Não Me Deixe, Maninho escrita por Katmew


Capítulo 20
Memórias dolorosas


Notas iniciais do capítulo

Hello Kittys, aqui estou com mais um capítulo de NMDM. A fanfic já está mais próximo do final e logo lançarei o último. Fiquem ligadxs.
Boa leitura.



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Eu nunca imaginei que encontraria o homem que matou minha namorada, mas, naquela tarde de sexta-feira, foi exatamente o que aconteceu. Olhando nos olhos dele, comecei a reviver momentos que estavam perdidos no meu inconsciente e, eu desejava que nunca fossem resgatados. Diante de mim estava ele, o tão procurado motorista que atropelou o amor da minha vida, o assassino de Star.

Seus olhos azuis inesquecíveis refletiam culpa enquanto eu o confirmava como o culpado para os policias. Depois disso, eu não consegui ouvir as pessoas ao meu redor, meu cérebro se desligando ao mesmo tempo que que transitava do mundo real para uma memória dolorosa...

Eu estava parado na calçada. Star, caída no meio da rua, tinha sido atingida e seu corpo estava à alguns metros do caminhão. Fiz contato visual com o motorista antes dele fugir da cena do crime e temendo o pior, eu corri até ela. Liguei para emergência enquanto caia de joelhos, segurando-a nos meus braços.

Lágrimas desciam minhas bochechas, eu falava com a operadora descrevendo suas feridas: sangue saia de um corte em sua testa e tinha coberto parte do seu rosto, seu braço direito estava claramente quebrado e ela mal respirava com boca semiaberta. Seus olhos estavam abertos, olhando para o céu, e mesmo com a minha visão embaçada, vi ela desviar o olhar e encontrar o meu. Ela me encarava enquanto morria. Desliguei a chamada com a emergência e presenciei seus últimos momentos, vendo a vida sumir de seus olhos, deixando-os vazios.

Abracei seu corpo contra o meu e chorei até a ambulância chegar.

 

Depois de ver aquele cara e reviver todo aquele sofrimento, mais uma vez eu me senti vazio. Passei um tempo sem ir para a escola, sem comer e sem dormi, apenas olhando para o teto. Micaela, preocupada, sempre entrava no meu quarto para ver como eu estava e eu pedia para ela me deixar em paz. Geralmente ela me obedecia e deixava o quarto sem dizer nada, me olhando com tristeza ao fechar a porta, porém, em uma tarde, ela não me deu ouvidos e sentou na minha cama.

— Por favor, Micaela. Eu disse para me deixar sozinho – falei com firmeza, já irritado com sua desobediência.

— Esses últimos dias... – ela disse, ignorando tudo que tinha dito – eu ouvi você chorando no seu quarto.

Mesmo sem encontrar seu olhar, eu a sentia me observando com seriedade.

— Mas você nunca chora – ela completou – mesmo quando você está muito, muito triste. Então, por que está chorando agora?

Eu não respondi e ela prosseguiu.

— É por causa da maninha, né?

Pela primeira vez, senti que não conseguia mais esconder minha dor, pois ela já estava exposta, e mentiras, naquele momento, não eram o suficiente. Micaela sempre suspeitou, mas agora tinha certeza. Saí da posição deitada, sentando do seu lado e só assenti com cabeça. Vendo isso, Micaela olhou para o chão.

— Toda vez que pergunto quando ela vai voltar você sempre diz que não sabe – lagrimas desciam enquanto ela tentava falar – Mas ela nunca vai voltar, vai?

Decidi responder com a verdade e assenti novamente. Micaela arregalou os olhos e lágrimas desceram ao monte. Ela estava sentindo a angustia que eu sentia desde do dia que Star morreu. Com o rosto enterrado nas mãos, chorou alto e eu apenas solucei em silencio. O dano estava feito e não tinha mais como voltar atrás. Tentei botar minha mão no seu ombro, mas ela se levantou da cama, afastando-se do meu toque.

— Não pode ser verdade... você tem que está mentindo... a Star nunca me deixaria sozinha – ela tentou gritar, mas a dor era grande demais para ela sentir qualquer coisa a não ser tristeza.

