** Sara**

Desde que Grissom partiu de São Francisco, me senti sozinha novamente. Aquela semana que passamos juntos foi a melhor coisa que me aconteceu  e sinto que nunca haverá outra igual. A nuvem de lágrimas sobre o meu olhar me dizia que com a partida dele não demoraria para que meu pranto rolasse. E não demorou. Chorei copiosamente o sonho desfeito de uma vida que sonhei para mim. Eu fiz de tudo para me convencer e provar que a vida seria melhor sem ele, mas meu coração não se deixou enganar. Nenhuma justificativa racional foi capaz de convencer meu coração de que Gil era o homem para mim.

Conforme os meses foram passando eu sentia cada vez mais a falta da companhia daquele homem que passou a ter um lugar especial no meu coração. Cheguei até a inventar paixões para fugir da saudade. Tentei em vão sair com outros homens, mas nenhum deles era Gil Grissom. Nenhum se comparava a ele. E eu sempre voltava para minha casa, meu quarto, minha cama para constatar a mais pura realidade. A ausência dele doía demais.

O tempo ia avançando e eu continuava a sentir um vazio no peito, uma coisa ruim. Mais do que isso, o meu corpo e o meu coração ansiavam pela mesma proximidade que partilhamos durante aquela semana inesquecível. A cada dia, cada semana, cada mês que passa, eu vou sobrevivendo em um mundo sem paz.

Ah que jeito triste de tê-lo! Longe dos olhos e dentro do meu coração! Sempre presente em meus sonhos e pensamentos.  Preciso que me ensinem a esquecê-lo ou – louco desejo meu! – que um gênio realize meu desejo de que ele venha logo e me tire dessa solidão.

Minhas tentativas para esquecê-lo, para tirar a imagem daqueles encantadores olhos azuis foram frustradas. Já faz algum tempo – três anos – que não o vejo, que não tenho notícias dele. E cada vez que eu penso, eu o sinto e o vejo em cada sonho que eu sonhar.

Eu sei que a distância existe, e ainda persiste o desejo de trazê-lo de volta, de ter perto de mim aqueles olhos profundos como o mar. Algumas pessoas dizem que quem vai quem parte não volta jamais. Então eu finjo esquecê-lo, mas o meu coração, não.

Eu não acreditava no amor até conhecer Grissom.  Eu não conhecia o amor até o dia em que o encontrei. E agora acredito que esse sentimento é feito flecha que acerta uma vez só e ninguém mais pode arrancar. De repente atinge em cheio o peito e para sempre ali vai morar. É triste, porém é nisso que eu me fio.

Por mais que eu tente aceitar que tudo não passou de uma mera ilusão, um sonho lindo que se foi, eu não consigo a saudade é demais. Será mesmo que quem vai, quem nos deixa não volta jamais? Eu tento com toda minha força esquecê-lo, mas o meu coração não.

A vida podia ser como nos livros de contos de fadas que sempre tem um final feliz. Mas infelizmente não é assim. E eu sei disso muito bem. Toda vez que eu acredito que serei feliz, o destino me passa uma rasteira.

Por isso não criarei expectativas quanto ao motivo de Gil querer que eu vá para Las Vegas. Entretanto, meu tolo coração insiste em sonhar que ele descobriu que me ama e por isso me deseja por perto. Como raios ele descobriu meu telefone, eu não sei. Sei apenas que dentro de quatro dias estarei em Las Vegas e verei novamente o homem que roubou minha sanidade. Eu reconheço que deveria ter dito não, contudo confesso que não resisti ao ouvi-lo dizer:

— Sara, eu preciso de você!

Se ele precisava de mim, então eu iria até ele. Quem sabe essa não é a oportunidade que eu vinha pedindo?