Dia 3 – Historia

Como no dia anterior, todos estavam esperando na sala de treinos. Porém, dessa vez alguns estavam um pouco mais empolgados, após terem visto a demonstração da tesoura. Sanosuke não era um deles.

Aaru entrou vestindo as mesmas roupas brancas, com Nico logo atrás dela. Hoje, ele estava usando roupas normais, mas mesmo assim não parecia feliz. Aaru estava usando um chapéu branco com listras verdes igual ao...

- AAAAAH! Esse chapéu! – gritou Ichigo.

- Não é uma graça? – perguntou Aaru.

- O chapéu do Urahara! – exclamou Rukia – Onde conseguiu?

- Urahara-san me emprestou! Não disse que ele também estava aqui na mansão?

- ELE ESTÁ AQUI??? –gritaram os dois ao mesmo tempo.

- Sim!

Ichigo fez uma cara de desapontamento.

- Não vou me surpreender com mais nada...

- Ei, ei, Aaru-chan, ensina a gente aquilo que você fez ontem! – pediu Naruto.

- Sim! Ensina! – completou Gon.

Aaru abriu um enorme sorriso.

- Vocês gostaram? Que bom! Mas hoje não vamos treinar.

- O quêeee?? – reclamaram vários deles.

- Hoje vamos falar um pouco sobre a historia da capoeira.

- Uhuu, historiaa!! – comemorou Sakura

- Sakura-chan, sua nerd...

- O QUE DISSE NARUTO?!

- N-nada datebayo...

- Historia, parece divertido... – falou Lenalee.

- Concordo! Temos que conhecer a fundo o que estamos fazendo...

- Ah, cala a boca Kurapika – reclamou Killua aparentemente insatisfeito.

- Quem é que precisa saber sobre historia – completou Envy.

- Vocês precisam! – falou Aaru num tom autoritário – capoeira é pura historia, que começou na época da colonização do Brasil.

- Mas nós nem sabemos nada sobre o Brasil... – resmungou Sanozuke.

- É! Nem os brasileiros sabem sobre a história do país deles! Por que nós temos que saber?!

- Mas eu sei... – replicou Sakura

- Nerd...

- O QUE FOI NARUTO?!

- N-nadinha datebayo...

- Ai ai... Bom, vamos começar pela palavra capoeira. – alguém soltou um xingo lá do fundo – EI, SE NÃO CALAR A BOCA EU VOU FAZER VOCÊ DORMIR NO QUARTO DO YUU!

- MERDA!

- NÃO ME CHAMA DE YUU!

- Continuando – ela fingiu que não havia sido interrompida – capoeira é um tipo de vegetação rasteira. Naquela época os senhores das fazendas viam os escravos fazendo capoeira naquela grama baixa, e diziam “olhem os escravos brincando na capoeira”. Foi daí que o termo surgiu.

Rukia tirou não se sabe de onde um enorme bloco de papel, e lá desenhou dois coelhos brincando na grama baixa.

- Posso ilustrar a historia?? – perguntou ela radiante.

- Cara, você desenha mal pra cara... – BAM – Ai!

Rukia acertou Ed na cabeça com o bloco.

- Pode ilustrar sim! – respondeu Aaru

- NÃAAAOOOOO!!! – gritou Ichigo.

BAM! Mais um com um galo na cabeça...

- Aham! – pigarreou Aaru. Todos olharam para ela – Bom, quando o Brasil ainda era colônia de Portugal, navios trouxeram negros da África para servirem de escravos nas plantações. Porém, os escravos não faziam isso de bom grado. Eles começaram a criar uma luta para fugir dos engenhos.

“Acontece que os senhores de engenhos colocavam capitães do mato para vigiar os escravos e capturá-los quando eles fugiam. Então eles não podiam praticar livremente uma luta, pois seriam punidos. A solução foi disfarçar a luta em dança. Daí vem muitos conceitos errados de que capoeira é uma dança. Os escravos eram mais inteligentes que os senhores de engenho, por isso conseguiam enganar eles. Enquanto treinavam para fugir, os senhores achavam que eles estavam apenas brincando.”

