Sério isso, coração? escrita por Cielly


Capítulo 30
Capítulo 30 - Isso nunca foi um "Adeus"




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"Então... até mais?" Por quantos anos uma simples frase poderia se repertir em minha cabeça? Eu te respondo. Por muitos anos.

Já fazem três anos desde que eu voltei para o Brasil. Três anos longe de Jungkook.

Muitas coisas aconteceram desde que eu deixei a Coréia. Passei no vestibular de medicina, comecei a cursar a universidade, Yang Mi também passou no vestibular e agora cursava Veterinária, ela também veio até o Brasil me ver! Aliás, ela vem todo ano, por isso estava vindo novamente e chegaria ainda hoje. Eu estava morando em um apartamento alugado próximo á faculdade. Ganhei confiança extra dos meus pais durante o intercâmbio, por isso eles decidiram que seria certo pagar meu aluguel até que eu complete meus estudos.

Deitada em minha cama com o computador em meu colo, estava passando o final de semana tranquilo. Apenas esperava a visita de minha amiga, que se recusava a ser pega no aeroporto.

–--
(Mensagens no Facebook)
(11:30 am) Yang Mi: Eu já disse que não precisa!

(11:30 am) Serena: Mas como você é chata! Eu insisto. Só me diz que horas você chega.

(11:31 am) Yang Mi: Você acha que eu sou boba? Já disse que é surpresa! Aish, não faça com que eu me arrependa de ter te contado a data!

(11:31 am) Serena: Tá bom, tá bom!

(11:33 am) Yang Mi: Obrigada pela compreensão.

(11:34 am) Serena: Sua chata.

(11:36 am) Yang Mi: Eu também me amo. Até daqui a pouco ♡
–--

Meu coreano ainda era bom, graças as horas no skype com a amiga. Yang Mi aprendeu um pouco de português, mas eu insistia em falar sua língua nativa, privando-a de treinar e polir sua pronuncia. Por minha culpa (e eu assumo) a fala dela era péssima. Sabe aqueles chineses/japoneses que falam "pastel de flango"? Ela é exatamente assim.

Quanto á Jungkook, acabamos perdendo o contato. Nunca o culpei, ele sempre estava ocupado com seu debut e eu entendia. Por quase um ano continuamos á nos falar pelo kakao, que é praticamente um whatsapp coreano. Ele teve que excluir seu facebook por causa do contrato. Porém com todas as suas aulas de dança e treinos, acabava ficando sem tempo e logo vieram as brigas. É a maldição da inclusão digital, esses malditos relacionamentos á distância. Enfim, Yang Mi foi aos seus shows na Coréia, me mantía informada sobre ele mesmo que eu não quisesse. A verdade é que eu nunca pude esquecê-lo. Ouví dizer que ele e seu grupo teríam ficado muito famosos de um ano pra cá e começariam sua tour internacional, inclusíve fiquei sabendo de um provável show aqui no Brasil, mas não pesquisei sobre. Praticamente me segurei para não correr e saber de tudo, nossa história de amor já tinha acabado, eu precisava amadurecer.

Se você está se perguntando "Oh, será que ela finalmente contou sobre Jungkook para sua mãe?" a resposta é sim. Eu contei tudo pra ela na longa viagem de 30 horas ou mais de avião. Ela não ficou tão surpresa quanto eu pensei, na verdade ela foi muito atenciosa e ficava me perguntando se eu tinha usado camisinha. Mesmo respondendo que sim, ela insistia em perguntar de novo enquanto contava sobre suas amigas e conhecidas de engravidaram na adolescencia. Coisa de mãe, eu acho. Decidi me arrumar para almoçar, precisava estar em casa quando Yang Mi chegasse então teria que ser rápida. Até por que não tinha nem ideia de que horas ela chegaria. "Ah essa... Aish! Não entendo como consigo aguenta-la!" Pensei.

