1001 Motivos Para Amar Você escrita por WonderQueen


Capítulo 11
Capítulo 11: Amor Não Correspondido


Notas iniciais do capítulo

Olááááá, meu povo lindo!! Como vão? Eu sumi, ou pior, morri por um longo tempo. Estou sem postar um capítulo novo há meses para vocês, mas juro que, não importa o quanto eu demore, jamais desistirei dessa fic que vocês tanto me motivaram á escrever! Agradeço muito pelos comentários e pelos 652 views!! ( úhuuuuu!! XD ) Vocês são demais, pessoal, muito obrigado! Jamais imaginei que haveria algum dia tanta gente lendo minha fic :3
Sem mais delongas, aproveitem!



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Ecos dos sons de violinos e violoncelos ressoaram por toda a casa de ópera, enquanto o piano preto e reluzente ao lado da orquestra permanecia vazio, apenas aguardando para ser tocado quando chegasse a melhor e mais importante parte de todas, na qual Elisabeth iria entrar para iniciá - la.

 

Hikaru, totalmente entediado, bocejou ao lado do irmão gêmeo. Kaoru, muito pelo contrário, fechou os olhos enquanto absorvia toda a sonata que ouvia. . .  Ele amava música clássica, e, dependendo da canção que fosse, podia ter um ritmo calmo, expressivo e bonito, e nada podia se comparar aquilo.

 

Para o Gran Finale, quando sua prima finalmente apareceu, com os cabelos ruivos longos e cacheados a escorrer pelas costas, um brilho de confiança no olhar e uma graciosidade extremamente delicada e elegante, ela se sentou no banco de veludo do piano usando um vestido longo de linho azul - marinho com brilhantes e começou a tocar . . .

 

E então o som da primeira tecla tocada ressoou,  e o Hitachiin mais jovem abriu os olhos e lembranças súbitamente reavivaram - se em sua memória: Os dois, ele e Elisa sentados no banco de um mesmo piano, tocando a sonata de Mozart “ Rondo Alla Turca” para suas mães, enquanto estas apenas sorriam e cochichavam elogios de ambos os seus filhos uma para a outra. As duas crianças, pelo o contrário, tocavam animadamente. De vez em quando, jogavam a cabeça para trás e riam e riam, se divertindo fazendo uma competição de quem  podia tocar mais rápido.

 

As lembranças eram um tanto bobas, mas pareciam ter ficado escondidas há muito tempo no passado, como se tivessem sido guardadas no fundo de um grande baú. . .

 

Kaoru levantou a cabeça e olhou para Elisabeth enquanto sua prima se apresentava. Apesar das circunstâncias, ela era realmente muito boa tocando.

 

— Ahhh!! Meu Deus, quero que isso termine logo, eu não aguento mais! — Resmungou Hikaru, mas não muito alto, pois sua mãe estava perto. Disse isso apenas para que seu gêmeo o ouvisse, pois ambos tinham sido forçados a ir ao concerto. Música clássica e orquestras podiam ser algo bom para Kaoru, mas, não era como o rock que seu irmão, muito pelo o contrário dele, amava.

 

— Calma, Hikaru, daqui a pouco vai acabar. . . — o gêmeo mais novo murmurou.

 

Quando tudo finalmente acabou, para a alegria de Hikaru, o mais velho soltou um enorme suspiro de alívio enquanto palmas ressoaram fortemente por todo o lugar, ás vezes acompanhadas por um longo assovio constante. Todos os ricaços balbuciavam sobre como fora uma ‘ magnífica apresentação’ uns com os outros, de maneira discreta e cortês, como só aquele tipo de gente que frequentava teatros, restaurantes finos e eventos sociais sabia fazer melhor do que  ninguém.

 

A família se levantou organizadamente, com os pais e os gêmeos com um ar de serenidade no rosto enquanto tentavam abrir caminho por entre a multidão de pessoas de terno e vestidos de gala ao seu redor. Ao longe, dando uma ajeitada na barra da saia e cumprimentando educadamente as pessoas, Elisabeth os avistou. Ela pediu licença aos outros enquanto veio correndo em direção a eles muito animada, com um sorriso no rosto.

 

—  Olá, pessoal! —  Ela disse.

 

Quando a ouviram, os quatro se viraram para encará - la. Yuzuha Hitachiin era toda sorrisos.

