Rebeca

Thiago está sem atender o telefone de novo e eu precisava de uma carona. Depois que descobri seu segredinho é claro que tirei proveito disso. Porque não o faria. Pego meu carro e dirijo até a casa da Viviane, chegando lá o porteiro me deixa entrar, bato na porta e a empregada como de costume está de mal humor.

— Bom dia querida. _ digo com o maior sorriso forçado que tenho.

— Bom dia Sr. Rebeca, bem vinda, a patroa está nas piscina! _ dou um sorriso e saio.

Atravesso parte da residência e vou até onde ela está. Quando chego lá vejo ela esticada em um espreguiçadeira tomando sol e sua barriga bem volumosa acima.

— Muito sol não vai te fazer mal? _ pergunto me aproximando.

— Não enche. _ ela retira os óculos e me olha com um olhar de raiva. _ O que veio fazer aqui?

— Ai amiga vim ver como você está?

— Já viu? Estou na mesma desgraça ainda. Agora pode ir.

— Querida você precisa melhorar esse seu humor. _ sento-me na espreguiçadeira ao lado.

Desde que o Maurício foi para a cadeia, o humor dela só tem piorado. Não é pelo Maurício mas sim por ter um filho dele na barriga e ter que criá-lo sozinha. Como isso aconteceu que é bizarro já que ela vivia se queixando do Lucas. Dizia que ele era bom de cama mais que não demonstrava seus sentimentos e eles sempre se cuidaram, agora com o ogro atirador ela vai pra cama sem camisinha na primeira vez e BUM engravida.

Tenho dó dela e dessa criança espero que não puxe nada do pai, ou da família dele.

— Como está esse pequenino?

— Já disse pra não chamá-lo assim! _ ela ainda está irritada.

— Chamo sim, já escolheu o nome?

— Sim, vai ser Jhonny.

— Sério, amei.

— Rebeca você sabe o quanto você é irritante? _ ela bufa de leve e volta a fitar as nuvens.

— Que isso baixou um Lucas em você foi? E sim eu sei, faz parte da minha natureza.

— Falando em Lucas. Como ele está?

— Achei que ele te ligava?

— Parei de atendê-lo, ainda tenho raiva dele.

— Querida lembra que foi você quem chutou ele? E outra ele está com aquele deus grego agora....

— Sério _ ela me interrompe _ Ele não é tão bonito assim. E não, não me esqueço de que fui eu. Pensar que fui imprudente em largar dele.

— Águas passadas não movem moinhos querida. _ Meu telefone toca, vejo no visor Lucas

— Quem é? _ ela parece curiosa agora

— Alguém que não morre tão cedo. _ Dou um sorrisinho e atendo. _ Oi Lucas como esta?

— Estou bem, onde você está? _ ele parece preocupado

— Estou aqui na Vivi e vocês? _ Respondo com um tom mais curioso.

— Estamos indo para o hospital. _ ele tem realmente um tom preocupado.

— Como assim o que aconteceu? _ agora estou sentindo uma leve aflição.

— Que foi que tom de urgência é esse? Aconteceu alguma coisa? _ Viviane está demonstrando ansiedade o que não é muito comum.

— Calma. Vivi. _ respondo _ fala logo Lucas.

— O Thiago está sendo internado agora....

— Como assim o que aconteceu com ele? _ agora estou em pé.

— O que aconteceu me fala logo? _ Vivi Se levanta também agora ela está bem nervosa.

— O Thiago está sendo internado. _ respondo voltando a dar atenção para a ligação.

— Não sei bem o que aconteceu, parece que bateu com o carro, falamos com uma funcionária da casa do pai dele. Você quer o endereço do hospital?

— Pode me passar estou indo par ai agora.

— Ok. Nos encontramos lá então. _ ele me passa o nome do hospital e o endereço, depois de anotar no bloco de notas do celular vou até o carro. Viviane pega sua bolsa e uns documentos e saímos juntas.

No caminho para o hospital explico o que o Lucas me contou. Chegamos lá meia hora depois. Nos encontramos com os meninos e deixo a Vivi com eles. Noto que seus pais ainda não estão ali, decidi então ligar para seu pai.

— Alô Sr. Roberto? É a Rebeca como o Sr. Esta?

— Estou bem Rebeca, o que precisa? _ ele tinha uma voz amarga e dura e não aprecia estar de bom humor.

— Olha não sei se te comunicaram estou aqui no hospital com o Thiago ele sofreu um acidente.... _ A ligação caiu, retorno e depois de alguns toques ele atendeu de novo

— Alô. _ agora ele parece impaciente.

— Oi acho que a ligação caiu, estava te falando do seu filho...

— MENINA APAGUE ESSE NÚMERO E NÃO ME INCOMODE MAS, EU NÃO TENHO NENHUM FILHO E NÃO SOU PAI DE UM VIADO DE MERDA. _ ele desliga em seguida. Fico por um momento paralisado pensando nas palavras dele, depois me reúno com os outros e conto o que aconteceu. Ficamos horas ali aguardando notícias dos médicos, ou qualquer outra pessoa.

A Vivi e o Brenno acabam indo para casa. Só muito tarde da noite um médico chama por parentes e só estamos eu e o Lucas ali.

— Oi. Aqui. _ chamamos e ele vem até onde estamos

— Boa noite, sou o Dr. Afonso responsável pela cirurgia de emergência do Thiago. Vocês são o que dele? _ Nos identificamos, e ele pergunta nossa idade e da família, depois de explicar por cima sobre a briga ele assente.

— Ele passa bem, a cirurgia foi tranquila ele não sente mais dor, a batida não foi grave mas ele quebrou algumas costelas e teve uma fratura exposta na perna, passa bem, sem risco de vida

Suspiramos de alívio. Ele nos deixa entrar pra ver como ele está. Depois vamos a seu consultório onde nos entrega os pertences recuperados no carro, o celular, documentos, a chave e outras coisas simples. Voltamos até o quarto onde ele está. Ele ainda está dormindo ligo novamente desta vez para sua mãe e ela me conta toda a história com um tom de desgosto na voz.

O Pai dele havia pego uma conta do cartão de créditos e depois de ver as várias faturas de motéis e boates noturnas contratou um especialista para investigar. Logo descobriu que se tratavam de boates gays. Ele foi até algumas dessa boates com seu advogado e entrou com uma ação, depois de uma pequena pressão consegui imagens de câmeras que mostravam Thiago com outros homens aos beijos em várias noites e até mesmo saindo dali acompanhado. Ele fez uma cópia de todo o material. Também contratou um especialista para tirar fotos, então juntou um mega arquivo depois que tinha tudo que precisava esperou o Thiago chegar em casa e esfregou tudo na cara dele. Aconteceu uma discussão feia onde o Thiago admitiu ser Gay e seu pai o deserdou oficialmente. Com um acordo simples com um valor X depositado em uma conta ele o colocou para fora de casa dizendo que não voltasse mais ali. Os empregado já tinham arrumado suas coisas.

Depois disso o Thiago gritou e quebrou parte da mobília da sala, pegou suas coisa e colocou no carro, que ficara no acordo, saindo com a chave do novo apartamento, que fazia parte do acordo para não deixá-lo na rua. Esse acordo que foi feito apenas a pedido de sua mãe. Seu pai não sentiu nenhum remorso do que estava fazendo e ela tão pouco. Desligo o telefone e em seguida, conto tudo para o Lucas, que está em choque com as atitudes severas dos pais dele. Levo ele para casa e volto para o Hospital ficar com o Thiago decido que ele precisa dos amigos mais do que nunca.