Do outro lado da linha escrita por LcsMestre


Capítulo 133
Atendimento #133: Sua mãe


Notas iniciais do capítulo

Tome cuidado com o que você diz e faz para um atendente, principalmente se ele for um cara como o Igor.

Aproveite e ria um pouco deste atendimento.
PS: Atendimentos adicionados todos os dias as 14:00(ou no caso 14:05 sei lá..)



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Atendimento #133: Sua mãe

Amigo vem cá, senta aqui no divã. Você já parou para pensar que o ser humano do outro lado da linha é um mero subordinado de uma empresa, ou PIOR, um terceirizado de outra empresa contratada só para atender? Pois é... Você acha mesmo que aquela multi nacional hiper absurda, dona de toda a parte oriental do mundo, e que escraviza crianças na china contrata pessoas diretamente para atender seus produtos? Não! De forma nenhuma.

Nossos heróis, bem como quase todos os funcionários que trabalham com chamadas, são contratados por empresas especializadas em atendimentos. Aí você deve estar dizendo: Idaí? Quero mais é que os atendentes queimem no inferno!

Bom, é simples. Essas empresas contratadas recebem um valor alto para prestar serviços e repassam salários irrisórios a seus contribuintes. É por essa razão que o cara do outro lado da linha está desanimado, pra baixo, semi morto. Ou pode ser que a mulher dele tenha feito uma greve sexual, como foi o caso de Igor.

— Falou chefe. — Igor despediu-se do cliente. Nervoso, o carioca roeu todas as unhas das mãos e já estava oferecendo dinheiro para que outros lhe deixassem roer as unhas. — Que vontade de por um azeite na salada.

— Se aqueta seu tarado. — Quem falara era Amanda que deslizara a cadeira em sua direção. — Quantos anos você têm?

Igor bateu os dedos forrados de anéis na mesa tentando se recordar da própria idade.

— Eu parei de contar quando cheguei nos trinta, acho que isso foi a uns dois anos atrás. Por que ?

— Tá parecendo um moleque na puberdade, não se aguenta vai no banheiro pô.

— Sô não deixa tudo sujo...— falou Ezequiel com seu coletinho laranja passando pelo corredor indo em direção a mesa do supervisor fanho. — Ah! — Nosso heroí estalou os dedos já distante. — E lave as mãos pelo amor de Deus!

— Podem parar com isso crianças! — O ex supervisor cruzou os braços voltando-se para o telefone. — Depois dessa ligação eu vou.— Tirou do mute atendendo a chamada. — Descobri que te amo demais, descobri em você minha paz. Diga aí meu parceiro e a vida? Da hora? — Cantarolou Igor no ritmo de samba.

O cliente demorou algum tempo para responder, afinal de contas não era todo dia que se ouve Zeca pagodinho em um suporte.

— Aí é do suporte mesmo?

— Claro chefe, só mande o que que deu ruim aí.

— Oía. — O cliente respirou fundo, parecia um maratonista prestes a começar uma corrida, ou um bandido se preparando para roubar salgadinhos em um hipermercado. — Eucompreiumprodutodiocêiseesseprodutonãofuncionoudireito. — O cliente respirou recolhendo ar aos pulmões. Sim ele mesmo sabia que falava sem espaços, mas era tão natural para ele que nem se quer se preocupava. Seu sotaque caipira mineiro não era condizente com o lugar de onde ligava. Claro que Igor arregalou os olhos assustados, para ele parecia que lidava com alguma entidade maligna possuindo um pobre cliente. — JáligueivariasveisetudooqueceisfalaéquevairesolvenãoqueromaisabereuvounoPROCOMacabacomessanovela.

— Creio em deus pai. — Igor deixou escapar enquanto o cliente falava.

— Siocenãoresorvêalgumacoisaaíeuvoubuscameusdireitoe...

— Doutor...— A maneira formal de se dirigir ao cliente não era do feitio de Igor, mas era melhor do que chamá-lo de corno ou algo do tipo. — você é corno?

— UQUE?

Um dos poderes especiais não reconhecidos de Igor era deixar os clientes malucos rapidamente, já o outro era detectar pessoas cornas.

— Não porque você fala de um jeito meio corno sei la. — E antes que o cliente explodisse continuou. — Você só ligou para reclamar, parceiro. Reconheço de longe gente do seu tipo. Então bora adiantar com essa lenga lenga que eu preciso fazer umas paradas muito importantes por aqui.

— Vocênãopodecêcontratadopelaempresacêtemdeserterceirizadonãoépossivel.— Tomar ar como se tivesse acabado de emergir do fundo do mar. — Falalogoceéounãoumatendentedaempresa?

— Olha chefe...

— Oianãoouocêfalaagoraou...

— Ou o que chefe? — Interferiu o carioca.— Fica na tua que eu sou terceirizado mesmo, fosse eu ou tua mãe tu seria atendido da mesma forma, então se você não gostou trate de primeiro arrumar as virgulas e os espaços na tua fala, se não nenhum leitor vai poder sacar o que tu tá falando, e depois, só depois mande tua mãe vir reclamar comigo. — Igor fez um muxoxo. — Se controla ai rapá, só não sou teu pai por que tua mãe não tinha troco para cinquenta centavos.

— Amanhã eu vou abrir um processo contra vocês!

Igor se surpreendeu com a mudança brusca na fala do cliente. Até para ele mesmo está meio difícil entender o que o cliente dissera nas frases mas acima.

— Olha só meus parabéns chefe, agora os leitores vão te entender. — O ex-supervisor bateu palmas. — Mas e agora, cadê ela?

— Cadê o que menino? — O cliente não compreendera.

— Sua mãe ué, agora falta ela vir reclamar comigo. — Falou Igor abrindo um sorriso de quem adoraria ver a mãe do cliente em linha.— Preciso que ela me faça um favor aqui para mim envolvendo azeite.


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Notas finais do capítulo

Cade ela jão? Traz lá!
Vou sempre repetir isso:
SOU MOVIDO A COMENTÁRIOS SIM! GOSTO DE SABER SE ESTÃO GOSTANDO OU NÃO U.U
Se você riu com esse amontoado de palavras eu fico feliz, esse era meu objetivo bjs e até amanhã :D



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