Ser como você escrita por P Capuleto


Capítulo 2
A Criança - parte l


Notas iniciais do capítulo

Oi oi! Tô super feliz pelo número de acompanhantes mesmo com apenas um capítulo. Espero que esse fandom só cresça!! Beijos e boa leitura
Hoe~



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A multidão ainda tentou desvendar algum sentido oculto nas palavras do herói misterioso, mas não demorou até que chegassem à conclusão de que na verdade não se tratava de nada especial. Uma decepção para o povo, mas certa vitória para a polícia, que observa o homem de capa, e sente raiva de seus últimos atos heróicos, pois estes deram insignificância ao seu trabalho árduo de proteção aos moradores.

Saitama recupera-se da raiva quase que instantaneamente, voltando a exibir sua expressão vazia e entediada de sempre.

— Senhor! – uma mulher de peitos avantajados e cabelos dourados surge a sua frente com um microfone na mão. – O senhor é o herói anônimo que tem ajudado tanto a cidade e seus arredores, não é? O que tem a dizer para aqueles que o assistem nesse momento?

O careca é pego de surpresa, então pisca algumas vezes antes de assimilar o que lhe fora pedido.

— É... – ele coça o queixo - Acho que é melhor eu salvar aquelas crianças.

A repórter se engasga.

— B-bem, acho que sim.

— Então eu já vou. – ele sorri sem muita convicção e dispara, voltando ao ritmo anterior e indo em direção ao orfanato.

O ar vai ficando mais quente a medida que se aproxima do local, mas isso não o incomoda nem um pouco. Assim que chega à entrada do prédio em chamas, encara os bombeiros que fazem de tudo para acalmar o fogo que vem das janelas.

— Por que não estão resgatando as pessoas? – pergunta calmo demais.

— O quê? Quem é você? – um dos bombeiros que segurava uma enorme mangueira se assusta com a aparição repentina do homem de roupas estranhas.

— Meu nome é um segredo, – avisa – mas eu quero ajudar.

— Ah, você é aquele cara da TV! – o trabalhador finalmente o reconhece e sente alívio por enxergar nele uma possível esperança para um final feliz nesse incidente. – Nós estamos fazendo o possível, mas enquanto não conseguirmos diminuir a altura do fogo, não poderemos entrar. É impossível!

— Hm, entendo. – Saitama olha para o topo do caminhão vermelho ao seu lado e aponta. – Se importa se eu usar isso?

— N-não, mas para que-

— Obrigado! – ele interrompe o bombeiro e rapidamente salta para cima do veículo. De lá, pega impulso e se joga para dentro de uma das janelas. O bombeiro observa boquiaberto e emocionado enquanto o estranho super-herói se arrisca pelo bem maior.

Saitama usa a janela que julgou mais acessível, a do segundo andar, e agora procura pelas crianças e funcionários. Apesar da fumaça, consegue me mover sem problemas pois prendera a respiração pouco antes de entrar.

"Sei que posso aguentar muito tempo sem respirar, mas não acho que deveria..." Pensa preocupado. Certa vez, leu em uma revista que a falta de oxigenação atrapalha o desenvolvimento muscular e só de pensar em ter que voltar a malhar como no início de seu treinamento de herói, já lhe dava preguiça.

— Socorro! – uma voz infantil vem do outro lado da sala negra devido à fumaça. Logo depois, uma sequencia de tosse. Saitama dirige-se para lá imediatamente e encontra três menininhas encolhidas no chão.

— Vou tirá-las daqui. – avisa – Agarrem-se nas minhas costas.

Mesmo fracas, as crianças conseguem se prender ao herói, que as leva em segurança até a janela de onde veio e salta, deixando-as em cima do caminhão. Os bombeiros começam a comemorar, mas logo em seguida uma explosão vinda de dentro do prédio surpreende a todos.

Saitama cobre os olhos para se proteger do clarão, mas logo em seguida volta para dentro do orfanato e continua as buscas. Não demorou até que encontrasse mais crianças e por fim os funcionários.

