Segredo Virtual escrita por Alehandro Duarte


Capítulo 19
Capítulo 19 Baile de Respostas I


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo é dividido em duas partes e também é o MAIOR CAPÍTULO que eu já escrevia.



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— Não acredito...- Sentia raiva e angústia, não pela morte de seu pai biológico, mas por sua mãe ser capaz de matar apenas para evitar que ele tivesse uma relação com a filha.
— Eu não queria que ele te machucasse.- Ela deu meia volta indo em direção a porta, a mãe tentou segurá-la mas em vão.-Sara me escuta!
— As pessoas mudam, e você não é ninguém para julgá-las!
— Não tive escolha...- Em um momento de impulso, Sara atira sua mão sobre o rosto dela, lhe dando um forte tapa. Aquele movimento assustou tanto Sara quanto Jessica, foi equivocado mas ao mesmo tempo ela sabia que no fundo queria aquilo.- Não quero nem mais olhar para sua cara.- Abrindo a porta se deparou com Lídia e Jason segurando seu filho no outro lado da rua, ela se virou para mãe e deu uma suspirada e sorriu forçadamente .- Ah, Recomendo cortá-lo em partes, é mais fácil.- Saiu da casa e atravessou a rua. Jessica continuou parada na porta, ainda assustada com tudo aquilo.

 

Naomi se apoiava em Ellen, as duas entraram de cautela pela porta dos fundos da cozinha, nenhum dos empregados podiam saber que estavam ali ou o segredo de seu pai iria por água abaixo. Mesmo ele merecendo o pior dos castigos, Ellen sabia que também seria prejudicada se ele perdesse seu cargo, ela perderia todo o dinheiro que tem e o Cold Blood precisaria começar a servir a outras pessoas e isso não lhe agradava, queria escolher quem e quando matar,e não ser obrigada a fazer isso:
— Pronto, está de volta.- Dizia enquanto puxava a cadeira para sua mãe sentar.
— O que eu mais quero é sair dessa casa, depois de tudo isso...- Ela repousa na cadeira no mesmo instante.
— Sei como se sente, mas isso vai passar logo.- Ela caminha até a geladeira, pegando uma jarra de suco e em seguida lhe servindo em um corpo.- Beba.- Ellen estende o copo para a mãe que o pega em seguida.
— Obrigada.- Ela dá um gole e demonstra um sorriso prazeroso.- Fazia tempo que não bebia algo assim...- A Filha dá um sorriso de satisfação.
— Bianca me contou sobre você, se não fosse ela nunca teria descobrido o plano do meu pai.
— Minha ficha ainda não caiu que ela é filha da Sofia, é boa demais pra ser verdade, literalmente.
— Sou sua filha e não sou como você.
— Não precisa jogar na cara que fracassei ao tentar entrar no Cold Blood.
— Não é por isso...É por causa que você é mais...
— Fraca.
— Mãe! Não seja tão dura consigo mesmo, você não é fraca, apenas mais delicada...
— É um fato. Não resisti aquilo tudo, eu poderia ter chegado até aonde você está agora. Você é uma Líder, algo que eu nunca vou ser.
— O Cold Blood não é muito a sua cara, e se tivesse entrado nele, não me teria.
— O Cold Blood não é a cara de ninguém, Ellen...Déjà vu...
— Déjà vu?
— É quando sente que já falou ou fez aquele momento antes, é estranho...
— Ah, sei como é...- Ela pega a mão da mãe a segurando firme.- Não precisa passar por isso sozinha.
— Não estou, sei que você está comigo.- As duas trocam sorrisos e em seguida se abraçam.

 

