1001 Motivos Para Amar Você escrita por WonderQueen


Capítulo 9
Capítulo 9 : O Baile do Host Club e as Três Serpentes


Notas iniciais do capítulo

Olááá, pessoal!!Trago um capítulo novo quentinho, recém saído do forno como um pão, rsrs. Espero que gostem e aproveitem esta história!



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Haruhi Fujioka e Kaoru Hitachiin passaram os últimos minutos da tarde sentados na beirada da fonte, observando o sol se pôr lentamente. A delicada morena estava descansando a cabeça no ombro de seu companheiro, que tinha um braço em torno de sua cintura puxando - a para mais perto dele. Ela se aconchegou confortavelmente em seu peito, ouvindo as batidas aceleradas de seu coração em seu ouvido. Depois de terem conversado bastante,eles agora permaneciam em um silêncio acolhedor e agradável entre si,apenas ouvindo o burburinho da fonte, até Haruhi dar um bocejo cansado. Poxa, ela estava com tanto sono . . 

— Quer ir pra casa, Haruhi? — Ele perguntou.

— Sim, meu pai já deve estar preocupado.— Respondeu ela, com uma expressão ansiosa em seu rosto.

O garoto ruivo se levantou e estendeu a mão para ela, que a tomou de bom grado e se ergueu também.

— Vamos. Eu te levo até lá, tudo bem?

— Obrigado, Kaoru. - Disse, muito agradecida.

Foram caminhando lado a lado até o estacionamento onde o carro estava parado e já estavam quase no meio do caminho, quando ele deu um sorriso diabólico de Cheshire com a simples ideia que acabara de vir em sua cabeça. De súbito, ele pega a menina ao seu lado , a ergue e a segura em seus braços, no estilo nupcial clássico um tanto clichê, carregando - a por si mesmo.

— O - O que é que você está fazendo? — A pequena em seus braços pergunta, quase em um tom de exclamação. Ela olha para o rosto dele surpresa, seu semblante corando em embaraço pela maneira como ela estava.

— Estou te levando pra casa. — Ele simplesmente respondeu, dando de ombros, como se não fosse nada demais.

— Me coloca no chão, por favor — Haruhi reivindicou.— Eu posso andar por mim mesma!

— Não até chegarmos no carro.

O adolescente ainda permaneceu com seu sorriso um tanto peculiar estampado no rosto, enquanto Haruhi deu um pesado suspiro e se calou, desistindo de protestar. Abriu a porta do carro e a colocou sentada no banco de couro delicadamente, como se ela fosse feita da porcelana mais frágil do mundo e pudesse se quebrar. Entrou em seguida e se sentou em frente a ela. A garota balançou a cabeça em reprovação enquanto sorria com um pequeno sorriso de divertimento.

— Você é tão bobo . . .

— É bom saber que te faço sorrir, pelo o menos!

Fazê - la sorrir era muito importante para ele. Era como seu novo objetivo de vida, e ele tinha de se certificar de que ela estivesse sempre feliz ao seu lado. Tudo estava diferente agora. . . Há algumas horas atrás, eles eram apenas dois melhores amigos. Agora se tornaram mais do que isso, graças ao poder que as palavras e os novos sentimentos recém - surgidos tinham sobre eles. Se sentiam como novas pessoas, principalmente Kaoru. Ele não poderia estar mais orgulhoso de ter feito a escolha certa, de ter finalmente se confessado e sido o escolhido entre 7 meninos. Porém . . . saindo de seu próprio mundo imaginário,  se lembrou de que ambos ainda não tinham revelado nada de sua relação á ninguém.

— Haruhi — Ele a chamou pelo nome.

— Sim? — Ela questionou, olhando para ele.

— Quando vamos revelar nossa relação para os outros?

— Não sei bem , mas . . . não iremos deixar de contar, certo? Não teria problema se o Host Club soubesse , mas nossas clientes não poderão nem sequer sonhar, ou meu segredo será descoberto.

O ruivo refletiu um pouco sobre isso pensativamente, enquanto segurava o queixo com a mão. Tirou uma conclusão rapidamente:

— Meu irmão irá ficar feliz por nós, mas o Tono. . . Bem, ele nunca mais vai querer me deixar chegar perto de você.

Riu com o pensamento de algo que provavelmente seria 100% verdade e certeza. Tamaki era muito ciumento, amava Haruhi mais do que tudo, porém nunca conseguiu perceber seus próprios sentimentos amorosos em relação a ela. Por isso, ele inventou esse seu negócio de família de mentira do Host Club. Era infantil e bobo,mais como se o loiro estivesse brincando de casinha com seus próprios fantoches. De acordo com o que ele dizia,”sua filha” era valiosa e preciosa demais para ele, enquanto o senpai seguia a abraçá - la com abraços esmagadores de querer partir os ossos, mantendo sua cega obsessão de sentimentos paternais em relação a ela. Ele faria um escândalo quando descobrisse a verdade. Ambos Haruhi e Kaoru estremeceram com o simples pensamento.

— Tamaki será o mais difícil de se lidar.— Ela afirmou, suspirando.

— Com certeza. Então, vamos deixar para contar para ele por último, ok?— Kaoru disse, suspirando também.

— Ok, de acordo.— A crossdresser concordou.

Após ter dito isso, a morena virou a cabeça para encarar a paisagem urbana distraídamente, enquanto o segundo ocupante do carro pensava um pouco, uma questão importante, a qual não sabia se perguntava a ela ou não. Por fim, se decidiu e resolveu perguntar.

— Haruhi? — Ele a chamou.

Virando - se para ele novamente , ela o encarou no esplendor de seus olhos dourados.

— Sim? — Ela perguntou.

— Haruhi . . . Vai haver um baile dos meus pais na minha casa amanhã a noite. Quer ir comigo? — Ele perguntou. Suas bochechas coraram em um adorável tom rosado.

Ela sorriu para ele.

— Sim, eu vou mas . . .

— Mas . . . ?

— Não tenho nada para vestir!

O Hitachiin abriu um largo sorriso.

— Eu cuido disso.

Ela pensou por um momento, e então, arregalou os olhos.

— Não!! — Protestou.

— Por que não? — Ele perguntou, com os olhos brilhantes inocentes e uma conhecida expressão de ofensa.

— Não traga aquelas suas empregadas para me vestir. Tenho experiências traumáticas com elas . . . — A morena brincou, fazendo uma careta também.

Kaoru ergueu as mãos em protesto.

— Ok, ok, tudo bem.

— Sem empregadas. — Haruhi disse, agora com uma expressão séria.

— Sem empregadas. — Ele repetiu.

— Promete?

