Choque de Tempo escrita por Miss Krux


Capítulo 14
Capítulo 14 - Os cumprimentos.




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Novamente, a resposta que deveria vir de Marguerite veio de John, que agora estava se esforçando para levantar da cadeira e virar para encarar a todos, rever seu amigo, olhar nos olhos de seu irmão e assumir de uma vez por todas que sim, era Marguerite a nova integrante da família Roxton.
J – Neddy Boy, Neddy Boy... Suas perguntas fizeram falta por aqui. nos ajudava a prevenir certas coisas. Respondendo: sim, Marguerite é a nova integrante da Família Roxton. A aliança que o Xamã Zanga mencionou foi mesmo para pedi-la em casamento, como deve estar imaginando; pedido que fiz hoje cedo, certo, Senhora Roxton?
Marguerite, enquanto John respondia Malone, havia se levantado e estava oferecendo seu ombro para que ele se apoiasse. O caçador apoiava seu lado direito na cadeira, segurando com força, e a parte esquerda debruçava-se sobre Marguerite, mas procurando não depositar seu peso todo nela. A herdeira o encarava enquanto ele falava, ainda não se sentia totalmente certa de admitir na frente dos outros, mas agora era tarde demais para voltar atrás; não que tivesse vontade de fazê-lo, só não sabia se era a hora para isso e se estava preparada. Mas ainda assim, insegura, confirmou o que John havia falado:
M - Certo, Senhor Roxton. É verdade, a aliança que o Xamã falou é esta aqui.
Mostrou sua mão para que todos vissem, estava orgulhosa do trabalho que John havia feito e mais ainda do significado que carregava.
William observava tudo, estava inconformado. Seu irmão o havia matado, provavelmente herdado o título, a herança, havia abandonado seus pais em Londres para vir se perder no meio do mato na América do Sul e ainda tinha arrumado uma mulher como Marguerite como sua futura esposa; isso não estava certo. Era para ele ter tudo isso, ter a fortuna, o título, estaria ao lado de seus pais, nunca os abandonaria como John fez e aquela mulher... se ele tivesse a chance de passar pouco tempo com ela, poderia conquista-la. John não a merecia. Ele queria dizer tudo isso, mas agora as coisas seriam diferentes, estavam todos juntos e John, ainda que ferido, talvez não hesitasse em revidar qualquer tapa que lhe desse.
W – Bravo! Bravo, Johnezinho! Você realmente se superou desta vez em sua conquista. Mas, me diga, você acha que um único anel vai fazê-la sua? E como vocês irão se casar? Como selvagens? Não, já posso até imaginar, realmente, o casamento do ano. Pobre Senhorita Krux... Ops! Senhora Roxton. Você não faz idéia de quantas mulheres meu irmãozinho trouxe para casa e chegou a dizer que iria se casar, sabe qual era o final delas? Não, claro que não sabe, aposto que ele não lhe contou isso; era casar-se com outros, muitas para manter a honra da família, muitas para esquecer John, porque ele a havia trocado por outra.
Estavam todos ficando nervosos com aquele jogo de palavras ásperas e um tanto irônicas vindas de William, até que John se pronunciou e como o irmão estava próximo a ele o suficiente para ele puxá-lo pela camisa e trazê-lo cara a cara. Embora seu peso fora quase que todo para a herdeira, era preciso.
J - Escute aqui, seja lá o porquê de estar fazendo isso, ou melhor, eu sei o porquê está fazendo isso, mas esse não é o momento. Você vai sentar nessa droga de cadeira e calar a boca, não vai estragar nada agora. E mais tarde iremos conversar de homem para homem, irmão para irmão. Ou eu juro que ainda que ferido vou tratar de cuidar de você como, infelizmente, não fiz ontem, mas saiba que hoje não vou pensar duas vezes. Estamos entendidos, William?