Tomei um banho rápido e coloquei um vestido confortável, era outono mas o tempo estava agradável. Gostava do clima do Brasil. Saí de casa, indo até um restaurante próximo. Enquanto me servia naquele buffet, lembrava da comida coreana. Sentia falta daqueles noodles, ah aqueles noodles... lembro de contar para minha mãe sobre minha nova comida favorita e ouvir "Mas você só comia esses miojos?". Depois daquela noite no restaurante comigo, ela insistiu que o noodle nada mais era do que "miojo com sopa de galinha" e não tinha quem tirasse essa ideia de sua cabeça. Sentei á mesa, comendo logo em seguida. Lembrei que tinha que estudar para a faculdade, muitos trabalhos, muitas provas, pouco tempo. Eu tinha sorte de ser realmente boa nos estudos. Pensava em como eu precisava fazer minha carteira de motorista, mas ao mesmo tempo tinha medo de dirigir. Pouco depois de voltar ao Brasil meu pai decidiu que me daria aulas de direção, parecia uma boa ideia na época. Até eu descorbrir que tinha "fobia" de volante e simplesmente não conseguir fazer aquilo direito. Foi um desastre. Paguei a conta e olhei o horário em meu celular: 13h e 20 minutos. Voltei para o apartamento, encontrando um bilhete colado em minha porta. "Esteja em casa ás 17h." Yang Mi tinha chegado e nem me ligou? Essa garota é realmente louca. Não contí a risada ao imaginar a amiga tentando se comunicar com seu belíssimo português. Respirei fundo ao entrar no apartamento. Ele era bem diferente do meu dormitório na Coréia. Era muito maior, tinha uma cozinha/sala e o sinal do celular era horrível. Me joguei no sofá de qualquer jeito, ligando a tv e colocando no Netflix para assistir uma série ou filme qualquer até que o tempo passasse. Procurei algum dorama, mas infelizmente todos que tinham eu já assistí. Decidi então que assistiria um filme de terror aleatório, e assim o fiz.

Já eram quase quatro e quarenta da tarde quando a fome bateu. Preparei um omelete, imaginei que Yang Mi tería fome e provavelmente sairíamos para comer algo. Respirei fundo e dei a primeira garfada, perdida como sempre em meus pensamentos. Sempre que Yang Mi avisava de sua vianda eu acabava por lembrar d Jungkook, mesmo que tentasse com todas as minhas forças seguir em frente. Dizem que a gente nunca esqueçe o primeiro amor, o primeiro beijo e o primeiro. No meu caso Jeon era todos eles, talvez esse fosse o real motivo para que eu nunca conseguisse esquece-lo. Ou talvez, quem sabe, estivesse presa á aquela promessa. Mas não me arrependo de dizê-la.

A campainha tocou, chequei o relógio: 17 horas e um minuto. Sempre apreciei a pontualidade de Yang Mi, esse um minuto rendería muitas piadas. Deixei meu prato á mesa e fui até a porta, vendo a amiga sorrindo alegre do outro lado.

–Você está atrazada. -Sorrí de volta abrindo meus braços.

–Surpresa! -Ela puxa alguma coisa que estava fora do meu canto de visão, atraz da parede.

Gelei. Meu coração acelerou naquele instante, pude sentí-lo pular para fora da minha boca e sair correndo pela casa. Não podia ser real, não pode ser real. Por quê? Eu não entendo. De repente aquelas palavras voltaram a ecoar em minha cabeça. "Então... até mais?" A frase se repetia várias vezes na minha mente enquanto eu observava aquela figura alta de cabelos negros bem á minha frente. Eu se quer conseguia piscar.

–Mas o que....? -Foi tudo que eu consegui dizer. Percebi que minhas palavras tinham soado baixo demais, além de ter falado em português. Mas eu não dava a mínima.

–Você manteve sua promessa? -Jeon sorria, levemente corado.

–Eu achei que nunca mais fosse vê-lo de novo... -Continuava a encarar aqueles olhos inesquecíveis.

Minhas mãos suavam como nunca. Como ele ousava aparecer em minha casa depois desses anos? Como ele ousa agir como se nada tivesse acontecido? Quem ele pensa que é afinal?

–Eu disse que aquilo nunca foi um "adeus".


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