 

—  Elisabeth, querida! Você foi ótima! —  A mãe dos gêmeos a elogiou, e , em seguida, o sr. Hayato entregou á menina um enorme buquê de flores coloridas.

 

—  Parabéns pela excelente apresentação.

 

A garota assentiu com uma expressão respeitosa e aceitou, pegando as flores e cheirando - as, sentido seu aroma doce e suave a lhe envolver. . .

 

—  Obrigado, senhor.

 

Por fim, ela se virou para seu primo e se jogou nele, abraçando - o com seus braços compridos enquanto deitava a cabeça no peito do garoto que sempre amara.

 

—  Kaoru. . . —  Murmurou.  — O que você achou? Você não me disse nada. . .

 

O garoto estava extremamente desconfortável. Sua mãe os olhava com um pequeno sorriso no rosto e uma expressão de quem sabe das coisas. Provavelmente, ela devia estar pensando: “ Owwn, que gracinha! O amor de primos é tão bonitinho. . . “ ou qualquer outro pensamento tosco e constrangedor, pois sua cara era de aprovação. Forçado a causar uma boa impressão para os pais, ele ligeiramente passou os braços magros em torno de seu corpo e a abraçou, embora sua extrema vontade fosse de afastá - lá.

 

Hikaru observava tudo com uma cara de reprovação.

 

Kaoru ainda tinha raiva de Elisabeth e de seus outros primos por terem provocado Haruhi. Não só pelo o que eles fizeram, mas também por nunca terem pedido as devidas desculpas.

 

Finalmente, quando Elisabeth soltou o primo, ela os mostrou uma saída exclusiva que era usada para os artistas para que eles pudessem sair mais rápido dali. A menina ruiva podia não ser a pessoa mais agradável, porém ela era  verdadeiramente útil para alguma coisa. . .

 

. . . . . . . . . . 

 Quando a família Hitachiin chegou em casa, estavam todos tão cansados que subiram as escadas para irem direto para a cama dormir. Apenas Elisabeth permaneceu. Ela estava sem sono e extremamente agitada. . . Como não havia muitas coisas para fazer á noite, passou seu tempo perambulando pelos corredores em seu vestido azul brilhante, explorando coisas e quartos novos que nunca tinha visto, olhando os quadros bonitos nas paredes.

 Súbitamente, ela vê uma figura no final de um dos corredores andando, se aproximando cada vez mais dela. Ficou parada ali, apenas olhando, estática, até que a luz do luar iluminou claramente o rosto do sujeito e lhe mostrou quem ele era. Ela sorriu, aliviada: era apenas Kaoru.

 

Kaoru estava usando uma camiseta e um short confortáveis que ele sempre vestia para dormir. O garoto sentia muita sede, por isso teve a súbita ideia de ir á cozinha á noite para pegar um copo d’ água. Não esperava topar com sua prima no meio do corredor assim. O que ela fazia ainda acordada?

 

O gêmeo olhou para ela e esfregou os olhos por um momento, cansado.

 

— Olá, Elisabeth. Ainda acordada? — Ele a perguntou.

 

 A menina se virou para ele com um brilho de admiração  no olhar.

 

— Oi! Kaoru, você não me disse o que achou da minha apresentação mais cedo. . . Você gostou dela?

 

— É claro que sim! A orquestra é incrível, e você toca muito bem.

 

 Ela sorriu, feliz.

 

— Obrigado!

— De nada!

 

Kaoru já ia se virando para cumprir o objetivo pelo o qual tinha se levantado, porém parou por um minuto no meio do caminho, se virando para Elisabeth.

— Estou indo para a cozinha pegar um copo d ‘água. Quer que eu pegue um para  você também? — Ele a  ofereceu gentilmente.

 

Elisabeth pensou um pouco.

 

— Não, mas. . . se possível, eu gostaria que você fizesse um  favor importante para mim!

 

Agora foi a vez dele pensar, hesitante.

 

— Não é mesmo para pegar algo, não é?

 

Sua prima deu um sorriso confiante.

 

— Não!  É apenas um favorzinho. . . quero que você desabotoe os botões do meu vestido.