O rapaz loiro não tinha medo de John; não de John seu irmão mais novo, aquele que conhecia, mas este John era certamente mais velho que ele, mais nervoso até, e não parecia estar com brincadeiras, além de ser muito mais ameaçador.
W - Perfeitamente, meu irmão. Porém, se me der licença, prefiro aguardar por tal conversa no quarto em que estou hospedado. Até mais, senhores e senhoras.
Falando isso, William segue para o andar de baixo, sem dar chance para que alguém protestasse sobre sua colocação e retirada; não queria dar satisfação a ninguém, não até o devido momento da conversa entre ele e John.
Malone e Verônica trocaram olhares cúmplices, não estavam entendendo muito o que estava acontecendo ali e tudo tinha sido rápido demais.
N - Irmão? John, seu irmão está morto, não é?
Marguerite auxiliava John a sentar-se no sofá, por ser mais confortável e também por poder ficar de frente para os amigos para poderem conversar melhor e, claro, esclarecer tudo.
M - Não está mais Malone. Não, graças ao Challenger.
John viu a expressão de vergonha do amigo cientista, sabia que ele não tinha feito por querer, que nada daquilo fora por mal, mas sabia também que a herdeira ao seu lado não tinha o mesmo conceito que ele e, pior, o culpava. E agora sem o teletransportador sem dúvidas o amigo estaria enrascado, John poderia livrá-lo agora, mas sabia que Marguerite mais cedo ou mais tarde iria cobrá-lo. Porém, antes mais tarde do que agora, uma vez que todos estavam com os ânimos a flor da pele.
J - O que Marguerite quer dizer é que Challenger usou o teletransportador para trazer meu irmão. Sim, este é o meu irmão legítimo, mas trazido do passado, mais especificamente do momento em que o matei. Porém, os cálculos, ou seja lá o que for, deram errado e ele está aqui. Além do que, pelo o que soubemos a pouco o aparelho explodiu por causa de ter sido sobrecarregado. E, bem, não temos ainda nenhuma solução. Estou certo, George?
Challenger se sentia bem mais aliviado, principalmente por ter sido John quem fizera a colocação e a pergunta em si e não Marguerite; ele não estava bem para mais uma de suas cobranças e insinuações, certamente isso iria acabar gerando uma briga e aquele não era o momento, nem o local – na verdade, não queria brigar, mas não deixaria a herdeira sem uma resposta mau educada.
C - Sim, isso mesmo, meu velho. Houve alguns erros em meus cálculos, como John colocou, o que me fez ir parar no local e tempo errado e acabei trazendo o William. Não que não tivesse a intenção, mas não desse jeito. Ao saber do ocorrido do gorila, de sua própria morte e ao se reencontrar com nosso amigo aqui já devem imaginar o que aconteceu. Por fim, hoje ao tentar enviá-lo de volta, um dos fuzis não estava em bom estado, o que fez o teletransportador sobrecarregar e explodir, assim como a brecha da caverna também, fechando-a. Ainda não sei o que fazer, é bom que tenham voltado, precisarei da colaboração de vocês.
Verônica não estava tão surpresa – não depois de saber que eles viviam se metendo em encrencas, mas preocupada. Agora sem o teletransportador, como Challenger pretendia mandar William embora? E pior: ela reparou o quanto John estava machucado, provavelmente os dois deveriam ter se enfrentado, o que não era nada bom; conflitos futuros poderiam acontecer novamente. Malone, no entanto, estava surpreso, tão surpreso que mal sabia por onde começar a fazer suas perguntas. Verônica já havia adiantado muita coisa sobre a garota do futuro, a máquina de Challenger, a tempestade pela qual passaram, a qual ele mesmo havia vivenciado; mas esta era uma história que merecia a primeira página.
N - Mas, Challenger, por que fez isso? Quero dizer, por que foi trazer o William para o presente? Você deve ter tido algum motivo, imagino. E, John, pelo que vemos você ou caiu e se machucou feio ou levou uma boa surra, está todo ferido. Isso tem algo a ver com o seu irmão, não é mesmo?
