Stronger feeling escrita por Iza


Capítulo 54
Capítulo 54


Notas iniciais do capítulo

Hey pessoal, quero agradecer especialmente a Pendragon de coração pela capa nova, simplesmente linda e maravilhosa ♥
E claro, também agradecer a Bianca Rocha, Duda Borges, Ingrid Dixon,
Pendragon e LouiseRedbird pelos comentários maravilhosos, isso me faz ganhar o dia.
Espero que gostem, boa leitura.



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POV Natasha

Escuridão, ecos, lembranças.

Tudo parece borrado e sem sentido. Minha cabeça dói e um zunido me incomoda sem parar. Tento forçar meus olhos a se abrirem mas eles parecem pesar 100 toneladas. Meu corpo todo sofre do mesmo- dor e peso- e ainda assim não tenho certeza se o sinto por inteiro.

Abraham. Lucille. Glenn. Pancada. Dor. Escolhas. Daryl. Rostos. Família. As imagens voam sem sentido e dispersas pela minha mente e por mais que eu me concentre nada se conecta.

Dor. Escuridão. Inconsciência.

“ Eu nunca pensei que fosse ser amigo de uma mulher, e aqui estou eu- diz Abraham com um sorriso”

“Eu confio em você, se tem alguém em quem confio é você.

—Eu sei grandão, eu sou maravilhosa- respondo encarando o ruivo a minha frente, que por sua vez rola os olhos e bagunça meus cabelos”

“-Soube que vai ser madrinha do filhote do coreano-diz quando estamos finalizando um projeto para reforçar os muros.

—Sim- concordo distraída.

—Quando eu tiver você vai ser dos meus também, quero nem saber.

“-Eu vou, Abe. Tem tia Tasha para um monte de afilhado, relaxa”

Abro os olhos e vejo borrões. Alguém pergunta algo sobre mim – Negan, acho- e eu tento olhar ao redor, mas os rostos desconhecidos e borrados não me fazem querer ficar acordada. Caio na inconsciência de novo.

Dessa vez as coisas se organizam.

Revejo Abraham morrendo, e a dor é a mesma da primeira vez, talvez maior. Então vejo Daryl, me lembrando com clareza da culpa que se estampou em seus olhos a ultima vez que o encarei, e meu coração se acelera.

“ Eu te amo” ouço Daryl dizer, e posso visualiza-lo com clareza.

Também te amo, penso. Amo de todo o meu coração.

Dessa vez a consciência volta aos poucos e eu não tento abrir os olhos de imediato. Permito a mim mesma sentir tudo com calma. Meu corpo todo dolorido, algumas partes mais que outras. Vozes desconhecidas ao meu redor. Perigo, sem duvida.

Alguém dá ordens, e me dou conta de que é ele . É Negan. Eu reconheceria aquela voz em qualquer lugar, pelo simples fato de querer com todas as minhas forças fazer o dono dela arder no inferno.

Não quero abrir os olhos e enfrentar a situação em que me encontro - a situação em que me coloquei- mas sei que não dá para fugir para sempre. Eu nem se quer sou uma pessoa de fugir.

Testo abrir os olhos e faço uma careta para a luz ofuscante. As pessoas ao redor se calam, e enquanto eu pisco repetidas vezes para adaptar minha visão, Negan chega mais perto.

—Como você está, bonequinha?- pergunta com aquele sorriso de lado, expressão inabalável.

Tento me mexer para sentar mas ele me segura pelos ombros, de um jeito quase delicado.

—Não- diz sério- Você está toda arrebentada boneca, é melhor ficar quieta.

Concordo com a cabeça, sem muita saída. Meu pensamento está lento, mas mesmo assim olho ao redor, gravando mentalmente saídas, disposição de moveis e objetos e procurando possíveis armas.

Ele arranja água para mim e aceito, precisando muito da mesma.

—Melhore logo, bonequinha- diz sorrindo para mim- Temos tanto o que resolver.

Ele faz um tipo de carinho em minha bochecha, o que me faz sentir repulsa por dentro, e vai embora.

(...)

Os dois dias seguintes passam lentamente. Minha recuperação é boa, regada de remédios e curativos. Meus braços são os que mais demoraram, graças a pancada de Lucille, mas logo estou de pé.