— Eu prometo!

 Dito isso, ele se inclinou, e sua namorada igualmente fez o mesmo. Ambos se encararam intensamente por alguns segundos até que ele a beijou, selando seus lábios com os seus, puxando - a para mais perto de si enquanto esta lhe passava os braços ao redor de seu pescoço e lhe dava um beijo tão intenso quanto seu olhar. Suas bocas se moviam com sintonia e suavidade, como se ambos não tivessem pressa alguma. . . As mãos de Haruhi acariciavam sua nuca, causando arrepios na espinha de Kaoru.

— Chegamos, senhorita. — O motorista disse, abrindo a porta para ela. Os dois nem ao menos perceberam que o carro havia parado, então, sem resposta. . .

— Senhorita . . . ? — Ele a chamou novamente.

Pararam o que estavam fazendo e olharam para o homem, ambos arregalando os olhos e corando instantâneamente, enquanto o senhor que aparentava ter meia - idade dava uma pequena risada discreta.

— Oops! — Haruhi disse, sem graça.— Bom, esta é a minha deixa.

Ia se levantando para sair, quando Kaoru a agarrou pela mão.

— Por quê, Haruhi?

Ela revirou os olhos.

— Eu tenho minha própria casa, se lembra?

— Venha morar comigo.— Ele ofereceu, com seu costumeiro sorriso travesso.

— O quê? Não.— Ela respondeu, rejeitando a proposta.

— Bom, já que você não pode vir morar comigo, pode ao menos me dar mais um beijo? — Kaoru pediu.

Ela se inclinou e lhe deu um pequeno beijo de despedida, unindo seus lábios com suavidade e doçura em sua boca enquanto fechava os olhos apenas por um momento.

— Tchau, namorado.

— Tchau, namorada . . .

Ambos riram e Haruhi finalmente saiu do carro, pegando suas coisas e acenando em despedida.

 

Era uma sexta - feira, a menina cuidadosamente disfarçada de menino andava pelos corredores tranquilamente á sós, enquanto ia em direção a biblioteca n #2. Quando não estava no clube, era lá que ela gostava de passar grande parte de seu tempo. Girando as maçanetas da enorme porta dupla, ficou surpresa ao ver que o lugar estava mais vazio naquele dia do que ela imaginava . . . Lá dentro era sempre cheio, principalmente nas segundas - feiras, o dia em que ela menos gostava de ir, pois tudo se tornava um caos e parecia que metade dos estudantes de Ouran tinham a mesma ideia de ir para o mesmo lugar no intervalo para ficarem fazendo nada mais , nada menos do que conversar muito e fazer uma enorme bagunça em um lugar que era para ser supostamente silencioso. Pobre bibliotecária . . . Ninguém sabia porque ela não tinha se demitido ainda.

“ Bom . . . Quanto mais silencioso, menos eu serei perturbada!” Haruhi pensou, feliz.

— Bom dia, senhorita Akane!— Ela saudou a bibliotecária.

A senhorita Akane endireitou seus óculos e levantou o rosto do livro que estava lendo para olhar para ela, sorrindo. Já era muito familiarizada com a presença da menina ali, devido a todas as vezes em que ela vinha. As duas gostavam de conversar sobre os livros que já tinham lido, quais eram os melhores, quais eram os bons e os ruins . . .

— Bom dia, Haruhi - Kun!— Ela a saudou. Akane também não sabia seu verdadeiro gênero. — Veio estudar novamente, não é, garoto?

— Sim, como sempre. — O “garoto” respondeu, com um sorriso brilhante.

A mulher lhe deu um olhar satisfeito e voltou ao que estava fazendo antes, lendo seu livro. Haruhi desceu a mini escadaria de 5 degraus que havia na entrada e foi em direção às estantes, passando os dedos pelas lombadas dos livros e lendo os títulos em busca do que ela procurava. Não muito longe dali, ouviu um barulho do que parecia ser uma porção de coisas caindo e um grito um pouco abafado, mas não muito distante. Imediatamente, ela largou o que estava fazendo e, curiosa, foi atrás de uma pessoa que poderia estar precisando de ajuda. Dois corredores a frente, ela se deparou com um menino moreno de cabelo curto ( assim como ela) , óculos e olhos azuis brilhantes esparramado no chão, com uma dúzia de livros jogados ao seu redor.

— Você está bem? — Haruhi perguntou a ele, se aproximando mais. O menino gemeu.

— Estou . . . É isso o que acontece quando se é baixinho demais para alcançar as coisas nos lugares mais altos.— Ele respondeu, com um pequeno sorriso dolorido de lado.

— Aqui. Pegue a minha mão. Vou te ajudar a se levantar.— A crossdresser pediu, oferecendo sua mão.

O estudante de óculos aceitou, tomando - a de bom grado, ficando de pé novamente.

— Obrigado.— Ele agradeceu.

— De nada. Qual é o seu nome?

— Eu me chamo Nagahara Takano, da sala 1 - B. E você?

— Haruhi Fujioka, da sala 1 - A.

 Nagahara pensou por um momento.

— Espera. . . Você é aquele famoso estudante bolsista?

Uma gota de suor escorreu pelo rosto dela enquanto ela colocava um braço por trás da cabeça, um pouco sem graça.

— Sim, sou eu mesmo.

— Wow, sério? Todos na minha sala dizem que você é mega inteligente! O número 1 da sala, não é? Eu queria ser assim. . .— Ele disse, em seguida pegando os livros do chão que  havia derrubado.

— Bom, não existe nenhum segredo. Eu só me esforço bastante, é isso.— A morena disse, com desdém.

Os cabelos dele eram de um castanho mais claro que o dela, sua pele era um pouco bronzeada e ele era apenas algumas polegadas mais baixo, mas não muito exageradamente.

— E então . . . — Ela começou. — E o livro que você queria alcançar? Me mostre, e , se você quiser, eu posso tentar pegar para você.

— Ótimo!— Exclamou ele. — Está vendo aquele vermelho escuro médio ali na penúltima parte de cima da estante?

Ele apontou e ela seguiu a direção de seu dedo, visualizando o que ele queria.

— Sim. — Ela disse.— É aquele?

— É.

 Haruhi começou a subir a larga e alta escada que havia ao lado da estante e o garoto se ofereceu para segurar enquanto ela estivesse subindo, para que ela não caísse como ele caiu. Finalmente, ela consegue alcançar o livro e volta para o chão, porém, sem deixar de reparar na capa do que ela acabou de pegar, arregalando os olhos.

— Espera, não me diga que você queria um livro do ‘ Harry Potter’?!? Tem uma porção deles nas estantes mais baixas do outro lado!