— Eu não acredito que você soltou ela! .- Sofia Repreendia Bianca;"Como minha própria filha me trairia", era isso que pensava.- Se mais alguém descobrir, tudo o que eu construí pra gente, vai desmoronar!
— Eu nunca vi o quanto desumana você é, mãe!- Bianca estava sentada na cama olhando com nojo para ela.
— Fiz isso pra te dar o melhor! Uma vida em que você tenha tudo o que queira, filha.
— Não quero isso a custa da vida de outra pessoa.
— Tudo o que eu faço é por você e seu irmão, eu seria capaz de matar por vocês dois.
— Deu pra perceber.- Ela deu uma pausa mas voltou a falar.- Porque você não admiti que tudo isso é por próprio capricho seu, você não se importa com a gente, usa isso como motivo por falta de argumentos!
— Bianca!
— Sai do meu quarto.- Ela virou a cara para não olhar a mãe.
— Eu não vou sair.- Sofia colocou a mão entre as bochechas da filha a puxando para encará-la.- Querendo ou não, você vai ter que me obedecer, não pode fazer nada enquanto eu estiver viva, e acho melhor que me respeite, por que eu sou mais que "desumana".- Estava muito irritada com Bianca, mas mesmo assim mantinha sua postura.
— Tenho nojo de ser sua filha.
— Que se contente com isso.- Estava prestes a ir embora, mas algo veio a sua mente.- Já ia me esquecendo,você vai voltar a fazer tratamento para andar. Quero seu grau de ameaça no mesmo que o meu, e aleijada é muita desvantagem.
— Não, eu não vou. Isso já falhou uma vez e não vou passar por isso tudo de novo! Isso não é um joguinho, é a minha vida!
— Que escolha você tem?.- Bianca a encara assustada, sua mãe estava cada vez se transformando em um monstro pior.
— A escolha de contar à todos sobre Naomi.
— Está me desafiando?
— Estou e não preciso andar para conseguir isto.- Sofia sorri para ela.-
— Boa sorte, querida.
— Vou ter.

 

Após mais um mês de discussões, confusões e muitas mais brigas( mas não relevantes a histórias), o "Baile de Resposta" como Ellen gostava de chamar, estava pronto. O relógio do restaurante marcava meio dia, o Baile começaria às oito, segundo o cartaz na parede. A Festa era em homenagem ao Cold Blood, eram conhecidos por serem " Justiceiros " após assassinarem outro assassino à sangue frio. Toda a cidade estava ansiosa e curiosa para saber como seria aquela grande festa, mas pelo cartaz dava para ter uma ideia; Máscara similares aos quais o Cold Blood usava e embaixo a seguinte frase," Pode esconder seu rosto, mas não a sua alma ". Seria algo sinistro e sombrio, todos contavam com a presença deles( o Cold Blood ), algumas pessoas estavam com medo e outras animadas para aquela situação. O que aconteceria na melhor festa do ano? Era isso o que todos se perguntavam, algo que tinha uma resposta e ao mesmo tempo nenhuma:
— Vai para a festa da Ellen hoje?.- Pergunta Sara sentada em frente a mesa, enquanto degusta de suas batatas-fritas com ketchup.
— Acho que não, o Cold Blood não é muito minha cara.- Disse Lídia com uniforme e em pé ao seu lado.
— O Cold Blood não é a cara de ninguém, mas todo mundo quer vê-los lá.
— Vão mostrá-los?
— Ainda não descobri o que Ellen quer, mas garanto que está armando algo pra cima da gente.
— Tenha cautela, Sara. Você sabe do que eles são capazes.
— Sim, eu sei...- Ela para de comer por um momento, olhando para as pessoas em volta.
— Acho que você precisa distrair sua mente por um momento. Quer ir à praia comigo?
— Talvez seja bom.- Sara sorri para Lídia, que retribui com uma piscada.

 

Flashback On:

 

— Vamos brincar com ela? .- Perguntava Thiago dentro da casa abandonada junto com Ellen e Jason.
— Talvez seja um bom passatempo, peça ao Daniel para trazer aquela peppa morta.- Diz Ellen se referindo para Thiago.
— Está bem.- Ele sai do cômodo com seu celular na mão, enquanto Jason a encarava com cara feia.
— Você tem caras muito melhores do que essa, vai por mim assim até o Pitbull da esquina vai ter medo de você.- Ele desfaz a cara amarrada e dá um sorriso no canto da boca.- O que foi?
— Vai mesmo gastar seu tempo com uma garota mimada que veio procurar o amigo virtual que morreu? O Cold Blood está se rebaixando a essa nível, mesmo?
— Ela é filha de quem o matou, é uma história emocionante e esse é o nosso mais novo jogo! Faz tempo que não inovamos, isso não é rebaixamento, é diversão!
— Pensei que o Cold Blood matava pessoas, não a usassem como boneco.
— Que graça tem matar uma pessoa se não torturá-la antes.- Diz ela erguendo a sobrancelha.- Jason você precisa começar a parar de fazer perguntas, e obedecer mais.
— Eu não nasci pra ser capacho de ninguém, muito menos o seu.
— Como se você tivesse escolha.- Ellen sai do cômodo batendo seu ombro ao de Jason como provocação.

