Porque Eu Não Vou Ficar Com Sasuke Uchiha escrita por Miss FleurDeLouis


Capítulo 12
Motivo Doze: Medo


Notas iniciais do capítulo

Capítulo novinho! Go! Go! Go!



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Olá! 

 

Você está falando com os farrapos da alma de Sakura Haruno, dezesseis anos, felizmente ainda linda, inteligente, charmosa, popular e sexy. 

 

Todavia a pobre Sakura é uma azarada que foi boicotada pelos seus melhores atributos e por esta razão ela está no seu quarto olhando pro teto se achando miserável entre outras coisas. 

 

Tudo porque sua melhor amiga, Ino Yamanaka, é UMA VACA INVEJOSA DESGRAÇADA COMO ELA OUSAAAAAA?! 

 

Certo, não tem alma nenhuma narrando isso, mas vocês já sabem. Sou euzinha lamentando a minha vida conturbada e sentindo a apunhalada que levei latejar. 

 

Quer dizer, veja bem, Ino era a minha melhor amiga e alguém em quem eu acreditava e apoiava em qualquer coisa que ela resolvesse fazer. Se eu soubesse o que o destino nos reservava quando ela atirou aquela caixa de leite na lata de lixo, teria acertado um esfregão na cabeça da loira desgraçada antes que ela fizesse o lance. 

 

Eu nunca imaginei que Ino se sentisse vivendo à margem da minha vida ou que invejasse tudo o que tenho, ela sempre pareceu tão bem resolvida consigo mesma, não faço ideia do que possa ter desencadeado essa raiva. 

 

Só que eu não sou uma psicanalista e não pretendo escavar aquela psiquê até encontrar a raiz do problema, sou mais do tipo “eu poderia esmagar a sua cabeça contra a porta do meu armário”. 

 

Entretanto me falta ânimo pra fazer tal coisa, tanto por não querer ver a infeliz tão cedo quanto pelo êxito que ela obteve no seu planinho infame de arruinar a segurança que eu estabeleci em tentar algo com Sasuke. Como uma boa bactéria mãe, Ino minou minha cabeça com ovos asquerosos da insegurança e esses ovos eclodiram dando origem a larvas de puro medo. 

 

No dia em que a minha teoria do clichê era uma sementinha plantada no meu intelecto e regada com a minha imaginação fértil Ino estava comigo. Eu nunca contei pra ela que era apaixonada pelo Sasuke, mas ouvindo a teoria como ela ouviu, era fácil deduzir. Eu fui ingênua em pensar que ela havia esquecido aquilo e encarado como uma bobagem e acreditei estar segura, mas fui surpreendida como fui várias vezes nesse período ao ver boa parte das minhas conjecturas caírem por terra por alguma obra do acaso. 

 

E agora estou simplesmente apavorada. Vocês têm noção do que eu fiz? Eu apostei alto ao me atracar despreocupadamente com Sasuke e arrisquei minha amizade com ele. Pois se Ino estiver certa, eu perco tudo. E ela tripudiará sobre mim. 

 

Parabéns, bela Sakura. Você é... 

 

Não há palavras que façam jus à extensão da sua inconsequência. 

 

Depois de chorar como um bebezinho no Eton, eu consegui fugir do colégio me esgueirando pelos corredores e vim pra casa. Disse à mamãe que se Sasuke ligasse ou me procurasse ela deveria dizer que eu estava com cólica e que sob hipótese nenhuma queria uma visita dele ou de qualquer outra pessoa. Eu sabia que mesmo que ele se sentisse contrariado ou com vontade de me ver, acataria o que minha mãe dissesse como lei, ele nunca desrespeitaria qualquer palavra dela. 

 

Ela aceitou e não insistiu em saber o que realmente havia de errado, parecia negligente da parte dela, mas eu soube, no momento em fiquei sob o escrutínio de seus olhos experientes, que ela estava me dando espaço. 

 

Mamãe, você é a melhor. 

 

Eu me senti mal de ficar escondida dele, mas era minha única chance de fazer um feng shui mental e ordenar meus pensamentos confusos. 

 

A parte chata de já ter chorado tanto é que sobra muito pouco pra fazer enquanto a situação não se resolve, então era como se eu estivesse em uma dimensão paradoxal onde nada acontece e ao mesmo tempo tudo fica uma confusão. 

 

Ao mesmo tempo em que queria encontrar algo que aliviasse minha angústia e me guiasse até uma solução, não queria pensar em Sasuke, Ino e o meu medo de um futuro onde tudo desse errado. Como ultrapassar todos esses obstáculos quando a única forma de fazê-lo era pensando em tudo o que eu evitava pensar? 

 

No meio desses devaneios, ouvi um barulho irritante e repetitivo e olhei desinteressada ao redor do meu quarto até encontrar Pumpkin sobre as patas traseiras toda esticada arranhando o pé da minha escrivaninha. Era incrível como antes o barulho parecia vir de um lugar bem longe quando na verdade a gatinha estava tão próxima da minha cama, de mim. Talvez quem estivesse em uma galáxia distante era eu mesma. 