Nagahara riu nervosamente.

— Mas esse não é como os outros. É uma edição especial!— Explicou.

— Ok . . .

Ela deu o livro para ele e endireitou seu uniforme graciosamente.

— Bom, foi um prazer te conhecer, Nagahara Takano. Agora eu preciso ir, tenho que encontrar um livro de aritmética.

— Livros de aritmética? Eu sei onde eles ficam!

— Sabe?— Haruhi perguntou.

— Sei. — Afirmou ele orgulhosamente. — Eu posso te mostrar, se quiser.

— Ok, obrigado. É muita gentileza sua.

— Não. Gentileza foi a sua de ter me ajudado. Obrigado, Haruhi.— Ele disse, sorrindo.

Haruhi sorriu para ele de volta.

— De nada.

Saíram dali e foram passeando pelos outros corredores, às vezes se deparando com um ou dois alunos no meio do caminho, mas nunca mais do que isso.

— Ah, aliás, pode me chamar de Taka - san. Eu prefiro assim, já que é como todos me chamam.

— O - Ok.— Haruhi disse, corando um pouco.

Depois de ele ter mostrado o local para ela, eles se despediram e seguiram por caminhos separados, Haruhi segurando seu livro em seus braços alegremente. . . Assoviando uma canção distraidamente, a crossdresser estava agora de volta no corredor depois de ter saído da biblioteca. Estava tão distraída e contente por saber que teria uma tarde de estudos inteira até que a noite chegasse, que nem ao menos percebeu uma outra pessoa que também estava no mesmo local que ela. Trombando e batendo a cabeça , ela caiu no chão, derrubando seu livro, sua mochila e as coisas que haviam dentro dela.

— D- Desculpe.— Ela disse, colocando a mão na cabeça e esfregando ligeiramente na parte em que doía. Suas pernas estavam em uma posição estranha, cada uma para um lado.

A pessoa com quem ela tinha trombado era coincidentemente Kaoru, que também estava jogado no chão resmungando, com os olhos fechados, praguejando.

— Olhe por onde anda, garoto.— Ele disse, irritado.

— Aiii, minha cabeça . . . Me desculpe, Kaoru.

Ele abriu ligeiramente os olhos ao ouvir sua voz.

— Haruhi? Me desculpe, eu não tinha visto você aí. Você está bem?— Ele perguntou a ela, a raiva desvanecendo de seus olhos e dando lugar a um olhar mais suave.

— Estou. Minha cabeça dói um pouco, mas está tudo ótimo. — Ela respondeu, começando a recolher as coisas que caíram. Kaoru fez o mesmo e pegou seus livros que escorregaram todos de dentro da mochila, juntando - os e empilhando -os ao seu lado silenciosamente. Ele estendeu a mão e a ajudou a se levantar.

— Obrigada.— Ela agradeceu.

O ruivo de cabelos arrepiados olhou de um lado para o outro no corredor para verificar se havia alguém ali. Felizmente, não havia mais nenhuma alma viva além deles dois. Satisfeito, se inclinou e deu um pequeno beijo na bochecha dela. Tinha que se contentar em fazer qualquer coisa às escondidas, já que até mesmo um simples gesto como aquele não podia ser visto por ninguém além deles.

— De nada. —Ele disse. — Eu espero te ver no baile de hoje á noite. . .

Ela abriu um sorriso enquanto guardava todas as suas coisas de volta em seus respectivos lugares.

— Estarei lá.

— O que você vai fazer à tarde? — Kaoru perguntou.

— Eu planejava estudar Aritmética em casa . . .

O menino sorriu para ela enquanto uma ideia lhe veio à mente.

— Quer ir na minha? Nós combinamos que estudaríamos lá outra vez, lembra?

— Bom, por mim pode ser.

Ele estendeu a mão e a ajudou a se levantar, ficando ambos em pé.

— Ótimo! Assim você já pode se arrumar lá também . . .

— Sim . Eu só preciso mandar uma mensagem avisando o meu pai em primeiro lugar.— Ela disse, tirando o seu celular do bolso e já começando a digitar o texto.— Pronto! Podemos ir agora.

Eles deram as mãos por um tempo e depois soltaram por precaução,  atravessando o longo corredor silencioso.

 

 Mais uma vez sentados na mesma mesa da biblioteca muito familiar, Kaoru e Haruhi faziam suas lições e anotações enquanto liam dois grossos livros de aritmética. O Hitachiin não gostava muito da matéria, mas quis fazer isso apenas para passar mais tempo com sua namorada, mesmo sabendo que eles se veriam a noite. Tudo escrito naqueles livros não era como Inglês, Francês, Artes ou História Japonesa, suas quatro matérias favoritas. Era tudo muito chato e entediante e, aliás, Hikaru é que era bom nessas coisas de matemática, afinal. Suspirando, ele pôs uma mão na cabeça enquanto lutava para não dormir ali na mesa ( kkkk eu estudando matemática :P ). A morena olhou para ele, vendo sua expressão de dúvida e tédio em seu rosto.

— Kaoru, você precisa de ajuda? Se não estiver entendendo, é só me mostrar. Talvez eu possa te explicar.— Ela ofereceu.

O ruivo sorriu e virou seu livro para ela, exatamente na página em que haviam exercícios que lhe pareciam impossíveis de se resolver. Haruhi inspecionou tudo por um momento, enquanto lia e balançava a cabeça com um profundo olhar de entendimento.

— E então, Haruhi. . . Acha que você pode me ajudar com esses?

— Mas é claro que sim!

E então, ela começou a explicar para ele, se erguendo um pouco mais para frente, sua voz bonita e macia pairando ao seu redor.

O diabinho fechou os olhos por alguns segundos, apenas absorvendo o som do que ouvia. Quando os abriu, se deparou com a figura dela a sua frente.

“ Haruhi é tão bonita . . .” Ele pensou perdidamente.

— Kaoru . . . — Ela abanou a mão na frente do Hitachiin em transe. — Kaoru!! Kaoru, você está me ouvindo?

Ele balançou a cabeça, voltando a si.

— Ah, sim , Haruhi!! — Ele respondeu, corando muito.

Ela lhe deu um duro olhar de reprovação.

— Pare de olhar para mim e preste atenção, ok?

Ele assentiu, seu rubor sumindo e dando lugar a um sorriso maroto.

— Desculpe, Haruhi. É que a sua beleza é tão grande que ofusca tudo ao meu redor! Pode continuar, luz do sol.

Ela revirou os olhos enquanto corava ao mesmo tempo.

— Ok, ok, Kaoru . . . — Disse, e em seguida retomou sua explicação.

