As Cortinas da Meia-Noite

A chuva ainda não parou...

E cada momento que passamos nesse quarto,

Eu imagino o que de fato,

Entre nós, acabou...

Porque você está no sofá olhando para o nada,

Enquanto eu encaro a cortina.

Será que o amor terminou ou ainda há um último

Suspiro... Do que restou...

Os olhos ainda estão vermelhos,

E eu imagino se pedir um beijo,

Seria demais.

Mas enquanto a chuva cai eu penso para onde foi,

O amor da meia-noite.

O vestido de cetim está jogado no chão...

Como para lembrar daquilo que um dia foi bom.

Entre beijos e carícias ácidas.

Não posso imaginar o que de fato nós fizemos

Noite passada.

Um relacionamento fundado em um conflito não inaugurado,

Tinha tudo para terminar assim.

Como o vestido de cetim e seu olhar de “não estou afim”,

Só mostra que termina tudo exatamente assim...

E eu olho para a cortina,

Esperando a chuva passar.

Os olhos azuis não querem me encarar...

Uma tática estúpida para escapar,

Da dureza do olhar de alguém que um dia

Foi um amante.

Se um dia essas cortinas pudessem falar,

Teriam muitas histórias pra contar,

Sobre as nossas noites lancinantes.

 Mas o que de tudo isso importa?

Se sua mão está na porta,

Esperando a chuva passar...

Para poder ir embora e me deixar nessa cama,

Com milhões de coisas para pensar.

Será que acaba assim?

E as promessas de amor sem fim?

Estão prontas para encerrar...

Já que a chuva de outono parou,

E o seu táxi finalmente chegou.

Tchau, adeus, até mais...

Pode ir, não tem que se despedir.

Senão a verdade dessa mentira irá

Despir.

Em uma tarde melancólica...

O relógio ainda toca,

Enquanto você fecha a porta

Uma última vez.

Será que se eu pedisse um beijo,

Teria sido desespero ou talvez

Solidez?

Mas não faz problema algum...

Pois o céu está de novo azul.

~Gabriel.