The Feeler escrita por Gabrielus


Capítulo 31
Última Carta




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Última Carta

Há uma vela hasteada no mastro que tremeluze,

Com o sereno do dia que nasce devagar.

Deixe que a alma percorra toda a distância,

Que existe à beira-mar.

E que aproveite de cada pegada,

Deixada marcada na areia da praia,

A sensação de poder viver.

Porque essa é a verdade que em vida eu quis ler,

E passagens com tais escrituras pude conceber...

Quando a mente ainda trabalhava,

Como uma antiga máquina de escrever gasta,

E redigia nas páginas manchadas,

A beleza da natureza nas horas vagas.

Onde cada coqueiro ascendia aos céus,

Projetando uma sombra perfeita sob a cadeira.

Enquanto calmamente ajeitava meu chapéu,

Que caía sempre que cochilava.

Não demorei a perceber outras belezas...

De tamanha iguaria e sutileza.

Mesmo nos sonhos calmos eu pensava,

Naquelas beldades com aspereza.

Por mais rude que possa parecer,

Era difícil lembrar coisas boas...

Ah sim, sem dúvidas era.

Não sentiria falta de nenhuma má passagem que a vida me proporcionou,

Mas me senti vazio em cada uma que o vento me deixou...

E soprou enquanto minha alma ainda era leve,

Como uma folha seca que caí da árvore,

Logo nos primeiros dias de neve.

Foi quando eu senti-me serelepe uma primeira vez,

E rimei linhas que em outrora tinham algo para dizer:

“Ela era o Canadá em uma tempestade de inverno

E eu Vancouver nos outonos de fortes chuvas frias”.

Não eram frases de um texto que esqueceria,

Mas estavam impressas na folha do vento que me levaria.

Foi então essa a razão da partida.

Eloquente decisão fora proferida...

Pelos tribunais que julgaram para onde minha alma repousaria.

Fico feliz em saber,

Que descansará incessante numa árvore congelada

No rigoroso inverno do Canadá de brisas frias.

~Gabriel.


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