltar, dependendo apenas da "boa vontade" daqueles homens que seguravam a corda de sustento do banco. 

Esperando que sua lucidez retornasse, o padre assistia a cena próximo dos homens. Sua feição continuava inalterada: sem mágoa, raiva, alegria ou satisfação. 

— Sei que fez muito por este vilarejo, Maria. Por isso quero evitar esforços e sofrimento desnecessários. 

A caçadora tossiu um pouco por se engasgar com a água, pega de surpresa pela queda repentina. Ao ouvir tudo aquilo não sabia se enchia-se de raiva pela hipocrisia ou soltaria uma breve gargalhada irônica. Chegou a um ponto que não podia mais acreditar em nada.  

— Eu... deveria agradecer por não me torturar como fez a estas pessoas? 

— Vou lhe perguntar outra vez: admita que és uma bruxa ou conhece o responsável de causar a doença. 

Ela lhes explicou por várias vezes, dezenas de vezes. Seus ouvidos estavam tapados ou se recusavam a ouvir o que não fosse o desejado por eles. Não havia nenhuma outra resposta se não a admissão de ser uma bruxa ou saber quem causou aquilo. 

— Era o que eu estava tentando descobrir — desabafou. — Mas o senhor, que já me conhecia há tanto tempo, acreditou nas palavras de uma mulher que apenas lutava por sua vida. Afogue-me, despedace meus órgãos e tudo o que vai ter será resposta alguma. 

Apesar de padecer pouco a pouco, sentindo os efeitos da maldição em cada centímetro de seu corpo, o padre parecia disposto a não sair dali sem arrancar alguma resposta de Maria. Contudo, interrogá-la não era a mesma coisa que com outras pessoas. Não se esqueceria de todos seus serviços prestados ao vilarejo e sua gente; o orfanato ainda por cima. Por isso não queria que ela sofresse com outros "métodos" de confissão. Bastava aquela, ao menos por enquanto. 

Padre Filip deu o sinal para que a baixassem no tanque novamente, evitando de encarar a mulher nos olhos. Pulso firme era a chave para resolver aquele problema e nenhuma vida poderia ser poupada para o bem maior. 

Contou dez segundos e depois mandou que a erguessem novamente. 

— Eu quero respostas. — Ele retrucou, parecendo começar a perder a paciência. Desta vez manteve o olhar fixo nela. 

Maria tossiu algumas vezes. Ofegante, bem que tentou se livrar daquelas amarras. Seu corpo tremia de frio e qualquer tentativa de falar era prejudicada pelos lábios e dentes chacoalhando na tentativa de gerar calor. 

— Maria. Diga-me. Confesse que é uma bruxa e o seu mal lhe será abreviado. 

Ele esperou até que Maria lhe respondesse.  

— O... senhor... já teve suas respostas...! — Ela respondeu com dificuldades. 

— Maria. Estou lhe dando a chance de garantir seu lugar no purgatório. — O padre apontou o indicador para a mulher como um ultimato. 

— Ah... — A caçadora ofegava sem parar. Ele imaginou que tivesse engolido bastante água que da última vez. Passados mais alguns segundos, o padre percebeu que Maria já se encontrava lúcida, só não queria responder. 

O padre perdeu a paciência. Cerrando o punho que segurava a bengala, ele desviou o olhar bruscamente e visou os homens que apenas aguardavam seu comando. 

— Se fores realmente uma bruxa, seus poderes a farão submergir mesmo que estejas presa sobre esta cadeira. Se não fores uma bruxa... tenho certeza que o Pai tratará de você.  

Padre Filip terminou a declaração segurando o terço e benzendo-se para si mesmo. Maria o encarou nos olhos, tendo a impressão de ter atingido o mais profundo do ser humano. O que rondava seu peito era a descrença, desprezo, a mágoa e a solidão. Não imaginava que aquele homem, pessoa do qual se encontrou por tantas vezes a praticar o bem pudesse fazer aquilo. Não sabia se o desespero falava por ele ao se depara numa situação desesperadora ou se simplesmente o fazia o seu bel-prazer. 

Seu rosto foi a última coisa que viu antes de ser submergida para o fundo do tanque.  

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A mente do meio-vampiro estava inquieta. Enquanto corria com aquele cavalo teve por inúmeras vezes o desejo de se transformar em lobo novamente e correr mais rápido ainda. Fazer aquilo poderia lhe custar caro, todavia. Angústia crescia dentro dele e a sensação que tinha era de não ser apto a chegar a tempo. Deparar-se com mais uma tragédia.  

Seu corpo se comprimia numa crescente dor. Maria estava em perigo e justamente ele se encontrava fraco para socorrê-la com antecedência. Era torturante estar às escuras. 

Maldita dor. 

Maldita lado humano. 