 

Resolvi alimentar Pumpkin antes que ela fizesse um escândalo e lembrei que Sasuke queria vê-la hoje e me senti mal de privá-lo disso. Será que é assim que pais divorciados se sentem? 

 

Parando pra pensar, Sasuke deve estar muito confuso com minha atitude, a última vez que ele me viu estava tudo bem e agora eu não queria vê-lo por um motivo que ele desconhece. Por que tudo na minha vida é tão complicado? Suspirando, resolvi pegar meu celular só pra ver o quanto meu melhor amigo/qualquer coisa que envolva contato labial profundo queria me encontrar e falar comigo. 

 

Ele queria muito. 

 

As dezesseis chamadas perdidas e as vinte e sete mensagens não deixavam dúvidas. Eu não consegui evitar o riso já que é difícil pra ele fazer isso, Sasuke odeia lotar de ligações e mensagens o celular, ele diz que é coisa de caras paranóicos, carentes e pegajosos com forte senso de possessividade, então, ele teve que engolir as próprias palavras ao fazer isso. O que me comoveu, pois ao fazer algo que detesta fazer, ele devia estar realmente preocupado comigo. 

 

Parti para a leitura de mensagens, conseguindo ter um quadro da situação do meu moreno fofo. Senti pena e remorso, ele estava mesmo preocupado. 

 

“Sakura, onde você está? Asuma está na sala, vem logo.” 

 

Quatro minutos depois: “Irritante, você tem que aparecer nessa porta agora ou ele não vai te deixar entrar” 

 

Sete minutos depois: “Certo... Agora eu tô preocupado, você sumiu. Tá tudo bem?” 

 

Dois minutos depois: “Droga, Sakura! Responde!” 

 

Nove minutos depois: “Eu vou sair da sala pra te procurar, quando ler essa mensagem me liga, preciso saber se você tá okay. Por favor, liga, eu quero ouvir sua voz pra ter certeza que você tá bem.” 

 

Catorze minutos depois: “Sakura Haruno, eu procurei por você em todos os lugares dessa droga de colégio e estou ficando nervoso, por favor, onde você está?! Você sabe que eu odeio ficar insistindo, sua irritante, mas você não costuma sumir sem dar explicações desse jeito.” Eu não disse? Sasuke estava realmente preocupado comigo a ponto de me procurar como um stalker maluco. 

 

Três minutos depois: “Eu perguntei a várias pessoas sobre você e ninguém te viu, nem a Ino,  eu pensei que você poderia estar com ela.” Só no inferno eu estaria com aquela cria de Satã outra vez. 

 

Vinte e oito segundos depois: “Eu vou na sua casa, esteja lá, por favor. Eu nem vou brigar com você por me assustar dessa maneira, juro.” 

 

Meu coração fez um barulho muito parecido com cristal se partindo. 

 

Vinte e dois minutos depois: “Ah, você tá bem! Sua irritante, você me assustou. Por que não me disse que estava mal? Eu poderia te trazer até em casa. A Sra. Haruno me disse que você quer ficar sozinha agora, não se esquece de tomar um analgésico, eu sei que não quer que ninguém te veja sofrendo de dores. Tudo bem. Eu só fiquei preocupado, fiquei bastante. Não conta pra ninguém, minha reputação vai ficar comprometida. E não ria, sua irritante.” Como não rir e morrer de amores por esse garoto? Me responda como. 

 

Dez segundos depois: “Não se levante pra dar comida pra Pumpkin, peça ao Sr. Haruno.” 

 

Quatro segundos depois: “Eu gostaria de fazer algo por você.” 

 

Quinze segundos depois: “Você deve estar dormindo agora, me esqueci. Eu estou me sentindo estranho hoje, ignore isso. Acho que deve ser sua falta. Se você postar isso, eu nunca mais falo com você. Durma bem e me ligue quando acordar. Pode ser na madrugada mesmo, não tem problema.” 

 

Oito segundos depois: “Viu como é patético mandar tantas mensagens pra alguém? Nunca mais quero fazer isso outra vez.” Que bobo! 

 

Cinco segundos depois: “Boa noite (ainda é tarde), Sakura. Um beijo. Dois. Três.” 

 

Três segundos depois: “Seria melhor pessoalmente, não acha?” 

 

Seis segundos depois: “Que droga, isso foi muito brega. Aposto que pensou isso, irritante.” Eu pensei mesmo e ri do Uchiha enquanto pensava que gostaria de beijá-lo outra vez. 

 

Três segundos depois: “Finge que as duas últimas mensagens nunca existiram, por favor.” 

 

Quatro segundos depois: “Mas a culpa é sua, você me deixa confuso e fora do normal até quando some.” OH, DEUS! 

 

Dois segundos depois: “Boa noite,  Sakura. Durma bem.” 

 

Sete segundos depois: “Agora pareceu algo que eu diria. Não esquece de me ligar e de comer alguma coisa quando acordar. Torradas e leite é uma boa ideia.” 

 

Três horas e vinte e sete minutos depois: “Como você está? Ainda dormindo, eu acho. O que acha de tomar café comigo quando melhorar? Por tomar café eu quero dizer comer aquela torta de café com chocolate na doceria que você gosta. Eu pago, vou tentar levantar seu ânimo, aproveite.” 

