Eu te odeio, Midorima Shintarou escrita por Aquarius


Capítulo 1
Jokenpo


Notas iniciais do capítulo

Olá olá, pessoal. Essa é a minha primeira long-fic, então sejam gentis comigo. Mas é lógico que críticas construtivas são não só bem vindas como também necessárias para um mundo melhor. Então deixem suas opiniões, oui? Boa leitura! ♥



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Ao longo de seus 17 anos de vida, Takao Kazunari aprendeu três verdades absolutas:

1- Nunca é uma boa ideia chegar atrasado ao treino, não importa qual seja a emergência, porque Otsubo NÃO gosta de esperar;

2- Nunca se deve deixar seu gato irritado e sozinho perto dos móveis caros da sua avó;

3- Midorima Shintarou nunca perde no jokenpo.

E foi por isso que, numa tarde de sexta feira, quando os dedos enfaixados de Shin-chan formaram uma tesoura e perderam para a pedra de Takao, ele soube imediatamente que alguma coisa estava errada.

— Shin-chan, quem morreu?

Midorima virou o rosto, encarando o vazio.

— Ninguém morreu. Eu estou bem.

Takao tinha orgulho em dizer que, de todas as pessoas do mundo, ele foi um dos poucos escolhidos que conseguiram uma cópia do Manual de Midorima Shintarou, e declarava a plenos pulmões que ninguém conhecia aquela cenoura como ele. Mas, em toda a sua experiência ao lado do menino, ele nunca vira seu melhor amigo agir de modo tão estranho. Midorima estava claramente evitando contato visual com ele, e isso o estava deixando louco.

Takao odiava quando Shin-chan escondia as coisas. Midorima sabia muito bem que ele descobriria qual o problema cedo ou tarde, então por que se incomodar? Ele respirou fundo, apertou a ponte do nariz e disse:

— Shin-chan, eu não posso te ajudar se você ficar parado aí, caladão.

— Parece que é a minha vez de pedalar.

Midorima ainda não o estava olhando nos olhos. Ótimo. Takao suspirou.

— Tudo bem. - resmungou, subindo na carroça. Se Shin-chan não queria se abrir, ele é que não ia ficar se preocupando e sendo um bom amigo para aquele babaca.

Bufando, Takao desviou o olhar para as costas de Shin-chan enquanto ele pedalava. Era uma sensação tão estranha vê-lo fazer o que fora seu serviço durante incontáveis anos. Mas tinha de admitir que não tinha nada de desagradável naquela visão. Estava fazendo maravilhas com seu ego. Talvez Shin-chan estivesse sendo um adorável Tsundere pra variar e tinha resolvido deixá-lo aproveitar o passeio uma vez na vida. Takao sorriu, admirando a cor esmeralda dos fios de Midorima brilhando ao sol, um ar carinhoso em seus olhos. Esse idiota, pensou. Como um cara pode parecer tão antipático e ser tão doce?

Takao se manteve tão distraído em pensamentos de seu melhor amigo que nem percebeu que estava em casa até escutar a voz de Midorima o despertando.

— Ah. Já chegamos. Obrigada pela carona Shin-chan, eu deveria fazer você dirigir pra mim todos os dias.

Takao esperou um insulto, um revirar de olhos ou qualquer reação hostil, mas Midorima simplesmente suspirou e voltou a se sentar na bicicleta. O moreno ergueu uma sobrancelha.

— Shin-chan... você não quer entrar? Minha mãe adora quando você almoça com a gente, sabe. Ela até tira as cenouras da comida pra que você não se sinta um canibal.

Lá estava. O revirar de olhos. Takao sentiu um peso ser levantado de seus ombros. Com essa reação ele sabia lidar, estava de volta em território familiar.

— É muito gentil da sua parte, Takao.

Se fosse qualquer outra pessoa, deixaria de notar o sarcasmo naquelas palavras. Mas Kazunari não era qualquer um. Ele piscou, abrindo seu sorriso amarelo.

— É que você é especial, Shin-chan. Vamos, entra aí.

— Não posso hoje, mas agradeça à Kanako-san por mim. Te vejo amanhã na escola.

E, com isso, Midorima estava dobrando a esquina para depois sumir de vista. Takao estava abrindo a porta de entrada quando um pensamento lhe ocorreu: não haveria aula amanhã. Shin-chan jamais cometeria um erro desses se não tivesse algo muito errado. Um nó de preocupação se formou novamente em seu estômago e ele enfiou a mão no bolso, fechando os dedos em volta do celular. Será que deveria ligar? Takao balançou a cabeça negativamente. Shin-chan não atenderia agora. Decidiu, por fim, ligar mais tarde.

Takao tirou os sapatos na entrada.

— Mãe, cheguei!

Shirou apareceu aos seus pés, miando e enroscando-se entre suas pernas.

— Olá, parceiro. Vamos te dar um pouco de leite.

