P.O.V. Narradora

Arthur e Kenny seguiram Ford e o primeiro se escondeu, sem nem ver com quem o amigo falava. Mas Kenny via John claramente.

—Você...-Ford rosnou.

—O que faz aqui, garoto?-John perguntou, irritado.

—O tiro na perna não foi o suficiente?

—Alguém é mais esperto do que parece.

—E alguém é mais estúpido do que parece.

—Talvez eu seja. Mas quem está sem saída é você.

—Do que está falan...

Ford foi interrompido quando John deu um tiro que passou perto de Kenny, fazendo com que ele e Arthur gritassem.

O garoto fantasiado de Fredbear tentou reagir, mas John foi mais rápido e pegou os dois garotinhos pelo pescoço. Arthur fechou os olhos com força e Kenny começou a chorar.

—LARGUE ELES!-Ford gritou.

—Por que não fazemos um acordo?-John sugeriu-Você fica de bico fechado e eu não mato seus amiguinhos.

Ford analisou a situação. Qualquer movimento que fizesse mataria seus amigos. Se não fossem enforcados, seriam baleados. Ele não tinha opção.

—Certo-suspirou-Mas tente matar algum amigo meu e eu vou te dar um tiro bem no seu...

—Entendi-John falou, largando os garotos.

Arthur abriu os olhos e, ao ver Ford na sua frente, correu até ele. Kenny estava para fazer o mesmo, mas John colocou uma mão em seu ombro.

—Tem alguém querendo falar com você-ele sorriu cruelmente e empurrou o garotinho, que caiu de joelhos em frente ao irmão e os amigos idiotas dele.

—Marque minhas palavras, seu idiota-Ford disse a John, com um tom furioso-Um dia ainda vão te prender. Lembre-se de mim. Eu estarei lá.

John pareceu assustado por um momento, mas deixou isso de lado e saiu correndo.

Kenny chorava desesperadamente.

—Wow, seu irmão é tipo um bebê, não?-perguntou o garoto com máscara de Bonnie.

—Isso é hilário-disse o irmão de Kenny-Por que não o ajudamos a olhar mais de perto? Ele vai amar isso!

—Não! Por favor!-o menininho chorou mais.

—Vamos pessoal, vamos dar ao homenzinho uma carona. Ele quer ver de perto e pessoalmente!

Os quatro pegaram Kenny e o ergueram do chão. O garoto se debatia, mas não conseguia se soltar.

Ford correu atrás do grupo, mas eles eram mais rápidos. Arthur o seguia, sem entender o que acabara de acontecer e o que estava acontecendo no momento.

—Não! Eu não quero ir!-Kenny falou.

—Vocês ouviram o homenzinho!-o irmão dele disse-Ele quer chegar ainda mais perto! Ha ha ha!

Ford parou a alguns metros do palco. Queria ajudar, mas não conseguia se mover. Depois de tanto tempo se forçando a demonstrar calma diante de situações de risco, estava em pânico frente à algo que ele sabia que não acabaria bem. Tudo o que conseguiu fazer foi convencer Arthur a sair dali antes que ele visse o que estava para acontecer.

—Hey pessoal, acho que o homenzinho disse que quer dar um grande beijo no Fredbear!-falou o irmão de Kenny-No TRÊS! Um...dois...

Ford tentou gritar que parassem. Tentou correr até eles. Mas não conseguiu fazer nada disso. Tudo o que pode fazer foi ver os garotos enfiarem Kenny na boca de Fredbear e o animatrônico esmagar a cabeça do menino.

O grupo parou de rir. Todos pareciam em choque. Eles saíram correndo, mas o irmão de Kenny ficou parado onde estava. Várias pessoas se juntaram para abrir a boca de Fredbear. O corpo do menino caiu no chão.

Do outro lado da sala, Vincent e Scott observavam a cena. Lágrimas brotaram nos olhos do menor. Ele adorava Kenny. O garoto era como um filho para ele. E tudo o que conseguiu fazer foi olhar enquanto Fredbear matava a criança.

O irmão mais velho se ajoelhou ao lado do garoto.

—Você pode me ouvir? Eu não sei se você pode me ouvir-ele disse-...eu sinto muito.