 

Quarenta e três minutos depois: “Estou vendo uma série sobre exorcismo na BBC. O cara que fez o Sr. Darcy está nela, eu quase posso te ouvir reclamar por ele se sujeitar a isso, a série é uma droga.” Como Sasuke consegue ser tão... Fofo e incrível?! 

 

Sete minutos depois: “Talvez o seu ego fique maior do que já é, mas percebi que não consigo fazer nada sem pensar que você poderia estar aqui agora.” Como ele ousa?! 

 

Quatro segundos depois: “Eu precisa dizer isso.” 

 

Um minuto depois: “Estou quase assistindo Keeping Up With The Kardashians. Você é tão...” 

 

Oito segundos depois: “Também é pra fingir que essa mensagem nunca existiu, mocinha.” 

 

Doze minutos depois: “Eu vou parar de mandar mensagens pra você agora, estou enlouquecendo e você só está... hum... com cólicas. Não é o fim do mundo. É só que... Eu estou com uma sensação ruim, como se algo não estivesse normal, quando você me ligar, me diga que estou errado. Pode até debochar de mim, mas me deixa ouvir sua voz. Eu virei um idiota grudento, não fica assustada, por favor. Te adoro, Sakura irritante. Descansa bastante e me liga.” 

 

Eu apertei o celular entre as mãos e não contive os soluços, achei que não tinha mais nada pra chorar, mas Sasuke sempre me provando que posso estar errada. Eu chorei angustiada imaginando um mundo onde eu não tenha mais essas mensagens que fazem meu coração disparar de felicidade e percebi que uma realidade onde Sasuke não age como o cara mais incrível da face da terra e faz e diz coisas maravilhosas pra mim, não é uma realidade onde eu quero viver. 

 

Depois de um tempo chorando, soluçando e fungando, resolvi ligar para Sasuke, afinal, eu também sentia falta dele e daquela voz grave. Quando fui logo atendida, deduzi que ele esperava mesmo por uma ligação minha. 

 

— Sakura! 

 

— Oi, Sasuke... Ahn... Tudo bem? 

 

— “Tudo bem?” Eu quero saber se tá tudo bem com você, irritante! 

 

— Ah, eu ainda estou mais ou menos — eu usava uma voz afetada pra parecer fraca porque ainda não tinha certeza se queria vê-lo, o choro de antes ajudou. 

 

— Hn. Eu fiquei preocupado quando você sumiu. Podia ter deixado uma mensagem ou ligado, eu te levaria até sua casa. 

 

— É... Eu vi suas mensagens, me desculpe. Na hora eu não tive cabeça pra isso e não quis te tirar da aula, relaxa, eu peguei um táxi. E você prometeu não brigar sobre isso, lembra? 

 

— Tsc! Não use minhas palavras contra mim, irritante. 

 

— Mas você prometeu, Sasuke — eu achei graça só de imaginar ele todo emburrado. 

 

— Você vai amanhã? 

 

Eu hesitei, porque não me sentia pronta pra ir e encontrar todo mundo como se no dia anterior não tivesse brigado feio com Naruto e Ino, se bem que com o Ino a coisa foi um pouco pior. 

 

— Hum... Acho que não. Eu ainda não me sinto totalmente bem e não renderia nada em sala de aula. 

 

— Certo, não vou insistir — eu jurei ter ouvido um “já insisti bastante hoje”, mas não tenho certeza. — Mas você sabe que pode dormir no meu colo, eu te acobertaria. 

 

— Agradeço a oferta, mas seríamos pegos e você ficaria mal por minha causa. E depois, vai ser legal ter um dia pra fazer absolutamente nada enquanto todo mundo atura horas de aulas maçantes. É o meu sonho. 

 

— Sua preguiçosa — ele deu uma risada rouca e meu coração pareceu derreter. — E a torta de café, ainda quer ir? Ou melhor, posso te ver hoje? 

 

Ele parecia ansioso e um nó se formou na minha garganta. O que dizer para Sasuke Uchiha? 

 

— É... Claro! Pode sim e sobre a torta, seria melhor se você trouxesse um pedaço generoso dela pra mim. O que acha? 

 

— Ahn, eu posso fazer isso também. Mas tá tudo bem mesmo? Você não costuma negar um convite pra sair. 

 

Eu deveria saber que Sasuke me conhece mais do que ninguém e meu comportamento atípico não passaria batido por ele. 

 

— É que... Eu estou doente, seu cabeçudo! Não quero sair dessa cama tão cedo. 

 

— Certo, sua molenga — pelo tom de voz ele havia acreditado em mim. — Espere por mim amanhã e pela torta, é claro. 

 

— Eu só estou ansiosa pela torta — brinquei maldosa. 

 

— Veremos, garota arrogante. Eu não dou cinco minutos e você estará implorando pra eu te beijar — ele provocou malicioso. 

 

— Como você é convencido! — retruquei verdadeiramente ultrajada — Não fui eu quem ficou pensando em beijos hoje, eu nem pensei nisso, ouviu, seu idiota? 

