Descendants - In Reverse escrita por Meewy Wu


Capítulo 8
VII - Princesa Fera




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—E então ela ficou lá parada, tagarelando coisas como – John andava de um lado para o outro no quarto de Ethan e Maison – Nenhuma beleza se compara a uma mente bem estruturada e um coração nobre. Acreditam nisso? Onde ela acha que estamos?

—Em Auradon – Falou Maison, que estava jogado na cama com um livro qualquer sobre a cara ignorando fielmente o menino desesperado no meio do quarto. Seu plano perfeito havia falhado...

—Hein, Maison – chamou Ethan, jogando uma bolinha de papel nele – O que acha?

O menino tirou o livro do rosto, olhando para a peça que o filho da Rainha Má – que ensinará o filho homem a costurar com oito anos de idade – segurava. Era uma camiseta em vários tons de azul, com o brasão de sua mãe - uma coroa rachada – preso em um broche dourado sobre o local onde ficava o coração. Em qualquer outro garoto, usar uma pequena coroa dourada na roupa seria extremamente ridículo... Não em Ethan.

—Legal... – Maison sorriu, e depois fechou a cara – Espera... Pra que é isso?

—Pro meu encontro com a Cindy amanhã – o outro sorriu orgulhoso.

—O que? Vocês chegaram aqui ontem e você já está saindo com Cindy Charming? E depois minha mãe diz que a aparência não é importante... – gemeu John, se jogando na cama de Ethan – Eu nunca vou ter uma namorada!

—Pra que você quer uma namorada? – perguntou Maison, confuso – Você só tem quatorze anos... E, além disso, meninas só dão dor de cabeça!

—Como sabe disso? – perguntou Ethan, rindo – Você nunca teve uma namorada...

—Por que eu não preciso de uma garota tosca presa no meu sapato – ele se sentou na cama, bocejando – São uma grande perda de... Tempo.

—Droga – Ethan jogou longe um rolo de linha – Esqueci da lição da Cindy... Droga!

—E a vida prova minhas palavras – suspirou Maison, revirando os olhos e pegando o livro de feitiços da mãe – Será que aqui tem...

—Oi – um cara bem vestido, mas com um cabelo desastroso que mais parecia de um índio entrou no quarto – Desculpem, a porta estava aberta. Meu nome é Laurent!

—Hã... – Maison o encarou, esperando que ele continuasse.

—Filho da Mulan? E Do General Chang? – ele tentou de novo – Tive três aulas com vocês hoje? Ah, deixa pra lá... Então tá, a verdade é que eu gostei do que você fiz com o cabelo do John.

—Obrigada – ele falou, duramente enquanto John sorria todo orgulhoso sentado na cama de Ethan.

—Olha, eu sei que você não suporta a gente... E que você é do mau – ele seguiu, e Maison assentiu – Mas já que está fazendo caridade...

—Hein! – gritou John, fazendo uma careta.

—Pode fazer no meu também? – seguiu Laurent, como se o menino nada tivesse dito.

—Me dê um bom motivo – Maison seguiu folheando o livro de sua mãe. Devia ter um feitiço repelente em algum lugar ali, os mosquitos que vinham com o calor de Auradon o estavam trucidando.

—Bem, eu tenho aqui... Cinquenta Dólares – ele sacudiu uma bolsinha de moedas.

—Boa resposta, Lorenzo – sorriu Ethan, arrancando a bolsinha da mão dele – Preciso comprar um relógio, e umas gravatas...

—Certo... Mas meu nome é Laurent – ele corrigiu.

—Não é muito oriental, né? – perguntou Ethan, e John riu. – Mas vamos ver... Nos podíamos começar tirando essa franja, talvez um topete ou umas luzes...

—Por mim, desde que fique legal como o do Maison, vocês podem fazer qualquer coisa – falou ele, sorrindo.

—Se eu fizer o feitiço – Maison falou, sem tirar os olhos do livro – Você para com a adulação barata?

—Pra me livrar dessa hora singela, mude o cabelo do pobre palerma – leu Maison. Era um feitiço diferente do que fizera com John, e diferente do que acontecerá com o menino que ganhara uma porção cheia de cabelo sobre a cabeça, os cabelos de Laurent cresceram até passarem dos ombros.

Ethan riu – Tudo bem, não se apavore... Certo, se apavore. Tem um esfregão na sua cabeça... Mas cortando um pouco, e com a quantidade certa de gel talvez...

