10 sintomas da depressão escrita por KS


Capítulo 3
Sintoma dois


Notas iniciais do capítulo

Oláaaa, obrigada a quem comentou no capítulo anterior ♥ :)
Enfim, eu espero que gostem desse!



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                               " Humor depressivo ou irritabilidade, ansiedade e angústia.” 

 

                A história de como eu havia conhecido Sara era um pouco engraçada. Na verdade, a história de como nossas famílias haviam se conhecido também era. Recordo-me que em uma bela tarde de sol escaldante, minha mãe tinha prometido que me levaria para ir até o parque aquático. Eu era uma criança bem pidona e lembro que desde dois verões antes, ir no parque aquático era tudo o que eu queria.

            Eu tinha uma estranha fascinação por parques aquáticos.

            Depois de muito insistir, minha mãe conseguiu um par de ingressos com descontos no site do Grupon. A minha felicidade foi enorme. Marcamos num dia de sol e lá se fomos nós.

            O parque aquático era enorme, com diversos tobogãs de vários estilos, tamanhos e muitas, muitas piscinas para eu nadar. Eu tinha encontrado a minha Disney.

            Sei que depois de muito tempo brincando, como nas chuvas de verões, uma tempestade ameaçava vir, na previsão do tempo deu que haviam somente 20% de chuva, no entanto, minha mãe não queria duvidar daquele 20% e o céu estava começando a escurecer.

            Na saída do parque aquático, distraído e dando tchau para as piscinas tão sonhadas, dei de cara com Sara, que era do mesmo tamanho que eu. Nós dois tombamos no chão e desatamos a chorar.

            Sara conseguiu arrancar um dente de leite meu e eu consegui fazê-la cair de bunda. Nossos pais ficaram um pouco desesperados, tentando nos acalmar. Até que minha mãe reconheceu a mãe de Sara da faculdade de medicina e as duas começaram a bater papo.

            Minha mãe logo desistiu de ir embora e sentou com a amiga para conversar. Tive mais algumas horas dentro daquele gigantesco parque e quando fomos embora, eu estava tão cansado que desmaiei assim que chegamos no carro.

            Se não fosse por Sara ter dado de encontro junto a mim, teria perdido algumas horas inesquecíveis no parque junto a ela e a sua irmã. Foi um dia maravilhoso. Desde então, nossas mães passaram a se encontrar mais, sair mais, botar o papo em dia cada vez mais.

            Até que nos colocaram na mesma escola e foi desse dia em diante que a minha amizade com Sara foi selada.

            No dia seguinte em que me dirigi para a loja da Dona Jéssica, Laura já estava lá. Laura não parecia estar melhor do que no dia anterior, na verdade ela parecia está até pior. As olheiras fundas. Os cabelos castanhos um pouco desgrenhados. Mas estava lá sem atrasos.

            — Dormiu bem hoje, pelo menos? — foi a primeira coisa que eu lhe perguntei assim que coloquei minha mochila de baixo do balcão.

            Laura rolou os olhos.

            — Não — reclamou. — Eu não tô conseguindo dormir direito.

            — Talvez você devesse pegar folga, talvez o trabalho e os estudos estejam muito pesados pra você — respondi, iniciando o computador.

            Laura pareceu não gostar nem um pouco da minha resposta.

            — Já não bastasse eu não conseguir dormir direito e você ainda me diz que eu não aguento isso? — ela deu uma risada irônica. — Por favor, Lucas, eu sei o que é bom pra mim.

            Sentei-me a cadeira em frente ao computador, ainda surpreso com a sua resposta arrogante.

            — Ei, pega leve o.k.? Você parece que tá cansada e só quis ajudar, só isso.

            Laura respirou fundo, indo para o depósito da loja.

            — Você não precisa me dar seus conselhos, Lucas. Eu não sou a Sara.

            Eu estava começando a ficar irritado com a Laura, o que havia acontecido com a garota tímida? Ela estava quase me enterrando vivo somente porque eu lhe disse que ela deveria descansar! Eu não conseguia entender o motivo de sua raiva. E esse seu humor ácido era provavelmente por não ter dormido tão bem assim.

            — Eu sei que você não é a Sara, Laura — respondi-a tentando manter a tranquilidade. — Mas achei que fossemos amigos também.

            Laura retornou do depósito com algumas peças de roupas e direcionei meu olhar para o computador, abrindo os programas da loja.

            — Somos? Por que não me lembro de quando eu era inclusa no plano de vocês dois. Na verdade, a culpa é minha não é? Eu sou dois anos mais nova!

            Laura ia me fazer perder a cabeça.

            — Você está sendo bem ingrata. Passávamos o intervalo de todos os dias com você.

            — Uma ação de caridade, né?

            — Meu Deus, o que deu com você hoje, Laura? Você está impossível!

            — É claro que estou, na verdade, acho que sempre fui — disse ela, dessa vez olhando diretamente para mim, com os braços cruzados. — Talvez você devesse ir embora e me deixar ser impossível aqui sozinha.

            Eu me levantei da cadeira. Peguei o meu casaco e minha mochila. Sai do estabelecimento. Fui direto para casa.

            Eu não havia olhado para trás para descobrir qual estava sendo a resposta de Laura sobre o meu ato. Mas sei que eu não poderia ficar ali mais tempo com ela tão irritante daquele jeito. Não daria certo. Simplesmente, não.

            Quando cheguei em casa minha mãe estava prestes a sair e ir direto para a clínica na qual trabalhava. Meu pai já havia saído faz tempo, ele era quem acordava mais cedo na casa.

            — Filho?

            Joguei minha mochila em cima do sofá e liguei a televisão.

            — Sim?

            — Já voltou? — Ela apareceu na sala. — O que aconteceu?

            Respirei fundo.

            — Laura hoje estava difícil e eu me irritei e não consegui ficar lá por mais tempo. Amanhã eu converso com a Dona Jéssica e vejo se faço hora extra no sábado.

            Minha mãe ponderou o que eu lhe disse, absorvendo as informações.

            — Entendi, querido. Mas o que ela tinha?

            — Ela chegou com a aparência bem cansada, daí eu sugeri que ela pedisse folga pra mãe dela e isso foi o suficiente para que ela achasse que eu estava lhe chamando de incompetente.

            — É talvez seja melhor deixá-la sozinha um pouco — aconselhou-me. — Deve estar com muita falta da Sara.

            Respirei fundo.

            — Mas ela não é a única. E eu não saio por aí distratando as pessoas por isso. Sara não gostaria.

            — Cada um reage de uma forma, querido. — Ela sorriu. Ficamos em silêncio por alguns segundos.  — Agora eu preciso ir. Diz pro seu pai fazer o almoço. Beijos.

 

 


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Notas finais do capítulo

Hello! Espero que tenham gostado! Deixem a opinião de vocês aí, enfim, obrigada!
Até o próximo!