Ele prestou muita atenção dessa vez e conseguiu entender tudo. Agradeceu a ela, e assim puderam continuar o que estavam fazendo. Terminaram por volta das cinco e meia da tarde, o sol já estava se pondo e faltava cerca de uma hora para o baile. Fechando os livros, ambos suspiraram de alívio.

— Acho melhor já nos arrumarmos, não acha? — Seu companheiro sugeriu.

— Sim. — Ela concordou.

Ele estendeu a mão para ela.

— Venha. Vamos até a sala do atelier buscar seu vestido.

Ela tomou sua mão, a qual ele ergueu e deu um pequeno beijo, antes que saíssem da sala pelos luminosos corredores até seu destino.

 

Quando abriram as portas do lugar, a primeira coisa com que se depararam foram três belos vestidos de baile perfeitamente ajustados nos manequins. Haruhi geralmente não era de se encantar com roupas, mas ficou boquiaberta. . . O primeiro dos três trajes era um vestido azul bebê com saia longa que cobria os pés e arrastava no chão, porém sem uma cauda.O corpete tinha cristais em forma de quartzo espalhados pelo tecido, o que conferia uma característica absolutamente glamourosa e estonteante. O segundo era um turquesa curto de um ombro só que ia até os joelhos. Era feito de seda fina por cima, com uma leve camada de tule na parte inferior, o que fazia com que a saia ficasse mais recheada e esvoaçante. Era simples, mas bonito e elegante também. E por último, havia um verde água com cauda que se arrastava longamente no chão. A saia era um pouco mais curta na frente, porém logo ia se alongando em várias dobras até se tornar o acabamento perfeito.

— Uau, são todos tão lindos! Foi sua mãe que fez? — A morena perguntou, com curiosidade.

O ruivo sorriu.

— Não. Foram todos feitos por mim. Todos especialmente para você. — Respondeu ele suavemente.

— O quê? Não precisava, Kaoru. . .

— Mas é claro que precisava, Haru. Além do mais, eu quis fazer eles para você. Poderia fazer suas roupas todos os dias, se você quisesse.

Haruhi riu.

— Ok!

— E então, qual você vai escolher? — Ele perguntou, curioso agora.

Ela pensou por um momento, até enfim tomar a decisão:

— O roxo. É o mais simples e prático de todos, já que não tem saias para arrastar por aí.

— Eu devia ter previsto isso!

Ele caminhou até o manequim e cuidadosamente tirou o vestido, ajeitando -o e entregando para ela.

— Obrigado, meu estilista. — Disse ela, sorrindo e lhe dando um abraço apertado. Ele sorriu de volta e se inclinou para beijá - la apaixonadamente, segurando seu rosto com uma das mãos. Haruhi suspirou e o beijou de volta, aprofundando o beijo ainda mais.

— De nada, Haruhi. — Ele disse, quando se separaram, sem fôlego algum.

Seu carinhoso companheiro lhe disse onde havia um quarto com um extenso closet onde ela poderia se trocar e escolher seus sapatos e outras coisas. Achado o quarto, já dentro dele , ela se esgueirou para o closet, que era realmente enorme e cheios de sapatos de tamanhos, formas, estilos e cores diferentes, todos projetados por Yuzuha Hitachiin, a mãe dos gêmeos, de sua famosa marca de grife internacional da linha Hitachiin. Se vestiu e, ao invés de optar por saltos, escolheu uma sapatilha delicada e simples de veludo da mesma cor de seu vestido. Pegou um dos brincos que haviam ali na caixa de jóias, duas pequenas gardênias rosa pálidas de pedra. Sorriu satisfeita quando viu sua imagem no espelho e deu uma penteada no cabelo. Agora sim ela estava razoável. Quando deixou o closet, sem muito tempo de olhar o quarto, ela imediatamente escutou uma batida na porta.

— Já vou! — Ela avisou.

Quando abriu, viu que não era ninguém mais, ninguém menos do que a sra. Yuzuha ali de pé, com um enorme sorriso simpático, bem - vestida com um terno, saia e saltos todos da cor laranja escuro, usando um colar de jóias preciosas.

— Haruhi!— Ela exclamou, dando um forte abraço nela.— Meu filho me disse que você estava aqui, é tão bom vê- la novamente. . .

Haruhi deu um sorriso amigável. Ela adorava a senhorita de todo o coração, que era muito boa para ela, como uma espécie de segunda mãe. Apesar do que muitos poderiam pensar, mesmo sendo uma mulher rica, famosa e poderosa, ela não era nem um pouquinho arrogante. A morena só não gostava muito de quando a mãe dos gêmeos a forçava a vestir suas roupas que, assim como Kaoru, as fazia carinhosamente somente para ela.

— Estou muito feliz por te ver também, sra. Hitachiin.

Ela inspecionou a roupa que a menina usava com um olhar avaliador, mostrando um sorriso satisfeito .

— E o que é que você está usando, meu bem?— Ela perguntou.

— Ah! Foi Kaoru que fez o vestido para mim.

— Estou tão orgulhosa dele. . . Meu filho é muito talentoso. O mesmo posso dizer de Hikaru também.

— Falando nele, onde ele está?

— Deve estar no quarto se arrumando com Kaoru. O salão já está cheio agora. Temos muitos convidados . . .

Nesse instante, os dois referidos gêmeos idênticos apareceram no quarto, espreitando a cabeça pela porta.

— Mãe , podemos entrar?— Ambos disseram ao mesmo tempo.

— É claro, meus queridos!— Ela respondeu alegremente.

— É tão bom que você esteja aqui.— Kaoru disse, e em seguida ele e seu irmão abraçaram a mãe com carinho. Hikaru se afastou um pouco para olhar para a garota de vestido turquesa ao lado olhando para eles.

— Você fez um bom trabalho com Haruhi, irmão!— Ele elogiou seu semelhante, fazendo um sinal de positivo com o dedo e dando um brilhante sorriso.

— Obrigado.— Ele disse, e em seguida foi em direção a sua namorada, e, passando um braço em torno de sua cintura, ele a elogiou:— Aliás, você está linda.

Haruhi corou, suas bochechas ficando em um tom vermelho claro e fraco, muito parecido com um blush daquele tom. Yuzuha percebeu o olhar que seu filho caçula deu a ela: caloroso e apaixonado. . . Sua voz soava muito suave e macia quando ele falava com ela. Olhou para ambos desconfiada.

“ Aí tem coisa” Ela pensou.

— Vocês estão juntos?— Perguntou  diretamente a eles, que simultaneamente coraram ao mesmo tempo. O ruivo mais novo suspirou, enquanto a mulher e o gêmeo mais velho assistiam suas reações com interesse.