 

— Uhum, eu acredito — ele fazia pouco caso das minhas palavras. 

 

— Vejamos, como era aquela mensagem mesmo? — provoquei em desafio — “Boa noite, Sakura. Um beijo. Dois. Três.” 

 

— Sakura... — ele rosnou em tom de aviso. 

 

— Ah! E a outra! E a outra! “Seria melhor pessoalmente, não acha?” — eu tentei miseravelmente imitar sua voz sexy e acabei apenas rindo imaginando o rosto de Sasuke inflado de indignação. — Você tem que admitir que só pensou em beijos hoje, eu não. Eu estou doente, lembra? 

 

Eu sou boa nisso. 

 

— Eu disse pra você fingir que aquelas mensagens nunca aconteceram, irritante! — ele estava com raiva, mas eu não iria ceder. 

 

— Eu nunca prometi nada, ora! 

 

— Ah, você... Vou desligar, você tá me irritando. Mas não se preocupa, ainda vou na sua casa, não sou vingativo. 

 

— Ah, vai ficar com raivinha porque eu te provoquei, Sasucake? 

 

— Sim, eu vou. Boa noite, Sakura. 

 

— Hum... Sasuke? 

 

O ouvi suspirar e falar mais calmo, na certa esperava que eu me desculpasse ou admitisse que queria beijá-lo outra vez. 

 

— Sim, Sakura? 

 

— Você realmente quis assistir Keeping Up With The Kardashians? 

 

— Calada, irritante! 

 

E ele desligou na minha cara. 

 

Eu nem quis ficar magoada ou com raiva porque, parando pra pensar, uma conversa com Sasuke foi o suficiente pra animar meu espírito e eu me senti muito bem comigo mesma pra que a vontade de bater a cabeça dele contra a parede fosse tão grande assim. 

 

Olha o que esse cara faz comigo! 

 

E pensando nisso, adormeci com uma ideiazinha nascendo na minha mente. Talvez fosse legal aparecer de surpresa no Eton amanhã. 

 

*** 

 

Por fim, depois de tanto divagar sobre ir ou não ao colégio, resolvi aparecer. Estava bem elegante substituindo o terno azul pelo preto, mais sóbrio e comprido. Troquei a habitual saia por um jeans skinny azul escuro e botas de veludo. Deixei os cabelos soltos porque a ideia era parecer com frio e um tanto adoecida e o rabo de cavalo alto que prentendia fazer me deixava mais bonita e com o rosto límpido, se é que isso é possível. O cabelo solto e ligeiramente bagunçado ajudava na aparência despojada e convalescente. 

 

Eu parecia uma Anna com mais classe. Perfeito. Meu visual doente chique estava pronto. E olha que tecnicamente era só uma cólica. 

 

Acariciei os pelos da Pumpkin e parti cumprimentando meus pais na saída que me olharam solidários, na certa fofocaram sobre mim mais cedo. Pais... 

 

Peguei um táxi pra parecer que não conseguia fazer esforço pra percorrer longas distâncias, caso Sasuke ou alguém conhecido me visse no portão. Eu sei que estava exagerando, mas não dava pra saber se precisaria fingir algo mais grave. 

 

Tudo parecia perfeito... 

 

Já repararam que toda vez que essa frase aparece é precedendo alguma situação ruim? Pois é, foi mais ou menos isso que aconteceu. 

 

Eu estava disposta a encarar todo mundo, mas quando vi de longe meu grupo de amigos lá conversando calmamente e Sasuke trocando sentenças com uma atipicamente tagarela Anna enquanto Ino parecia forçar a barra pra que eles conversassem mais, eu desestabilizei. Acho que foi o olhar esfuziante de Ino, ela parecia satisfeita com aquilo, diferente das vezes em que ela mantinha-se frustrada com o pouco interesse de Sasuke. E olhando pra ele, percebi que pela primeira vez ele parecia interessado em manter uma conversa com Anna Sullivan. 

 

Suspirando, colei as costas contra uma parede que me ocultava deles. Eu poderia simplesmente ir lá e colar no Sasuke, deixar Anna desconfortável, trocar farpas com Ino, insultar Naruto, ou qualquer coisa. Mas não conseguia. Não com tanto medo me oprimindo e roubando meu ar. Não quando toda a minha teoria sobre não ficar com Sasuke Uchiha sussurrava coisas ruins no meu ouvido. Eu não tinha coragem nenhuma e só queria voltar pro meu quarto e esquecer a ideia estúpida de vir até o colégio. 

 

Aquelas pessoas com quem eu convivi desde a infância pareciam muito bem sem mim, rindo tanto de forma descontraída como se eu fosse a praga da desunião do grupo. Eu me senti magoada. Ninguém parecia sentir minha falta. Claro que não queria ninguém triste porque eu havia faltado um dia, mas eles pareciam mais felizes do que em qualquer dia em que estive com eles. Doeu constatar isso. 

 

Caminhando com a vista turva de lágrimas recém-formadas, comecei a me afastar daquele lugar querendo ir pra casa me esconder em um edredom fofinho e não sair pelo resto da semana. Até que de forma muito clichê pra essa situação, esbarrei em alguém e fui amparada antes de cair. 