 

Kaoru arregalou os olhos, chocado. Favorzinho?!? De ‘ inho ‘ aquele favor não tinha nada! Ele não esperava que ela pedisse isso. Ficou vermelho como uma pimenta malagueta no mesmo momento com seu súbito pedido.

 

— Por que você não pede para uma das criadas fazerem isso para você? Mary está no segundo andar.  — Ele sugeriu, tentando se desviar daquilo

A garota revirou os olhos e fez uma cara de tédio.

 

— Mary já foi dormir! Por favor, Kaoru, faça esse favor pra mim, vai me ajudar bastante! — Ela disse.

 

O rapaz  deu um pesado suspiro.  Deu um passinho para frente enquanto a ruiva se virava e afastava os cabelos para não atrapalhá - lo. Mordeu o lábio de nervosismo e constrangimento.

 

Meu Deus, isso é tão constrangedor! “  Ele pensou.

 

Estendeu as mãos e lhe tocou as costas, analisando todos os botões do vestido, temendo abrí - los. Tomando coragem e cuidado para não se atrapalhar com os dedos, foi desabotoando dolorosamente um a um o mais rápido que podia, querendo acabar logo com aquilo.

 Quando finalmente terminou, por fim, Elisa se virou para ele novamente, sorrindo.

 

— Muito obrigado, Kao - chan!

 

— Por nada. — Ele murmurou, ainda corando.

 

Se virou em seguida para retomar seu caminho, porém assim que virou as costas, sentiu alguém puxar seu braço forte e rápidamente. Em menos de uma fração de segundo, ele se via encurralado, preso contra a parede. Arregalou os olhos e se perguntou naquele exato momento o que diabos aquela garota estava fazendo. . . Inclinando seu corpo contra o dele, ela o olhou amorosamente, porém prendendo os pulsos do menino, apertando - os com força ( psicopata!! >:( ).

 

— Porque você não faz companhia para mim essa noite? — Ela murmurou, pousando uma mão em seu peito levemente.

 

O vestido azul caiu alguns centímetros, um pouco mais abaixo dos ombros, revelando mais pele do que ele gostaria de ver. . . Suas unhas compridas e pontudas apertaram e fincaram em sua pele com força e possessividade, machucando - o inevitavelmente.

 

— Por que. . . você . . . não fica comigo? — Elisabeth disse lenta e sedutoramente.

 

A garota inclinou  a cabeça, se aproximando mais de seu rosto, tentando chegar - lhe aos lábios e beijá - lo. Suas mãos ainda apertavam seus pulsos sem misericódia, impedindo - o de fugir enquanto ela se deslocava para mais perto. Kaoru virou sua cabeça com brusquidão e apertou as pálpebras dos olhos, desviando - se dela e deixando de encará - la, como se ela fosse uma versão da Medusa. O rosto de Haruhi lhe veio á mente:  sua pele pálida e cor de marfim, seu sorriso sereno, os olhos cremosamente achocolatados que tanto o fascinava, seu cabelo castanho curto, liso e macio e, por fim, sua voz, que bastava que ele ouvisse para que se apaixonasse completamente por ela...

 

Guiado por aquela memória dela, se lembrou de como eles eram felizes juntos, e que Elisabeth não fazia parte de tudo aquilo que eles tinham. A ruiva começou a lhe plantar beijos para cima e para baixo por todo o pescoço, suspirando de leve, se sentindo vitoriosa como um caçador com sua caça abatida.

 

Recobrando todos os seus sentidos de alerta e deixando de lado seu atordoamento, rápidamente e com grande força, Kaoru a empurrou e a afastou para longe dele, se livrando da garota que o assediava. Lançou - lhe em seguida um olhar duro, frio e congelante como uma geleira, para não dizer ameaçador também.

 

— Não, Elisabeth!! — Protestou, enraivecido.

Ela fez uma expressão de choro e inocência.

 

— Mas por quê não? — Perguntou, como se já não soubesse.

 

Isso só serviu para irritá - lo ainda mais.

 

— O que você acha que está fazendo?!? Eu tenho namorada, tá lembrada?

 

A garota abriu a boca para respondê - lo, porém o que saiu dela foi um único suspiro frustrado, desvanecido de palavras. No mesmo momento, viu o adolescente que era o amor da sua vida franzir a sobrancelha em uma expressão de raiva e desgosto, a qual ela odiou ver. Se virou na direção oposta a dela e se foi, evitando olhar para trás.