O gato ronronou e esfregou a cabeça na perna de seu dono afetuosamente. Takao lhe fez um carinho e andou até a cozinha, enchendo a tijela que o próprio Midorima havia dado a Shirou, uma semana depois de Takao achá-lo procurando comida no lixão. Na época, ele o havia chamado de Kuro; mas, depois de um banho, o pelo do animal revelou-se branco como a neve. Takao sorriu ao olhar para a caligrafia cuidadosa e infantil de Midorima adornando a tijela e foi até a sala.

— Mãe? Tá em casa?

Só então Takao avistou um bilhete de sua mãe na mesa de centro, avisando que trabalharia até mais tarde. Ele suspirou.

— Ela realmente deveria descansar mais - murmurou.

Entrando em seu quarto, Takao se jogou na cama e ficou encarando o teto. Engraçado como, depois de conhecer Midorima, seu quarto ganhara muitos enfeites verdes. Takao riu, lembrando-se do dia em que viu o menino-cenoura pela primeira vez.

Ele tinha 7 anos e havia acabado de jogar sua bola de basquete para fora de sua casa. O pequeno Takao estava indo buscá-la, quando encontrou um menino de cabelos verdes chorando espatifado no chão, óculos quebrado e bola de basquete à sua frente. Takao correu para ajudá-lo, preocupado. Não importava o que dissesse, não conseguia fazer o garoto se acalmar. Então se lembrou do que sua mãe costumava fazer; aproximou-de da testa do menino e deu-lhe um beijo estalado. O choro parou na hora e dois olhos verde-esmeralda se viraram para ele, inchados e arregalados. Takao estendeu a mão. "Quer jogar basquete comigo? Eu te compro novos óculos". O garoto parecia tímido, mas segurou-se na mão do outro para se levantar, murmurando: "Mamãe diz que não devo falar com estranhos" O pequeno Takao riu. "Tudo bem. Meu nome é Takao Kazunari, e o seu?" "M-Midorima Shintarou" "Pronto. Agora não sou mais um estranho, né?" Disse ele, sorrindo. Midorima retribuiu o sorriso, e o pequeno Takao nunca tinha visto o rosto de alguém brilhar tanto.

Takao não poderia estar mais feliz por ter conhecido o cara mais Tsundere da face da Terra. Ele sempre gostou de pessoas gentis, e não havia coração maior que o de Midorima Shintarou: o garoto de 1,95 metros que todos tomavam por recluso, esquisito e desengonçado. Mas Takao via nele um brilho que ninguém mais via. E, por mais egoísta que isso soasse, queria que só ele pudesse ver esse brilho. Porque, se todo mundo descobrisse o quão incrível era o seu melhor amigo, ele teria que dividir Midorima com o mundo. E isso simplesmente não era uma opção.

Shirou miou ao pé da cama, acordando Takao de seu devaneio. Preciso ligar pra ele. Discou o número que conhecia como a palma de sua mão. Midorima atendeu no terceiro toque, o que era uma eternidade para os padrões dele.

— Takao?

Mesmo depois de 10 anos, o coração de Takao ainda dava piruetas ao ouvir a voz dele em seu ouvido.

— Yo, Shin-chan. Liguei pra ouvir essa sua voz melodiosa.

Ele praticamente podia ouvir Midorima revirando os olhos.

— Você é um panaca.

Insultos. Bom sinal.

— É, mas eu sou o seu panaca.

— Não me recordo de ter pedido um panaca.

— Ah, mas você pediu. Pede toda noite, quando reza pro seu anjo da guarda.

— Takao, eu posso listar todas as coisas ilícitas que você já fez que provam que você não é um anjo.

— Mas você me ama. E não seria nada sem mim.

Midorima suspirou. Ah, como era bom provocá-lo.

— Ok, você é o melhor amigo do mundo e eu não seria nada sem você. O que você quer?

Takao sorriu. Midorima estava agindo normalmente outra vez. Talvez ele estivesse sendo irracional. Talvez não houvesse nada de errado com Shin-chan, afinal. Ele soltou um riso de alívio.

— É bom ter você de volta. Achei que tivesse algum problema que você não quisesse me contar.

Com isso, o outro lado da linha ficou mudo. Takao verificou o telefone para ver se a ligação tinha caído, mas Shin-chan ainda estava lá. Ele ouviu um suspiro. Droga.

— Takao... na verdade, tem um problema.

É claro que o fato de Shin-chan confiar nele o suficiente pra lhe expor suas fraquezas e problemas deixava Takao nas nuvens. Mas o tom de voz que Midorima estava usando, como se estivesse sendo machucado, cortava seu coração. Ele engoliu em seco.

— Você não precisa falar se não quiser, Shin-chan. Você sabe qu-

— Eu acho que meu pai está tendo um caso.


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Notas finais do capítulo

Pobre Shin-chan! T^T Oh well, o que é uma história sem um pouco de sofrimento. Se você chegou até aqui, espero que tenha gostado. Reviews?