 

Flashback Off:

 

Ellen perambulava o Shopping junto com sua mãe que usava uma peruca loira junto com uma echarpe na cabeça e um óculos escuros:
— Estou me sentindo uma personagem clichê de filme de crime.- Resmungava Naomi ajeitando seus óculos.
— Pensei que já havia se acostumado, é a terceira vez que saímos juntas esse mês.
— Não me acostumo tão rápido como você, Ellen.
— Eu não me acostumo rápido, apenas tento aceitar as coisas o mais rápido possível.- A mãe ergue a sobrancelha para ela.- Está bem, você tem razão, feliz?
— Bastante.- Um grande sorriso surge em seu rosto e em seguida uma pequena risada. Ela se aproxima mais da filha e a abraça de lado, acariciando seu ombro e depois lhe dando um beijo na testa.- Acho que devíamos ir logo para casa se arrumar para sua "grande festa". Não está ansiosa?
— Claro que estou, mãe...Mas antes preciso ir ao banheiro.
— Está bem, me encontre aqui mesmo.- Diz Naomi sentando no sofá que se encontra no meio do shopping que só agora fora percebido por Ellen, a mesma caminha em direção ao banheiro mas faz uma curva ao perceber que sua mãe estava distraída procurando um masso de cigarro dentro da bolsa. Ao chegar enfrente a uma doceria, retira seu celular do bolço. Ela disca alguns números, mas antes de apertar a tecla para ligar, Jason lhe surpreende pegando o aparelho.
— Que susto.- Diz ela um pouco pasma.
— Uma assassina à sangue frio com medo?
— Eu sou humana.
— Não é isso que demonstra.- Ele diz isto com um grandioso sorriso estampado em seu rosto.
— Chega de enrolação, me fala logo o que tem pra falar.- Ellen olha a hora no celular; 12:50.- Estou atrasada.
— Falta muitas horas ainda, temos tempo o suficiente.
— Não, não temos. Garoto, fala logo.- Ela estala a boca e serra os olhos
— Aline voltou para a cidade.- Ao ouvir isso, Ellen fica boquiaberta.- Não sei porque está tão surpreendida, sabíamos que ela ia voltar.
— Merda. Aonde viu ela?
— Ontem de madrugada, ela estava usando uma máscara parecida com a nossa, eu a vi tirá-la, tentei me aproximar mas ela correu. O que faremos?
— Porcaria nenhuma, não temos nada para fazer.- Ellen pega seu celular mandando uma mensagem para Sara e em seguida outra para Rebeca.- Vou avisá-las para ficarem alertas, algo mais?
— Não, apenas isto...Está com a sua mãe, não é mesmo?
— Sim estou, ela precisava sair um pouco, um ano não se desfaz em um mês, infelizmente...
— Espero que ela supere isso logo.- Ela balança e cabeça e dá meia volta, mas é segurada por Jason.- Acho que deveríamos avisar...
— Ela não faz mais parte do Cold Blood, Jason.
— Eu sei mas...- Ellen o olha com cara de tédio.- Está bem...
— Você precisa parar de pensar nisso tudo, tente distrair a cabeça.
— Estamos enganando Sara, não me sinto bem com isso.
— Deveria ter pensado nisso antes de também entrar no jogo.
— Eu tinha escolha?
— Realmente não.- Seus celulares vibram, deduzindo serem mensagens, os dois pegam os aparelhos e desbloqueiam. Era uma notificação do Blogueiro que recentemente estava fazendo bastantes postagens sobre o Baile e o Cold Blood e essa era a mesma coisa de sempre; " Ansiosos para a grande noite? As lojas de fantasias nunca faturaram tanto. Eu dei muita sorte de já ter arrumado a minha há bastante tempo, e também quero anunciar que farei uma cobertura e Live no Baile, espero que todos se divirtam, pois nele vocês terão respostas, respostas sobre o Cold Blood. Até à noite! ". Os dois se encaram percebendo que aquele texto como os outros tinha mensagens escondidas.- Ele sabe quem somos.

