Agridoce escrita por Milicent


Capítulo 2
Capítulo 2 - Dia da primeira batalha


Notas iniciais do capítulo

Antes de tudo quero agradecer a quem esteja lendo e incentivando essa história. E as minhas amigas que sempre dão uma lida antes de postar e me ajudam bastante nisso.



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Normalmente acordava no momento em que o despertador tocava ou um pouco depois, o que sempre causava o meu atraso, mas hoje isso foi diferente, acordei meia-hora antes e isso era culpa da ansiedade. Não havia descansado bem e com certeza estaria com olheiras naquela manhã, mas não tinha o que fazer, o medo provocava isso em mim. Relutante sentei na cama e massageei a têmpora, repassando todo o ocorrido do dia anterior. – Seria tão bom ter alguém conhecido por lá. – Pensei comigo mesma tentando ao menos espantar tantos devaneios.

Conforme a hora passava, ia me arrumando para não chegar atrasada, não queria que o primeiro dia na escola fosse algo ruim, minha mãe sempre dizia que os bons momentos eram feitos porque a gente tentou e eu tentaria. Como não tínhamos uniforme, coloquei uma roupa comum já que não era tão ligada assim na moda. – Sério, era comum mesmo. Uma camiseta maior do que meu corpo, calça jeans e tênis. Estava perfeito. – Peguei a mochila e antes de descer dei uma última olhada para o meu quarto, a minha fortaleza, meu local de salvamento.

— Pois é, Meredith. O dia será longo, muito longo. – Fechei a porta e desci as escadas sem ânimo algum.

Por sorte meu pai já havia saído para o trabalho e eu não teria que enfrentar uma série de perguntas sobre como estava me sentindo e se estava animada, mas tinha que enfrentar uma mãe preocupada porque estava totalmente sem fome. Dei uma passada rápida pela cozinha e dei um beijo em minha mãe, sorri e peguei uma torrada, desejando internamente que ela não fizesse nenhuma pergunta.

— Tchau, mãe. Preciso ir. – Dei uma mordida na torrada e fui saindo sem nem olhar para trás.

— Mas, Meredith. Espere eu vou... – Não ouvi as últimas palavras porque a essa altura a porta bloqueou qualquer som.

Não pude evitar os pensamentos ruins que me assolavam, até tentava me alegrar, mas era quase impossível. Estava com o mesmo sentimento do dia em que entrei no maternal, e minha vontade era a mesma de chorar, espernear, gritar por minha mãe e dormir o dia todo depois de tomar leite. Pena que a vida não era tão fácil assim. Por fim, me conformei com meu carma e continuei caminhando, mas estava tão distraída que não notei que a hora passou tão rápido e mesmo acordando cedo, acabaria chegando muito, muito atrasada.

Apertei o passo e até aquele dia eu não imaginava que cortar caminho pelo parque tornaria tudo mais fácil, portanto, sem essa informação crucial acabei pegando o caminho mais longo e infelizmente, essa não foi a pior parte. Corri, - de uma forma muito ridícula, parecia um ganso desengonçado – corri como se não houvesse amanhã, mas como sou alguém muito sortuda, as pessoas a minha frente pareciam andar como se o depois não fosse chegar nunca e isso me atrasava muito mais. A única solução foi olhar para os obstáculos, imaginar várias tartarugas e desviar como o Super Mário. O resultado disso tudo? Cheguei sim em Sweet Amoris, mas cheguei completamente suada.

A escola pelo lado de fora parecia algo pequeno e fácil de se encontrar, mas parecia estar enganada. O longo caminho entre a entrada e a porta que dava para os corredores me lembrava o caminho dos tijolos de ouro, mas que de ouro não tinham nada. Suspirei alto e procurei alguém que pudesse me ajudar, uma única alma viva, mas até isso estava difícil de encontrar.

