O que vai
      Faz todo o caminho de volta

— What Goes Around Comes Around by
     Justin Timberlake

Elena Gilbert

    Após terminar meu banho quente e refrescante e me enxugar, vesti minha roupa. Como sempre, uma blusa preta, um blazer branco e minha calça preta. Coloquei o meu colar, que havia custado meros mil dólares. Comprei-o quando viajei a trabalho para Los Angeles, fechar um contrato com uma famosíssima empresa.

    Passei um brilho labial simples, nunca me dei bem com batons; se bem que passei a gostar mais desde que Caroline havia me ajudado a descobrir uma nova Elena Gilbert. Uma linda, capaz e poderosa Elena Gilbert.

    Você se pergunta como eu consegui? Como eu consegui me tornar uma empreendedora de sucesso, ter contratos fora do país e ter superado a humilhação do insensível Damon Salvatore? Bem, a maior parte disso eu devo à Caroline, por ter me ensinado como viver.

    Eu era sempre o capacho de alguém e só aceitava isso pelo meu desespero em avançar em minha carreira. Assim que fui humilhada e despedida do meu emprego, voltei para “casa”. Para minha sorte, Caroline chegou e viu que eu estava me afogando em minhas próprias lágrimas. Ela resolveu me fazer mudar, me fazer ver que eu era sim, uma mulher bonita e poderosa. E, que eu podia ter minha vingança.

    Depois de apoio de amigos de Caroline, e de sua extrema confiança, consegui justamente o que eu queria: o cargo de empreendedora. E, com os contatos de pessoas importantes, me tornei famosa entre os negócios de publicidade em apenas um ano. Foi assim que consegui achar Damon Salvatore novamente. E seria assim, que eu conseguiria minha vingança.

    Ele já havia mordido a isca, agora só me faltava puxar.

    — Eu já disse que esse negócio de vingança é uma baboseira, Elena — Bonnie disse, colocando um copo enorme de chocolate quente bem em minha frente.

    — Bonnie, já falei que você é muito certinha? — Caroline perguntou.

    — Sim, já falou.

    — Pois então, falo novamente: você é muito certinha. Vamos ser rebeldes e quebrar as regras pelo menos uma vez na vida, querida! — zombou Caroline, deixando Bonnie com cara de tacho.

    — Sendo certinha, consegui chegar onde cheguei, Caroline! Elena já conseguiu muito desde o acontecido na empresa sei lá o quê.

    — Salvatore — interrompi Bonnie.

    — É, isso daí — revirou os olhos — Ela não pode arriscar tudo por uma vingança! Já passou, você já deu a volta por cima, Lena! Ainda dá tempo de cancelar o almoço — sorriu com uma cara esperançosa para mim e eu sorri de volta. Bonnie suspirou — Ah, ufa. Está vendo, Care? A Lena tem senso de-

    — Eu vou arriscar — rebati — Bonnie, não entende? Isso é minha meta. Acabar com o Damon Salvatore é minha meta e eu não vou desistir até eu conseguir!

    — Caroline um, Bonnie zero — debochou a loira.

    — Vocês são duas loucas, isso sim — bufou Bonnie — Então eu vou ajudar, né? O que eu posso fazer além de apoiar minhas amigas sem nenhum senso de direção?

    — Por isso que nós te amamos, Bon — ri e demos um abraço em grupo.

    — Olha; eu estava pensando em fazermos um look arrasador para a Lena, hoje. O que acha daquele vestido com o decote nas costas? — sugeriu Caroline.

    Eu sei que tinha deixado de ser tão tímida, mas um decote como o daquele vestido? Nunca que eu vestiria. Tipo, nunca mesmo. Nem se Johnny Depp quisesse casar comigo — na verdade, eu poderia abrir uma exceção se esse fosse realmente o caso…

    — Não, Care. Só… Não — respondi e ela fez uma careta — Por que não aquele branco rendado?

    — É… Ele serve.

    — Ótimo — sorri — Prontas para me deixar mais linda ainda?

    — Espero que fiquei mais humilde, também — disse Bonnie e nós rimos, em seguida indo para o quarto começar a me preparar.