— Mãe, tenho algo para te contar.— Ele começou.

— Diga, meu filho.— Incentivou ela ansiosamente.

— Haruhi e eu estamos namorando agora.— Declarou, sorrindo e olhando para sua companheira a seu lado, que devolveu o gesto.

— Isso é ótimo!— Yuzuha Hitachiin exclamou, contente.— Haruhi é uma ótima parceira para você, talvez uma boa futura esposa também. Mal posso esperar pelo casamento!

— C- Casamento?!?— Haruhi disse nervosamente.

Yuzuha riu.

— Foi só uma brincadeira! Vamos, meninos. Vamos ir lá para baixo. A festa está só começando. . .

— Daqui a pouco, mãe.— Hikaru disse, e em seguida ela assentiu e saiu da sala com o ‘clic , cloc’ de seus saltos altos a baterem no mármore.

O mais velho sorriu para seu irmão e para a garota que ele amava mais que tudo no mundo, andando até eles e envolvendo ambos em um abraço.

— Estou tão feliz por vocês!— Murmurou ele, entre um braço de seu irmão e o doce cheiro de jasmim de Haruhi. Quando a abraçava, ele continuava a sentir coisas estranhas, sentimentos fortes e desejos. . . Ele queria poder abraçá - la sozinho, confortá - la e tê - la para si mesmo, sentir e descobrir o sabor de seus lábios tentadores. Porém, ele prometeu que iria desistir dela por seu irmão. O gêmeo mais novo realmente a amava mais do que ele. Formavam um belo casal, e pareciam tão felizes e radiantes juntos, como se realmente fossem casados. Não teria mais intenção amorosa nenhuma com ela, porém seus sentimentos ainda estavam lá, vivos e fortes como uma chama acesa. Podia não tê - la como amante, mas cuidaria bem dela como uma irmã, foi o que ele pensou, enquanto uma única lágrima escorreu discretamente por seu rosto e rolou por suas bochechas.

— Cuide bem do nosso pequeno brinquedo, Kaoru. — Hikaru disse.

— Vou cuidar, pode ter certeza!— Ele prometeu, com um sorriso.— Vamos lá para baixo, agora.

Hikaru enxugou a pequena lágrima que passou despercebida, e seu irmão estendeu elegantemente o braço para Haruhi, que aceitou e enlaçou o dela no dele. O gêmeo mais velho ia andando logo a frente pelo corredor. A delicada menina reparou em como seu parceiro estava vestido, com um fino e bem - alinhado smoking como os que eles usavam no Host Club, só que em uma versão preta e de tecido de alta - costura italiana. Usava uma gravata azul e um perfume doce e cheiroso, que fazia com que ela quisesse ficar ainda mais perto dele. . . Já seu irmão gêmeo usava um branco, com uma gravata vermelha e bonita.

Finalmente descendo as escadarias em espiral do salão principal, eles chegaram a festa, enquanto os convidados estavam espalhados por todo o lado, rindo, conversando, negociando ( no caso dos grandes senhores de negócios, que não perderiam uma oportunidade em nenhum lugar, até mesmo numa ocasião como aquela) e bebendo champanhe. Hikaru avistou uma conhecida ao longe e pediu licença, se afastando e indo em direção a ela. Agora estavam somente os dois em pé na escada.

— Uau, eu não esperava que houvesse tanta gente. . . — Ela disse, assombrada.

Kaoru olhou para ela pelo canto do olho.

— As festas dos meus pais geralmente são assim, é como se eles quisessem convidar o país inteiro.

A morena já tinha estado em várias festas como aquela no Host Club, mas sentia que nunca iria realmente se habituar. As comemorações eram de um jeito diferente, o mundo dos ricos era diferente. Eles tinham tanto excesso de formalidades e exageros, ostentações e pequenas cortesias que eram difíceis de entender. Muito diferente dos ‘ plebeus’, que sempre tinham festas animadas e despretensiosas. . .

Ele pareceu avistar uma coisa no canto da sala, deu um sorriso e disse:

— Ei, Haruhi, tenho uma coisa para você que acho que você vai gostar.

— O que é?— Perguntou ela, curiosa.

Kaoru a guiou pelo salão até uma das compridas mesas de comida e bebida, cheia até a borda com abundância.

— Feche os seus olhos e estenda as mãos.

Obedecendo, ela fez o que ele pediu enquanto esperava ansiosamente pelo o que quer que fosse, de olhos fechados. Logo, sentiu uma pressão em suas mãos. Era um objeto, que parecia ser um prato de comida.

— Pode abrir!

Abrindo os olhos, se deparou com um prato cheio de uma comida que ela adorava e ansiava por tanto tempo, a qual todos do Host Club sempre diziam que iriam lhe dar, mas que ela acabou nunca comendo: Ootoro. Com as íris brilhando, ela contemplou o delicioso prato a sua frente, sorrindo como uma criança em uma loja de doces.

— Ootoro!— Ela exclamou, feliz.— Eu adoro isso. . .

O ruivo assentiu.

— Sim, eu sei. Pode comer, é seu.

Sem hesitar, ela pegou os pauzinhos e os levou a boca, sentindo o maravilhoso sabor do alimento. Corou enquanto gemia de prazer a cada ootoro que engolia. O gêmeo ao seu lado riu e riu com a reação dela. Ela era tão fofinha e adorável, principalmente quando comia coisas gostosas. . . Satisfeito, se sentiu interiormente vitorioso por saber que seu confiante plano de fazê - la feliz estava dando certo. O rubor continuou em seu rosto até que ela terminasse a refeição. Ele riu mais uma vez quando tocou suas bochecha, que ainda estava morna enquanto a matiz descoloria e desaparecia de sua face. Haruhi olhou para ele.

— Qual é a graça? — Perguntou.

— Você faz uma cara engraçada quando está comendo boa comida. . .

Antes que ela pudesse dizer alguma coisa, um trio de adolescentes que pareciam ter a mesma idade que ela e Kaoru vieram em sua direção. Eram uma garota de vestido dourado brilhante, cabelos ruivos e encaracolados como os de uma boneca e um ar estrangeiro, e mais dois garotos vestidos com smokings muito parecidos da mesma cor, azul escuro. Um era loiro como Tamaki, e o outro tinha o cabelo castanho acobreado. A de vestido dourado se aproximou, imediatamente se lançando nos braços do gêmeo  mais jovem.

— Kaoruu!!— Exclamou, animada, enquanto o suprimia em um abraço esmagador que quase o derrubou no chão.— Há quanto tempo! É tão bom ver você! Estava com saudades!