 

“ Como eu pude ser tão idiota a ponto de deixá - la fazer isso comigo?!? Eu estou com Haruhi, pelo o amor de Deus! “ Kaoru pensou internamente, revoltado, se sentindo mais mal com si mesmo do que com Elisabeth, que há um momento atrás esteve prestes a beijá - lo.

 

Saiu batendo os pés e se trancou em seu quarto. Desta vez, não sairia mais de lá até o amanhecer. . .

 

Sozinha no enorme salão escuro e recheado de sombras, onde a única luz que havia era a luz do luar que iluminava o topo de sua cabeça, a menina do vestido azul brilhante um pouco caído olhou para seus próprios pés, reflexiva. Ela sentia muita raiva por ter recebido uma rejeição de Kaoru e um enorme ódio por Haruhi, o obstáculo que atrapalhava sua vida, a menina de sorte que praticamente se exibia por estar nos braços do garoto que era pra ser dela, mesmo tendo mais 6 opções, ela teve que escolher justo quem ela mais desejava! Sentiu uma enorme inveja dela, pois aquela morena maldita era o único motivo do gêmeo mais novo não aceitá - la.

 

Fechou os punhos com força enquanto uma lágrima dolorosamente escorreu de seus olhos. Apenas uma única lágrima, quente e áspera de dor e remorso foi o suficiente para se lidar com a percepção de que seu plano havia falhado. . . Ela amava tanto Kaoru a ponto de fazer tudo e qualquer coisa por ele. Sua obsessão não conhecia limites.

 

— ELE TEM QUE SER MEU!!! — Gritou. Seu grito ecoou por todo o  cômodo, e depois dele tudo o que permaneceu foi um grande vazio, tão profundo e intenso quanto as sombras enegrecidas e solitárias que a rodeava.

. . . . . .

 

Em meio a um cemitério antigo, triste e desolado, Haruhi caminhava entre os túmulos, inspecionando um a um com total atenção  até achar o que ela queria.   Sim. . . ali estava ele! O túmulo de sua mãe! Sorriu carinhosamente e se ajoelhou ali mesmo, rezando e conversando com a falecida pessoa mais importante de sua vida, lhe perguntando como era o céu e se ela era feliz por lá. . .

 

De repente, sem aviso nenhum, enormes rachaduras se abriram no chão por todo o lugar, se estendendo e aumentando como um cânion. Do lugar onde estava, a garota não pode escapar ilesa, caindo quando o chão que pisava se dividiu em dois. Por sorte ( ou talvez, nem tanto assim ), conseguiu se segurar em uma pequena beirada, sustentada por apenas uma mão. Ela gemeu de medo e aflição. Teve vontade de chorar, de se revoltar, xingar, espernear e gritar, porém se manteve estranhamente calma e serena, enquanto tentava subir de volta á superfície, em tentativas patéticas e frustradas, porém sem nunca desistir. Não conseguiria aguentar por muito tempo. . . Ela olhou para o fundo do abismo e se surpreendeu: o negócio era tão fundo que nem ao menos seu fim era possível ver direito.

 

Engoliu em seco e finalmente gritou por ajuda. Esperou um pouco, depois tornou a gritar. Esperou mais uma vez, gritou de novo. E assim continuou nessa ordem, gritando e esperando, até que pudesse encontrar uma alma viva que lhe salvasse. Ela prendeu a respiração e seus olhos se arregalaram quando viu que as pedras da beirada em que segurava começavam a rachar e a se despedaçar. Logo ela cairia. . . Seria esse  o seu fim afinal?!?

 

— Haruhi! Haruhi! Cadê você? — Uma voz familiar lhe chamou ao longe.

 

— Aqui, Kaoru! — A morena berrou, e no mesmo momento, o solo da beirada em que segurava começou a estalar.

 

— HARUHI!!!

 

— KAORU!!

 

A menina apertou os olhos com força quando sentiu a mão que segurava as pedras começar a suar e escorregar lentamente. Já era! Se preparou mental e psicologicamente para a queda, porém, no mesmo instante, sentiu alguém puxá - la com extrema força pelo braço. Com grande esforço, Kaoru conseguiu tirá - la do buraco e trazê - la de volta á superfície.