 

— Opa! Cuidado, garota. 

 

Tenho certeza que parecia uma bêbada tentando enxergar o dono da voz aveludada que me alertou, mas só vi um borrão vermelho por causa das lágrimas. 

 

— Gaara... É você? 

 

— Não, sou Sasori Akasuna. Gaara é o cara que te fez chorar assim? 

 

Ao invés de responder esfreguei as costas das mãos para secar meus olhos e olhei para o garoto, uns bons centímetros mais alto que eu, fazendo um biquinho manhoso. 

 

— Oh, meu Deus! 

 

Oh, meu Deus mesmo. O garoto era tão bonito com aquele cabelo vermelho, que eu podia apostar que era tintura, o nariz arrebitado e os lábios finos. Os olhos castanhos harmonizavam bem com o rosto liso. 

 

Eu fiquei apavorada de vez e chorei ainda mais. 

 

— Ah, meu Deus, não, não, não! Não pode ser! 

 

— Garota, o que há de errado com você? — ele tentou tocar meus ombros e eu recuei lívida. 

 

— Você... Você... Você é o meu prêmio de consolação! 

 

Enquanto eu apontava meu dedo horrorizada para o ruivo, ele tombou a cabeça para o lado debochado, provavelmente me achando a garota mais desequilibrada do Reino Unido. 

 

— Do que você tá falando? 

 

— Eu tô falando de você, me amparando em um momento de fragilidade, além de ser todo lindo com essa cara de garoto que é mais inteligente que a maioria e mais asseado também. Você apareceu com o objetivo de fazer eu me sentir menos humilhada quando o Sasuke ficar com a Anna. 

 

Certo, eu perdi totalmente o curso das coisas. 

 

— O quê? Olha, eu não entendo você e nem sei do que você está falando, mas se quiser eu posso te acompanhar até a enfermaria ou ao orientador estudantil, já que você claramente precisa disso. 

 

Eu o ignorei solenemente. 

 

— E VOCÊ AINDA É RUIVO, CARAMBA! É claro que isso é um vermelho falso, mas eu posso perdoar porque ficou perfeito em você. Melhor que muitos dos ruivos naturais que eu já vi. O que eu tô dizendo agora?! 

 

— Meu Deus! Garota, você é louca. 

 

Suspirei cansada e resolvi ser mais clara já que estava lidando com meu futuro marido e homem responsável por me fazer esquecer Sasuke Uchiha pessoalmente. Ignorando qualquer reserva que aquele garoto pudesse ter, o empurrei contra uma parede e falei baixinho pra ninguém além dele ouvir tamanho era o meu desespero. 

 

— Eu vivo uma vida totalmente clichê, ruivo. Sou a garota mais popular do colégio, meu melhor amigo, por quem eu sou apaixonada atualmente, é o cara mais popular do colégio e é óbvio que ele não vai ficar comigo já que não há nem chance de duas pessoas bem-sucedidas no colegial ficarem juntas, ele já encontrou a fracassada sofrida que vai ser a mãe dos filhos dele e você é o cara por quem eu vou me apaixonar em breve esquecendo do Sasuke como em um passe de mágica. Entendeu agora? 

 

Eu ultrapassei todos os limites e a prova disso foi aquele garoto de cabelos vermelhos rindo da minha cara sem nenhum pouco de vergonha. 

 

— Isso é sério?! — ele falou entre risos, a risada dele era uma gracinha, devo admitir. 

 

— É claro que é! Por que eu brincaria com um estranho? — retruquei ressentida por ele rir de mim. 

 

— Interessante, mas seu plano tem um furo. 

 

— Qual? 

 

Ele se aproximou de mim, pondo as mãos sobre os meus ombros e eu suspirei achando que estávamos indo rápido demais. 

 

— Eu sou gay. 

 

Opa! Ai, que vergonha! Sakura Haruno, o que você fez? 

 

— Você é... é... é... 

 

— Sim, eu sou gay. Você não tem problemas com isso, tem? 

 

— Não, de forma alguma! Eu fui bem educada pelos meus pais, você sabe, aquela lance sobre respeito às diferenças e não ao preconceito — fui rápida em responder. 

 

— Ah, que bom. Porque, apesar do aparente desequilíbrio mental, eu gostei de você. Qual seu nome? 

 

— É Sakura — eu falei baixinho ainda frustrada com aquele dia vergonhoso. 

 

— Oi, Sakura, seu cabelo rosa falso é lindo— ele sorriu pra mim, afastando umas mechas de cabelo do meu rosto, sério ele é mais deslumbrante que o Sasuke, o que é assustador. — Que tal você me contar essa história direito, eu fiquei curioso e acho que você precisa desabafar com alguém e ainda está com sorte porque acabei de vir pra esse colégio e não peguei meus horários, então é como se eu ainda nem houvesse me apresentado, temos bastante tempo — isso explicava porque eu nunca havia visto o ruivo de mentira por aí. 

 

Antes que eu pudesse responder, ouvi passos e a risada de Naruto por perto. Não querendo que ninguém me visse, principalmente Sasuke, empurrei o ruivo para frente. 

