Bom, como toda boa garota deveria contar minha história de amor, superação, ou alguma chatice parecida. Mas bem, minha vida não é um clichê. Meu pai não morreu em um acidente de carro e eu fiquei rebelde, eu não esbarrei no amor da minha vida que tem olhos verdes e cabelos loiros na escola. Eu moro com meus pais, uma família normal, sou obrigada a lavar a louça do jantar e fazer outros serviços domésticos - e também tenho um irmão - mas ele não gosta de mim porque o faço de escravo.

Meu nome é Ally Dawson, uma garota cujo nome todos acham ser uma abreviação.  Tenho 16 anos e estou a caminho de um inferno também chamado de escola. Às vezes eu penso que queria ter nascido já sabendo tudo, assim não teria problemas em enfrentar aqueles animais – alunos – que tem no meu colégio. Na verdade, o problema pode até não ser ‘’a escola’’ mas sim, aquelas patricinhas admiradoras de Kira Starr – a ‘’abelha-rainha’’ do colégio Marino -, todos a amam, até mesmo o senhor D, o professor de história, que sem dúvidas é o pior pesadelo de qualquer aluno.

Pois bem, eu cheguei à escola. Era como se eu estivesse coberta de ouro, todos ficavam observando a garota que não se encaixava em nenhuma facção, mas eu não preciso desses babacas fazendo mudar quem eu sou. Tenho minhas amigas, e fico feliz com isso.

Em falar nelas...

— ALLY! – Exclamou Piper praticamente me amassando com um abraço.

— Pipes... Oi... – Disse com a respiração ofegante, já que ela estava praticamente me deixando sem fôlego.  

— Eu também quero dar um abraço em minha amiga – Cassidy falou, e Piper assentiu, dando passagem para a garota me abraçar.

Abraçamos-nos, e em alguns segundos nos separamos.

— Cadê a Trish? – Perguntei olhando para os lados com a esperança de avistá-la.

— Ela não vem hoje, a mãe dela passou mal e ela teve que levá-la no hospital – A garota dos cabelos castanhos e olhos claros disse.

— Mas ela mandou um beijo para você, Ally – Completou Piper com um sorriso no rosto.

Ela era realmente bem animada, romântica e divertida. Seu entusiasmo contagia qualquer um, diferente de Cassidy.

Cassidy já é o tipo de garota mais fechada, rockeira e cheia de estilo. Ela prefere ficar na dela, por isso vive nos escondendo coisas.

— Ah, tudo bem. – Disse isso enquanto adentrávamos no colégio. Vai começar tudo de novo.

♪ (https://www.youtube.com/watch?v=1LmX5c7HoUw) ♪

Entramos. Estava tudo igual. As paredes com rabiscos e iniciais dos antigos casais que tinham aqui, com algumas partes descascadas, os armários com alguns pedaços de fita adesiva grudadas com algumas fotos e coisas brilhantes como decoração, e os alunos também não mudaram nada. Apenas um garoto, que nunca tinha o visto nesta escola. Deve ser um novato, um novato bem atraente, pra falar a verdade.

Estávamos andando, eu no meio um pouco a frente, Cassidy em meu lado esquerdo e Piper do lado direito. E aquele garoto passou por nós.

Trocamos olhares confusos, mas ao mesmo tempo profundos, pude ver um brilho diferente em seus olhos castanhos que me lembram chocolate. Seu semblante era triste, escondia algum segredo que me deu uma vontade imensa de decifrar. Queria olhar em seus olhos, e perguntar quem ele é, saber seu nome, mas não posso me levar por curiosidade, eu tenho que me segurar.

Por um momento, tudo ficou em câmera lenta, o que é bem estranho já que não estamos em nenhum tipo de filme de romance.

Chacoalhei minha cabeça para tentar espantar esses pensamentos, e quando percebi, o garoto já tinha sumido.

Ouvi um burburinho entre as garotas, então paramos.

— Ally? O planeta Terra está te chamando! – Piper se infiltrou em minha frente e passou uma de suas mãos em frente meu rosto com uma tentativa de tentar me acordar. Funcionou.

— Hã... Uh... O..oi? – Disse gaguejando enquanto saia do transe devagar.

— Estamos te chamando já faz CINCO minutos! – Ela deu ênfase em ‘’cinco’’. Ah, droga. Fiquei mesmo todo esse tempo reparando naquele garoto?

— No que estava pensando? – Cassy perguntou.

— Hã...

O sinal tocou, ecoando por toda a escola, o que me fez agradecer aos Deuses por finalmente poder sair daquele ‘’julgamento’’.

Fiz um pequeno gesto. ‘’Fazer o que, né?’’ um olhar vale mais que mil palavras.

{...}

A aula finalmente acabou, e fomos para o refeitório, era hora do recreio.

Aquele garoto estava lá, ele estava sentado em uma mesa, junto de um ruivo com roupas coloridas, e um que era um pouco mais ‘’cheinho’’, ele estava discutindo com o ruivo como uma criança, e o loiro estava me encarando.

Sim, ele era loiro. Seus cabelos eram bem claros, caiam para frente perfeitamente enquanto uma touca preta tomava conta da parte de trás de sua nuca.

Sentei-me em uma mesa junto das garotas. Conversamos sobre algumas coisas, enquanto elas apreciavam seus lanches.