 

— Vai ao baile? .- Perguntava Ruby para sua filha que já estava com sua barriga de grávida maior, demonstrando está com 4/5 meses.
— Sei lá...Dar uma festa para assassinos por matarem outro assassino, é algo um pouco estranho...
— Pouco não, muito!.- Compreendia a mãe.- E seu irmão?
— Não cuido da vida dele.
— Você tá muito arrogante, hein garota.
— Não falei com essa intenção...
— Aham...Aonde está seu pai?.
— Acho que está na garagem mexendo no carro dele, essas coisas.
— Vá lá.
— Pra quê?
— Vai!- Ruby vira o rosto e caminha até seu quarto, com a intenção de que sua filha não visse sua face.
— Mudou de assunto tão rápido...- Ela dá de ombros, mas vai até a porta da garagem que ficava do lado de fora da casa. Ao colocar a mão na maçaneta, parecia que uma voz havia nascido naquele estante dentro da sua cabeça que lhe "dizia" para não abrir. Aquilo era estranho, mas por impulso acabou abrindo e acabara de presenciar uma cena que nunca esqueceria; Seu pai beijava uma mulher que ele pressionava contra a parede, sua mão deslizava na coxa dela enquanto os braços da mulher estavam em volta de seu pescoço. Ao olhar tudo aquilo, ela sentiu vários sentimentos se juntarem e sem poder expressar um, resolveu apenas falar.- Acho que você tem muito para explicar.- Ao ouvir aquilo, ele se virou surpreendido com sua filha que cruzava os braços. A mulher contia um grande sorriso no rosto e ao sair de trás do homem, seu rosto finalmente podia ser visto. Rebeca...

 

Lídia e Sara caminhavam na praia sentindo os pequenos e fofos grãos de areia em seus pés, era algo tão bom e simples. As duas ainda estavam com roupas normais, demonstrando que ainda não haviam entrado na água:
— Dia lindo, não?
— Sinceramente, está como sempre.- Sara respondia a pergunta retórica.
— Quem dera sempre fosse assim... A última vez estive aqui foi....
— Com o Daniel.- Interrompe Sara.- Você já contou isso tantas vezes que eu até já gravei.
— Desculpa, eu me empolguei...Foi um dia tão bom...
— Só pode ter sido, pra falar dele toda hora.
— É....- Ela tenta mudar de assunto.-O que acha da gente entrar logo?.- Lídia tira sua roupa, mostrando seu biquíni e sua calcinha vermelha com um laço da mesma cor. Sara tira sua blusa e em seguida seu short, mas ao olhar as suas costas, Lídia percebeu cicatrizes nela.- Sara?! .- Sara olha para as próprias costas, colocando a blusa novamente.- O que foi isso?
— Não foi nada.
— Vai me contar!
— Lídia...
— Foi o Cold Blood, não foi?.- Ela concorda com a cabeça. Lídia se aproxima dela rapidamente e a abraça.- Ai, Sara...O que houve? Sabe que pode me contar.- Sara chorava ao ombro da amiga, o som do choro se aumentava a cada lágrima que saia daquele rio em seus olhos.

 

Flashback On:

 

Amarrada em um poste no meio de um sol escaldante, estava Sara totalmente nua, sendo admirada por Ellen e alguns homens que eram seguranças do local. Ela chorava, mas tentava se manter o mais firme possível, se demonstrasse mais fraqueza, mais iria sofrer. Thiago veio segurando um chicote e o entregado a um homem musculoso e moreno.
— Faça o que tem que fazer.- Diz Ellen sorrindo para o homem que foi até uma distancia em que o chicote alcança-se Sara. Ele começou a chicoteá-la e altos gritos podiam ser ouvidos de longe, ela chorava como uma criança e gritos agoniantes se aumentavam a cada chicoteada. O mais impressionante era que nenhum deles estavam com o mínimo remorso, apenas olhavam aquilo com cara de tédio.

 

Flashback Off:

 

— Eu só queria saber, o por quê dela não fazer uma festa aqui mesmo, a nossa casa é bem grande.- Resmungava Bianca na sala de estar ao lado de Sofia.
— Porque ela tem classe.- Respondia a mãe com ignorância.- E a cidade toda não cabe aqui.
— Não sei pra quê dar uma festa para assassinos...Como ninguém desconfiou ainda? Morre tanta gente nessa cidade que o dono da funerária já deve estar rico.
— A cidade toda estava comentando sobre o Cold Blood, por isso uma festa em sua homenagem não seria algo tão estranho assim.
— Você é a favor deles?
— Sou a favor de meu filho continuar vivo.- Ela se levanta indo até a estante e pegando um álbum de retratos.- Lembra desse?
— São as fotos que tiramos antes de eu...
— Exatamente.
— Não quero ver isso...