 

Ele a olhou com um olhar de grande preocupação e desespero, sua expressão se dividia entre o medo e o alívio ao mesmo tempo.

 

— Você está bem?

 

Haruhi tossiu devido a poeira que inalava. Seu salvador a puxou para seus braços e a apertou fortemente contra o peito. Ela ainda estava assustada, porém, ao lado dele, a garota finalmente pode deixar fluírem as lágrimas e chorar. Chorou amargamente, enquanto o menino ruivo apenas balançava a cabeça, lhe dava tapinhas nas costas e lhe enxugava as lágrimas, compreensivo.

 

— Sshh, Haruhi. Não chore, está tudo bem agora!

 

Ela segurou a mão dele com a sua própria mão empoeirada, sorrindo.

 

— Muito obrigado! — Ela disse, realmente muito agradecida. — Muito, mas muito obrigado mesmo, Kaoru!

 

 Ele sorriu de volta.

 

— Você sabe que não precisa agradecer.

 

 Ela lhe beijou a mão levemente, grata  e feliz. . .

 

Daí em diante, o cenário mudou, e Haruhi se via em outro lugar completamente diferente. Segurava aquela mesma mão, porém sem desespero, apenas com suavidade e leveza. Sentia a palma  dele em sua própria, enluvada com uma luva branca de seda comprida que ia quase até o início de seus ombros. A morena estava vestida com um belíssimo vestido de noiva branco de cetim com detalhes de renda branca florida por toda a saia e corpete. Era o dia de seu casamento! Seu ruivo amado usava um smoking branco com uma gravata preta e um cravo vermelho, escuro e profundo como o sangue.

 

Era um momento mágico, festivo e lindo, tudo estava perfeito. . . Harmoniosamente organizado e decorado com flores por todos os cantos e bancos, o ambiente era agradável naquele casamento simples de fundo de quintal. As árvores de sakura lhes lançavam flores, que eram levadas pelo vento e caíam em forma de cascata, perfumando tudo ao seu redor. Naquele dia, todos os deuses os abençoavam com todas as suas graças e suas bênçãos. Uma porção de pessoas ricamente vestidas sorriam ou choravam de alegria ao olhar para eles. . .

 

O casal viu todo o Host Club ali: Tamaki estava limpando as lágrimas e assoando o nariz dramáticamente com um lencinho branco. Kyoya estava impassível, como sempre, porém estranhamente com um meio sorriso no rosto. Sentado em seu banco, Hunni - senpai não sabia e olhava para os seus dois amigos que estavam prestes a se casar ou para o imenso bolo branco decorado em uma mesa ao longe. Ele estava louco para atacar aquele bolo, tinha uma imensa vontade de ir até lá e comê - lo, porém, o que o impedia era seu primo, Mori - senpai, que permanecia ao seu lado para se certificar justamente que ele  não comesse as sobremesas antes da hora. Tinha um sorriso na face, porém, como sempre, não disse nenhuma palavra. . . Hikaru teve a honra de ser padrinho de seu irmão, junto a sua doce namorada, Aiko. Ele estava radiante e satisfeito pelos dois. Fez um sinal de joinha para seu gêmeo, que olhou para ele e retribuiu. Ambos sorriram um para o outro, contentes. Em seguida, Hikaru deu um beijo no topo da testa de Aiko carinhosamente.

 

Em breve, o casamento iria começar. . .

 

. . . . . . . .

 

— [ . . . ] E então, você, Haruhi Fujioka, aceita Kaoru Hitachiin como seu legítimo marido, na saúde e na doença, na alegria e na tristeza, até que a morte os separe? — Perguntou o padre.

 

Haruhi olhou no fundo daqueles calorosos olhos dourados, e Kaoru lhe devolveu o olhar, sorrindo alegremente para ela. . . Uma lágrima de alegria e emoção escapou dos olhos da sempre eterna “ anfitriã “, que os enxugou e disse:

 

— Aceito.

 

Mais uma vez, o padre falou:

 

— E você, Kaoru Hitachiin, aceita Haruhi Fujioka como sua legítima esposa, na saúde e na doença, na alegria e na tristeza, até que a morte os separe?

 

Kaoru nem ao menos pensou duas vezes.

 

— Aceito. — Disse ele, sorrindo.