Fiquei imaginando desculpas que daria para a minha mãe, dizer que o primeiro dia não seria naquela semana, que minha matrícula não tinha dado certo ou coisa assim. Olhei em volta mais uma vez e pude ver perto de uma árvore a minha salvação, um trio de garotas que vinham em minha direção poderiam me ajudar. Elas pareciam lindas, - mesmo que a cara indicasse que parecia que haviam acabado de chupar limão – uma oriental, uma garota alta do cabelo castanho claro e uma que estava sempre no meio, loira e de olhos bem azuis, ela andava como se estivesse em uma passarela e queixo empinado, dando um ar de superioridade. Um leve medo passou por mim, mas perguntar não machucaria ninguém. Ajeitei minha roupa e arrumei meu cabelo, aproximando com um sorriso enorme no rosto.

— Oi vocês podem me... – Anotem uma coisa aí, nunca, jamais, parem na frente de um trio de meninas que parecem invencíveis ou vocês podem parar no chão como eu parei. – Ajudar?

Não tinha dado tempo nem de terminar a frase, a loira logo me empurrou e nem sequer olhou para o chão, passaram por mim como se eu fosse um tapete e foram para dentro da escola. Estava tão surpresa com ocorrido que não consegui levantar e minha dignidade estava no fundo do poço junto comigo.

— MEREDITH! MEREEEEDITH! – Fechei os olhos com força achando que pudesse ser alguém da direção pronto para me dar uma bronca. Comecei a fazer toda reza que fosse possível e aos poucos levantei e limpei minha roupa.

— Meredith, sou eu. Seu amigo, Ken. – Abri os olhos e arregalei, virando no mesmo instante para o dono da voz. Um sorriso involuntário surgiu em meus lábios e corri para abraça-lo.

— Kentin! – Me afastei para olhar direito para o garoto. Não havia mudado nada, continuava com os mesmos óculos redondos, o suéter verde e o cabelo cortado como se fosse uma tigela. Estava feliz em ver um rosto conhecido, mas por que ele estava ali? – Pera aí, você.... Estuda aqui?

Parecia óbvio demais a resposta e dei um tapa em minha testa com aquilo, sorri e apenas escutei dele que estava estudando ali sim. Recebi um abraço dessa vez, estava confortada com aquilo, finalmente as coisas estavam indo para a frente.

— Mas, o que faz aqui, Dith? – Eu já contei o fato de que o Ken era apaixonado por mim? Não? Pois é, e nesse momento ele segurou minha mão, o que me deixou vermelha demais.

— Acabei de mudar com os meus pais e de agora em diante vou estudar aqui. Mas, o primeiro dia não parece estar sendo bom. – Fui me afastando dele, Ken era legal, mas o que havia entre nós era só amizade mesmo e esperava que ele entendesse isso. Mas, estava enganada, já que ele dava pulos estranhos de tão empolgado que estava, ri e balancei a cabeça negativamente e olhei para os lados, no mesmo instante meu coração parou. Pude ver um troço vermelho andando em minha direção, um rosto completamente carrancudo e de braços cruzados.

— Ken, já que eu perdi a primeira aula, que tal se matarmos ela? A gente sai e vai dar uma volta, tipo.... Um encontro... de amigos? – Não dei tempo para uma resposta e fui logo puxando para fora da escola, porque o trator que estava vindo não era o mais agradável.

Suspirei aliviada e soltei a mão dele, apoiando as mãos nos joelhos e respirando fundo. Gesticulei com as mãos em direção ao meu amigo, mas ele não pareceu entender bem, ficando bem mais confuso do que ele já era. Após recuperar o fôlego consegui me recompor e finalmente falar.

— Vamos comer biscoitos? Sei que adora isso e nós dois perdemos a aula mesmo. – Sorri de lado, esperando que ele aceitasse.

— Na verdade eu estava indo para aula de jardinagem quando você apareceu, mas parece bom. Amo biscoitos. – Cocei a cabeça envergonhada e o puxei pela mão novamente, indo para lanchonete que ficava próxima dali.

O primeiro dia tinha reservado muitas coisas, se eu fosse contar tudo iria dar mais de um capítulo. Não sei porque, mas aquele trio ainda iria aprontar muito, mas não quero estar por perto, aquele garoto me causava arrepios e medo. Será que isso um dia mudaria? E Kentin, bom ele sempre seria o meu melhor amigo que gostava de biscoitos.


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Notas finais do capítulo

Estou tão feliz com essa história que provavelmente eu acabe aumentando os capítulos para três por semanas.



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