 

— Eu te conto até onde está o Santo Graal se você me tirar daqui agora. 

 

Ele agarrou minha mão e me encarou decidido. 

 

— Vamos! 

 

Passamos a correr pelos corredores tentando nos afastar ao máximo dos meus amigos. 

 

— Sakura, temos um problema — Sasori gritou. 

 

— Qual?! 

 

— Eu não conheço esse colégio, não sei aonde ir. 

 

Ah, que cabeça a minha! 

 

— Espera, eu vou pensar... — meus olhos procuravam um lugar onde ninguém nos visse e fosse seguro, afinal, ei, Sasori Akasuna ainda era um estranho — Ah, o refeitório! — dessa vez eu puxei o ruivo até ficarmos ante uma porta dupla que eu empurrei e como previ, não estava trancada. 

 

— Podemos ficar aqui? 

 

— Sim, está sempre aberto e quase não vem ninguém aqui fora da hora de almoço. 

 

Eu soltei a mão de Sasori e joguei minha mochila em uma das mesas perto da parede, só pra garantir não ser vista por quem passasse pelos corredores. Ao sentar na cadeira encostada na parede vi o garoto jogar sua mochila aberta despreocupadamente e dela escapuliu um livro que eu reconheci logo e sorri. 

 

— Então, Sakura, me conta tudo sobre a sua cabeça confusa e seus problemas. 

 

E eu contei. 

 

Da mesma forma que contei a vocês, desde o comecinho com Sasuke criança e seus Bentleys em miniatura, meus pais estranhos e suas manias artísticas complicadas, Anna e sua saia com bainha malfeita e Ino e o poço de amargura e inveja que é o coração dela. Quando terminei, já haviam se passado três horas e meia. 

 

Sasori Akasuna era um completo desconhecido que parecia me achar uma desequilibrada, todavia contar tudo pra ele parecia certo, fazia sentido. 

 

E pela primeira vez em muito tempo, eu tinha razão em fazer isso. 

 

Porque ele era a pessoa certa pra me ajudar. Como se fosse o destino agindo mesmo. 

 

— Caramba, você é mais complicada do que eu pensei. Até mais que meu namorado — Sasori diagnosticou depois de me ouvir com poucas interrupções ao longo do meu desabafo. 

 

— Você tem um namorado?! Ele é legal e bonito como você? Quer dizer, não precisa me contar se não quiser. 

 

O ruivo deu aquela risadinha rouca e agradável e suspirou. 

 

— Sim, Deidara é legal e bonito, além de gentil, sensível e leal. Contrapondo isso tudo, ele é manhoso, petulante, barulhento e esquentadinho. Nada que eu não possa lidar. 

 

Eu acabei rindo junto com Sasori, imaginar alguém sereno como ele namorando uma pessoa completamente oposta à sua personalidade era engraçado e fofo. 

 

— Vocês devem ser um casal muito fofinho de observar. 

 

— Fofo é meu jeitinho natural, cara Sakura — ele piscou charmoso pra mim. 

 

— Ah, para! — eu ameacei bater no braço dele, mas encolhi os ombros — E como você deve ter percebido, problemática é o meu jeitinho natural. 

 

—Eu diria que desnorteada é a palavra certa — ele se recostou na cadeira estalando os dedos. 

 

— Como assim? 

 

— Posso dar meu diagnóstico? 

 

— Sim, eu não contei tudo o que contei pra você apenas me dizer que sou mais complicada que seu namorado. 

 

— Certo, engraçadinha. Você é uma garota medrosa que tem muitas coisas e não quer abrir mão de nenhuma, assume mil responsabilidades pra si quando nem precisa assumí-las, não entende que seus pais não negligenciam você e sim te prepararam pra um mundo onde eles não podem te salvar o tempo todo, é sério, eles estão cuidando de você desde o começo e você não captou a intenção deles porque acha que o papel dos pais é segurar na mão dos filhos o tempo todo, quando na verdade o que eles devem fazer é caminhar atrás dos filhos, observando seus passos e confiando nas decisões deles, os orientando quando puderem, é claro, basicamente o que seus pais fizeram sempre que você realmente precisou deles. Ah! Você não tem nenhuma perspectiva conclusiva de carreira porque acha que pode fazer qualquer coisa com seu currículo impecável, o que seria uma coisa legal se não fosse o seu sonho de ir pra Oxford, um lugar que não aceita pessoas que não sabem o que querem da vida. E pra finalizar, com exceção de Sasuke, você escolhe muito mal suas amizades. 

 

Meu Deus! Eu estava estupefata. O garoto atirou pra matar. Quer dizer, como assim?! Como ele faz uma coisa dessas comigo? 

 

— O que você está dizendo?! Eu nem falei nada disso, só dos meus problemas com o Sasuke e você não falou nada disso — eu estava na defensiva com aquele ruivo que resolveu escavar minha mente. 

 

— Você não tem problemas com Sasuke, a relação de vocês dois é ótima. 

 

Eu estava ficando louca, aquele garoto estava me deixando confusa, ele não disse nada do que eu esperava que dissesse. 