 

 

Flashback On:

 

As crianças brincavam na laje de uma antiga casa em que Sofia ainda morava junto com seu marido, os muros da laje ainda não estavam acabados, deixando assim um grande perigo de alguém cair. Bianca tinha apenas 6 anos na época, Dylan 8 e Jason 10. Ela brincava dentro de uma piscina plástica junto com suas bonecas, enquanto Dylan com um caminhão e um monte de terra que havia pego no quintal. Sofia vigiava as crianças, mas teve que sair por um momento ao sentir cheiro de fumaça vindo da cozinha. Ao se aproximar de Bianca, Jason pegou sua boneca e a jogou perto do precipício da laje, ela sai da piscina indo até a boneca e se baixando para pegá-la, em seguida Jason a dá um chute nas costas, a fazendo cair.

 

Flashback Off

 

Algumas horas mais tarde, uma multidão já se encontrava em frente aos portões gigantes de ferro do quintal da mansão, esperando dar as 20:00 horas em ponto para poderem entrar. Pelas grades dava para espiar; Os seguranças em frete a porta de entrada da mansão, eles também usavam máscaras do Cold Blood, os chafariz com um jogo de luzes, e as esculturas de pessoas com capuz, mas havia uma escultura que chamava mais atenção que todas as outras; A Girl Blood sentada encima das costas de um homem, enquanto atrás dela havia uma mulher segurando uma foice. Até Sara que estava do lado de fora estranhou isto, que mensagem isso iria trazer? Ao olhar seu relógio, ele marcava 19:58 horas, em menos de 2 minutos começaria um momento histórico na cidade, algo que iria ser manchete de jornais, na verdade já estava sendo. A cada segundo parecia que mais cinco pessoas vinham para ficar enfrente aos portões e todas elas seguravam máscara de Guy Fawkes e algumas até vinham com capuz e batons vermelhos cintilantes. Sara buscava outros olhos na multidão, os olhos castanhos claros de Lídia, não sabia se ela iria vir ou não, mas também seria impossível achá-la no meio daquele tumulto. Ao tentar achar uma brecha de janela ou outra porta na mansão para espiar mais, percebeu que não tinha nenhuma, a unica saída e entrada era a porta da frente que os seguranças tampavam. Deu as 20:00 horas, um sino tocou de dentro mansão e em seguida os seguranças abriram os portões; A multidão entrou empurrando uns aos outros, todos admirados com o quintal, algumas pessoas foram em direção as esculturas, mas os seguranças não a deixaram passar. Os seguranças mandaram as pessoas fazerem fila para serem revistadas, a revista foi tão rápida que nem parecia que procuravam direito. Após todas as pessoas passarem pela revista, os grandes portões se fecharam, assustando algumas pessoas dali. Por fim as portas de entrada foram abertas, tudo mundo ficou boquiaberto ao ver aquele cenário. Aquele lugar era literalmente Gigantesco, havia centenas de portas fechadas uma ao lado da outra, com certeza haveria uma caça ao tesouro ali. Várias cadeiras em volta de mesas que serviam de suporte para as máscaras do Cold Blood e alguns talheres juntamente com pratos, frases na parede escritas com tintas vermelhas. Havia também uma mesa imensa cheia de comidas e guloseimas, se uma criança quisesse pegar diabete, era só ir lá. E no fundo, um palco com uma telona ao fundo e caixas de som; Ellen subia as escadas para chegar ao centro daquele imenso palco que também era aonde estava um microfone:
— Olá cidadãos dessa cidade maravilhosa!.- As pessoas começaram a se aproximar, aplaudido e em empurrando uma as outras para ficar com uma boa vista, mas todos sabiam que faziam aquilo mais por " obrigação ", já que ela é a filha do prefeito.- Sejam bem-vindos ao primeiro Baile em homenagem ao grupo de assassino, Cold Blood! E eu aposto que isso é certamente estranho para vocês, né?.- Sara olhava para todos os cantos, há espera de uma armadilha ou algo do tipo. Ela ficara olhando o grandioso lustre de cristal no teto, será mesmo que ele iria cair e esmagar todo mundo?.- Mesmo assim somos todos humanos, e eles provaram que querem justiça contra outros criminosos. Se isso não é ato heroico, não sei o que é. Mas vou ser bem breve...- Sara pega seu celular no bolço, mesmo sendo espremida pela multidão. A Live do Blogueiro já havia começado, e ao procurar a posição e altura da câmera, percebeu que ela vinha de um lugar bem alto...O único objeto naquele altura era o lustre, era dali que estava sendo transmitido. Já as postagens eram bem recentes; " Que discurso barato, esperava mais de você, Ellen. ", " Falsa... ".- Então agora irei explicar o motivo de ter tantas portas;Haverá uma caça ao tesouro e dentro de cada cômodo à mais portas, passagem secretas e vários baús. Dentro de cada baú terá algo diferente, como uma máscara, fones de ouvidos...Objetos aleatórios, mas o que devem procurar é uma rosa branca, quem a achar vai receber um prêmio, é surpresa. E para que não hajam roubos nessa brincadeira, tive que tomar medidas drásticas...- De repente a porta de entrada se fecha, fazendo um barulho tão alto que ecoa pelo salão.-...Que os jogos comecem.- Ela desce do palco pegando uma máscara que estava encima da mesa e colocando sobre seu rosto. Todas as pessoas começaram a se espalhar pela mansão, algumas sentaram e foram apenas comer, outras vasculhavam os cômodos e baús feito loucos, já Sara ficou parada há espera de que alguém fosse lhe achar, isso deu certo.
— Sara?!.- Gritara Lídia tentado chegar até ela.
— Finalmente.- Disse ela segurando sua mão.
— Quer procurar um lugar pra sentar?
— Com o numero de pessoas que estão aqui, não mesmo.- Ela tenta se aproximar das escadas para o palco e depois de muito esforço consegue e se senta juntamente com Lídia.- Solução básica e fácil.
— Eu pensava que esse Baile seria...Um pouco mais assustador.
— Também...Mas tenho o pressentimento que ainda há algo para acontecer...
— Talvez...Clichê, não? Cidade pequena onde todo mundo se conhece, fofocas se espalham rápido, assassinos, festas em que tudo dá errado...
— É, mas a heroína se tornar vilã não é algo tão normal assim.- Dizia ela com um pouco de drama.
— Mas também não é novidade.- Após alguns segundos olhando a multidão, ela tenta mudar de assunto..- Quer procurar Jason?
— Eu estou bem sem papa-figo me perturbando.
— Novo apelido pra ele?
— Antigamente era cachorro arrependido, mas troquei pra esse.
— Prefiro a do cachorro
— Eu também.- As duas riem daquela "Babaquice".

