Cry Baby escrita por Helen Muniz


Capítulo 4
Sr. Houdini você é um Show de Horrores




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  Depois de ficar até tarde acordada, forçando sorrisos e fingindo estar interessada em todos os assuntos, fiz questão de acordar bem tarde para não ter que dar atenção a ninguém.

  Infelizmente, é claro que minha querida mãe não iria deixar que isso acontecesse, então fez questão de fazer Amanda ir me acordar para o “magnífico” café da manhã em família.

  Coloquei um dos primeiros vestidos que vi em minha frente ao abrir o guarda-roupas e “coloquei meu rosto de boneca”.

  Desci para a sala de jantar e lá estavam todos, menos papai, Max e o tio Johnson.

  — Finalmente a Bela Adormecida acordou! — minha tia disse ao me ver.

  Forcei um sorriso novamente, mas dessa vez falhei.

  Me sentei ao lado da minha prima Janel.

  — E então, como eu ia dizendo, ele finalmente tomou coragem de pedir Janel em namoro. Foi realmente fofo, teve buquê de rosas e tudo! — tia Lô continuou.

  Janel deu uma jogada de ombros de entusiasmo.

  — Fazia muito tempo que ele estava afim de mim, sabe? Mas eu nunca deixava na cara meu interesse por ele. Afinal, ninguém gosta de garotas muito atiradas, não é? — ela falou. — Além disso, o pai dele é o prefeito da cidade em que moramos.

  Blá, blá, blá... Eu estava mexendo o açúcar no café com a pequena colherinha e me divertia ao assistir aquilo. Era melhor do que ouvir aquela baboseiras.

  — E você, Mel?

  Nem me dei conta de que havia perdido metade da conversa enquanto me concentrava com o café.

  — Perdão? — perguntei.

  — E os namoradinhos? — minha tia perguntou.

  Ela não podia estar me perguntando isso. Sinceramente...

  — Ninguém me quer, tia. — respondi simplesmente.

  — Melanie! — minha mãe chamou minha atenção.

  Eu odiava quando ela me tratava assim.

  — Talvez o problema seja esse seu cabelo colorido. — tia Lô comentou apontando para meu cabelo.

  Dei um suspiro para não xinga-la naquele momento.

  — Mas está se esquecendo do Simon? Aquele da sua classe, o filho do Doutor? — minha mãe me lembrou.

  Rolei os olhos. Eu realmente não queria falar sobre isso.

  — Onde estão os garotos? — perguntei.

  — Seu pai e seu tio foram ensinar Max a jogar golfe. — Janel respondeu.

  Tomei meu último gole de café.

  — Sério? Porque parece que Max tem novos passatempos. — pensei alto.

  — Como? — minha mãe perguntou tentando me entender.

  — Nada. — respondi. — Vou me retirar, com licença.

  Levantei da cadeira e segui para o meu quarto. Estava na cara que aquele dia seria bem longo.

***

E lá estava eu novamente em frente ao guarda-roupas. Mamãe dissera que nos levaria ao parque de diversões hoje, por isso queria estar bem apresentável. Era final de semana, então seria bem provável eu trombar com a Lucy, com a Sasha ou com o Sean.

  Depois já termos nos arrumado, fomos todos para o carro. O trajeto até lá foi o que eu geralmente chamo de longo demais, já que a tia Lorelay ficou o tempo todo falando das mirabolantes aventuras de sua filhinha Janel.

  “Por favor, será que ao menos uma vez vocês podem parar de agir feito bonecas?”, eu falava para mim mesma.

  Ao chegarmos ao parque de diversões, nada de interessante. Luzes coloridas se destacavam em praticamente todos os lugares. Crianças corriam e vibravam, os pais enlouqueciam e os jovens se aventuravam nos grandes brinquedos do festival. Placas com: “Você deve ter este tamanho para entrar” estavam em quase todos os brinquedos.

  — Ai meu Deus! — Janel exclamou encantada. — Mãe, é um carrossel!

  Olhei em direção ao brinquedo.

  — Olha só, Janel, faz tempo que não vemos um desses! — tia Lô falou, também hipnotizada pelo brinquedo.

  — E esse é para adultos! Ora Melanie, você tem que vir comigo!

  Suspirei.

  — Tudo bem. — falei.

  Compramos o bilhete e Janel fez questão de entrar primeiro no brinquedo garantindo seu lugar. Foi ai que vi quem estava lá: Sasha e Lucy, como sempre rindo de mim e falando do meu laço. Quando me viram, mandaram um aceno irônico.

  Chega! Eu não aguentaria aquilo, hoje era domingo e eu merecia um dia de descanso daquelas duas.

  Eu já estava quase saindo quando o moço do brinquedo me barrou.

  — Não vai entrar? — perguntou.

  Neguei com a cabeça.

  — Mas você...

  — ... Já comprou um bilhete. E não há como voltar atrás agora. — alguém interrompeu e completou.

  Olhei na direção de quem havia falado. Era um garoto, bem mais velho que eu, por sinal. Era loiro e muito bonito. Na verdade, me hipnotizou tanto quanto o carrossel havia hipnotizado minha tia.

  Ele saiu de seu lugar e veio até mim. Pegou a minha mão e de repente nada mais fazia sentido. Senti meus pés saírem do chão e em instantes eu estava flutuando. Ele me acompanhou até um cavalo e depois se apoiou em um dos cavalos. Ficou em pé, o tempo todo em minha frente olhando diretamente para mim.

  Fiquei sem reação. Nenhuma palavra saía da minha boca e eu só conseguia encara-lo de volta. O mundo havia desaparecido.


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