 

O padre sorriu também, satisfeito por realizar mais um matrimônio com sucesso.

 

— E então, pelo sagrado matrimônio, eu os declaro: marido . . . e mulher.— Disse ele, fechando a bíblia e se virando para o rapaz. — Pode beijar a noiva, meu jovem. . .

 

Aquele era o momento mais aguardado, a realização de um sonho para ambos, o voto de sua eterna e amorosa união. Eles olharam um para o outro, e, naquele momento, assim como tantos outros, ninguém mais existia na face da Terra, a não ser eles dois. O Hitachiin levantou o véu de sua esposa delicadamente, olhando - a no fundo de seus olhos. Ela sorriu, e ele inclinou a cabeça para, por fim, finalmente selar seus lábios com os dela, num beijo terno, amoroso e profundo, cheio de amor e de tudo o que ele mais desejava. Segurando seu rosto, Haruhi retribuiu, beijando - o de volta. Todos os convidados se levantaram imediatamente, assobiando e batendo palmas animada e alegremente, desejando tudo de bom aos dois. . .

 

Antes que  a garota pudesse sentir ou ver qualquer outra coisa mais, ela simplesmente… acordou. . .

 

Se levantando imediatamente em sua cama, Haruhi arregalou os olhos. Não sabia bem o que pensar depois de ter dois dos sonhos mais loucos e estranhos de sua vida. Ela suava e arfava. Bebeu um gole de água do copo ao lado da cama, se deitou novamente, virou e tentou dormir, porém não conseguiu. Se virou várias e várias vezes outra vez, tentando achar uma posição que fizesse com que ela caísse no sono, mas nada adiantava. Desistindo, frustrada, ela abriu sua mochila que ficava também ao lado da cama e pegou um livro da escola para ler e estudar. Sentada em sua cama, ficou lendo por horas a fio, até que o dia raiasse. . .

. . . . . . . . .

No dia seguinte, Haruhi entrou pelos portões da escola confiante, triunfante e alegre, pois tinha estudado até altas horas para a prova de Aritmética. Seria exatamente por esse motivo mesmo tamanho entusiasmo? Ou pelo fato de estar se sentindo mais bonita e completa só de pensar no sorriso de um certo alguém?Se sentou embaixo da cerejeira habitual de sempre e relaxou, inalando o ar puro e fresco enquanto os raios de sol da manhã iluminavam seu rosto solene. Com as pernas recolhidas, ela observava o ambiente ao seu redor. O som das vozes dos alunos, seu correrio e andar pelos gramados apressadamente lhe chamava a atenção, enquanto as brincadeiras dos meninos, que davam soquinhos nos ombros dos outros garotos e em seguida apontavam para uma garota bonita, incluindo também suas piadas, enchiam o lugar com sua presença marcante e indispensável. As garotas cochichavam fofocas nos ouvidos uma das outras e riam baixinho, sabe - se lá sobre Deus o quê, enquanto havia grandes exceções, aqueles que, por ser uma escola de elite, andavam com o nariz empinado e faziam pompa, se exibindo como pavões por aí. Falavam sobre todas as maravilhas e cobiças que tinham, os países aos quais eles viajaram no final de semana e mais 1001 baboseiras que eram tediosas e fúteis, que não interessavam de nada á Haruhi.

 

Bom, aquela era a Academia Ouran, afinal. Definição mais completa ou precisa não existia naquele momento presente.

 

Esticando o pescoço, tentando encontrar alguém conhecido no meio da multidão, Haruhi guardava uma ansiedade dentro de si mesma  de ao menos poder avistar  um cabelo ruivo de forte tom alaranjado, arrepiado e chamativo, os olhos dourados brilhantes e radiantes como o sol e um sorriso caloroso e inconfundível sendo dirigido apenas á ela, apenas ela. . .  Tentou achar qualquer pessoa aleatória e conhecida do Clube Anfitrião para lhe fazer companhia, virando a cabeça para o lado e dirigindo o olhar para todas as direções sem encontrar ninguém. Quando finalmente se virou de novo, PAH!! Escutou um forte barulho de palmas batendo bem em frente a seu rosto . Ela deu um grito de susto, caindo um pouco para trás.

 

—  Oiiii, Haruhii!! — Um dos gêmeos a saudou, com um sorriso travesso.