O Fredbear humano se aproximou do menininho. O garoto mais velho, assustado, saiu correndo.

Quando Ford finalmente conseguiu se mover, correu até o garoto e caiu de joelhos ao seu lado. Lágrimas escorriam pelo seu rosto.

—Você está quebrado-Fredbear humano disse a Kenny-Nós ainda somos seus amigos.

—Você ainda acredita nisso?-Ford perguntou a Kenny, mas olhava para o Fredbear.

O garoto abaixou o olhar para seu amigo e segurou sua mão.

—Eu ainda estou aqui-disse Ford.

—Eu irei colocá-los de volta juntos-Fredbear falou.

As pessoas no lugar estavam desesperadas. Finalmente levaram o menininho ao hospital, mas não adiantou de nada.

—Ford-Fredbear humano chamou-O que eu disse era verdade. Ainda somos seus amigos.

Ford arrancou a gravatinha de Fredbear que usava e jogou-a no chão.

—Não-ele tirou o chapéu tipo cartola e jogou-o no chão também-Não são.

O garoto saiu correndo, com lágrimas nos olhos.

Os donos chamavam as pessoas para fora da sala. Quando todos saíram, eles apagaram as luzes, deixando a cartola e a gravatinha no chão de piso quadriculado, iluminadas apenas pela luz do sol que entrava na sala pela única janela que lá havia.

Scott colocou uma mão no ombro de Vincent, que ainda chorava.

—Sei que está triste com isso, Vince. Mas talvez deva lembrar que há alguém ainda mais chateado que você-falou, apontando para Ford que passara correndo por eles.

Vincent enxugou as lágrimas.

—Tem razão-ele respirou fundo, tentando se acalmar-Nossa, tá aí duas palavras que nunca pensei que usaria em uma mesma frase para falar de você.

—Morre uma pessoa mas o humor dele continua vivo...-murmurou Scott, enquanto Vincent ria.

—Acho que deveríamos falar com Ford-Vince sugeriu.

—É, vamos.

Os dois correram atrás de Ford e encontraram o garoto sentado, com as costas apoiadas na porta da sala dos fundos. Ele abraçava suas pernas e chorava com a cabeça apoiada em seus joelhos.

Vincent sentou à sua esquerda e Scott, à sua direita. Ambos colocaram uma mão nos ombros do garoto.

—Hey, não fique assim-Scott falou.

—Foi minha culpa...-murmurou o garotinho-Eu deveria ter feito algo.

—Não foi sua culpa-Vincent disse-Não teria como impedir aqueles garotos.

Eles ficaram alguns minutos consolando o garoto. Até que, em um momento, Vincent sorriu.

—Sabe, o que acha de eu te adotar?-perguntou.

Ford olhou para ele. Seus olhinhos brilhavam.

—Sério?

—Aham.

O garoto sorriu e abraçou Vincent.

Todas as noites por tipo...uma semana, Ford teve pesadelos com versões monstruosas dos animatrônicos querendo matá-lo. O que o acordava era o alarme do despertador que Vincent colocou em seu quarto.

Todas as manhãs Vince e Scott, que não trabalhavam mais na pizzaria, já que esta fechara, conversavam com ele e faziam com que ele esquecesse os pesadelos.

Ford se livrara da fantasia de Fredbear. Agora suas roupas típicas eram uma blusa preta, shorts pretos, botas de caça pretas e um boné preto de vigia noturno, que pegara da pizzaria antes que ela fechasse.

A cada dia ele se afastava mais de seus amigos. "Ford é o Fredbear!", Kenny certa vez dissera. O garotinho estava certo. Só de lembrar dele, já tinha vontade de chorar.

Ford abaixou a cabeça e fechou os olhos com força.

Help them.

Save them.

Save him.

You can't.

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Anos depois, lá estava John, sendo preso. Fora empurrado para dentro do carro de polícia e fecharam a porta. Ele olhou para o lado de fora, para um dos membros do grupo. A pessoa estava com a cabeça abaixada e os olhos fechados. Mas ele sabia quem era.

Ford ergueu a cabeça, abrindo os olhos, e um brilho dourado cruzou seu olhar.

It's me.