J - Ei, calma aí, meu amigo. Uma pergunta de cada vez.
Todos riram do comentário do caçador, mostrando, assim, que Malone estava de volta e que, claro, era muito bem-vindo. As expressões de todos logo estavam mais suaves e o ar bem mais leve. Marguerite estava faminta e, na verdade, ela sabia que existia uma solução para resolver todo esse problema, porém, era algo arriscado e que, ainda que não gostasse de precisar dos outros, talvez desta vez fosse mais sensato. E se havia uma pessoa que poderia ajuda-la seria, Verônica; e aquele era o momento certo para unir as duas coisas: uma janta e uma solução.
M – Bom, acho que está quase tudo explicado. Porque vocês, rapazes, não ajudam John com o banho e aproveitam para colocar a conversa em dia, enquanto eu e Verônica preparamos o jantar? Estou faminta.
Para Challenger e Malone a verdadeira intenção do comentário de Marguerite passou despercebido, era algo comum, eles mesmos já estavam começando a sentir fome e, além disso, o caçador precisava mesmo de uma ajuda para tomar banho – o que para Verônica seria algo vergonhoso e Marguerite não aguentaria o peso do homem sozinha. Entretanto, para Verônica e John a herdeira tinha segundas intenções, algo estava errado no comentário de Marguerite, algo que não se encaixava e que, seja lá o que fosse, eles iriam conseguir obter dela.
C - É uma esplêndida ideia, minha cara. Bem, vamos, John. Nós o ajudamos, como Marguerite sugeriu.
John olhou mais uma vez para a herdeira em pé ao seu lado, ela estava escondendo algo, com certeza; sua fisionomia estava suave, mas os seus olhos não mentiam, pareciam estar tumultuados com seus próprios pensamentos. Mas que pensamentos eram estes? O que ela planejava?
J – Claro, George, vamos.
Logo Challenger e John seguiam para o banheiro e Malone em direção ao quarto do caçador para pegar roupas limpas. Assim que os três haviam sumido de vista, a garota da selva não hesitou em questionar Marguerite, que agora estava de costas, próxima ao balcão.
V – Então, Marguerite, o que está planejando desta vez? Você não quer os rapazes longe e eu para lhe ajudar no jantar apenas por querer, o que tem em mente? Você sabe de algo que não sabemos, não é mesmo?
Marguerite se vira, cruza os braços e olha bem direto para onde Verônica ainda estava sentada, encarando-a de volta. A garota com o tempo tinha aprendido a decifrar alguns de seus mistérios, assim como John; além disso, ela passara a considerá-la como irmã e sabia que tinham determinados assuntos que deveriam ser divididos com ela antes do qualquer um, que, por vezes, por ser mulher a compreendia melhor. E este era um destes assuntos.
M – Se quer saber, vou direto ao ponto. Eu sei como levar William para o tempo dele de volta, como consertar toda essa situação e acabar tudo bem.
Verônica arqueou uma das suas sobrancelhas bem definidas, se levantou e, assim como a herdeira, também cruzou os braços e a mediu dos pés a cabeça. "Se ela sabia de um modo, por que não fez e por que está me consultando antes de todos os outros?".
V - Eu sei o que está pensando. Usar o Oroboros, não é mesmo? Você tem o domínio sobre ele, porque não fez? Marguerite, o que está errado?
M - Porque eu sei como viajar no tempo e no espaço, mas não como mandar alguém. Não seria eu quem iria viajar, seria o William; e se eu o mandasse para o seu tempo errado, poderia mudar o destino de John ou até o nosso.
V - Mas não é só isso que a preocupa, não é mesmo? Até porque, Challenger já fez isso e nada foi alterado.
Marguerite abaixou a cabeça, olhando para o chão, apoiando-se no balcão e virando de costas novamente. Não queria encarar a amiga, começava a achar que não tinha sido uma boa idéia falar sobre isso, estava começando a se arrepender.