“Munidos dos golpes de capoeira, os negros fugiram dos engenhos, e criaram os quilombos. Um dos mais famosos foi o Quilombo de Palmares. Quando eram capturados pelos capitães do mato, sofriam punições cruéis e violentas.”

- Oooh!

- Gon, não tem motivo para ficar surpreso.

- Tadinhos dos escravos!!

- T-Tobi?!

- Olá Naruto-chan!

- O que o Tobi está fazendo aqui?! – gritou Sakura

- Eu convidei ele. – respondeu Aaru

- Tobi is a good boy!

- Sim, você é  – disse Aaru passando a mão na cabeça dele – agora vá embora para eu terminar a aula.

- Certo Aaru-chan!

Tobi saiu da sala.

- Isso foi estranho...

- Nem me fale...

- Continuando...  Em 1888, a escravidão foi abolida. Os senhores de engenho abriram as portas das senzalas, e mandaram os escravos embora. Estes, não tinham para onde ir, não tinham condições de voltar para as terras de onde tinham vindo, e não tinham nada para sobreviver. Acuados, eles se dirigiram para as cidades, se instalando nas periferias. Foi aí que surgiram as primeiras favelas.

“Como não tinham meio para se sustentar, os escravos começaram a usar a capoeira como meio de vida. Trabalhavam como mercenários, guarda costas, saqueadores, tudo para ganhar dinheiro. Grupos de capoeira inimigos, quando se encontravam, travavam lutas violentas, das quais muitos saiam mortos.”

“Havia um jogo chamado ‘Apanha a laranja do chão tico-tico’. Os negros colocavam dinheiro no meio da roda, e os que estavam jogando tinham que apanhá-lo com a boca, enquanto lutavam. Muitos jogavam segurando uma adaga nos dedos dos pés, e tentavam cortar o pescoço do adversário. Para se proteger, também usavam um lenço de seda no pescoço, que impedia de terem as gargantas cortadas.Esse é só um exemplo das atrocidades que os capoeiristas cometiam.”

“ Os capoeiristas eram perseguidos pela policia. Eram temidos pelos moradores das cidades. Eram considerados marginais. Por causa de toda essa violência, em 1890, a pratica de capoeira foi proibida em todo o país.”

Aaru fez uma pausa para respirar. Todos estavam no mais completo silêncio.

- Claro que os capoeiristas não pararam de praticar sua arte. Continuaram treinando as escondidas. A capoeira continuou proibida até 1930.

“Em 1900, nasceu um homem que mudaria a historia da capoeira. Este homem, que ficou conhecido como Mestre Bimba, criou uma nova capoeira, chamada capoeira regional. Apresentou ela como manifestação cultural para Getúlio Vargas, que liberou a pratica dela no país.”

“Mestre Bimba criou oito seqüências de movimentos, que usava como fundamento para ensinar capoeira. Treinamos as seqüências até hoje em dia. Ele também tirou a capoeira da marginalidade, fundando uma academia que tinha as seguintes regras:

* Não beber e não fumar. Pois os mesmos alteravam o desempenho e a consciência do capoeira.

* Evitar demonstrações de todas as técnicas, pois a surpresa é a principal arma dessa arte.

* Praticar os fundamentos todos os dias.

* Sempre ter boas notas na escola.”

- Resumindo, se não fosse pelo Mestre Bimba, não poderíamos praticar capoeira hoje em dia. – Parecia que ela tinha acabado com a história. – Ah, me lembrei de uma curiosidade! Uma vez houve um torneio de luta aberto aqui no Brasil, organizado por lutadores de Jiu-Jítsu. Mestre Bimba levou seus alunos para competir lá. Eles derrotaram quase todos os lutadores por nocaute, e Bimba venceu o torneio, derrotando o mestre de Jiu-Jítsu.

Todos saíram dessa aula em silencio, alguns sussurrando alguma coisa para o outro. Parece que a historia tinha conseguido o impacto que Aaru queria.