A Herdeira do Infinito escrita por Cabeça de Alga


Capítulo 3
Carta Celeste




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Três foi o número de dias em que fiquei internada, foi o número de dias em que os policiais vieram e me fizeram várias perguntas sobre o que aconteceu. Depois que acordei Luis me disse que estávamos no Canadá e que seu pai não podia esperar pela minha recuperação. ( O que é bem esperado dele ) Então continuou sua viajem. Luis também disse que depois que eu fosse liberada iriamos direto para Nova Iorque. Estava cansada demais de tudo, aqueles policiais todos os dias vindo aqui e me perguntando se me lembrava de alguma coisa, sempre a mesma coisa, não adiantava quantas vezes eu dizia que não me lembrava de nada, apenas de ter acordado aqui no hospital, para ser sincera não me lembro nem mesmo de ter entrado em um avião. O médico disse que isso era comum, para um episodio pós traumático. Graças a Deus o médico veio esta manhã e disse que pela tarde eu estaria liberada, a faca tinha passado de raspão no coração, causando uma pequena ranhura nele, mas o suficiente para matar em qualquer esforço excessivo. Mesmo estando liberada eu não poderia andar de avião durante cinco dias, então seria obrigada a ficar aqui esse tempo. Antes que me liberassem fizeram milhares de exames em mim, tudo aparentemente normal, então sem mais motivos para continuar lá eles me liberaram. Luis foi até a recepção buscar uma cadeira de rodas, enquanto isso a enfermeira me ajudava a me vestir. Parecia que eu tinha sido espancada, meu corpo todo doía, a cada vez que tentava me movimentar. Perguntei ao médico se era normal e ele disse que eu deveria ficar assim até depois de amanhã, então só poderia sair de carro, nada de andar. Vesti uma calça jeans preta, uma blusa de manga cumprida branca e por cima uma jaqueta de couro preta para esquentar. A enfermeira me entregou os sapatos e os coloquei, com algum esforço, mas coloquei. Luis chegou quase meia hora depois com a cadeira de rodas. Depois de sentada nela fomos para a saída, onde um sedam preto da empresa do seu pai nos esperava. Luis me ajudou a entrar dentro do carro, depois disso ele levou de volta a cadeira e entrou no carro ao meu lado.

— Quiev vamos para o hotel, ok - Luis falou para o motorista, que deveria ser da Rússia ou algum lugar assim. Sem dar responsta Quiev partiu com o carro.

Por uma das ruas que estávamos passando tinha dois idosos caminhando de mãos dadas, ele tinha cabelo grisalho olhos castanhas e usava calças caqui e uma blusa social azul, a senhora usava um vestido verde, que combinavam com seus olhos que eram azuis, seu cabelo era negro vivo, parecia que estavam voltando de alguma missa. Quando o carro parou em frente ao hotel Luis saiu e me ajudou a andar, deixando eu me escorar nele. Sua fachada era linda, toda em mármore branco, tinha três degraus que davam para as portas banhadas em ouro, o hall era gigante, tinha oito cadeiras perto de uma janela que ia até o teto, o piso de mármore rosa, o teto era todo ornamentado por pinturas de anjos e no centro tinha um lustre de cristal lindo, a recepção era de mármore também só que desta vez marrom. Atrás dele estava a recepcionista, aparentava ter uns 28 anos, ela tinha cabelo encaracolado preto, uma pele morena, rosto redondo, olhos castanha, um corpo que parecia esbelto, ela era linda.