M – Sim, eu sei que Challenger já fez. Quebrou de novo as barreiras do tempo e agora cabe a nós arrumarmos isso, como se já não bastasse uma vez. Porém, não é só isso. John não sabe que tenho tanto domínio sobre o Oroboros. Na verdade, por meio do Oroboros conseguiria até nos mandar embora para Londres e se ele ou Challenger soubessem iriam querer que eu o fizesse.
V – Espera, você está me dizendo que sabe como voltar para casa e não o fez? Marguerite, o que está acontecendo com você? Por que não contou para John sobre isso? Está com medo de alguma coisa?
M - Ah Verônica, eu com medo? Besteira. Quer saber, deveria ter ficado quieta. Eu e minha maldita boca grande. Vamos logo fazer a janta, vai.
V - Ah não, não vamos. Não até que me conte o que está acontecendo com você. E sugiro que conte logo ou a farei contar na frente do outros, que daqui a pouco devem estar aqui.
Marguerite ergue a cabeça, vira, encara a garota, que agora estava ao seu lado, balança os braços, solta um suspiro que dizia que não gostava de se sentir assim pressionada, que estava nervosa e irritada.
M - Está bem, está bem... Eu sei sim como voltar para casa, eu não estou mentindo para John, como deve estar pensando, só não me sinto pronta para contar sobre isso. Na verdade, se voltarmos para casa, Verônica, você não faz idéia do que irei enfrentar. Estou falida, cheia de dívidas e sendo procurada em cinco continentes como ladra de joias; acha mesmo que a família de John irá me aceitar? Nunca! Ele é um nobre, rico e eu, bem, você já sabe. Verônica, o mundo de onde venho é muito diferente desse em que vivemos. A mídia faria um escândalo sobre nós dois juntos e John não merece isso, ele também não iria aguentar todas as pressões, ter que me aguardar durante meses até que conseguisse me estabilizar e para que, finalmente, conseguissemos ficar juntos. Não, Verônica. Eu iria perder tudo o que consegui.
V – Marguerite, não pode esconder isso por tanto tempo. John nunca a abandonaria, é só olhar para a sua mão, ele lhe pediu em casamento, ele a ama, Marguerite. Tem que contar para ele, você tem que confiar nele.
M - Eu sei, eu sei. Eu confio nele, Verônica; não confio é em mim. E não admitiria que algo acontecesse com ele. Como te falei, vocês não fazem idéia do que me aguarda.
Verônica olha para a amiga, sentia pena de vê-la tão agoniada como estava e triste também. A herdeira estava de cabeça baixa, parecia até que iria chorar, mas sabia o quanto o orgulho dela também falava mais alto nesses momentos e não iria permitir que ninguém a visse chorar. A garota da selva coloca uma mão no ombro da amiga, como sinal de que ela estava ali, de que se Marguerite quisesse um ombro amigo, poderia contar com ela.
V – Marguerite, eu tive uma ideia: vamos esperar uma semana, no máximo duas, e ver se Challenger não terá nenhuma solução. Se isso não acontecer, nós duas iremos mandar William de volta para o tempo dele, você com o Oroboros e eu com o Tryon, assim conseguimos ter certeza de que tudo ocorrerá bem. Quanto aos seus receios, pense em tudo que viveu aqui até agora, tudo que viveu com John. Acho que você tem que se permitir uma nova chance e dar uma chance ao John; se voltarem, pense em resolverem juntos. Não irei falar nada sobre seu domínio do Oroboros, não nessas duas próximas semanas; se não fizer isso, pelo menos contar para John eu farei. Sinto muito, mas você sabe que é o certo a ser feito.
Não era bem o que Marguerite queria fazer, mas pelo menos assim ganharia tempo para conversar com John, para se preparar com o que estaria por vir e até mesmo para descansar dos últimos ocorridos. Ela sabia também que se ambas usassem os dois medalhões nada daria errado. Era um bom "acordo" a ser feito.