 

— Você ouviu o que eu disse? É óbvio que minha relação com Sasuke é problemática, Sasuke é meu maior problema. 

 

Sasori balançou a cabeça como se fosse um mestre asiático que sabe todas as coisas e eu fosse a típica aprendiz ignorante falando besteira. 

 

— Sasuke não é problema, Sasuke é o rosto que você deu aos seus problemas pra evitar encará-los de verdade. Só que pra complicar ainda mais, ele é a pessoa que você procura quando está angustiada. Ou seja, você precisa da personificação dos seus problemas quando quer fugir dos seus problemas. É uma bola de neve que nunca para de rolar. 

 

O quê? 

 

— Eu tô bem confusa agora. E como você sabe dessas coisas todas? É a reencarnação adolescente de Freud por acaso? 

 

Ele riu. 

 

— Não, mas quando se é filho e neto de duas psicanalistas muito boas, você aprende uma coisinha aqui e ali. Como você deveria tentar aprender com seus pais, não digo que deve seguir todos os passos deles, mas eles parecem ser pessoas brilhantes demais pra você ignorá-los achando que eles não têm nada pra te ensinar. 

 

— É você gosta mesmo dos dois — ri observando Sasori. 

 

— Nem os conheço, mas se forem do jeito que você disse, eu iria gostar deles, com certeza. Gosto de pessoas que andam à margem do comum. 

 

— Não, eu falei sério, você gosta mesmo deles. 

 

Ele estreitou os olhos tentando me entender e eu bufei me esticando até as coisas dele. 

 

— Aqui — peguei o livro que tinha visto antes. — “A Terceira Jornada Fantástica de Jim Raizo”; autor: Kizashi Haruno, ilustradora: Mebuki Haruno. Mamãe e papai, como eu costumo chamar. 

 

Nem o meu desabafo sobre meus problemas deixou Sasori boquiaberto como dizer que era filha do autor e da ilustradora do livro que ele carregava consigo. 

 

— Não é possível! Sakura, você... Ah, eu nem perguntei seu sobrenome e quando você disse que seus pais eram artistas, eu não perguntei o que eles faziam. Isso é sério? 

 

Eu sorri presunçosa e estendi minha mão a ele. 

 

— Prazer! Sakuramochi-Hime, a Princesa Bolinho de Cereja. 

 

Ele apenas apertou minha mão rindo ainda maravilhado com a descoberta. 

 

— O papai sempre me homenageia com um personagem, mas só dos livros infanto-juvenis, dos adultos nem pensar, apesar de não me proibir de lê-los. 

 

— Caramba, não é à toa que a Ino te inveja, quem não te invejaria? 

 

—Não seja bobo! 

 

— É sério, sua vida é incrível e quando você perceber isso e resolver seus problemas, tudo com Sasuke irá se resolver junto. 

 

— Não brinca! Como em um passe de mágica? Isso não existe, Sasori. 

 

— Você me ouviu, Sakura? Quando perceber que não há problema com Sasuke e se redescobrir, tudo vai ficar bem. 

 

Eu quis acreditar nisso. 

 

Porque seria bom e uma brisa de liberdade. 

 

Mas será? 

 

— Se ainda estiver em dúvida, posso te levar pra conversar com minha avó, ela vai saber o que dizer. Eu te levaria até minha mãe, mas ela anda ocupada trabalhando em uma corporação, sabe como é, tentando ajudar os loucos por dinheiro. 

 

Pela primeira vez eu me senti ansiosa. 

 

— Isso seria ótimo! Quando você quiser, Sasori. Adoraria conhecer sua avó. Se quiser te apresento aos meus pais. 

 

— Não vou me fazer de rogado, eu adoraria isso também. Aliás, se você é a Sakuramochi-Hime, isso quer dizer que seu pai apoia seu relacionamento com Sasuke? 

 

Eu o escrutinei confusa. 

 

— Como assim? 

 

— Ah, você sabe, a relacionamento da Sakuramochi com o Tengu de falcão. Parece muito você e Sasuke. 

 

— Você acha? Eu nunca imaginei, eles nem parecem ter um relacionamento. 

 

— Só porque não é explícito? Tem que analisar nas entrelinhas, Sakura. 

 

Eu dei de ombros despreocupada. 

 

— Nunca me dei ao trabalho de analisar a saga do Jim Raizo. É só entretenimento juvenil, prefiro os livros adultos, pra ser sincera. 

 

Pela primeira vez Sasori fechou o semblante pra mim. 

 

— Você só pode estar de brincadeira! Seu pai escreveu todos aqueles livros e você nunca se deu ao trabalho de prestar atenção e compreender a filosofia deles? Só porque não são feitos pra adultos? É sério? 

 

E mais uma vez eu me senti constrangida perante Sasori, e com uma pontada de culpa por parecer uma boba. Contudo, ele me surpreendeu mais uma vez tomando minhas mãos entre as suas. 

 

— Sakura, você precisa de ajuda mais do que nunca e eu vou te ajudar. 

 

Eu me senti comovida e por aquele garoto incrível, a melhor pessoa que eu pude conhecer esse mês, acreditei na possibilidade de ver tudo dando certo no final. 