 

Flashback On:

 

— Acha mesmo que isso vai funcionar? .- Perguntava Daniel para Thiago.
— Já funcionou.- Eles olhavam pela janela quebrada da casa abandonada, Sara vinha correndo na esquina. Em seguida os dois fazem sinal para Ellen e Jason que estavam no andar de cima. Todos tomaram suas posições; Ellen entra dentro do único cômodo com a porta aberta, e ao abaixar uma alavanca na parede faz que um mini quarto seja revelado, rapidamente ela entra lá e se fecha, Jason entra no quarto ao lado e fecha a porta, já Daniel e Thiago se escondem dentro de um quarto embaixo da escada. Após alguns segundos, Sara finalmente entra na casa, observando tudo rapidamente. Ela ouve passos no andar de encima e resolve subir as escadas, passando por Daniel e Thiago que a observavam pela brecha entre os degraus.
— Estou aqui!.- Gritara ela.- O que quer de mim?!.- Sara finalmente vê que apenas havia uma porta fechada, ela percebe que aquilo poderia ser um sinal, que ali era onde deveria entrar. Se aproximou da porta, respirando fundo e a abriu. Após aquilo seu rosto mudou de preocupada para horrorizada; Um porco, um porco morto no chão e seu sangue escorria por ele, na parede também tinha algo, o coração do porco e uma mensagem escrita com o sangue do mesmo: " É isso o que vai acontecer com você. Pare de procurar antes que ache! ". Ao se virar ela dá "de cara " com Jason que usa sua máscara do Cold Blood e em seguida dá um alto e fino grito. Ellen sai do quarto secreto antes mesmo de Sara gritar e ao chegar perto dela, tira um lenço de seu bolço e a segura fortemente, com uma das mãos ela coloca o lenço sobre suas narinas com bastante dificuldade pois Sara tentava se soltar. Ao perceber que não conseguiria mais segurá-la, Ellen a joga no chão a fazendo bater a cabeça. Jason foi até ela, verificar se havia desmaiado.
— O que faremos agora?