M - Certo, tem minha palavra. Agora podemos fazer a janta? Ou melhor, você faz e eu como, estou faminta.
Logo as duas mulheres estavam dando risada. De fato, era melhor que Verônica começasse a cozinhar; antes ela do que Marguerite, todas as tentativas da herdeira na cozinha tinham sido, no mínimo, um desastre e de desastre na casa da árvore já bastava uma noite.
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O jantar estava sendo servido. Os rapazes conversavam alegremente sobre as aventuras que tinham vivenciado, Ned questionando Challenger sobre os elixires que o tinham feito ver a esposa e o seu eu mais novo, assim como riam de como John e Marguerite tiveram que se virar para voltar para casa sem suas roupas. Marguerite estava sentada ao lado do caçador, não estava gostando nem um pouco do andar daquela conversa, não gostava de suas intimidades sendo assim divulgada na frente de todos, era algo seu. O caçador percebeu que a mulher não estava gostando da conversa, pela sua expressão seria era porque algo não estava lhe agradando; John deposita sua mão sobre a de Marguerite, fazendo com que ela o olhasse. John estava com um sorriso estampando o belo rosto de traços fortes, sua voz com um tom brincalhão.
J - Não vai compartilhar suas aventuras conosco, Marguerite? Suas aventuras obscuras?
Marguerite já não estava com o mesmo humor do caçador, na verdade, estava o oposto.
M - Como se você já não tivesse feito não é, John? Acho que chega de histórias por hoje.
John percebeu que ela não estava de bom humor, ele deveria ter falado algo errado, era melhor não contraria-la, não queria provocar uma briga. Pelo contrário, na verdade, queria comemorar com os outros que os dois houvessem assumido seu amor e não queria que eles estivessem brigados, queria que tudo estivesse certo.
J – Ora, minha querida, não contei nada que não deveria, deve saber que seus segredos estão guardados e seguros comigo, só contei o que cabia a ser revelado. Mas está certo, chega de histórias e segredos hoje. Aliás, porque não contamos a todos sobre nós? O que acha?
A bela herdeira acaba se deixando contagiar pelo carinho e pelo bom humor do caçador, que agora estava abraçando - a, envolvendo o braço por de trás das suas costas e a outra mão segurando sua mão, fazendo carinho. Um sorriso tímido brotou nos lábios dela, estava feliz, o seu mau humor parecia ter desaparecido por completo. Era impressionante como John a fazia se sentir especial.
M - Acho que você já fez isso, Milord. Ou não se lembra?
J – Ah sim, minha querida esposa, eu já fiz, mas creio que não da forma correta. O que acha de consertarmos isso?
O casal estava novamente de volta aos seus jogos, mas dessa vez um jogo completamente diferente, querendo assumir na frente de todos que estavam juntos, comprometidos um com o outro, felizes, nem por isso, porém, perdendo o jeito “gato e rato” de se provocarem.
Os outros observavam a cena com sorrisos nos rostos. Finalmente; eles sempre viram o amor um pelo outro, o orgulho em assumirem e se perguntavam até quando iriam aguentar? Até quando agiriam assim? John estava certo mais cedo: eles já haviam assumido estar juntos, mas não fora de uma maneira formal e agora sim iriam faze-lo. Além de terem ouvido claramente como John se dirigiu a Marguerite e como, numa das poucas vezes, ela não retrucou. Pelo contrário, sorriso de Marguerite, que antes era tímido, agora iluminava todo o rosto da bela herdeira, o qual era o sinal que o caçador esperava.