…

    Após todo o processo de “coloca isso, tira aquilo, passa mais batom…” e todos os bla-bla-blas, eu e minhas cúmplices, conseguimos chegar em um resultado incrível. Eu estava estonteante, de um jeito formal, mas ainda irresistível.

    Corri para o carro, temendo chegar atrasada para o almoço, e dirigi até o restaurante. Era um dos melhores que eu já havia ido, e melhor: eu era amiga do dono, por isso ganhava um desconto. Eu podia estar ganhando bem agora, mas não significava que não precisava economizar.

    Assim que cheguei lá, vi que Damon estava sentado em uma das mesas, mexendo em seu celular, sem prestar muita atenção no mundo a sua volta. Humph, como homens se distraem facilmente.

    Andei até lá, me sentindo o mais confiante possível. Sim, admito, senti um frio em minha barriga, como se meu coração fosse saltar pela minha boca; mas consegui manter a minha pose. Pigarreei um pouco, chamando a atenção dele. Ele virou a cabeça levemente, e quando bateu seus olhos em mim, consegui sentir a sua surpresa.

   Se ele tinha me reconhecido? Não sei, mas sua expressão não dizia que ele me conhecia, e sim que ele nunca tinha visto ninguém tão bonita como eu — certo, eu fiquei um pouco convencida depois da minha mudança.

    — S-senhorita Gilbert? — perguntou, boquiaberto.

    — Pode me chamar de Elena, senhor Salvatore — respondi com um sorriso, sentando na cadeira em sua frente.

    — Então pode me chamar de Damon, igualmente — disse, um pouco recuperado do susto.

    — Pareceu um pouco pasmo quando me viu… Por quê? — cabum, responde essa bomba agora, Salvatore.

    — Ér… Achei que já tinha lhe visto em algum lugar, mas me enganei. Me enganei profundamente — riu, tentando ser descontraído.

    Homens são tão superficiais. Só percebem a beleza da mulher no seu exterior; nem se importam de conhecer como ela é por dentro. Mas eu iria “consertar” Damon, ah se eu ia…

    — Eu pensei em ter mandado algumas fotos de minhas modelos, para você já ter ideia de algumas coisas, mas não mandei, certo?

    — Não, não mandou — concordou.

    — Amanhã eu lhe envio um e-mail com todas as informações precisas delas: altura, idade, nacionalidade, etc. E, obviamente, as fotos — sorri, tentando ser o mais profissional possível. Ele só me observava, prestando atenção em tudo o que eu falava — Já pediu algo?

    — Sim, vai ser servido em pouco tempo — respondeu — Mas, então… Elena… Há quanto tempo trabalha como empreendedora?

    — Pouco menos de três anos. Ser empreendedora foi sempre meu sonho, mas depois de um incidente, tive certeza de que iria conseguir mostrar para a pessoa que me humilhou o quanto eu podia crescer, e ter sucesso. E… Aqui estou.

    — Espero que tenha orgulho de si mesma por ter conseguido — sorriu.

    — Eu tenho — ri — Como anda a sua empresa, Damon?

    — Tecnicamente, ela não anda — ele riu, e eu apenas dei um sorriso, mas por dentro, eu queria bater na cara daquele babaca sarcástico — Mas, ela está bem. Com sua ajuda, ficará melhor ainda.

    — Me sinto feliz em poder ajudá-lo. Afinal, nós dois sairemos ganhando — ri.

    Continuamos a conversar até o nosso prato chegar. Após comermos, discutimos algumas coisas sobre os negócios. E, como se já não fosse surpresa, Damon soltava piadas galantes, às vezes. Ele ainda não estava gostando de mim. Talvez estivesse atraído, mas não gostando de verdade.

    Estávamos fora do restaurante, nos despedindo. Apesar de que no outro dia teríamos uma reunião juntos.

    — Apreciei muito o almoço, Elena — ele sorriu — Espero que isso aconteça mais vezes.

    — Pode ter certeza de que isso irá acontecer mais vezes, Damon. Pode ter certeza…