Ele deu um pequeno sorriso amigável.

— Olá, Elisabeth. É bom ver você também!

Acenou com a cabeça para os outros dois meninos, enquanto os cumprimentava também.

— Yuri, Minami .

— Olá!— Eles disseram, quase simultaneamente, e em seguida olharam para Haruhi com um brilho nos olhos...

— E quem é essa aí do seu lado?

— Esta é Haruhi, minha namorada.— Ele a apresentou.

Os brilhos logo desapareceram das íris dos dois meninos, substituindo sua expressão com uma carranca, que ele ignorou. Em seguida, se virando para sua companheira:

— Haruhi, conheça meus três primos: Yuri, Minami e Elisabeth, que é inglesa.

— É um prazer em conhecê - los!— Ela disse.

— Igualmente.— Elisabeth disse lentamente, se aninhando e se esfregando no peito do primo, enquanto envolvia seus braços ao redor de sua cintura.

A morena sentiu uma pontada de ciúmes enquanto seu corpo ficava rígido como um tronco. Estava bem na cara que a prima grudenta estava fazendo aquilo de propósito para provocá- la, mesmo sabendo que Kaoru tinha namorada. Apertou os punhos com força, suprimindo a raiva, enquanto a outra lhe lançava um olhar malicioso e desafiador, duro e frio, como se estivesse alegando que o amor de sua vida era posse dela. Dando um pequeno empurrãozinho nela, o Hitachiin se afastou com uma expressão séria e uma navalha nos olhos. A ruiva pareceu ou fingiu não notar seu olhar e se inclinou e lhe deu um pequeno beijinho na bochecha, enquanto dizia, com uma voz melosa:

— Kao - chan, você faz falta na Inglaterra! Minha mãe gostaria que você e Hikaru fossem nos visitar lá em casa.

— Sim, quem sabe um dia desses. . .

Foi a vez de Yuri falar.

— Elisabeth tem tocado muito piano. Ela me contou que vocês tocavam juntos desde quando tinham 12 anos. Ela vai fazer um concerto aqui em Tokyo, sabia?

O menino se virou para ela e lhe deu um sorriso educado.

— Sério mesmo, ‘Elisa'? Parabéns!

— Muito obrigada! Eu gostaria que você fosse me ver, se você puder.

— É claro, vou te ver . . .

Ficaram conversando por um tempo, Yuri e Minami contavam histórias e casos sobre eles, a ruiva irritante com cabelo cacheado de boneca se exibia para seu primo enquanto olhava para Haruhi com fogo nos olhos, por ter perdido a oportunidade de se aproximar ainda mais de Kaoru, que se moveu até ela e passou um braço ao redor de sua cintura, fazendo - a ficar ainda mais perto dele enquanto conversavam. A morena fez questão de passar o braço através de seu corpo também e se acomodar. Aquilo não era uma competição, mas ela queria deixar bem claro de que já tinha vencido. Não gostou muito de Elisabeth, mas os dois outros primos eram agradáveis e gentis e conversavam com ela. Quando seu namorado se afastou completamente para ir buscar algumas bebidas para eles, os meninos mudaram. Eles deviam estar fingindo o tempo todo, com uma máscara de falsidade e simpatia em seus rostos.

— Menina— Yuri começou.— O que você fez com Kaoru? Você o seduziu? Subornou? Ele nunca sairia com você porque quer de forma alguma!

Com um brilho maléfico nos olhos, Minami olhava para ela, avaliando cada centímetro de sua pele. Seu primo se juntou a ele, fazendo o mesmo, era quase como se os dois estivessem despindo - a com os olhos . . .

— Ele nunca gostou muito de sair com garotas. Ele e seu irmão as rejeitavam, porque eram estúpidas e todas iguais para eles. Você não deve ser diferente. Está sendo usada e logo vai ser descartada como uma boneca jogada em um canto, acredite em mim, você vai ser descartada. Ele parece gentil e carinhoso por fora, mas por dentro. . . bom, por dentro é diferente. Nós conhecemos ele e seu irmão muito bem, e eles não são assim. . . Só se importam com si mesmos e não com as outras pessoas.— Minami disse.

Haruhi odiou ter ouvido isso. Tudo o que eles diziam eram coisas tão horríveis sobre Kaoru, que ela sabia que ele nunca faria isso a ela. Não faria, não é? Porém, suas vozes soavam tão seguras e convincentes, que tudo o que ela queria fazer era chorar e sair correndo dali, porém, seus pés pareciam estar plantados no chão, como se estivessem entrelaçados pelas raízes de uma árvore.

Elisabeth deu um sorriso genuíno.

— Ouça, Haruhi. Eles rasgavam as cartas de confissões das outras garotas, porque não valorizavam isso. Então, me diga . . . Que valor você tem para ele?

A morena cerrou os dentes e apertou os punhos com força.

— Não, isso não é verdade, parem!! Ele me ama e eu o amo muito também!— Gritou.

A ruiva lhe deu um olhar cínico e de pena ao mesmo tempo, enquanto balançava a cabeça.

— Pobrezinha . . . Isso é o que você pensa, minha querida. . . Você foi tão iludida por ele. . .

As primeiras lágrimas começaram a despontar do rosto de Haruhi. Os primos lançaram olhares vitoriosos um para o outro, como se estivessem declarando “ Missão cumprida!” e então Yuri e Minami estenderam gentilmente suas mãos para ela, enquanto lhe falavam com a voz macia e um olhar suave:

— Venha com a gente, Haruhi. Fique conosco, você é uma boa pessoa. Vamos cuidar de você e te amar de verdade, ao contrário dele.

A garota do lindo vestido turquesa nem se mexeu. Permaneceu com as mãos flácidas pendidas ao lado no corpo, olhando para o chão de mármore, para seus pés no sapato aveludado. Antes que pudesse abrir a boca para dizer alguma coisa, sentiu uma mão firme tocando seu ombro, enquanto instantaneamente, ela ficou rígida como antes. Era Kaoru, e o modo como ela enrijeceu de súbito não passou despercebido por ele. Seus malditos primos de segundo grau deviam ter dito algo a ela.

— Encontrei nossas bebidas. — disse ele,com um mordomo a seu lado com uma bandeja cheia de taças de champanhe com gelo e limão.

Os primos pegaram as taças enquanto assistiam a tudo demonstrando interesse, com olhares inocentes e sem intenções nos rostos . . . A menina morena não quis tomar nada, ela não sentia vontade nem ao menos de falar. Seu namorado pediu licença para seus parentes e se foi, se afastando com ela, com um braço encostado em seu ombro enquanto andavam. Haruhi rapidamente pegou o braço dele e o tirou com um olhar frio na face.