J - Bem, Challenger, meu velho amigo ou praticamente um irmão, Verônica, posso ter a intimidade de vê-la como uma irmã e Nedboy, meu amigo ou irmão mais novo também: minha família, eu fico feliz em dividir muitas histórias com vocês, tê-los por perto e por estarmos todos juntos. Tenho certeza que esta será mais uma história que irei dividir com vocês; na verdade, a melhor das minhas minhas histórias, a história da minha vida. Hoje cedo eu pedi Marguerite em casamento, um pedido formal. Não é de hoje que a amo e não é segredo para ninguém aqui, assim como já tem alguns meses que estamos juntos. Sabemos que algumas coisas nem sempre são tão fáceis, mas, independentemente se voltarmos ou não para Londres, iremos oficializar nossa união. Sobre o que o Xamã disse ao Malone, eu fiz a aliança com o meu anel de família, nada mais justo e melhor como prova do meu amor. Aliás, quando tudo estiver certo por aqui irei conversar com o Xamã e pedir para que ele nos ajude a oficializar nossa união.
Marguerite olhava John com tanta admiração, estava tomada de felicidade. Claro, ainda tinha suas inseguranças, sabia que ainda teria que enfrentar muitas coisas para permanecer com o caçador, mas queria que tudo desse certo, queria que eles dessem certo; e depois de anos se sentia pronta para se entregar, para entregar o seu amor a alguém – e ninguém melhor do que aquele homem.
Os outros se sentiam extremamente felizes pelo casal, por estarem juntos, por John estar disposto a lutar contra os segredos de Marguerite e por, finalmente, a herdeira ter resolvido aceitá-lo ao seu lado e aceitar o seu amor por ele.
N – Marguerite, e você não irá falar nada?
Marguerite desvia por alguns momentos os olhos de John para se atentar à pergunta que vinha de Malone, estava com o rosto e olhos iluminados.
M - Acho que eu não preciso, Ned. John já fez isso, fez por nós dois.
O caçador sorriu com o comentário da morena; estavam tão próximos que foi impossível e inevitável que não lhe roubasse um beijo como prova de seu amor. John encostou os lábios delicamente nos de Marguerite, beijando-a suavemente, ainda incerto se ela corresponderia por terem os demais como "platéia"; mas para sua surpresa ela não recuou, pelo contrário, a herdeira mesmo aproximou mais seu lábio ao dele. Era um beijo de puro amor e carinho, diferente dos beijos calorosos que costumavam trocar, sem a avidez comum, mas não menos saboroso para ambos. Os demais não só observavam, como batiam palmas comemorando a união. Challenger não pôde deixar de abrir um champanhe, Verônica não se conteve e soltou um assobio de animação, Ned estava em pé ao lado do cientista batendo palmas o mais alto e forte que podia, fora uma festa e animação geral vindo de todos. O casal, ao se separar do beijo terno, estava tão animado como os companheiros, os dois sorrindo, Marguerite em pé recebendo um abraço caloroso da garota da selva.
V - Ah Marguerite, estou tão feliz por você, por vocês. Porque demorou tanto para aceitar, hein?! Ah não importa! Vocês estão juntos e eu, tendo você como uma irmã, não vou deixar que ninguém os separe.
M - As vezes me pergunto isso também. Eu não sei nem o que estou sentindo, estou tão feliz, tão feliz. Agora vamos, pare com isso, vai me fazer chorar.
V – Ora, isso não é hora de chorar.
As duas riram animadamente. A alegria na casa da árvore, tomava conta de todos os moradores; finalmente, reinava paz entre eles. Challenger cumprimentou primeiramente o caçador, o grande amigo, seguindo o exemplo do jornalista que o havia dado um grande aperto de mão e um tapa de leve nas costas.
C – É, meu amigo... Sabe, por alguns momentos duvidei de seu amor e paciência, mas agora vejo que valeu a pena. Tudo o que posso lhe dizer e desejar é que seja muito feliz, vocês dois merecem. E que cuide dela; como lhe falei um dia, o que ela significa para você é o que a ciência representa para mim. Portanto, acho que nem preciso falar mais nada.
O caçador olhou para o amigo prestando atenção em suas palavras; sabia o que Marguerite representava para o cientista, ela era como uma filha para ele e, como tal, viu o cientista demonstrar seu carinho como pai – já havia visto outras vezes, mas naquele momento tinha ficado nítido a sua preocupação e carinho.