 

— Sakura? 

 

Me sobresaltei ao som da voz de Sasuke e o vi me encarando confuso e intrigado. Ele desviava o olhar para Sasori e sabe Deus o que estava pensando. Logo atrás estava Tenten e Neji, Gaara, Temari e Shikamaru, Naruto e Jocelyn, além de Ino toda inquisitiva e Anna com aquela cara de paisagem como sempre. 

 

— Sakura, você não disse que ia ficar em casa? — eu sabia que ele estava evitando perguntar sobre Sasori embora fosse exatamente o que queria fazer. 

 

— Eu mudei de ideia depois que você me ligou. 

 

Sasuke suspirou exasperado. 

 

— E por que não compareceu a aula ou me procurou? Qualquer coisa do tipo! 

 

“Por que está com esse cara?” 

 

Foi aí que lembrei como tudo isso começou e passei a sentir raiva. 

 

— Eu mudei de ideia de novo — retruquei mal-humorada e ouvi Sasori rir. 

 

O que deixou Sasuke irritado, eu imaginava o quanto ele se reprimia de perguntar sobre o Sasori. Entretanto, Sasuke não era Sasuke se não fosse astuto, por isso resolveu optar por uma saída mais elegante. 

 

— Talvez você queira me contar depois o que houve pra te fazer mudar de ideia outra vez. 

 

Danadinho. 

 

— Claro, por mim tudo bem. 

 

Ele sorriu singelamente pra mim e sabia que me faria dizer tudo que eu queria saber. 

 

— Sakura! Não vai nos apresentar seu amigo novo? 

 

Ino silvou pelo refeitório e eu torci os lábios de desgosto. 

 

— Não. 

 

Todo mundo começou a comentar surpreso enquanto Sasuke sentou-se à mesa ao meu lado acariciando o meu ombro. 

 

Acabou a diplomacia, maldita. 

 

— Não tem problema, eu me apresento. Sasori Akasuna, aluno novo. Começo aqui amanhã. Sakura me ajudou com meus horários e como ia embora pedi para conversarmos, ela é uma garota legal — que mentiroso, ele nem pegou os horários. 

 

— Ah, sim! Sakura é muito legal, todo mundo a adora — Ino resmungou entredentes. 

 

Sasori, que ela mal sabia estar por dentro de tudo, sorriu cáustico. 

 

— Sim, três horinhas com ela e já a acho fantástica. 

 

Ino jogou-se frustrada em uma cadeira acompanhada dos outros. 

 

— Com certeza. 

 

Como não estava disposta a aturar a presença tóxica da loira, me levantei puxando a mochila. 

 

— Bem, como não vou assistir qualquer aula, estou indo pra casa, tchau, gente. Sasori, a gente continua a conversa outro dia. 

 

— Claro, eu também estou indo. 

 

Sasuke levantou-se bruscamente. 

 

— Eu vou com você, Sakura. 

 

Eu me surpreendi e o encarei: — E o restante das aulas? 

 

— Se você pode matar aulas, por que eu não? Vamos viver o sonho, você disse. 

 

— Que cara legal — Sasori observou malicioso e eu o repreendi com o olhar. 

 

— Você não pode porque seus pais vão comer seu fígado, ao contrário dos meus. 

 

— Eu resolvo isso, vamos comprar sua torta — ele piscou pra mim. 

 

— Não pode me subornar com torta, Sasuke! 

 

— Posso sim, vamos? 

 

Aquela mão tão bonita estendida pra mim e aquele olhar suplicante... Como eu poderia negar? 

 

— Vamos, idiota. 

 

Toquei a mão dele e acenei para Sasori que prontamente correspondeu sorrindo aquele sorriso tão bonito. Ignorei deliberamente os outros e me pus a caminhar com Sasuke. 

 

— E então, vai me contar o que eu quero saber? 

 

Eu decidi que por hoje seria muito franca com Sasuke. 

 

— Eu vi você conversando e rindo com a Anna e não gostei nenhum pouco. Fora que Ino não é mais minha amiga e agradeceria muito se você começasse a evitá-la. E não, não vou contar o que aconteceu entre nós duas. 

 

— Estava com ciúmes? — ele sorriu presunçoso. 

 

— Chame do quiser, arrogante. 

 

— Se quer saber, eu só estava conversando com Anna sobre desenhos, Ino me disse que ela gosta de desenhar, não vi problema. 

 

— É claro que ela disse... — estreitei os olhos pra ousadia daquela infeliz de me boicotar. 

 

— E Sasori Akasuna? Eu devo me preocupar? 

 

— De jeito nenhum, ele é só um amigo. 

 

— Que garantia eu tenho? 

 

Eu parei e me virei para ele sorrindo resoluta. 

 

— Uma garantia que não deixa margem pra dúvidas. 

 

— Qual? 

 

— Eu gosto de você. 

 

E ele acreditou como eu acreditei na sua falta de interesse em Anna. Pois nossa honestidade mútua era absoluta e meu coração confiava no dele como o dele no meu. 

 

O beijei então, sem medo. 

 


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Notas finais do capítulo

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