 

Flashback Off:

 

— Espero que esteja gostando.- Dizia Naomi com uma peruca, sentada em frente a mesa junto com Sofia e Bianca.
— Do baile?
— Da minha vida.- Sofia a olhou seriamente, enquanto Bianca apenas encarava a situação.
— Talvez você devia cuidar melhor dela.
— Eu cuidei, até você chegar e tirar tudo de mim.
— Não soube segurar as rédias.
— Elas foram cortadas.
— Dá pra pararem, pelo amor de Deus?
— Cale-se Bianca.- Disse Sofia batendo o punho na mesa.
— Eu não vou ficar aturando isso!
— Que opção você tem?
— A minha.- Naomi se levanta colocando a mão na cadeira de rodas.- Se quer sair daqui, vai sair daqui.
— Você não manda na minha filha!
— Ela não está mandando, está fazendo um favor.- Retruca Bianca.- Vamos, Naomi.
— Para onde?
— Qual quer lugar longe dela.- Naomi leva Bianca para longe da mãe e a coloca perto da parede. Uma mulher de capuz se aproxima de Sofia se sentando ao seu lado.
— Achei que elas não iam sair nunca.- Ao tirar o capuz, Aline pega seu celular e manda uma mensagem para alguém.
— Vamos começar ou não?
— Calma, Sofia. Matar uma pessoa não é tão simples, tem que saber a região certa, o local, como esconder...
— Enfia logo uma espada no...- Ela morde os lábios para parar de falar.
— Não sei o que ia dizer, mas foi muito bom não ter dito. Olha, eu vou tentar fazer isso o mais rápido possível, mas não garanto nada.
— Acho bom que não estrague tudo, pois estou te pagando muito bem!
— Tá tudo bem?.- Perguntava Naomi para Bianca.
— Desculpa minha mãe, eu nunca quis...
— A culpa não é sua.- Ela acaricia seu rosto.- Não se preocupa, eu não me importo tanto...
— Eu me sinto mal por isso.
— Sei como se sente, mas realmente não se preocupe. Você não é sua mãe.
— Ok...Pode me fazer um favor?
— Claro.
— Lembra do Jason? Ele esteve lá em casa recentemente...
— Sim, lembro. Seu irmão.
— Se o vir, diga a ele que estou lhe procurando.
— Vai ser meio difícil porque todo mundo aqui está usando máscara, mas está bem, querida. Vou indo, se precisar de algo faz algum gesto com a mão.
— Posso me locomover sozinha.- Respondia com um sorriso no rosto.- Não sou aleijada das mãos.

 

 

— Sara?!.- Jason vinha correndo em direção às escadas para o palco. Sara fez uma cara de tédio ao olhar ele se aproximar.
— O cachorro arrependido vem vindo.- Dizia Lídia sem perceber que ela já havia percebido a aproximação.
— Finalmente te achei.- Ele dizia segurando uma máscara e com um pouco de suor no rosto.
— Não, moço, sou um robô clone. Bipe, Bipe.
— Isso foi mais sem graça que...
— Você!.- Sara se levanta puxando Lídia que faz força para não se levantar mas acaba sedendo.- Tem razão Lídia, isso é muito clichê. Sempre tem um casal sem sal.
— Eu arrumo açúcar rapidinho...- Cochichava ela.- Vou deixá-los a sós, se peguem mas não muito, tá?
— Deus me livre, fica!.- Sem perceber ela já havia corrido para o meio das pessoas.
— Por que não está de máscara?.- Sara arfa ao ouvir a tentativa de puxar assunto de Jason.
— Porque não sou obrigada.
— Ótimas respostas.
— Eu sei...- Aline com capuz, acaba esbarrando em Sara e a fazendo olhar em seu rosto. Sara fica surpresa ao vê-la e não consegue esconder sua reação.
— Desculpe.- Dizia ela virando o rosto para que Jason não avise e em seguida indo embora.
— Por que essa reação?
— Já volto, fica ai!- Sara segue Aline até uma porta aberta perto do palco e a acompanha até lá.- O que está fazendo aqui?
— Temos que ir mais fundo.- Ela entra em uma porta aleatória das dezenas que à no cômodo.- Aqui está bom.- Aline fecha a porta e olha seriamente para Sara.
— Pode me explicar?.
— Eu estou sendo caçada, Sara. Alguém do Cold Blood está atrás de mim!
— Por que alguém estaria atrás de você?
— Porque eu sei demais.- Ela lacrimejava.- Você é minha única esperança, Sara. Sei que pode me ajudar.
— Não, não posso.- Ela vira a cara.
— Eu vi seu sofrimento. Vi tudo o que houve com você e tentei ser o mais gentil possível, está na hora de você retribuir isso.
— Não pedi para fazer nada disso.
— Mas fiz. Fiz porque sou humana, e você? .- Sara continua com o rosto virado, mas sede e olha para ela.- Vai me ajudar?
— Definitivamente, não.
— Sabia que diria isso.- Lágrimas começam a descer de seus olhos. Ela a abraça impulsivamente e forte.- Eu não sei mais o que fazer... Me ajuda por favor!
— Para de chorar!.- Aline coloca a mão no bolso de seu casaco e dela tira um revolve, colocando-o em uma posição que acerte o peito de Sara.- Será que já pode me soltar?
— Desculpe por isso, Sara. Espero que tenha algum conforto no inferno.
— O que? .- O som do disparo ecoa pelo cômodo. Aline cai sobre Sara, fazendo todo seu corpo pesar sobre seu ombro. Ao jogá-la no chão, percebeu que havia sangue escorrendo em suas costas pela bala que a atravessou. Um som de choro vinha da porta, Bianca segurava uma arma enquanto chorava e soluçava olhando o corpo morto no chão.
— E-ela...ia te m-matar...- Dizia ela em prantos, colocando a arma no chão.
— Ai, Bianca.- Sara vai até ela e se ajoelha.
— E-eu...não tive escolha, Sara....
— Tá tudo bem, Bianca. Eu vou dar um jeito.
— Me perdoa!.- Ela esfregava os olhos constantemente, mas mesmo tentando não conseguia parar de chorar.
— Já disse que está tudo bem, eu dou um jeito.- Sara segura sua mão e dá um sorriso confortante a Bianca.- Você salvou minha vida, mais de uma vez.- Ela chorava sobre seu ombro, deixando suas lágrimas molharem sua roupa.

