O fantasma esquecido. escrita por Sazi


Capítulo 3
Guzol


Notas iniciais do capítulo

Um bom dia/tarde ou Boa noite a todos, espero que estejam apreciando a história.
Em breve colocarei a tradução da música que Lala canta.
A título de curiosidade, a música é cantada em Latim.



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Os dias passavam mais uma vez e diferente de antes a aboneca caiu em desespero, nada no momento podia conter o seu aflito coração, então ela cogitou a ideia de sair de Matel de ir adiante. De procurar alguma coisa ou alguém, mas ela tinha medo. Um medo assustador de que mais pessoas quisessem ataca-la. De mais pessoas serem mortas no processo. A boneca ainda não entendia bem o que era a morte, pois ela nunca morria. Por mais que um dia tentasse. Sim, ela quis findar a sua vida. Mas não consegui. Seu coração não a deixava ir nunca. Não até que ele encontrasse seu dono, seu destino. A Inocência nunca iria deixa-la partir assim fácil.

Sua caminhada iniciou-se pela conhecida Matel. Cada passo era tortuoso apesar de ela não cansar. Até que quando ela estava chegando nos limites da cidade avistou uma figura diferente, era pequeno demais para ser um homem como os que ela vinha. Estava cansada e decidiu que daria apenas uma chance a aquele ser. Faria sua pergunta e dependendo da resposta ele seria morto ali mesmo.

Era um garoto órfão, chamava-se Guzol e estava a caminho de Marco em busca de um emprego ou alguma moradia. Seus pais haviam sido assassinados por um ser que ele não sabia distinguir. Ele flutuava e era redondo, mas tinha canhões e trazia um pentagrama na testa e um sorriso malicioso. A imagem daquele ser não saia da mente do pequeno garoto, que tendo escapado por conta do sacrifício de seus pais. Um akuma havia matado a família dele e o menino nem ao menos sabia o que aquele ser era.

Estava cansado, faminto, sedento. Trazia consigo apenas algumas sementes de macieira, algumas roupas velhas e esperança. Queria viver, precisava viver. Essas foram as ultimas palavras de seus pais. Viva.

Estava em tempo de desmaiar quando encontrou no horizonte uma garota, seus olhos se encheram de esperança, em fim alguém para ajuda-lo. Ele sorria.

A aproximação dos dois estava maior a cada passo. E ele pode fitar o rosto desconfigurado da garota. Mas isso não ocultava a sua beleza. Sim a boneca ainda sim era linda. Seus cabelos cor de ouro podiam encantar o pequeno que não sabia o que dizer. Eles pararam frente a frente. Só que as pernas do pequeno o traíram e ele caiu, de joelhos em frente a criatura que lhe lançou um olhar sanguinário.

— Gostaria de ouvir uma canção? – ela perguntou com os olhos fixos na pequena e indefesa figura.

— Sim, eu gostaria. – seu olhos cor castanhos brilhavam e ela não pode conter a surpresa que se seguiu. Enfim alguém que queria ouvi-la, alguém a quem ser útil. Uma pessoa que podia tocar seu coração. E ela cantou.

“ Lacrimosa dies illa.

Qua resurget ex favilla.

Judicandus homo réus

Huic ergo parce, Deus

Pie Jesu, domine

Judicandus homo réus

Huic ergo parce

Deus Pie Jesu, domine”

Quando a canção da boneca terminou o pequeno Guzol tinha lágrimas nos seus olhos, nunca uma melodia o havia tocado tanto assim. Seus olhos estavam maravilhados também ele aplaudiu a sua cantora tentando ficar de pé. Só que seu corpo estava cansado e fraco e ele caiu. Mas ela o aparou e deu lhe o seu melhor sorriso.

— Estou com sede, você teria água para me dar?

— Água? O que é isso? –ela questionou sem entender. E naquele momento apesar da pouca idade ele percebeu que aquela moça não sabia sobre o  mundo assim como ele.

Ele tentou ser compassivo com ela e queria que ela o entendesse.

— É um liquido sem cor, sem cheiro e sem gosto. – ele parou um pouco para pensar, mas já estava ficando tonto de fome e sede.

Então a boneca se lembrou de um local onde viu uma coisa assim. Tomou o garoto nos braços e caminhou até o local, o sol encandecia a vista do menino que estava já pálido, mais branco do que era. Não demorou muito e eles chegaram ao subsolo da cidade abandonada. Em uma certa parte havia um grande lago, resultado de um lençol freático que brotava ali, formando um espetáculo subterrâneo. Pequenos buracos que estavam feitos no teto refletiam a luz do sol, deixando ainda mais lindo a vista do lugar. Quando os moradores de Matel moravam lá aquele local não existia, depois de anos e anos que ele se formou quando a terra cansada cedeu depois de umas chuvas revelando uma riqueza que eles não tiveram sorte de explorar.

O garoto fitou a beleza do local e sendo posto no chão pela boneca se arrastou até ali e bebeu da água limpa e transparente o quanto pode. Depois lavou seu rosto com um pouco dela e se deitou na areia macia e geladinha que cercava o local. Ele tinha esperanças agora.

A boneca não entendia porque ele precisava daquilo, sentou-se ao seu lado e ficou contemplando o pequeno ser.

— Comida, você tem comida?

Ela apenas o olhou e balançou a cabeça. Ela se lembrava o que era isso, pois via seus antigos donos chamarem de comida algumas coisas, mesmo não sabendo o nome delas, mas lembrava-se do que eram. E naquela cidade nunca mais viu nada igual aquilo.

O pequeno Guzol não desanimou. Levantou se meio cambaleante e correu até sua pequena bagagem que estava não próxima dele e retirou as pequenas sementes de macieira. Não perdendo tempo ele pegou um pouco de água e com as mãos nuas plantou-as um pouco distante do lago. Fez uma pequena prece em silencio e agradeceu também.

Sem entender nada a loira sentou se ao seu lado vendo-o sorrir. Não entendia, mas precisava a todo custo ajudar aquele pequeno ser que tocara seu coração. Seus dias agora teriam uma cor nova. E ela estava mais do que feliz por isso.

Guzol também era só alegria. Sentia que poderia recomeçar ali, junto da cantora que o salvara. Mas precisava comer, e ainda não tinha ideia de como achar alimento. Por enquanto não.

Ele iria lutar por sua vida. Queria retribuir a gentileza da boneca.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por ler, até a próxima.



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