Não disse nada mais, não tinha algo à mais para dizer, eu odiava situações constrangedoras e aquela certamente era uma. Ele virou as costas, percebendo que eu não diria mais nada, e andou até o outro lado da sala, que agora parecia mais bem decorada, imagino que Derek tenha feito um esforço e uma enorme mudança para conseguir trazer Malia para cá.

Entrei no loft, dando apenas alguns passos, até que parasse em frente ao sofá, onde pus minha grande mala com apenas alguns itens básicos no chão. Peter permaneceu de costas para mim, como se a rua lá fora, através da janela em que ele olhava, fosse mais interessante do que qualquer coisa que eu tinha à lhe dizer.

Olhei em volta batendo o pé impaciente, não era possível que aquela coiote não sentisse o meu cheiro e viesse até aqui correndo para me receber, ou até mesmo Derek seria melhor do que ficar sozinha com o Hale psicopata.

— Peter – chamei.  – Malia está?

— Não  – negou, virando-se para mim. – Ela e a pequena raposa foram até o mercado.

— E Derek? – perguntei.

— Também não. – disse.

Ótimo, realmente estávamos sozinhos.

Sentei-me no sofá ignorando-o totalmente. Não queria papo, não com ele. Peter e eu nunca tivemos uma boa relação, mas também, como poderíamos? Ele havia me usado para voltar a vida.

— Devo dizer que estou surpreso por encontra-la aqui – disse se aproximando. – Não imaginei que Malia trouxesse você com ela.

Cruzei os braços na altura do peito ficando de pé, novamente.

— Pra você ver – falei, rudemente. – Até mesmo sua própria filha tem medo de você.

Em questão de segundos minhas costas estavam prensadas em uma das parede daquele mesmo cômodo em quando ele segurava os meus pulsos firmes na mesma, com certeza deixaria uma bela marca. Minha respiração estava falha e meus olhos quase saltavam para fora de orbita ao ver os seus azuis tão próximos.

Pude ver seu olhar furioso suavizar aos poucos, ainda com os olhos presos nos meus, suas mãos se afrouxaram um pouco também, mas ainda estavam ali, prendendo-me. Seu olhar desceu até os meus lábios fazendo com que minhas pernas tremessem.

Nunca fui capaz de entender o poder que aquele homem tinha sobre mim, e nem capaz de admitir. Mas sentia algo muito forte quando estávamos juntos, eu tinha medo da nossa aproximação, pois não sabia como reagir, e Lydia Martin sempre sabia como reagir.

Sua testa encostou na minha, mas seu rosto ainda carregava a expressão séria, suas mãos finalmente soltaram meus pulsos e algo dentro da minha cabeça gritou que era a hora perfeita para fugir dali, mas eu não queria aquilo.

Afundei minhas mãos em seu cabelo escuro e ele pareceu gostar da sensação, pois sorriu de lado. Suas mãos foram direto para minha cintura, colando os nossos corpos com uma rapidez sobrenatural. Meu coração parecia que saltaria de dentro de mim a qualquer momento.

Nos olhamos uma ultima vez antes que nossas bocas se encostassem, iniciando uma batalha de poder e domínio. Minhas pernas estavam bambas mas não era algo que eu devesse me preocupar, pelo menos não naquela situação.

Peter me soltou, e em questão de segundos estava do outro lado da sala. Segurei o gemido frustrado, não daria esse gostinho a ele. Quando ia o xingar seu olhar voltou-se para mim.

— Não fique irritada. – sorriu maliciosamente.

— Eu não estou irritada. – grunhi.

Sim, eu estava muito irritada.

Kira e Malia entraram sorrindo pela porta e foi então que eu percebi o real motivo por termos nos separado.