Ao se aproximar do local aonde a essência de Maria ficou mais forte, Alucard puxou as rédeas do cavalo e o fez desacelerar aos poucos. Não queria uma freada brusca para despertar atenção desnecessária. Ele olhou para o alto e viu Oscar pousar em um dos galhos de uma árvore frondosa, a cinco metros à frente. A coruja tinha conhecimento do que estava acontecendo e agiria quando fosse a hora. 

Para não correr o risco de perder o cavalo, o meio-vampiro o levou para o meio do bosque e o amarrou com um laço simples em um tronco magro de uma árvore de longas folhagens; escondido da visão de quem passasse pelo caminho aberto. Temia deixá-lo solto e acabar perdendo-o futuramente. 

A passos discretos, Alucard fazia o trabalho de reconhecer o lugar do qual Maria provavelmente estava. Não levou muito tempo para que logo encontrasse dois homens vestidos com roupas a base de couro e trazendo armas consigo. Eles caminhavam um do lado do outro parecendo realizar uma espécie de escolta. Andando com cuidado, o meio-vampiro procurou avançar por entre árvores e arbustos sem ser avistado; isto, sem tirar os olhos daqueles homens. Estava pronto para reagir caso precisasse, o lugar parecia um açougue pelo forte cheiro de sangue que inalava. Um ser humano qualquer não seria capaz de perceber aquilo de tão longe, mas ele sim. 

Logo, a poucos passos de chegar ao lugar aberto, Alucard se deparou com uma carroça parada em frente ao edifício que mais parecia uma casa de pedágio. Feita de rocha, poderia se assemelhar a um pequeno castelo fortificado por conta de sua estrutura sólida. Era notável, porventura, a má conservação quando via algumas marcas do tempo como paredes lascadas e manchas de chuva. A mata crescente em volta dela lhe deu a certeza de que a construção se encontrava abandonada ou foi pouco usada durante anos. O esconderijo perfeito. 

Ao desviar o olhar do prédio, ele visou a larga carroça e seu compartimento coberto por uma lona. Era ali que sua atenção o despertava para o estágio de alerta. Havia um cheiro desagradável naquele compartimento. Cheiro de morte. 

Corpos. 

Ele nem precisou ver aquele compartimento sendo aberto, era óbvio que não havia apenas um, mas vários corpos sem vida. De fato, estavam à procura de uma bruxa e não se importavam se deixariam um rastro de sangue para o "bem maior". 

De repente o meio-vampiro se viu entre permanecer calmo e racional e perder a paciência ao ver um bando de carniceiros bárbaros e cruéis, aos moldes de seu pai, Drácula. Havia momentos em que Alucard não conseguia enxergar diferenças entre aqueles humanos e seu pai. Todos compartilhavam da mesma sede de sangue, diferenciados apenas por sinuosos contextos. 

Para o seu alívio Maria estava lá dentro; ainda viva. Todavia, ele sentia que o tempo dela estava acabando. Precisava, então trabalhar com duas opções: adentrar no edifício furtivamente ou enfrentá-los à queima roupa. A primeira demandava extrema cautela para não correr o risco de ser descoberto e cercado numa área de desvantagem. A segunda exigiria muito de suas forças e seu corpo já não estava 100%. 

Entretanto havia um risco ao se valer da primeira opção. Entrar sem ser percebido não era garantia de que conseguiria sair daquele lugar em segurança, ainda mais trazendo Maria consigo. Teria de realizar um reconhecimento do prédio à sua volta com o máximo de discrição possível. 

Certo. 

Era a opção mais prudente. Não poderia se arriscar jogando-se aos lobos, mesmo sendo em teoria mais forte que eles.  

O meio-vampiro tomou a frente e se esgueirou mais ainda entre a mata próxima do edifício para analisá-lo de canto a canto pelo lado de fora. Astuto, movia-se com calma deixando que a brisa da tarde ditasse seus movimentos para dar a impressão de ser apenas mais um vulto ilusório no meio de toda aquela mata. Tinha de encontrar um caminho que facilitasse sua entrada e saída, mas que não chamasse (muita) atenção. 

Pouco a pouco foi contornando o prédio e sua angústia não findava. Teve o desejo de se jogar contra uma daquelas paredes de rocha e adentrar o local para tirar sua amada o mais rápido possível, porém não poderia agir se estivesse morto. 

Ao realizar uma volta quase completa, Alucard avistou uma pequena janela — dentre tantas outras janelas fechadas — que poderia lhe servir como um meio de entrar no prédio. Ele passaria pelo campo aberto e saltaria até alcançar a janela. Teria apenas uma chance, pois acabou notando a presença de outros guardas ao redor daquela construção. 

Respirando fundo uma única vez, Alucard olhou em volta e partiu em velocidade em direção à janela a uns oito metros do chão. Quieto como a sombra da noite, correu sem fazer ruídos evidentes, utilizou a parede para se lançar ao alto e se transformou em névoa num piscar de olhos. Infelizmente precisou usar um pouco de sua força para chegar em segurança. 

