Pov Kai

Eu estava sentado em uma cadeira de frente para uma janela de vidro. Um telefone se encontrava ao lado da janela e eu só queria vê-la para começar o interrogatório. Logo uma mulher se aproximou e sentou na cadeira do outro lado da janela. Ela pegou o telefone e eu peguei o meu.

Anna: o que quer Parker? Estava com saudades?- revirei os olhos e ela riu.

Kai: onde está Bonnie?

Anna: não sei se você percebeu, idiota, mas eu estou presa. Isso significa que eu não sei.

Kai: eu sei que não foi você. Foi o Enzo.

Anna: sempre admirei meu primo- respirei fundo.

Kai: deve saber onde ele está.

Anna: eu não sei, e mesmo que soubesse não te diria.

Kai: Anna, me escuta. Eu preciso que Bonnie volte para mim e em segurança. Ela está esperando um bebê e eu preciso dela aqui- ela fez um bico.

Anna: ai meu Deus, ela está gravida? Desculpe, deveria mandar presentes. Balões rosa ou azul?

Kai: o que há com você?

Anna: não me importa se a idiota da sua esposa está gravida ou não. Eu não sei onde ela está e mesmo que soubesse não diria.

Kai: QUAL O SEU PROBLEMA?

Anna: fala baixo!- falou com raiva- meu problema é que aquela idiota tem o que eu quero.

Kai: você mesma me despachou.

Anna: mas meu amor por você não morreu. Uma semana depois que saí da sua casa eu estava decidida a fazer as pazes com você e esquecer tudo. Quando cheguei lá, advinha, você não estava. Josette disse o que foi fazer e na minha cabeça Bonnie não te perdoaria nunca e eu acabaria ganhando. Mais semanas se passaram e você não voltou. Meus tios chamaram minha mãe para um churrasco e eu fui para acompanha-la. Quando chego lá, conheço a Bonnie e pela história que ela me contou pude ver que era você mesmo. Como ela estava namorando com Enzo e me falou super mal de você, eu pensei que tinha pontos extras. Mas aí vocês acabam juntos de novo e quer saber? Que se dane sua esposa.

Kai: por favor Anna. Qualquer pista, qualquer coisa- eu estava quase ajoelhado.

Anna: tudo bem- franzi o cenho quando ela falou isso- quer saber onde ela está?

Kai: por favor.

Anna: eu não sei e sabe o que eu espero? Que Enzo a mate ou a leve para bem longe daqui.

Kai: IDIOTA!- esmurrei o vidro e ele riu.

Um policial me segurou enquanto outro a tirava de lá. Quando saí daquele presidio eu gritei. Eu gritei para todos ouvirem a dor que estava em meu peito, mas não parecia o suficiente. Eu só a queria de volta. Minha esposa, minha amiga, minha companheira... meu amor!

1 semana depois...

Pov Bonnie

Mais uma semana se passou e nada de nos acharem. Eu já começava a achar que ninguém viria mesmo, que haviam me esquecido e começado outro caso. Senti algo mexer dentro de mim e pus a mão em minha barriga. A porta se abriu com aquele mesmo ranger e Enzo entrou com uma bandeja.

Enzo: hora do almoço- pôs a bandeja na cama.

Bonnie: não estou com fome.

Enzo: por favor, amor. Não vai querer deixar nossa bebê fraca, vai?- olhei para ele com toda a raiva.

Bonnie: ela...- respirei fundo- só não estou com fome.

Enzo: coma Bonnie. Se não eu mesmo terei de fazer com que você coma.

Peguei um pouco de comida com a colher e ingeri. Ele sorriu satisfeito. A comida tinha gosto podre e eu mal engoli e acabei pondo para fora.

Enzo: droga Bonnie!

Bonnie: eu disse que não estava com fome- falei limpando a boca com um guardanapo.

Enzo: tudo bem- tirou a bandeja- vou limpar isso.

Ele saiu e lágrimas escorreram por meu rosto. Não! Kai não tinha me esquecido e eu sabia disso! Ele tinha que vir me resgatar. Ele tinha que vir até aqui. Foi então que vi o celular de Enzo em cima da mesinha. Olhei para a porta e peguei o celular rapidamente. Escrevi a mensagem e me assustei quando uma mão agarrou o celular.

Enzo: o que está fazendo?

Bonnie: Kai vai me tirar daqui! Eu sei que vai- pude ver seu maxilar se contraindo.

