É chegada a hora, umas das fases mais importantes de uma criança e uma das piores para mim. Eu sempre quis deixar a minha filha na creche, por dois motivos, na verdade três. Primeiro, ela precisa ter contato com outras crianças, precisa aprender a dividir e a se desenvolver se mim. Segundo, eu precisava trabalhar viver em casa, enclausurada por mais de um ano,não é saudável para ninguém, e muito menos pra mim que estava quase saindo da depressão. Terceiro, eu precisava de um tempo livre da Lili, ela estava cada vez mais ativa e a minha sogra me sufocando, não era um ambiente feliz pra ela.

E apesar de todos esses motivos serem reais, nenhuma mãe, ou pelo menos a maioria estimula isso. Quando falei pra minha mãe que a Lili estava em uma fila de espera pela creche do governo, ela achou uma das ideias mais responsáveis que ja tive, o convivio com outras crianças só ajuda a criança em questão. E eu apesar da minha idade, lembro muitas coisas que vivi e aprendi na creche. Mas para variar minha sogra, não perde a oportunidade de dizer o quão ruim maternalmente eu sou, nessa altura do campeonato o que ela pensava de mim não me interessa, mas ela é o tipo de pessoa que não desiste a menos que você a ofenda, assim ela pode virar a situação contra você, mas não foi isso que eu fiz.

Coloquei a na creche mesmo assim, e fui cuidar da minha vida. E o que aconteceu com a Lili, foi inacreditável, em menos de meses ela aprendeu a falar e reagir , era como se por mágica Lili tivesse desenvolvido o cérebro de maneira absurda, no decorrer do ano ela mudou de escola, foi para uma particular, e continuou aprendendo mesmo assim.

Ela começou a reconhecer os amigos só pela voz, sabia dizer os nomes sem trocar o R pelo L , sabia contar até dez em português e inglês e algumas cores também. A minha minininha que mal dizia "mamãe" tinha explodido em desenvolvimento ... Diante de coisas assim não entendo como tem mães que atacam outras que decidem deixar na creche.

Os argumentos são da mesma qualidade do " Se não quer filhos, não faça sexo", só que dessa vez elas vão mais fundo na sua cabeça, contam histórias de crianças que morreram por algum descuido de alguém em algum lugar. Histórias essas que jamais saíram em jornais, ou telejornais, em sites enfim em lugar nenhum ou seja, só na mente perturbada delas. Outro argumento clássico também é " Fez, e agora deixa pros outros criar", como se colégio fosse lugar de criar ou educar alguém, é a típica pessoa que quando seu filho vai mal no colégio, vai reclamar com a professora e culpá-la pela falta de interesse ou inteligencia dos filhos.

De qualquer maneira, com o passar dos anos, as mulheres ganharam ou cultivaram um ódio interno por mães que não agem com elas, é como se fosse proibido ser mãe e ser feliz ao mesmo tempo, como tudo no mundo das mães tivessem que ser exclusivamente sobre filhos. Você consegue compreender o quão desgastante é viver apenas para os filhos ?

É como se você acabasse de ganhar um Xbox One, e todo mundo fica feliz por você ter ganhado, mas então com o passar dos meses você compra varios outros jogos, mas só pode jogar o jogo que veio com o console. Ou seja, você tem um mundo de outras histórias, fantasias, lendas, aventuras, mas só pode jogar aquele maldito jogo que veio como cortesia. No começo é legal, porque é novidade, mas quando você já zerou o jogo e tem que começar tudo de novo pela enésima vez, tudo fica mais sem graça, cansativo e você só tem uma opção, deixar o vídeo game de lado, para sempre.

É desse jeito que eu me sentia, vivendo com a Lili, todos os dias, e todas as horas, como um jogo que ja zerei mutas vezes seguidas, e deixá-la viver um pouco longe de mim era a fuga que eu precisava para relaxar e ter um tempo meu. E é libertador poder ver um filme na tevê, ou sair e caminhar no parque, almoçar fora de casa, sei lá é muito revigorante. Eu poderia recomendar isso para todo pai e mãe, sempre que tiverem a oportunidade deixem seus filhos em escolinhas, deixe que ele cresça e aprenda e vá viver um pouco, e respirar algo além de talco, Peppa e palhaços cantores.