Transformando-se de volta, percebeu que se encontrava numa espécie de dispensa — abandonada por sinal — provavelmente trancada. A poeira do pequeno espaço era vasta, o bastante de anos de acúmulo para uma sala fechada possuindo uma única entrada. A janela de madeira que fechava o acesso se encontrava quebrada. Apodreceu e se quebrou. 

Sem tempo para analisar cada detalhe, o meio-vampiro tomou a frente e se aproximou da porta; encostou seu ouvido na superfície para se certificar que não havia ninguém no corredor. Ele fechou seus olhos e se concentrou, chegando a prender a respiração no momento. Nenhum passo ou voz lhe foi percebido, muito menos sangue humano. 

Se forçasse a porta poderia causar um barulho desnecessário então sua única e melhor alternativa foi se transformar em névoa novamente. Valendo-se de seus poderes, Alucard utilizou a transformação outra vez, torcendo para que fosse a última antes de um possível e provável confronto. Ao se deparar com o corredor, encontrou nada mais que um caminho sinuoso e vazio, abandonado e consumido pelo tempo. Se o chão não fosse feito de rocha poderia jurar que ouviu a superfície abaixo de si ranger. 

Apesar de se encontrar dentro do prédio, não havia sinais da tal carnificina antecedente à pilha de corpos que encontrou do lado de fora. Alucard tinha certeza de que eram corpos humanos. Devia ter algum lugar específico em que a matança era realizada.  

Subsolo. Como fui tolo. 

Ao invocar Fada, sua familiar, pediu que o auxiliasse na busca por passagens secretas que pudessem levá-lo para baixo. Pela altura da janela pela qual acessou o prédio, deduziu que estivesse no segundo andar. 

— Está certo, mestre. 

A familiar indicou o caminho ao meio-vampiro, pedindo para que tomasse o sul de sua localização. Ela sentia que havia uma passagem ao acesso subterrâneo em algum lugar, talvez no térreo. 

Uns metros à frente, após passar cautelosamente por outra porta — curiosamente aberta —, Alucard passou para o outro cômodo. Iluminado apenas por algumas tochas colocadas de modo recente, o hall de entrada era decorado com colunas formando arcos, dando a impressão do amplo local ser reduzido a pouquíssimos metros. 

— Mestre — Fada sussurrou bem próximo dele para não ser vista. — Tem algo estranho ali embaixo.  
Ela apontou para noroeste dele, uma pequena porta no primeiro andar que provavelmente teria uma passagem secreta. Assentindo a familiar, Alucard apressou o passo e desceu as escadas estreitas de pedra com rapidez. Entretanto, não percebeu que uma pedra estava solta e acabou tropeçando ao chegar nos últimos degraus. O meio-vampiro rolou no chão uma vez e teve sorte de não se encontrar com a parede ou poderia sofrer uma contusão forte. Grave, talvez. 

— Mestre! — A familiar voou ao seu encontro. Preocupada com ele, usou sua magia para aliviar suas dores. Sabendo que ele se encontrava mais frágil que o normal, faria de tudo para manter o pouco de bem-estar que pudesse providenciar. 

— Maldição! — Alucard resmungou com o punho cerrado, batendo-o no chão logo em seguida.  

Apoiando-se no chão, ergueu-se e se recompôs. Observando sua volta, tentou notar a presença de outras pessoas por perto. Nada muito distante, mas também não muito longe. A dor nas pernas e ombros causados pelo impacto começava a incomodar com o passar do tempo.  

Cambaleando de início Alucard fez seu caminho até o outro lado. Evitou de seguir pelos cantos, rente à parede, porque a essa altura já teria chamado atenção; encontrar-se com aqueles mercenários seria inevitável. Ofegante e com sangue nos olhos, andou até chegar aquela porta e quando parou, pressionou o puxador tendo um único objetivo em sua mente: não sairia dali sem Maria. Nem que precisasse se exceder. 

Ele puxou a porta em sua direção com força e deixou um sorriso sarcástico se formar no rosto. 

Como imaginou anteriormente o meio-vampiro não estava mais sozinho. Haviam três homens no pequeno espaço que talvez fosse uma dispensa. Dois deles sentados ao fundo, e um de pé, recostado à uma velha mesa tomando o que seria uma bebida. Alcoólica, pelo que indicava o olfato do meio-vampiro. Os três atentaram para a entrada, mas não demonstraram reação de início. O homem sentado foi o único que ameaçou se levantar, porém permaneceu no chão. 

— Quem diabos é você? — perguntou o homem com o copo na mão. Sua voz aparentava certo desdém, mas ele mantinha o olhar atento ao homem estranho que acabara de entrar. 