Ele pôs o celular no bolso e deu um tapa em meu rosto. Caí na cama com meu rosto ardendo e lágrimas escaparam.

Enzo: ele não vai vir por que não vai nos achar sua idiota. Você e eu vamos sair daqui e vamos ser felizes com nossa filha em outro lugar.

Bonnie: você é louco- falei massageando meu rosto.

Enzo: faça isso novamente e eu mato você.

Bonnie: ME MATA!- gritei exaltada- ME MATAR VAI SER MELHOR DO QUE TER UMA VIDA COM VOCÊ!- ele respirou fundo e levantou a mão. Fechei o olho esperando o golpe, mas ele não veio.

Abri meus olhos e vi Enzo saindo do quarto e batendo a porta com força. Pus a mão na barriga e recebi um chute em resposta. Sorri por saber que ela estava bem. Eu só queria que meu marido viesse me buscar para levarmos uma vida juntos novamente.

Pov Kai

Já havia se passado uma semana desde que fui visitar Anna e ela disparou tudo aquilo contra mim. Eu estava cansado de tudo aquilo. De não ter Bonnie aqui para me abraçar e de sentir minha filha se mexendo em seu ventre. Eu só tinha a Peter para me confortar.

Peter: pai?- olhei para ele.

Kai: oi filho.

Peter: tia Jo ligou e disse que está vindo.

Kai: tudo bem- sorri um pouco- está com fome?

Peter: não.

Kai: nem eu- ele se aproximou e sentou ao meu lado.

Peter: a mamãe está bem?- foi a primeira vez que ele perguntou isso.

Kai: eu... eu não sei- lágrimas se formaram em meus olhos.

Peter: eu...- pude ver lágrimas em seus olhos também- eu já não sei mais... eu... eu quero ela de volta- ele irrompeu em lágrimas.

Puxei ele para meu abraço e pude sentir as lágrimas molhando o tecido de minha camisa. Lágrimas começaram a escorrer de meus olhos também. Eu podia entender ele. Ele estava tentando não pensar nisso para não sentir tanta dor, mas uma hora temos que deixar transparecer e deixar se levar pelas lágrimas. Quando eu era pequeno minha mãe me falou que chorar era o melhor jeito de deixar a mágoa, raiva ou tristeza sair. Mas naquele momento nem um rio de lágrimas me fariam parar de pensar nela.

Peter continuava chorando e após um longo tempo ele havia adormecido em meu colo. Peguei ele em meus braços e o levei para sua cama. Deitei-o lá e o cobri com seu cobertor. Alisei seu cabelo e comecei a olhar sua expressão serena de quando dormia. Saí do quarto e desci. Estava tomando um copo de água quando a porta se abre.

Josette: oi Kai- assenti.

Joshua: como vai filho?

Kai: mal- meu pai havia chegado a uns dias. Ele queria me trazer um pouco de conforto por causa disso e eu adorei tê-lo aqui.

Joshua: vão acha-la- assenti receoso.

Josette: estive com a xerife Forbes.

Kai: e?

Josette: ela disse que continuam procurando por todos os lados e nada. Mas que não se preocupasse de saírem daqui, pois os policiais dos aeroportos e estações estão alertas.

Kai: uhum- guardei a água.

Joshua: e Peter?

Kai: dormiu.

Josette: imagino a dor que ele está sentindo.

Kai: eu sou adulto e está doendo. Imagine para ele- ela assentiu.

Josette: posso leva-lo até uma clinica de uma amiga minha? Ela é psicóloga.

Kai: por favor- ela sorriu um pouco.

Josette: vou fazer o jantar- falou adentrando a cozinha.

Joshua: filho- olhei para ele- vá para seu quarto, tome banho, faça a barba e fique lá um pouco.

Kai: sinceramente? Não estou com humor para me arrumar.

Joshua: por favor. Quero te levar em um lugar- respirei fundo e assenti.

Saí da cozinha e me dirigi ao quarto. O quarto que ainda me trazia os vestígios de uma linda morena que fazia meu mundo mais feliz. Balancei a cabeça e me despi. Entrei embaixo do chuveiro e deixei meus pensamentos tomarem seu curso. Após um longo tempo saí do banheiro e me dirigi ao meu quarto. Meu celular apitou e eu fui até ele. Meus olhos se arregalaram quando li a mensagem.

Me ajuda Kai!