—Não! – exclamou o outro, se olhando no espelho atrás da porta – Eu gostei.

—Você... Ah, tem louco pra tudo em Auradon! – Ethan revirou os olhos, enquanto Laurent pegava um pedaço de linha perdida e atava um rabo de cavalo. Em seguida, ele puxou a camisa e três botões caíram de suas casas, direto no chão.

—Agora sim – ele sorriu, satisfeito. – Maneiro...

—Muito maneiro – riu Maison de lado. Aquele povo se contentava com tão pouco. Talvez quando ele reinasse ao lado da mãe ele desse a eles algum trabalho agradável, tipo lavar seus pés com a língua.

Inesperadamente, John seguiu até o espelho e puxou a gola da camiseta até rasgar, enquanto todos assistiam.

—Essa não – arfou ele, se olhando no espelho – Por que eu fiz isso? Minha mãe vai dar um piti!

Os meninos riram.

—Que pena – suspirou Maison, se jogando de volta na cama e colocando o livro de feitiços no rosto – Eu gostava dessa camiseta.

 ...

—Quando eu soube que vocês da Ilha iam vir para Auradon, primeiro eu pensei: Danou-se – falou o treinador, sentado ao lado de Jullie nas arquibancadas – Depois eu pensei: Bem, talvez seja uma coisa boa. Eu esperava encontrar sangue novo em algum de vocês... Só não imaginei que seria em uma garota!

—Sei o que quer dizer – riu ela – As pessoas geralmente não esperam muito de mim... Gosto de mostrar que estão erradas!

—Isso é muito bom – sorriu o treinador – Muito bom... Como deve ter notado, nosso time consiste praticamente em príncipes.

—Nem precisa falar – riu ela – Até imagino... Oh, você vem primeiro na linha de sucessão, pode começar... Mil perdões, eu esbarrei em você? – ela riu – De onde eu venho, as coisas são mais dor e sangue... Meu pai sempre diz ‘Só se vence se ninguém ganhar! Você vai, pega e...”

—Hein, calma ai – riu ele – Senta, talvez você não esteja muito familiarizada... Deixe-me explicar como funciona um time. É como uma família...

—Família? – riu ela, sem humor dessa vez – O que é isso, é de comer?

—Ok, vamos tentar outra metáfora... Entende como o corpo tem várias partes? Como pernas, braços e orelhas?  – perguntou ele, e ela assentiu – Partes diferentes, mas que precisam das outras para funcionarem... É assim com um time. Jogadores diferentes, atuando juntos para ganhar. Consegue entender?

—Bem, se é assim acho que tem uma parte desse time que só eu posso ser – riu ela.

—Esse é o espirito... E que parte seria essa?- ele pareceu intrigado.

—Os seios – ela riu, esperando que assim como todos em Auradon ele ficasse constrangido. Mas um treinador de escola provavelmente já passará anos demais cercado por adolescentes na puberdade para ficar envergonhado com qualquer gracinha de aluno.

—Isso me faz lembrar... Como seus colegas são em boa parte príncipes, e tiveram educações extremamente pomposas e conservadoras, eles podem ficar um pouco constrangidos de ver você pelos vestiários em primeiro momento – falou ele, sério – Não exija muito dos rapazes, eles vão se acostumar com você!

—Sei que vão – ela sorriu, pegando o livro de regras que provavelmente nunca leria e a camiseta. Não via a hora de esfregar ela na cara de certo príncipe...

...

Certo, certo, teria sido muito melhor ter encontrado certos príncipes no meio do caminho, mas a verdade é que Jullie mal podia esperar para mostrar pra Carly e os meninos sua camiseta do time. Ela era enorme, mas ela colocou mesmo assim antes de entrar no quarto deles... Teria que pedir para Ethan ajustar aquilo depois.

—E ai gente? – perguntou ela, casualmente entrando porta adentro. Carly estava encolhida no chão perto da cama de Maison, com um computador e um cachorro sentado ao lado dela. Ethan parecia ocupado com seu espelho e um caderno e Maison folheava desesperadamente o livro de feitiços.

—Ei – sorriu Carly, que foi a única a olhar para ela – Pra que a camisola?

—Ah, cala a boca – ela pegou uma almofada do sofá e jogou na filha de Cruella. – Como foi com o John? Vai conseguir ver a varinha?