Apoiei o cotovelo na mesa, e minha cabeça sobre minha mão. Fiquei olhando para todos, o capitão do time de basquete, Dallas - que também me observava -, o garoto ruivo discutindo com o moreno, Kira se gabando junto de suas seguidoras fiéis, Elliot dormindo em cima da mesa e Gavin batendo com seu livro na cabeça do mesmo tentando acordá-lo, e o loiro brincando com seus dedos.

Por incrível que pareça, quando ele se tocou que eu o olhava, ele bateu na mesa bruscamente e se levantou, deixando seus amigos confusos, e a mim também.

— Por que ele fez isso? Eu sou tão ruim assim? — Me perdi em meus pensamentos novamente, sendo tirada do transe pela Cassidy.

— Não é, Ally? – Ela disse, rapidamente voltando seu olhar para mim. Pipes fez o mesmo.

— Ah... É sim – Eu não tinha a mínima idéia do que elas estavam falando, mas achei melhor concordar.

Cassy revirou os olhos ao perceber que eu não fazia idéia do que ela falava.

O sino toca novamente e todos recuaram para suas devidas aulas.

{...}

Fui ao caminho de volta para minha casa ouvindo minha playlist do Red Hot Chilli Peppers.

Finalmente cheguei.

Abri a porta devagar e entrei. Minha casa era pequena e simples, sem muitas frescuras ou luxos, meus pais preferiam assim.

— E aí, pirralho – Dei um tapa fraco na cabeça de meu irmão, Aaron, o atrapalhando no vídeo game.

Aaron tem 12 anos, ele é um pouco... revoltado, principalmente quando se trata de jogos de zumbis.

— Me deixa em paz! – Ele falou irritado, voltando ao seu jogo inútil.

Fui para cozinha, que era dividida com a sala apenas por um balcão.

— Cheguei mãe – A abracei por trás, depositando um beijo em sua bochecha, e logo me separando.

— Oi filha! Como foi a aula? – Ela continuou mexendo no fogão, estava fazendo panquecas para o Aaron.

—Foi legal, o mesmo de sempre – Disse com desanimo, enquanto pegava uma maçã na pequena fruteira que tinha em cima do balcão.

— Quero que arrume uma roupa bem bonita para hoje á noite, uma família se mudou para casa do lado e iremos fazer um jantar de boas vindas.

— Que seja – Subi para meu quarto e me joguei em minha cama.

Peguei meu notebook e chamei Trish no Skype, precisava ter notícias sobre ela e a mãe. Depois de alguns minutos ela atendeu.

(N/A: Trish em negrito, Ally com letra normal)

— Oi Ally, to com saudades!

— Eu também estou amiga – Disse calmamente. – As meninas me falaram que sua mãe passou mal, ela está bem?

— Ah, ela já está um pouco melhor... – A vi limpar uma lágrima. – Mas ainda está péssima, ela foi diagnosticada com leucemia...

— Ah meu Deus, Trish... – Fiquei sem graça, coitada da minha amiga! – Fica calma, vai ficar tudo bem... – Dei meu melhor sorriso de acolhedora.

— Eu sei que vai, obrigada! – Ela sorriu fraca e limpou uma lágrima que escorria em sua bochecha. – Eu vou ter que sair, vou ficar com minha mãe no hospital agora, tchau amiga.

— Tchau, manda um beijo para senhor De La Rosa. – sorri e fechei meu notebook.

Joguei o pequeno laptop em cima da cama, e me deitei em cima da mesma. Fui fechando meus olhos devagar, e quando vi já eram 19h00min.

— DROGA! – Me levantei rapidamente.

O jantar era às 19h30min e eu ainda estou com a mesma roupa que fui à escola.  

Corri para o banheiro e joguei minha roupa no chão. Tomei um banho quente, deixando a água relaxar meus músculos. Desliguei a torneira, e saí enrolada na toalha para meu quarto.

Peguei uma saia preta um pouco larga, um camiseta branca com um unicórnio cuspindo fogo, um casaco marrom claro e, é claro meus all stars pretos.

Olhei-me no espelho.

Nada mal, Dawson...

Peguei meu gloss de menta incolor e passei em meus lábios. Arrumei meu cabelo em um coque bagunçado, e coloquei algumas pulseiras.

Estou pronta!

E tudo isso em 26 minutos. Abri a porta de meu quarto e desci para sala, meus pais estavam a esperar os novos vizinhos.

♪(https://www.youtube.com/watch?v=HcVv9R1ZR84)♫

— ALLY EDGAR DAWSON, QUE ROUPA É ESSA? – Minha mãe deu um berro ao ver que eu não estava de vestidos e sapatilhas.

Fala sério, minha mãe é dessas tradicionais que quer ter a imagem da família perfeita na frente de todos.

— Uma roupa, oras – Disse irônica.

— Vá trocar isso, coloque algo mais formal, o que os vizinhos vão pensar sobre nós? Eles vão achar que somos uns deslanchados! – Minha mãe dizia enquanto eu revirava os olhos sem dar atenção.

A campainha tocou, graças a Deus.

Minha mãe ajeitou seu vestido e correu para porta. Meu pai ficou sentado no sofá com  um livro em mãos, enquanto eu apenas mexia em meu celular.

— Olá, entrem – Penny disse dando passagem. – Sejam bem vindos!

Eles entraram devagar, primeiro a mulher, depois o homem, e atrás uma cabeleira loira que aparentava ter uns 16 anos.

Espera um pouco... É o garoto da escola!

Fiquei com os olhos arregalados enquanto ele me encarava, e eu fazia o mesmo.

— Ally, venha dar as boas vindas aos Moon’s...

To be continued...