Nos seus olhos eu vi o seu medo de perder Star, o mesmo que já vi várias vezes antes. Ela só não sabia que seu medo tinha se concretizado meses antes. Ela saiu do meu quarto, batendo a porta, finalmente me deixando sozinho, mas ficar só, já não era mais o que eu queria. Comecei a chorar com força, arrependimento e culpa me invadia.

“Eu devia ter a salvado”, ecoava na minha mente. Star era a única pessoa em quem eu pensava, eu tinha reaberto minhas feridas e sangrava. Nada podia me tirar daquele transe, a não ser... um barulho.

Pulei da cama quando ouvi algo quebrar e pelo som, parecia ser vidro ou porcelana. Deixando meu luto de lado, fiquei preocupado.

— Micaela? – A chamei, limpando minhas lágrimas.

Não obtive resposta.

Saí do meu quarto a chamando várias vezes, todavia, a casa estava em silêncio. Procurei ela em todos os e não a encontrei.

Na cozinha, havia vidro e sangue no chão, a porta da frente estava escancarada e Mica sumiu. O desespero bateu. Ela tinha levado a chave extra e quebrou o pote de vidro onde a chave ficava no processo. Sai a procura dela, mas não antes de pegar o kit de primeiros socorros, e segui pequenas pegadas de sangue pela calçada.

A minha preocupação me cegou por alguns minutos enquanto eu corria pelo anoitecer e não percebi logo que conhecia aquele trajeto, e como consequência disso, o destino.

Meus passos diminuíram até parar quando vi o banco. Uma pequena figura sentava lá. Aliviado, corri até ela e a abracei sem pensar duas vezes. Estava tão feliz em vê-la bem que nem pensei em brigar com ela.

Depois de alguns segundos, ela me abraçou de volta, chorando e pedindo desculpas, mas eu apenas estava contente em abraça-la e dizer a ela o quanto sentia muito.

Eu enfaixava seu pé quando ela perguntou:

— Por que ela não volta?

Respirei fundo antes de responder.

— Porque ela morreu.

— O que acontece quando uma pessoa morre?

Terminei de cuidar da sua ferida e olhei para o céu, a luz do sol restava apenas alguns raios, sumindo aos poucos. Micaela fez o mesmo, esperando eu falar.

— Elas vão um lugar muito bonito e elas são felizes lá.

Eu não tinha certeza da reação que ela teria, mas olhando para sua expressão, aparentava calma. Ela ainda olhava para o céu e por um segundo, parecia que ela viu muito mais do que o céu.

— Ela realmente está feliz lá? – Ela perguntou.

— Eu acredito que sim.

— Vou senti a falta dela e espero que ela sinta a minha, mas se ela está feliz... eu também estou.

Fiquei surpreso com sua resposta, mas ela me fez sorrir.

— Pelo menos eu ainda tenho você – ela me abraçou forte.

Acariciei seu cabelo e beijei sua testa.

— Acho que está na hora de ir para casa.

Eu guardava o kit de primeiros socorros quando notei que Mica não estava do meu lado. Olhei para trás e vi ela na Margem da calçada. Ela esticava os braços, tentando alcançar um floco de neve que flutuava acima dela.

O floco pousou em suas mãos e ela riu. Notando outro, ela pisou na rua, tentando pegar mais. Seria uma cena fofa e inocente se não fosse por um sentimento de déjà vu persistindo em segundo plano.

Aquela cena era familiar, mas foi apenas quando luzes de um para-choque invadiu o ambiente que eu lembrei. Os últimos momentos sorridentes da Star passaram como um flashback assim que comecei a correr em direção à Micaela.

“Hoje não”

Tudo que eu lembro é ver Micaela do outro lado da rua, seu choro ecoava pela rua. Eu vi o céu azul, o mesmo que Star viu antes de morrer, e sorri para mim mesmo. “Dessa vez, vou salvá-la”

Eu apaguei.

 

CONTINUA...


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Notas finais do capítulo

Até o próximo capítulo!
Beijos de kitkat e abraços de urso.



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