— Bom dia, em que podemos ajuda-lós ? - Perguntou ela, sua voz era macia como algodão e em seu crachá dizia que seu nome era Regina.
— Bom dia, temos uma reserva no nome de Vitor Lambres - A recepcionista balançou a cabeça e foi para o computador, para ver se tinha alguém com aquele nome lá, depois de cinco minutos ela se virou para nós e disse :
— O quarto de vocês no 20° andar, cobertura - Disse ela entregando-nos a chave.
— Obrigado - Luis me levou até o elevador, apertou o botão cobertura e o elevador começou a subir. Não conseguia parar de pensar no que poderia ter acontecido dentro do avião, era como se tudo tivesse sido apagado e aquela flor que eu encontrei, Luis me disse que não tinha sido ele, então que foi ?, a enfermeira jura que ninguém entrou ou saiu do quarto além daqueles autorizados, que se baseavam nos médicos, nas enfermeiras e em Luis. E aquela mulher que aparece de vez enquanto na minha cabeça e fala nomes estranhos, fala alguma coisa sobre Orda Celestial, acho que estou ficando paranoica. Finalmente o elevador parou e suas portas se abriram, Luis e eu fomos para um corredor que levava para uma única porta, sem numeração, Luis colocou a chave na maçaneta e abriu, dentro era mais bonito do que o hall. A sala era redonda tinha três degraus de porcelana cinza, que descia para o sofá de camurça preto, na parede em frente ao sofá tinha uma televisão LCD de 50 polegadas, na parede do lado tinha uma janela panorâmica de toda a cidade, uma visão perfeita, a cozinha era dividida por uma bancada de madeira e no corredor da esquerda levava para os quartos e para o banheiro, as paredes eram repletas de pinturas e em algumas tinham estantes cheias de livros, no teto tinha um lustre idêntico ao do hall, só que menor. Luis me levou até que parecia nuvem de tão macio. (Nunca sentei em uma nuvem, mas acho que deve ser essa a sensação) Era tão lindo que fazia meu pequeno quartinho parecer uma cesta de lixo de plástico e ainda toda quebrada e queimada - Você está bem ? - Perguntou Luis me tirando do desvaneio.
— Acho que sim, somente umas dores de cabeça e no peito - Tinha levado 8 pontos no peito. ( Já é pequeno e ainda vem o individuo e tenta corta-lo fora, colabore né meu filho ).
— O médico disse que é comum isso acontecer, vai melhorar em alguns dias - Ele perguntou ao médico tudo sobre possíveis contratempos, disse que era importante tomar cuidado com tudo, para minha segurança. O que eu queria mesmo era minha casa, minha cama e meu vizinho - Você tem que tentar descaçar - Disse ele mais uma vez me tirando do desvaneio.
— To sem sono, já dormi durante cinco dias, quero ficar acordada pelo menos pela manhã.
— Tá né, vou arrumar alguma coisa para comer.
— O que ?!, você que realmente me matar né, você na cozinha NÃO da certo, é bem capaz de você travar uma batalha com a colher e o garfo, usando as frigideiras como escodo e os pratos como discos, vai ser um desastre total.
— Eu disse que ia arrumar comida e não fazer! - Ele saiu bufando para pegar o telefone. ( Tá tenho que concordar fui um pouco má, não pera fui não ) - Liguei para o restaurante Chinês, eles estão trazendo duas porções para a gente.
— Ta bom, obrigada por tudo Luis, sei que acabei atrapalhando você e seu pai com essa história besta de que um assassino estava tentando me matar e tudo.
— Puf, meu pai ele é um louco por dinheiro, por ele nem se fosse eu que tivesse levado a facada ele teria ficado, outra você não precisa agradecer, foi eu quem a convidou para vir nessa viagem lembra ?, se não fosse por isso nenhum maluco teria tentado te matar.
— A culpa não foi sua, foi minha, quem manda eu ser bonita demais, dá nisso - Luis deu aquele sorriso que eu tanto gostava, era caloroso, simples e verdadeiro.
— Metida - Disse ele - Eu vou tomar uma banho, você consegue ficar aqui sozinha ?.
— Levei uma facada não estou aleijada, pode ir.
— Ok ignorante - Disse ele rindo - Tome cuidado para não se machucar com o sofá tá.
— Vai logo seu palhaço - Disse jogando uma almofada nele.

Aquela mulher de cabelo branco e olho preto não saia da minha cabeça, onde é que eu vi ela ?, não consigo me lembrar de nada. Só pequenos fragmentos dela falando algo sobre Orda Celestial, Clã Reivel e sobre anjos. Por que não me lembrava ?, sera que bati a cabeça ?. Seja la o que for espero que passe logo, quero saber o que aconteceu, mais do que ninguém, mas por enquanto tinha que tentar ocupar minha cabeça com outras coisas, então levantei devagar e fui meio que arrastando os pés até os quartos. Abri a porta de um deles e me deparei com um comodo o dobro do tamanho do meu quarto, tinha uma cama box, uma pequena estante de parede onde estavam alguns filmes enfileirados e uma televisão 32 polegadas, do lado da cama tinha uma comoda de madeira branca com um abajur dourado em cima, na parede de frente para a porta tinha uma porta, que dava para uma varanda cheia de poltronas e uma piscina. Aparentemente esse era o meu quarto, pois minhas coisas estavam todas aqui. Peguei minha bolsa para tirar um envelope de documentos de dentro, só que estava muito apertado então estava meio que preso, puxei com mais força e ele saiu junto com um porta retrato, que caiu no chão rachando o vidro, coloquei o envelope em cima da cama e me abaixei para pegar o retrato, que por acaso era dos meus pais, não me lembrava de te-lo colocado ali dentro. Olhei para a mulher de cabelos ruivos ondulados e de olhos pretos, rosto suave e belo, corpo esbelto e meu pai que dava o braço ela, ele tinha olhos pretos cabelo loiro encaracolado, rosto rústico e feroz, corpo em forma. Minha mãe usava um vestido azul marinho e meu pai um colete social. Eles deveriam estar voltando de alguma festa. Na ponta da foto tinha um rasgado, passei o dedo pelo vidro trincado, tentando sentir eles. Mesmo sem nunca te-los conhecido eu sentia falta deles. Tirei o vidro quebrado do retrato e depois puxei a foto, que estava meio pesada, quando olhei atrás dela vi um envelope branco selado com um carimbo de cera vermelha, que tinha como brasão duas asas unidas por uma espada de fogo, abri-a e encontrei um pequeno livro de cinco paginas amareladas, o título já estava meio borrado, mas ainda dava para ler e nele estava escrito : Para Clarissa, de sua mãe Susana.


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