— Não me toque!— Ela disse, com uma voz ainda mais fria e dura que seu olhar. Ela estava furiosa.— Acho melhor nem fazer isso, já que você vai me descartar e me deixar de canto como uma boneca velha!!

O ruivo arregalou os olhos enquanto olhava para ela sem saber o que dizer. Como assim, de onde ela tirou isso?!? Era isso o que ela realmente pensava?

— Não, Haruhi . . . — Começou ele, mas foi interrompido por ela.

— Isso é tudo o que eu sou para você mesmo, não é? Apenas um maldito brinquedo!! — Ela gritou com raiva, enquanto, sem mais nem uma palavra, se afastou dele a passos duros e rígidos, indo em direção a um corredor vazio e escuro da casa fora do salão, caminhando sem olhar para trás.

Paralisado ali mesmo enquanto processava tudo aquilo, ele imediatamente cerrou os dentes de raiva enquanto lançou um olhar paras seus primos, que ainda estavam sob sua vista, afastados no salão. Aquilo era culpa deles! Ele conhecia os três sem vergonhas muito bem, e sabia que tinham dito coisas ruins para Haruhi.

Saindo dali, ele imediatamente correu em direção ao corredor em que viu sua namorada entrar. O lugar estava quase em absoluta escuridão, se não fosse pelas luzes que haviam no canto da parede para iluminar tudo. Chamou e procurou por sua menina desesperadamente, olhando para todos os lados e lugares. Ele tinha tanto medo de perdê - la . . . Finalmente, ele a avistou sentada encolhida no canto de uma parede, com a cabeça afundada nas pernas, que estavam dobradas em seu peito enquanto ela chorava e soluçava de mágoa e ferimento. Kaoru se aproximou e se agachou ao lado dela, suspirando de alívio e tristeza ao mesmo tempo. Ela pareceu se encolher ainda mais quando sentiu sua presença. Não tocou nela, porém a chamou, com uma voz macia e suave, querendo muito que ela olhasse para ele.

— Haruhi . . .

— Vá embora, Kaoru! Me deixe em paz!!— Ela pediu, com uma voz abafada pelo choro.

Seu coração se apertou em seu peito por seu pedido e por vê - la assim.

— Haruhi, me ouça, por favor. Não duvide de mim. . . Eu não estou te usando ou fingindo nada, você não é como um brinquedo para mim. Não é assim que eu te vejo. Eu te amo muito . . .

Haruhi levantou o rosto e olhou para ele, enquanto este continuou:

— Não acredite no que eles te disseram. Meus primos são uns mentirosos, Haruhi. Eu não gosto deles e não quero que vocês confie neles, nem ao menos em uma só palavra de suas bocas.

A morena tremeu.

— Mas. . . Tudo o que eles me disseram. . . Foi tão convincente, Kaoru. Não consegui deixar de acreditar. . .

Ele se sentou ao lado dela e a puxou para um abraço, abrigando - a em seu peito enquanto suspirava. Dessa vez, ela não enrijeceu. . .

— E o que foi que eles falaram para você, Haru?

A morena contou tudo que eles disseram, palavra por palavra enquanto mais lágrimas escorriam de sua face. O rapaz de smoking negro ao seu lado estendeu a mão enquanto as enxugava suavemente. Beijando o rosto dela, ele pegou suas mãos.

— Haruhi, olhe para mim.— Ele pediu e ela o olhou fixamente.— Eu tenho sentimentos por você, ok? Sentimentos e sensações reais. Não faria uma coisa dessas para te magoar, tudo o que eles te falaram, bom . . . não se encaixa mais com minha descrição. Está tudo no passado, e eu gostaria de me esquecer dele.

Ela fungou um pouco, e ele pegou sua mão e a colocou em seu peito, no devido lugar onde ficava seu coração.

— Agora, me diga: Isso por acaso parece falso ?

Pensativa, ela sentiu o acelerado e forte pulsar de seu coração em sua mão, enquanto balançava a cabeça em negação.

— É assim que meu coração fica quando estou perto de você . . . Ele não mentiria para mim ou para você, Haruhi, pois eu sei o que eu sinto. Agora basta. . . — Ele hesitou.

— Basta que você acredite em mim.— Disse, por fim.

Haruhi sorriu para ele em seus braços.

— Eu acredito. Eu acredito em você, Kaoru Hitachiin.

Ele sorriu radiantemente para ela. Toda a tristeza e sentimentos ruins haviam desaparecido de ambos os seus rostos, que se iluminaram genuinamente, porém, o rastro de lágrimas secas ainda permaneceu na face de Haruhi como uma marca.

— Eu te amo tanto, Haruhi . . .— Ele murmurou, enterrando o rosto em seus cabelos e sentindo o cheiro do shampoo dela, descendo e plantando beijos em seu pescoço enquanto ela estremecia. Levantou o rosto e beijou suas bochechas e sua testa carinhosamente diversas vezes, até finalmente chegar a seus lábios e a beijar, um beijo profundo, forte e apaixonado. Haruhi deu um pequeno gemido e o puxou em direção a ela, com os braços em torno de seu pescoço e os dedos emaranhados em seu cabelo. Ficaram assim por muito tempo, entre beijos suaves, famintos e desesperados, até que o ar lhes faltasse por fim.

— Eu também te amo, Kaoru.— Ela disse,  ofegante, encostando sua testa levemente na dele e apreciando a sensação. Ele se inclinou mais uma  vez e olhou para ela, porém, ela pôs um dedo em seu lábio levemente e o interrompeu, deixando - o com uma expressão confusa e engraçada em seu rosto que a fez rir. 

 

— O que foi? O que é tão divertido assim? — Perguntou Kaoru.

  Ela riu mais uma vez e o puxou para si, beijando - o e capturando seus lábios com os seus, a deleitar - se de seu gosto doce e suave como o mel, sua língua áspera e macia enquanto se movia com sintonia em um beijo intenso e seguro. Quando terminou, ela sorriu para ele e apreciou sua expressão chocada e encabulada.

 

— Wow, o que foi isso? 

 Haruhi deu de ombros.

— Eu só queria ter a iniciativa!

    O ruivo Hitachiin sorriu.

— Foi o beijo mais incrível que você já me deu, Haruhi. . . 

  A garota apenas corou enquanto olhava para seus próprios pés, envergonhada. Seu namorado colocou uma mecha de seu cabelo atrás de sua orelha e a olhou com um sorriso no rosto. Depois de um tempo, se levantou e ofereceu sua mão á ela.

— Vamos, temos que voltar para lá. . .

