Continuo olhando indiscretamente para Jungkook, quando seus olhos vem de encontro aos meus. Como um flash de luz, olho em volta e finjo que nem estava o vendo ali. Tinha certeza de que meu disfarce fora bem sucedido até que escuto sua risada e volto a olha-lo, parando a uma distância média dele.

—Já ouviu as boas novas? –Ele se ajeita em pé, retirando um dos fones de ouvido e guardando o celular no bolso enquanto fita meus olhos.

—Boas novas? Como assim? –Confusa e curiosa, continuo imóvel retribuindo o olhar, corando lentamente.

—Parece que eu estou te ignorando após ter te dado um fora. Aparentemente suas “tentativas de me seduzir” não deram tão certo. –Ele coloca as mãos nos bolsos e anda até mim, soltando uma risada irônica.

—Pera.. o que?! –Tudo aquilo estava me deixando cada vez mais confusa, os macaquinhos na minha cabeça giravam as manivelas rapidamente. –Mas, quem disse isso?

—É o que estão dizendo por aí. –Ele deu de ombros, parando à um metro e meio de distância de mim, desviando o olhar para os muros.

—Então foi essa a desculpa que Ha Ni inventou para dar a volta por cima? –Suspirei, revirando os olhos. –Aquela garota não aprende mesmo... –Jungkook riu.

—Acaba de chegar aqui e já virou inimiga da menina mais insuportável da escola... –Ele volta a me olhar, sorrindo.

—Não é como se eu tivesse feito algo para ela, acontece que ela não foi com a minha cara. –Coro ao ver seu sorriso. –Mas, por que você não gosta dela?

—Como deduziu isso? –Ele fecha o sorriso, voltando a fitar os muros, pensativo. –Não é como se eu odiasse ela, mas ela é insuportável, como eu disse. Já no fundamental, vivia espalhando coisas de que eu e ela estávamos juntos. Até que uma hora eu me irritei e resolvi dar um basta, pedindo para que ela parasse, em público.

—Parece que isso não funcionou como você queria, ela continua enchendo seu saco e te chamando de Oppa, mesmo vocês tendo a mesma idade... –Eu fitava os olhos dele, um tanto curiosa.

—Então... Acontece que ela começou a ficar depressiva depois disso e a mãe dela ligou para a minha, elas são amigas, pedindo para que eu parasse de implicar com ela. Eu fui basicamente obrigado a pedir desculpas para ela em público novamente, desde então ela continua com isso. Eu tento ignorar, mas ela tem prazer em continuar com isso.

—Oh... Entendo... –Conseguíamos ouvir vozes vindo à nossa direção no labirinto. Claramente Ha Ni e seu grupinho de amigas. –Acho melhor eu voltar e ir encontrar minha ami-... –Fui interrompida por Jungkook segurando meu pulso com força e me puxando labirinto á dentro. –M-mas o que? O que você está fazendo?! –Meu coração acelerou. Sua mão era quente e macia, me arrepiei, corando absurdamente enquanto era arrastada até o centro do labirinto.

Fiquei boquiaberta, o lugar era lindo. Havia uma fonte, uma árvore qualquer, muitas flores no chão e um banco. Jungkook me puxou até a fonte, olhando no fundo dela.

—Sempre vamos ao mesmo museu de história todo ano. Ha Ni sempre ficava me perseguindo, então um dia eu resolvi fazer um jogo. Entrei no labirinto e, claro, ela entrou logo atrás. Comecei a andar rapidamente até que ela me perdeu de vista, eu me perdi dentro do labirinto. Tentando achar a saída acabei encontrando o centro. Agora todo o ano eu venho aqui pra ficar livre dela. –Ele retirou uma moeda do bolso e segurou com as duas mãos, fechando os olhos. –Que ela nunca encontre esse lugar. –E jogou a moeda no poço, abrindo os olhos na minha direção rindo. Ri junto.

No fim das contas, ele era muito mais do que eu imaginava. Meu coração palpitava enquanto eu ainda fitava seus olhos, perdida em meus pensamentos. Jungkook desvia o olhar, andando em direção à árvore, logo ele começa a cantar. Sua voz era doce, eu podia sentir cada palavra, cada tom. Agora podia entender por que sua voz era tão boa de se ouvir.

—Não conte à ninguém. –Ele para de cantar, virado de costas, olhando a copa da árvore.

—Não contar o que? –Eu ainda estava desorientada pela sua voz, observando cada movimento feito por ele.

—O que acabou de ouvir. Não conte, certo? –Ele se virou para mim, olhando fixamente em meus olhos.

—T-tudo bem... –Não entendi ao certo, por que alguém com a voz tão bonita não ia querer que ninguém soubesse de seu talento? Apenas concordei.

—Venha, vou te mostrar como voltar lá pra fora. –Ele me deu um sorriso discreto e me levou até o corredor onde ficava a saída. Eu saí primeiro, Yang Mi estava parada à alguns metros olhando o nada quando me viu de longe.

—Ei! –Ela vem até mim correndo. –Achei que iríamos juntas! Fiquei horas aqui esperando por você!

—Desculpe, eu... –Não podia contar para ela o que acaba de acontecer, pelo menos não agora em público. Meu coração acelerado me fazia ter certeza de que agora eu não estava apenas tendo uma "paixonite adolescente" qualquer... Dessa vez era diferente... Eu nunca tinha me sentido assim antes. –Me perdi. Desculpa.