Esse tempo parada na enfermaria, com ocasionais visitas de Negan, me fez pensar em como reagir a tudo isso, e cheguei a conclusão que pelo menos por enquanto vou ter que ser uma atriz e bancar a submissa. Ou o melhor que eu conseguir.

É no terceiro dia que uma tal de Sherry aparece e me leva até o quarto de Negan. O nome me é familiar, mas não consigo localizar de onde diabos ela pode ser.

Quando chego ele está sentado em uma poltrona vermelha, de frente para a porta. Lucille descansa aos seus pés e ele tem uma cerveja na mão.

—Obrigada Sherry. Pode sair- diz fazendo um gesto de desdém para morena, os olhos fixos em mim. Ele desce o olhar por todo o meu corpo.

É ridículo, mas estou usando um vestido. A porra de um vestido. Foi a única roupa que me deram, e ali, naquele momento, acho que foi ele quem escolheu, porque olha para meu corpo descaradamente.

—Como está se sentindo, boneca?- pergunta e eu seguro minha vontade de manda-lo se fuder.

—Poderia estar melhor- digo e logo em seguida me repreendo mentalmente. Cadê a atuação mulher?

—Vejo que ainda está chateada porque matei um dos seus amiguinhos, e tentei matar o outro- diz se levantando e se aproximando de mim.- Tudo bem querida, essa raiva vai passar.

Não digo nada. Não tenho o que dizer.

—Tão linda- diz próximo a mim- Tão gostosa. Deve ser uma delicia na cama.

Mantenho o controle. Não posso lidar com isso agora, com esse preço, mas talvez eu tenha. E talvez eu prefira morrer.

—Natasha, não é?- pergunta e eu concordo com a cabeça.- Venha comigo.

O sigo por inúmeros corredores de um lugar que acho já ter sido uma fabrica ou algo assim, mas que agora é abrigo deles.

Ele me guia até uma parte mais luxuosa e então abre uma grande porta que dá para uma sala cheia de bugigangas de gente rica. E cheia de mulheres. Mulheres variadas. Altas, baixas, medianas. Algumas da minha idade, outras mais velhas. Morenas, em grande maioria.

—Essas são minhas esposas- ele diz e o olho entre surpresa e cheia de nojo. –São ótimas não são?

Me mantenho sem dizer nada.

—Bem, por mais que elas sejam ótimas elas não são como você- diz voltando a se aproximar- E eu quero você.  Quero que seja uma das minhas esposas. Vou protege-la e você vai viver bem. Tudo o que vai precisar fazer é ficar linda e bem aqui. Quer ser minha esposa?

—Não- digo sem nem mesmo pensar. Posso querer me fingir de dócil mas isso é simplesmente de mais.

Ele sorri ainda mais, como se já esperasse por isso.

—Não quer ainda- diz voltando a se aproximar, se inclinando em minha direção e começando a sussurrar. Esrtá tão perto que seu hálito de cerveja bate em meu rosto- Você já é minha, Natasha. Tudo o que eu preciso é de um sim, e você vai me dar um sim.  E ai eu nos vamos foder. E vamos foder muito. Tanto que no dia seguinte você não vai nem conseguir andar.

Engulo o nojo, seguro o soco, guardo a vontade de matar. Não agora, digo a mim mesma. A hora vai chegar mas não é agora.

 Ele se afasta de mim e puxa uma das mulheres e a beija. Aperta a bunda dela e faz mais umas coisas, uma grande ceninha, com certeza, e depois a joga no sofá.

—Depois eu volto meus amores- diz sorrindo e então pega uma cerveja e se vira para ir embora- Você vem também, bonequinha.

E eu o sigo.

(...)

—Já que você não quer ser minha esposa, vai ser minha empregada- diz quando estamos de volta em seu quarto. – E é bom trabalhar direitinho, porque se não o fizer sua comunidade que vai pagar. Quero esse quarto bem limpo até o fim do dia. Cuidado com esses braços, não quero que fiquem piores.

Uns caras entram e colocam baldes, esfregões, escovas, e diversos produtos na minha frente. Um deles me lança um sorrisinho malicioso que só me dá nojo.

—Não-  Negan murmura e agarra o cara pela gola- Ninguém vai encostar nessa mulher porque ela vai ser minha e ninguém encosta em mulher minha. Eu fui claro?