 

Haruhi olhou para ele com uma expressão visivelmente irritada e se levantou do gramado, se apoiando com as mãos.

 

— Hikaru!

 

O gêmeo Hitachiin mais velho apenas olhou para ela com uma expressão de quem fingia não entender, seguida por seu costumeiro sorriso maroto.

 

—  Que foi?

 

—  Você não tem jeito mesmo. . . — Disse ela enquanto cruzava os braços e balançava a cabeça em reprovação.

 

—  Admite, você gosta! Faz parte do nosso charme. . .

 

Disse isso e em seguida levantou as sobrancelhas com uma expressão ridiculamente ridícula de galã de novela  que fez com que Haruhi não deixasse de rir. Era estranho ver um garoto da alta sociedade fazendo uma “ coisa de plebeu “ como aquela.

 

— Meu Deus, de onde foi que você tirou isso?!?

 

O ruivo se sentou ao lado dela.

 

—  Não sei, talvez meu irmão é que tenha me ensinado.

 

E, como se Hikaru tivesse dito uma palavra mágica, neste exato momento Kaoru chegou. Seu irmão se animou ainda mais ao vê - lo. . .

 

—  Não foi, Kaoru? Não foi assim que você me disse para fazer para conquistar a Haruhi? — Provocou ele, erguendo as sobrancelhas e repetindo a mesma expressão que fizera antes.

 

O Hitachiin mais novo corou e revirou os olhos.

 

—  Cala a boca, Hikaru.

 

Como resultado, o outro irmão apenas riu junto a menina a seu lado, e Kaoru olhou para Haruhi, sua namorada, com um sorriso caloroso.

 

—  Oi, bom dia, Haruhi! O que está fazendo? —  Ele perguntou á ela enquanto se sentava também ao seu lado no gramado.

 

—  Ah, nada muito especial. . . Estava apenas sentada aqui antes que HIKARU chegasse e me assustasse, né?!? —  Ela respondeu, dando ênfase no nome ‘ Hikaru ‘.

 

A morena se virou e olhou para o outro com um olhar irônico, e, em resposta, o ruivo idêntico apenas continuou a sorrir com seu sorriso travesso e, em seguida, se virou para seu irmão:

 

— Ei, Kaoru, o que acha se nós colocássemos um besouro no chá do Tono?

 

O outro não pensou duas vezes.

 

—  Isso soa como uma excelente ideia, Hikaru!

 

A crossdresser entre eles revira os olhos com impaciência, e os dois diabinhos lançaram olhares cúmplices entre si.

 

—  Você também está envolvida, Haruhi! — Disseram , em uníssono.

 

—  O quê?!? Desde quando estou envolvida nisso?!?

 

O Hitachiin mais velho se inclinou ao seu lado, prensando seu corpo no dela cômodamente.

 

—  Bom, você ouviu o plano, então nada de dedurar!

 

—  Os dois idiotas não vão fazer algo como da vez em que trouxeram uma aranha caranguejeira na sala e soltaram por aí, não é?

 

Ambos os garotos começaram a rir no mesmo momento, se lembrando daquele dia.

 

— Aah, aquele dia! —  Exclamou Kaoru, entre risos —  O melhor foi a reação das pessoas. . .

 

Riram mais uma vez. Naquele incidente, quase todas as garotas, junto a professora, subiram em cima das mesas, amedrontadas. Os dois endiabrados apenas sorriram serenamente, observando os meninos tentando se organizar para matar o animal e fingindo também estarem fazendo alguma coisa para ajudar. . . Resultado: perderam uma aula inteira com aquilo até que alguém finalmente chegasse para tirar e levar a aranha, que Kaoru e Hikaru acabaram confessando depois ( muito, mas muito depois ) ser deles. Uma de suas colegas de classe, Megumi, era aracnofóbica, e ficou traumatizada eternamente quando a aranha subiu em cima das pernas dela!

 

— Minha nossa, vocês dois são terríveis! — Haruhi murmurou.

 

Um momento depois, Hikaru saiu para conversar com outras pessoas, e foi a vez de Kaoru se inclinar sobre a garota, descansando sua cabeça em seu ombro levemente. Ele só precisava de um momento a sós com ela. . .

 

A morena corou e se remexeu desconfortavelmente.