Alucard entrou no pequeno espaço e deixou que a porta se fechasse sozinha. A audácia daquele homem começava a despertar nos homens um sentido de alerta. 

— Eu quero Maria — respondeu de prontidão. A expressão fechada e um tanto agressiva entregava o real motivo de Alucard. 

— Não sei como conseguiu chegar até aqui — disse o homem sentado do lado direito enquanto se levantava com lentidão. Alucard resolveu mudar o foco para ele. — Mas não vai encontrar o que procura. Está enganado. 

— Eu não vou sair daqui sem ela. 

— Deve estar embriagado — comentou sarcasticamente o homem de pé que segurava um copo. Os outros dois riram. — Só levem ele pra fora. 

— Eu sei dos corpos naquela carroça. — Alucard tomou a palavra antes que dissessem ou fizessem alguma coisa. Suas palavras despertaram a tal curiosidade que o meio-vampiro buscava encontrar. Estava chegando naquele ponto. — Quantos? Dez? Vinte? Uma família inteira? 

— Quem é você? — O homem que segurava o copo começava a perder a paciência. Ele deixou o objeto sobre a mesa e ficou de frente para Alucard. Foi então que percebeu a espada que carregava do lado direito do corpo. Canhoto, provavelmente. 

— Ela está aí. Eu sei. — Alucard apontou na direção dos homens próximos à parede. 

— Ora! — O único homem sentado, enfim, se ergueu com raiva para se colocar próximo de Alucard, também. — Aproveite nossa benevolência para não sair daqui direto para uma vala. 

Alucard sabia que eles não iriam deixá-lo passar. Ele podia sentir que Maria estava a poucos metros dele, como se pudesse enxergar a mulher amada bem à sua frente. Três não seriam o bastante para interromper sua busca, apenas atrasá-la. 

— Se não vão colaborar, saiam. 

— Ei! 

Irritado com a atitude do meio-vampiro, o mercenário que segurava o copo tomou a frente com o intuito de impedi-lo. Ele estendeu a mão rente para empurrá-lo, todavia, atento aos seus movimentos, Alucard puxou sua mão e o lançou com força contra a parede atrás de si. Apesar de se encontrar mais fraco que de costume, Alucard ainda tinha forças para encarar um humano comum. 

O rápido movimento assustou os outros dois de início, que por instinto tocaram em suas respectivas espadas presas em seus cintos. Até conseguiram apontá-las contra o meio-vampiro, que, de mãos vazias preferiu esperar por seus movimentos.  

— Miserável! Quem é você?! — questionou o homem da esquerda, que partiu em sua direção. Armado com uma espada afiada, sabia que estava na vantagem, então devia tomar a iniciativa e acabar com aquilo de vez. 

Percebendo que o homem tentaria lhe atingir com um golpe frontal, Alucard por sua vez se esquivou para a esquerda, bloqueou seu movimento e agarrou seu braço, imobilizando-o no chão e atordoando-o em seguida. Tão rápido que o atacante mal conseguiu se defender. O último restante, arma em punho, engoliu em seco ao presenciar a cena acontecer tão repentinamente. Ou aquele homem era bem treinado ou não era um ser humano comum. 

Restando apenas o meio-vampiro e ele, Alucard se ergueu e se pôs de frente ao mercenário que parecia estático em sua presença. Perdera a coragem de início e no momento apenas empunhava a espada porque fora sacada anteriormente. Com apenas um sopro seria capaz de soltá-la como uma folha morta. 

— Saia da minha frente — ordenou o meio-vampiro, que avançou sem receios contra o homem apavorado. 

Mas aquele homem parecia inerte demais em seus próprios medos, como se estivesse encarando um demônio bem à sua frente. 

Irritado, Alucard cansou de esperar e o pegou pela gola de sua camisa. Erguendo-o a cinco centímetros do chão, lançou-o para a esquerda fazendo com que se chocasse contra um velho armário de madeira e, subsequentemente, a parede de rocha. Podre, o móvel não resistiu ao forte impacto e quebrou como um galho seco. Ele caiu desacordado. 

Eles tinham sorte de continuarem vivos, pensava o meio-vampiro. Se usasse toda sua força causaria um banho de sangue por conta de sua raiva acumulada. Ele avançou rumo à porta ao final daquele pequeno cômodo. Nem precisaria da ajuda de Fada porque sentia que Maria estava bem próxima. 

Abrindo a porta de madeira — também destrancada — deparou-se com um acesso para o subterrâneo. Iluminada por uma tocha a uns cinco metros à frente uma escada de pedra com formato 'U' o guiaria até o local aonde Maria estava sendo mantida sob cárcere. Bastou apenas descer pelos primeiros degraus que o cheiro de morte invadiu suas narinas, confirmando sua teoria de que realmente estava descendo a uma masmorra.  

 


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