Eles todos concordam com com veemência, cachorrinhos treinados e com o rabinho entre as pernas.

—Então sumam daqui seus filhos da puta- diz soltando o cara e todos eles somem. Ele fecha a porta do quarto e então se encaminha até a cama, onde se deixa relxado

—Eu nunca vou ser sua mulher, você sabe- digo cruzando os braços e o encarando fixamente.

—Você acha que não, mas você vai ser sim- responde dando de ombros- Ninguém resiste a mim.

Nego com a cabeça em silencio e olho para os instrumentos a minha frente.

—Pode começar a limpar. E é pra fazer com capricho- diz sorrindo debochado.

Tenho plena noção de que seu plano é me humilhar, e ele age como se trabalhar fosse humilhante. O mais perto de humilhante  por aqui é modo que me trata, como se eu fosse sua propriedade, e o modo como decide tudo sem que eu tenha voz para nada.

Limpar o quarto, ou fazer qualquer outro trabalho não vai me fazer menos digna, e entre empregada e esposa, escolho empregada um milhão de vezes.

Pego os esfregões e os produtos e começo a trabalhar, tendo de reprimir constantemente os pensamentos assassinos que me rodam a cabeça. Espanca-lo com o esfregão parecia legal no momento.

Acabei de limpar seu quarto e organizar suas coisas, tudo sobre seu olhar atento, quando alguém bate a porta.

—Entre- ele grita ainda deitado na cama, totalmente a vontade.

Dwight entra parecendo sem graça e tira um embrulho do bolso.

—Foi difícil conseguir, demoramos 2 dois dias para conseguir todas as letras mas aqui está.

Negan concorda e logo em seguida o dispensa.

Caminha até mim com o embrulho em mãos e o então anda que eu me  vire de costas. Meu cérebro falha por um momento, recusando ordens e se recusando a dar as costas ao inimigo, mas o faço depois de um esforço.

Ouço um tilinar e então ele está colocando um colar em mim.

—Você é minha e quero que todos saibam disso- diz antes de se afastar.

Fixo meus olhos em um espelho mais a frente e tenho que buscar auto controle em minha alma ao ver que na verdade ele colocou um colar de tira rosa com seu nome em letras enormes. Parece uma coleira.

Quero xingar, quero bater, quero matar. Quero sangue. Olho para meu anel, que por milagre continua em minha mão e me lembro de Daryl. Me lembro de meu amor por ele, e de seu amor por mim.  Preciso sobreviver, preciso dele.

Fico com os olhos fixos nas pedras verdes do anel, me lembrando do pedido de casamento, das brigas e de tudo o que passamos desde então. Vamos superar isso também.

E eu vou fazer o império de Negan despencar, se tornar nada mais que escombros. Ele vai pagar pelas mortes, pelas humilhações e por todo o resto. Ele não tem noção do que Natasha Wayland- Dixon é capaz.

Mas vai saber, e vai odiar cada segundo disso, para logo em seguida morrer.

Alguém me guia a um tipo de quarto-cela, e eu não me importo. Gravo o caminho na memoria, e sigo tranquilamente, crente de que vou ter minha vingança.

Não estou sozinha nesse lugar. Duas outras mulheres estão aqui também. O garoto que me acompanha parece abalado. Esse fato ecoa em minha mente. Pessoas abaladas, pessoas presas, pessoas obrigadas. Existe um exercito contra Negan dentro de suas próprias paredes e ele nem faz ideia. Mas eu faço. Ah, eu faço. E vou usar isso.

—Oi, sou Lívia- diz uma das mulheres, parece abatida e cansada.

—Natasha- respondo enquanto minha cabeça trabalha mais e mais.

Eu queria uma brecha, e eu tenho uma brecha. Só tenho que escolher com cuidado onde piso, quem escolho, e então Negan vai cair. Um ataque de fora, um ataque de dentro.  Ele me deu as armas para vence-lo, e vou usa-la. Vou  faze-lo engolir esse colar ridículo, e todas as merdas que vem falando desde que apareceu. Eu e minha família vamos.

Vou ter seu sangue em minhas mãos, mesmo que talvez não seja eu quem o mate.


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Notas finais do capítulo

E então?



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