 

—  Kaoru, o que está fazendo? Alguém pode nos ver. . .

 

—  Me deixe aqui só um pouquinho, Haruhi. Quero ficar o pouco de tempo que  tenho com você antes de as aulas começarem.

 

A menina começou a se sentir levemente nervosa e corada, como sempre se sentia quando estava com ele. Um tempo depois, a maioria dos estudantes se dispersaram para dentro da escola quando as portas se abriram, deixando apenas eles, que ainda permaneciam sentados ali no gramado deserto.

 

Kaoru se aconchegou mais nela enquanto Haruhi levemente acariciou seus cabelos, enredando seus dedos nos fios alaranjados lisos e macios apenas por descontração. Sentiu o cheiro adocicado e envolvente de seu perfume.

 

“ Ralph Lauren “ Pensou ela.

 

A crossdresser não sabia tanto de moda quanto seu namorado, porém sabia que ele sempre costumava usar Ralph Lauren, seu perfume usual de sempre. Agora que eles tinham maior proximidade, ela pôde conhecer e reparar até mesmo em mínimos detalhes como esse, que fazia parte da pessoa a qual Kaoru era, e, mesmo sendo quase nada demais para muitos, para ela importava.

 

Haruhi olhou carinhosamente para ele e sorriu, admirando a expressão sonolenta e pacífica do gêmeo ruivo.

 

—  Olha, nós temos que entrar, podemos acabar chegando atrasados.

 

Em resposta, ele apenas se remexeu. Seus olhos, uma natureza de mistérios profundos e abundantes, estavam fechados enquanto este murmurava:

 

—  Não, Haruhi. Me deixe ficar só mais um pouco. . .

 

A garota revirou os olhos. ‘ Kaoru estava carente ou algo assim?’ era o que ela se perguntava. A resposta é não. . . Na verdade, ele se sentia extremamente culpado pela noite passada, e por ter passado tanto tempo desnecessário ( mesmo que obrigatóriamente ) com outra garota. Mal pôde dormir ao pensar em que expressão Haruhi faria se ela o tivesse visto atirado contra uma parede, preso entre os braços e pernas de sua prima irritantemente obcecada por ele, prestes á beijá - lo. Ela certamente entenderia tudo errado e pensaria que ele a estava traindo. Esse simples pensamento dava calafrios na espinha do jovem rapaz, que não gostava nem ao menos de imaginar isso.

 

“ Esquece! “ Pensou ele. “ O que realmente importa é o tempo presente."

 

Abriu finalmente os olhos, suspirou e sorriu. Ele se sentia bem agora estando ao lado dela.

 

—  K - Kaoru, você sabe, ninguém pode nos ver.

 Ele riu.

 

—  Eu sei, mas não há nenhuma alma viva além de nós aqui, Haruhi.

 

Agora foi a vez dela suspirar.

 

—  Tudo bem. . .  —  Murmurou, em um murmúrio quase inaudível

 

O ruivo continuou sorrindo alegre e se aproximou mais dela, segurando seu rosto com delicadeza e beijando - a em seguida. A corrente elétrica de emoções subiu pelo corpo de ambos, aquecendo - os e esfriando - os ao mesmo tempo, numa colisão de sensações. . .  A pele de Haruhi se arrepiou toda enquanto ela se inclinava e lhe devolvia o gesto, sentindo os lábios mornos dele nos seus, o calor aumentar e diminuir no mesmo momento em que passou os braços por sua cintura firmemente. Quando finalmente se separaram, olharam um para o outro intensamente e sorriram mais uma vez. Depois disso, o sinal tocou.

 

. . . . . . .

 

—  Como assim vocês estão juntos?!? —  Gritou Tamaki indignado,  tentando sem sucesso se controlar para não  avançar e estrangular Kaoru.

 


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Notas finais do capítulo

Sério, pessoal: escrevi 15 páginas, mas mesmo assim ainda estou me sentindo meio mal kkkk
Se eu pudesse, escreveria mais de 15. 000 para vocês, apenas para compensar o meu sumiço instantâneo. Um grande abraço para todos os fãs de Ouran Highschool que pude conhecer graças a esse site maravilhoso, o Nyah. . .
Agora. . . o que será que vai vir pro próximo capítulo? Hmm. . . Sinto cheiro de tretas no ar!! xD



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