 

— Lídia?.- Chamava Marina por ela que estava encostada em uma parede.
— Sim?
— Precisamos conversar.- Dizia ela com um tom de voz sério.
— Acho que não te conheço.
— Eu sou o motivo pelo qual Daniel terminou com você.- Lídia fica boquiaberta ao perceber a barriga de Marina.- Não, não vamos ter um filho.
— Pode em explicar isso?
— Vou direto ao ponto. Eu conhecia Daniel há muito tempo, nós éramos amigos. Eu sempre vinha visitar a cidade, mas desde o ano passado me mudei para ela. Cometi erros, fiquei grávida e Daniel apenas queria me ajudar assumindo o meu filho, e então ele acabou terminando com você...Desculpa não ter dito isso antes...
— Se ele ainda gostasse de mim...Acho que ele lutaria por isso.
— Não estamos em uma história, aqui é vida real. Eu estou te contando isso, porque eu não quero que você perca a oportunidade de ter a pessoa quem você ama ao seu lado. Não sei se ele veio ao Baile, mas espero que o entenda e fale com ele.- Marina se vira indo embora.
— Ei!.- Ela olha para Lídia que dá um sorriso.- Obrigada.

 

De sua mesa, Sofia observava a entrada aonde foi combinado para matar Sara, mas quando percebeu que quem saia de lá era Bianca, seu rosto de felicidade mudou para preocupada. " O que ela estava fazendo lá? "," Preciso ir logo ver o que houve"," Saia logo daí ", frases ecoavam dentro de sua mente, demonstrando está bastante intrigada. Após vários minutos, quem saiu de lá foi Sara, revelando que seu plano havia falhado miseravelmente. Sofia se levanta irritada indo até o local combinado e procurando alguma evidência, mas a única coisa que achou foi um baú igual aos milhares que estão espalhados pelo local, a única diferença era que esse seria o baú aonde o corpo de Sara seria escondido. Ao abri-lo deu alto grito que foi abafado pelas vozes da multidão; O corpo morto de Aline estava lá dentro, junto com um pedaço de pano e duas armas.

 

Caminhando no meio daquela gente toda, Sara é segurada no braço por um desconhecido que usava uma máscara:
— Preciso falar com você.- Dizia o homem.
— Eu te conheço?
— Não.- Sara tenta tirar sua máscara, mas ele a segura.- Podemos conversar em um lugar particular?
— Tire sua máscara e eu penso no caso.
— Se vier comigo.- Ele tanta puxar ela, mas Sara se solta.
— Por que eu deveria ir?
— Porque somos família, Sara.

Continua...

 


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Notas finais do capítulo

Dia 24 terá a segunda parte desse Gigantesco capítulo, mas não esperam que chegue ao mesmo tamanho que esse!



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