Ela assentiu e entrelaçou sua mão na dele, ambos andando pelo  corredor vazio e silencioso até chegarem a uma grande porta dupla. Abrindo, os primeiros acordes da orquestra e o início da valsa capturou seus ouvidos, enquanto vários casais já estavam na pista, se preparando para dançar. Ficou em frente a morena, fez uma reverência e estendeu sua mão para ela, enquanto esta corava.

— Você me concederia a honra desta dança?— Ele a perguntou galantemente.

— É claro, meu cavalheiro!— Ela disse, rindo, enquanto colocava sua mão na dele e ele ria também, com um sorriso divertido.

Ela colocou uma mão no ombro do ruivo, enquanto a outra se entrelaçava com a dele, segurando - a confortávelmente. Ao belo e romântico som de uma orquestra com violinos e violoncelos, eles deslizaram graciosamente pelo salão a passos lentos e sorrisos trocados, ignorando todas as pessoas que também estavam ali, ao seu redor. Nada mais parecia importar, somente que a dança continuasse mais e mais. . . O casal não conseguia desviar o olhar um do outro, como se estivessem hipnotizados. Haruhi corava enquanto olhava para Kaoru, uma conhecida sensação de borboletas a pairarem em seu estômago a atravessou quando ele estendeu o braço para que ela girasse. Seu vestido podia não ser muito longo, mas rodava lindamente com as saias de tule e seda, como uma flor a desabrochar.

— Kaoru . . .— Ela murmurou.

— Hmm?

— Não sou uma grande dançarina, não é?

Ele riu um pouco enquanto olhava para ela e não perdia o compasso.

— Isso não importa. O importante é que você está aqui!

Ela sorriu para ele, e ambos retomaram a dança em silêncio reconfortante, já que nenhuma palavra mais precisava ser trocada, deixando que seus corpos falassem por si mesmos. Dançaram mais noite adentro até o crepúsculo, quando, em poucas horas a luz do sol ameaçaria a despontar. Haruhi bocejou, cansada e sonolenta. Quando finalmente olhou para o grande relógio do salão, seus olhos arregalaram de surpresa. Já eram quase três horas da manhã! Seu pai a mataria, com certeza, já que ela nunca tinha chegado em casa tão tarde.

Bocejou mais uma vez.

— Está com sono?— O Hitachiin a sua frente perguntou.

Ela descansou a cabeça em seu peito.

— Não quero estragar esse momento, mas eu preciso ir para casa.

Ela olhou para ele e bocejou novamente, muito cansada.

— Você pode dormir aqui se quiser, Haruhi. Podemos ligar para o seu pai e avisar.

Ela estava tão cansada para sequer pensar em voltar para casa aquela hora e ter de limpar as bagunças de seu pai, que acabou aceitando.

— Tudo bem, eu quero ficar.

Kaoru sorriu.

— Ok, mas antes, um último giro para mim?— Pediu ele.

Ela assentiu e girou graciosamente mais uma vez, a saia despontando pelos ares enquanto sentia uma brisa agradável no rosto. . .

Satisfeito, ele a tomou pela mão e foram subindo as escadas em direção ao corredor, algumas pessoas pararam que estavam fazendo e olharam para eles, enquanto a morena subia cuidadosamente de degrau em degrau. Seu companheiro se virou e chamou um empregado, um mordomo.

— Por favor, Anthony, ligue para o pai de Haruhi e diga à ele que ela irá ficar aqui esta noite.

Anthony assentiu.

Em seguida, fez uma reverência e saiu para fazer o telefonema.

Quando finalmente chegaram ao quarto de hóspedes, Haruhi se jogou na cama king- size com lençóis macios e quentinhos enquanto se afundava no colchão confortável.

— Aaahh, tão macio!!— Ela exclamou, feliz da vida enquanto sorria alegremente.

O ruivo riu com a sua reação.

— Pelo visto você gostou, não é mesmo?

— Sim . . .

Ele se aproximou mais dela.

— Vamos, tire esse sapato. . .

Ele tirou as duas sapatilhas cuidadosamente de seus pés.

— Agora, espere aí que eu vou buscar algo confortável para você  vestir pra dormir.

Haruhi deu um pequeno sorriso sonolento.

— Ok, não vou a lugar algum.

Ele se foi e voltou alguns minutos depois, não mais vestido com seu elegante smoking preto, mas com uma camisa e um short de dormir confortáveis e com duas roupas para ela estendidas em seu braço.

— Aqui, Haruhi.— Ele disse, estendendo - as para ela.

— Obrigado, Kaoru.

— De nada.

Desapareceu dentro do closet e voltou mais tarde vestida com a outra roupa, uma camisa e um short dele que ficaram um pouco largos nela, mas ela não se importou.

— Boa noite, Haruhi.

O Hitachiin já ia saindo do quarto e apagando a luz, quando a morena se levantou e correu até ele, pegando - o pelo pulso e o impedindo.

— Você faria um favor para mim?

Ele se virou, sorriu e acariciou a bochecha dela.

— Claro, qualquer coisa por você, princesa.

Ela corou um pouco pelo modo como ele a chamou.

— V- Você ficaria aqui e me faria companhia esta noite?

— Como você quiser. . .

Ele apagou a luz, a pegou pela mão e a levou para a cama, cobrindo a menina cuidadosamente enquanto lhe depositava um beijo suave na testa . . . Em seguida se deitou ao lado dela e se cobriu também, passando os braços ao redor de sua cintura, ele a puxou para mais perto dele enquanto a abraçava protetoramente por trás.

— Boa noite, Kaoru. Eu amo você . . .— Ela murmurou, antes de fechar os olhos e adormecer profundamente.

— Boa noite. . . Te amo também, mais que tudo no mundo.

“ Mais que tudo no mundo” ; Suas últimas palavras antes de adormecer pairaram no ar pelo quarto, porém permaneceram, sem nunca serem levadas pelo vento . . .


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Notas finais do capítulo

Notas: Comecei a ler o mangá e a mãe dos gêmeos realmente se chama Yuzuha Hitachiin. Ela não é uma personagem minha, Nagahara Takano, Anthony , a sra. Akane,Elisabeth, Yuri e Minami me pertencem, como meus próprios personagens criados. Eu teria tido muita vontade de esganar o trio de primos idiotas no lugar da Haruhi, rsrsrs XD . . .

Bom, é isso pessoal. Qualquer coisa, um erro de digitação , ortografia, repetição de palavras, etc me avisem nos comentários, assim eu poderei consertar o capítulo, assim como eu fiz com o anterior que escrevi. Não se esqueçam de comentar e acompanhar esta história. Um beijo e um queijo pra vocês!:D



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