Agridoce escrita por Milicent


Capítulo 1
Capítulo 1 - O lugar doce, que não era tão doce




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PRÓLOGO

— Eu não pensei nas consequências. – Um suspiro longo pôde ser escutado.

— Você nunca pensa, Meredith. Esse é o seu problema, e por causa do seu egoísmo outra pessoa foi machucada. – Aquilo acabou comigo e naquele instante eu só queria sumir.

***

Enquanto ouvia as reclamações da minha mãe, – nada que fosse importante, só algumas caixas faltando – eu arrumava as últimas coisas na prateleira do meu novo quarto. Tínhamos acabado de nos mudar, esse fato aconteceu para deixar tudo mais prático para o meu pai, por morarmos em uma cidade pequena e afastada do centro, era complicado ir e vir todos os dias e gastar dinheiro com a gasolina por isso, portanto, nos últimos dias meus pais haviam tomado a decisão de nos mudarmos para o centro, em um apartamento ao lado do seu trabalho. As coisas pareciam ótimas até então, ao menos para eles, mas eu não estava acostumada em mudar de escola, era iniciante nesse assunto e mesmo estudando a vida toda na escola antiga, eu não era bem uma pessoa muito sociável e cheia de amigos. Aliás, só andava com duas pessoas, uma dela era excêntrica demais, muito diferente de mim e bastante popular com os garotos, o outro era tímido demais e era sempre o centro das chacotas dos outros. Mas, era isso ou ter que andar sozinha todos os anos, mas no fim éramos um trio inseparável. – Mesmo que o Kentin tenha mudado de escola há dois anos. – Suspirei, era uma mania que eu tinha sempre quando as coisas não estavam lá tão boas, e coloquei o último livro empoeirado sobre a prateleira, meu serviço estava terminado, agora era descer e conhecer a vizinhança.

— Terminei, mãe. – Gritei ao mesmo tempo em que descia as escadas correndo. Não tive tempo de ouvir o que ela dizia já que estava prestes a sair, apenas girei a maçaneta e antes de bater à porta, contei qual era o meu objetivo. – Vou dar uma andada por aí, preciso conhecer o habitat, não acham? – Ri e por fim fechei a porta.

O lugar parecia incrível de fato, era bastante movimentando e morávamos perto de tudo, mesmo que eu não fosse fã de moda, até a loja da esquina me chamava atenção, o prédio era grande e tinha um tom roxo chamativo, provavelmente as coisas ali eram caras e certamente demoraria para comprar algo. Mas, uma loja em especial chamou minha atenção, um pequeno mercadinho que parecia vender de tudo, - e por incrível que pareça era esse o nome. O mercado de tudo. – das coisas que usamos no dia-a-dia, até mesmo um celular. Ali, com toda certeza seria meu novo “point”.

Andei por mais alguns quarteirões e achei um parque que era enorme, onde morava não tinha esses privilégios e tampouco, contato com o meio ambiente, seria o lugar perfeito para estudar. Mas, meu objetivo mesmo não era saber como as coisas eram e sim conhecer por fora a escola em que eu iria estudar, era um local conhecido e que tinha um bom nome, mas meu receio insistia em causar medo e isso não era algo bom de sentir. Suspirei outra vez e caminhei vagarosamente ao meu objetivo, os olhos estavam sempre atentos e vários pensamentos insistiam em me perturbar, fazendo com que eu sentisse borboletas no estômago. Eu poderia vomitar a qualquer momento.

Confesso que não demorou muito para encontrar o que eu queria, era perto da onde morava e do ponto de ônibus, o medo só aumentou quando a ficha caiu que eu estudaria ali, que aquela fase de fazer novos amigos e decidir se seria popular ou desconhecida começaria tudo outra vez. Não estava preparada psicologicamente para isso, mas meus pais jamais concordariam com a opção de ter aulas particulares.

— Não me sinto confortável com essa situação, é assustador. – Sussurrei para mim mesma, ao mesmo tempo em que meus olhos se distraíam com a fachada da escola. – Sweet Amoris, que nome engraçado.

Será que meus dias seriam doces ou não? Até então tudo parecia uma surpresa e eu só saberia a resposta quando entrasse ali pela primeira vez, e não seria agora. Girei os calcanhares para ir embora e abaixei a cabeça, sempre fui uma pessoa muito desastrada. Daquelas que se um satélite passasse em cima da minha cabeça, certamente cairia em cima de mim por achar um passatempo divertido. Parece até clichê dizer essas coisas, mas eu não tinha culpa na maioria das vezes e naquele instante eu também não tive, apenas senti o meu corpo chocar contra algo ou alguém e aquilo doeu. Levantei o olhar com desespero para tentar me desculpar, mas foi em vão, o que eu encontrei foi dois olhos negros me encarando com muita raiva.

— Me desculpa. – Foi a única coisa que eu consegui pronunciar.

— Da próxima vez olha para cima e não para seus pés. – Não gostava de receber broncas, tampouco, de um estranho que no mesmo instante já estava indo para a escola.

Nunca fui boa em memorizar as coisas também, nem mesmo rostos e eu não sabia como era a expressão do meu carrasco. Só pude ver que seus cabelos eram vermelhos, bem vermelhos. – Até mesmo diria que ele usa tinta fantasia. – E que suas roupas davam o ar de um belo malandro rebelde e que não estava nem aí para ninguém, então ao invés de atrapalhar a passagem de mais uma pessoa resolvi voltar para casa. Meu dia não tinha começado bem, não sei o que aconteceria dali em diante, mas se eu tiver que cruzar com aquele garoto outra vez, eu prefiro me atirar em frente a um carro do que ouvir aquela voz potente brigando comigo. É, Sweet Amoris, você tem muito o que me mostrar ainda, resta saber se eu irei aguentar ou não.                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                          


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Notas finais do capítulo

Depois de anos voltei a escrever histórias, em um surto de criatividade resolvi criar o Agridoce. Espero que tenham gostado.



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