Chegando em casa, os três foram tomar banho. A casa tinha quatro banheiros, então ninguém teve que esperar. Depois de um banho quente, todos foram jantar. A família de Hiyori mencionou diversas vezes sobre visitar a capyperland juntos e Hiyori ficou extremamente chateada com isso. Após o jantar, o trio subiu para o quarto de Hiyori.

— Vamos fazer o que agora? – Yato se jogou na cama dela.

— Vai ser esse tédio infinito até irmos embora. – Yukine se jogou também – e olha que só estamos aqui há quatro dias.

— Terão que aguentar mais uma semana e meia. – Hiyori, de mal humor, enquanto penteava o cabelo.

— Ei, Hiyori. – Yato sentou-se.

— O quê?

— Por que você tá tão mal humorada?

— Não é nada. – Virou de costas pros dois.

“Fico pensando se ela não gostou de termos vindo...”;

Yato deitou de novo e o clima do quarto ficou muito estranho. Depois de alguns minutos, começou a chover novamente.

— Olha, é normal ficar estressada às vezes, tá? – Hiyori voltou a olhar pros dois, que tomaram um susto com a fala de repente.

— Tá, mas também é normal falar pros amigos seus problemas, sabia? – Yato levantou, olhando feio pra ela.

Yukine estava mudo, assustado com os dois.

— Boa noite. – Disse, levantando.

— Boa noite.  – Responderam, saindo do quarto, também chateados.

Hiyori olhou para sua cama vazia. Então, correu para o quarto dos meninos. Os dois já estavam trocando de roupa e foi uma cena meio tensa.

— SUA PERVERTIDA, BATA NA PORTA ANTES! – Yato, usando apenas uma cueca de Capyper, enquanto pegava sua calça do pijama na mala.

A última coisa que Hiyori reparou naquela cueca foi o capyper. Yukine estava rindo da situação porque ainda nem havia aberto a mala para se trocar.

— Por favor, voltem a dormir comigo! – Falou rápido e os dois ficaram se reação.

O pedido foi feito num momento muito estranho, mas é óbvio que eles aceitaram. E pra falar a verdade, eles estavam bem mais felizes juntos. Hiyori ligou o ar condicionado, fechou a porta, as janelas e as cortinas. Todos já estavam de pijamas e Yukine estava dormindo, dessa vez, com o abajur ligado. Yato estava acordado olhando seu celular e Hiyori deitou entre os meninos. Em questão de minutos ela também dormiu, sorrindo. Com isso, Yato foi o último a dormir.

[...]

Yato acordou com alguém passando por cima dele. Até acordar mesmo, viu que era Hiyori indo até a porta.

— Ei – sussurrou, esfregando os olhos.

— Desculpa, eu não queria te acordar! – sussurrou, tímida.

— Onde você vai? – sentou-se.

— Lá fora. Não consigo dormir. – disse com um ar chateado.

Estava frio, apesar de ser verão. A noite estava bem clara por causa da lua.

— Eu vou com você. – disse rápido, levantando da cama.

— P-Por quê? – Falou até meio alto.

— Ah, podem ter ayakashis lá fora.

— Então o Yukine deve vir, não? Você sem ele é inútil.

— Não precisava falar isso! – Fez cara feia pra ela.

Acabou que eles dois saíram de casa, mas sem se falar. Caminharam até a praia, que era muito perto de casa, e tiraram seus sapatos para andar na areia. Estava muito iluminado por causa da lua, estrelas e luzes dos postes, então um ayakashi aparecer ali era meio improvável.

— Você ainda não me disse o porquê tá tão chateada – Disse, andando atrás de Hiyori.

Ela parou de caminhar e parecia querer chorar.

— Você ficou chateada por termos insistido em vir, né? – Disse tristonho.

— Claro que não! Eu adorei que vocês tenham vindo! – começou a chorar – É que eu... Comecei a lembrar de quando fomos à Capyperland...

Yato abaixou a cabeça, ainda triste.

— A-Antes disso... – colocou as mãos no rosto – Eu não paro de me culpar por não ter te falado o motivo...

Yato ficou a olhando meio surpreso, já que não entendeu.

— Como assim?

— Quando eu fui para lá com o Fujisaki... – soluçou.

Ele não respondeu. Estava com uma expressão dúvida misturada com decepção no rosto.

— Eu... Tinha me esquecido de você. – não conseguia mais falar por causa dos soluços – E eu pensei que... Tudo que eu sentia por você... Yato, desculpa!

Ela parou de tentar falar, já que não estava conseguindo. Yato estava arrasado.

— Eu... Pensei que gostasse do Fujisaki porque... Eu confundi vocês dois! – Esfregando as mãos no próprio rosto – Então, tudo, TUDO que eu fiz naquele dia, eu queria ter feito com você... Mas eu não lembrei disso...! Eu prometi que não ia esquecer você, mas eu esqueci...!

Hiyori não parava de chorar mesmo se esforçando. Ambos pararam de falar por alguns instantes e estavam apenas se olhando. As ondas do mar estavam molhando seus pés e a água era realmente fria.

— Me desculpa. – Hiyori disse, olhando para os pés na areia.

Yato deu um passo à frente e chegou perto dela.

— Tudo? – finalmente falou, quase que num sussurro.

Ela levantou o rosto para olhá-lo. Lembrou-se do que houve com Fujisaki naquela vez e demorou a responder. Yato parecia ansioso.

— Sim, tudo. – Conseguiu diminuir o choro. Estava nervosa com a resposta dele também, porque entendeu o que ele quis dizer.

Yato chegou mais perto e, lentamente, aproximou seu rosto ao dela. Hiyori quase prendeu a respiração com o coração batendo rápido. Ainda assim, seus olhos foram fechando como os olhos dele também na medida em que seus rostos se aproximavam. Já conseguia sentir a respiração dele e o seu cheiro bem no seu rosto. Os olhos dos dois já estavam fechados quando, finalmente, seus lábios se tocaram.

Eles se beijaram. Com isso, automaticamente, os dois moveram seus braços para um abraço bem apertado. Yato apertou Hiyori contra ele, puxando seu rosto com os braços. As mãos de Hiyori estavam em volta das costas dele. A cada parada, um dos dois voltava com o beijo e esse, de longe, foi o momento mais marcante da viagem desses dois idiotas. Ninguém falou nada durante esse período. Foi um momento de intenso carinho, sem nenhuma maldade ou intenções ruins. Quando finalmente pararam, os dois sorriram como nunca tinham sorrido antes.

Voltaram para casa, mas sem falar nada. Nenhum deles conseguia esconder a felicidade que estavam sentindo, mas também estavam envergonhados demais pra comentar sobre o assunto. Deitaram na cama para dormir logo e, dessa vez, dormiram realmente abraçados.