J – George, você melhor do que ninguém sabe que irei cuidar, para o resto da minha vida.
Os dois sorriram um para o outro e o cientista rumou para cumprimentar a herdeira. As coisas entre eles não andavam muito bem depois dos últimos acontecimentos, mas ele não iria permitir que isso atrapalhasse aquele momento de felicidade entre os moradores. Ao chegar de frente para ela, ele não se lembrava de tê-la abraçado muitas vezes, visto que ela era tão arisca quanto um gato nesse sentido, mas desta vez ele a pegou de surpresa e a abraçou, um abraço de pai para filha mesmo.
C - Minha cara, é... Marguerite, talvez eu nunca tenha falado isso, mas a considero uma filha. Eu sei que não estamos tão bem ultimamente, mas estou feliz por você e quero que saiba que lhe desejo muitas felicidades ao lado de John, ninguém melhor do ele para cuidar de você. Depois de ter visto o amor e devoção dele por você, acho que não poderia escolher melhor.
A declaração de Challenger, de a considerá-la como filha, a fez ficar emocionada. Ela sempre enxergou o cientista como um pai, mas nunca admitiria isso. Na verdade, sempre quis ter uma família, sempre quis conhecer sua família verdadeira, mas estar ali com os amigos... Não poderia desejar mais nada. Logo estava chorando em volta do abraço do cientista, fazendo com que os outros parassem para ver aquela cena. Afinal, era Marguerite Krux quem estava chorando e na frente de todos.
M – Droga, Challenger, você me fez chorar. Minha reputação se foi agora. Mas não contava com isso vindo de você, acho que tenho o mesmo tipo de carinho por você, sempre o considerei como um homem íntegro. Na verdade, se um dia pudesse escolher alguém para ser meu pai, acho que seria você.
C – Sabe, minha cara, chorar às vezes ajuda a limpar a alma. Tenho certeza que sua reputação não alterará em nada, você sabe muito bem como mantê-la. Eu a admiro demais e fico mais feliz ainda em saber que me escolheria como pai. Não tenha dúvidas de que é assim que me sinto.
Soltando-se do abraço, Marguerite estava ainda com algumas lágrimas em seu rosto, mas não eram lágrimas de tristeza e sim de satisfação, felicidade, por saber do amor e carinho que todos carregavam por ela. Após o casal receber os cumprimentos de todos os moradores, estavam sentados novamente em seus devidos lugares, de mãos dadas, ainda trocando olhares e sorrisos enquanto jantavam. A conversa era calma e tranquila, conversavam sobre assuntos do dia a dia, assuntos banais, todos de muito bom humor.
No andar de baixo, William optou por não subir para se juntar aos outros, pois não queria presenciar tal cena. Ainda assim, ele ouviu tudo; o irmão estava mesmo pensando em unir-se com aquela mulher e parecia que todos estavam de acordo. Ele pôde ouvir todas as palmas, o barulho do champanhe sendo estourado e o assobio de um deles. Ele deveria estar feliz pelo irmão; apesar de tudo, de todas as suas diferenças, no seu íntimo sabia que John não o havia matado de propósito, que não era tão maldoso a esse ponto, mas não se sentia feliz, sentia-se enciumado por seu irmão ter tudo e ele não ter nada. E a senhorita Krux não lhe saía da cabeça, dona de uma beleza que ele poucas vezes viu e de uma personalidade que não se lembrava de ver em nenhuma das mulheres que conheceu ou mesmo das que John trouxe para casa; talvez isso tenha fascinado o irmão e, na verdade, também duvidava do amor de John por Marguerite, ele nunca fora capaz de amar uma mulher, nunca tivera o coração partido por nenhuma mulher; diferente de William, que já havia passado uma vez por isso. Como poderia, então, John amá-la? Ele não sabia como, mas iria descobrir aos poucos, iria conhecer um por um deles e assim ficaria mais tempo ao lado da mulher que o tinha despertado mais desejos do que deveria.


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