—Ah, claro, deu muito certo – sorriu Maison – É que eu não tinha nada melhor pra fazer da minha vida, então resolvi ler cada feitiço desse livro... Sabe como é, por diversão! Não está estampado na minha cara que eu fracassei? Talvez eu devesse escrever com marca texto!

—Calma ai – Ela riu – Você vai acabar como a sua mãe desse jeito...

—Ah, nem me fale na minha mãe – gemeu ele – Essa provavelmente é a minha última chance antes dela me jogar da sacada de casa, ou me dar de comida ao tique-taque!

—Ah, qual é, não é tão difícil... Nós podemos fazer isso – Jullie sorriu – Se trabalharmos juntos!

—É... – Maison fez uma careta – E nós não vamos pra casa até conseguirmos essa varinha... Carlotta, pode fazer essa coisa parar de solta pulgas no quarto onde eu e esse idiota aí passamos a noite?

—Lady não é uma coisa... E ela não tem pulgas – grunhiu Carly, passando a mão na cadela.

—Tanto faz, você nem devi ter trazido isso aqui, é mais uma distração. –Maison grunhiu – Mas como eu dizia, só vamos para casa quando pegarmos a Varinha. E nós temos que ir para casa, lá é o nosso lugar... Afinal, nós somos podres...

—Por dentro – falaram os quatro juntos.

—Eu estava falando com aquela menina, a Dany, e sabem o que eu descobri? – perguntou Ethan, fechando o caderno de Cindy e guardando o espelho – Sabiam que a Fada Madrinha vai abençoar Boa na coroação, e todos nós podemos ir?

Maison ergueu os olhos lentamente encarando o de cabelos azuis.

—Eu preciso de um terno - ele falou, como se fosse à coisa mais importante do mundo. – O que?

—Porta – falou Carly, enquanto alguém batia na porta.

—Siga nesse raciocínio – falou Maison, seguindo para atender a porta, dando de cara com Boa.

—Oi, Maison – ela sorriu – Eu não estava na escola hoje, então achei melhor vir falar com você. Ver se tinham alguma dúvida, ou alguma pergunta, ou se precisam de alguma coisa.

 -Acho que não – ele olhou para o resto do grupo, que parecia interessado demais na conversa para não parecerem assustadores de uma forma completamente estranha – Vocês precisam de algo? É, nada por agora...

—Ah, maravilha... Fico feliz que estejam indo bem – ela sorriu – Se precisarem de qualquer coisa, qualquer coisa mesmo, podem falar comi...

—Ah, espera – Maison gritou, enquanto ela se afastada da porta – Eu tenho uma pergunta. É verdade que nós também podemos ir à coroação? Tipo assim, com os alunos normais?

—É claro que podem, a escola inteira vai – ela corou, como se aquilo fosse uma coisa vergonhosa demais para poder suportar – E, desculpe... Por que vocês não seriam “Alunos Normais”?

—Bem, você sabe – ele deu os ombros – Enfim... Nossa, isso é incrível! Nunca pensei que veria algo desse tipo... Será que tem um jeito de colocar, sabe, nós quatro em algum lugar na primeira fila? Perto da Fada Madrinha? Só pra ficar ainda mais incrível?

—Queria poder fazer isso – riu ela – Não deve ter tantas coisas acontecendo na Ilha, mas na frente são só meus pais, meu namorado, a Fada Madrinha... E eu!

—Namorado? Tipo, o Andrew?- perguntou Maison.

—É – ela riu – Ele está a meses fazendo prova o terno que vai usar... Dá até pra pensar que ele que vai ser coroado rei! Mas de verdade, eu sinto muito...

—Não precisa se desculpar, está tudo bem. Tchau – ele fechou a porta rapidamente, enquanto cortando enquanto ela falava outra coisa.

—Ah não, eu conheço essa cara – falou Carly, soltando o computador e pegando Lady no colo.

—Acho que está na hora da nossa Princesa Fera arrumar um namorado novo – falou Maison, encostando-se na porta – e de eu voltar pro livro da mamãe... Precisamos de um feitiço de amor!

—Aqui – Jullie jogou o livro com um arremesso perfeito, e ele o pegou no ar.

Talvez aquele não fosse o rumo que esperava que as coisas tomassem, mas não podia negar que era um plano ainda melhor. Afinal, o que havia de mais terrível do que enganar e quebrar o coração de uma princesa?


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