A diretora tinha lágrimas nos olhos enquanto abraçava cada um dos órfãos de quem tomava conta. Saitama sentia-se satisfeito por mais uma tarefa bem executada e estava pronto para correr de volta para casa e finalmente desligar a televisão que tanto o preocupava, mas uma mãozinha lhe puxou a capa.

— Hm?

Ele olha para baixo e encontra um rapazinho moreno de talvez dez anos com as roupas chamuscadas.

— Ei, tio, eu não encontro o Fujão.

Ele não entende muito bem o que o garoto quer dizer, mas nem precisa. Nesse instante, a diretora vem ao encontro dos dois. Ela ainda está sem fôlego, mas puxa todo o ar possível para falar com o herói misterioso.

— Senhor, ainda falta uma criança! Eu não percebi que ela não estava aqui! Pensei ter contado direito, mas... Mas...

— Acalme-se. – Saitama pede virando-se de volta para o menininho – É o... Fujão que está faltando?

— Sim! – a mulher responde em seu lugar – O nome dele é Genos! Encontre-o, por favor, senhor!

Ele não diz nada e volta para a zona de perigo que agora está bem mais limpa e sem fogo. A fuligem ainda voa pelo ar, então Saitama é obrigado a prender a respiração novamente e isso o desagrada profundamente.

"Melhor ir logo com isso."

Ele vasculha todos os andares e quartos, mas não consegue encontrar nenhuma alma. Já estava chegando ao seu limite de fôlego, quando decidiu apelar:

— Genos! – grita o mais alto que pode com as mãos em formato de concha.

Ele espera atento pela resposta, mas não ouve nada. Opta por dar mais uma olhada geral, mas conclui o esperado: não há ninguém.

Saitama volta para a área externa de mãos vazias.

— Eu não encontrei ninguém. – admite em frente às câmeras. Os jornais de plantão que aguardavam pelo fim da odisséia logo agarraram seus microfones e informaram o público de casa sobre o fracasso nas buscas pela última criança do orfanato.

Um pouco incomodado com a situação, Saitama dá alguns passos furtivos em outra direção para sair do foco das lentes e olhos chorosos, mas o menininho que falara com ele percebe e vai ao seu encontro. Ele tenta forçar um sorriso.

— Tio, você vai fugir?

— É... Bem... – ele coça a cabeça pelada.

— Eu sabia. – anuncia o rapazinho pondo as mãos na cintura – O Fujão também tentava ser discreto quando saía escondido.

Saitama suspira e abaixa-se para ficar da altura do garoto e percebe pela primeira vez a cor de seus olhos: cinza.

— Sinto muito por não conseguir encontrar seu amigo.

— Ele está bem. Provavelmente fugiu antes do incêndio acontecer. – dá de ombros.

O homem de uniforme amarelo sorri para o pequeno de olhos chamativos e fica aliviado por não ter de ser ele a dar a notícia da provável morte de Genos.

— Então eu já vou. – avisa levantando-se.

Saitama não espera por uma despedida e dispara com toda sua velocidade para fora daquela área. Quando já estava quase passando para o centro da cidade, parou bruscamente em frente ao anúncio de desconto do supermercado colado a um poste de luz. No cartaz dizia que os preços estariam baixos apenas até o dia de hoje.

"Hm... Acho que não vai ter problema se eu fizer compras com essa roupa."

Decidido, ele dá meia volta, mas dessa vez sem pressa, pois usaria o percurso para contar as moedas que possuía. Assim que girou o corpo, atingiu alguém baixinho.

— Oh, desculpe. Eu não te vi. – ele se afasta para averiguar o estado da pessoa atingida. Para sua surpresa, se trata de uma criança, um outro menino mas dessa vez loirinho, que caiu com o choque de seus corpos. Saitama lhe estende a mão.

A princípio o garoto não se move, mas depois aceita a ajuda e fica de pé.

— Tudo bem? – o herói pergunta, porém não recebe uma resposta. O atingido nem o olha nos olhos, mas também não sai do caminho. Sem saber como proceder, e também sentindo que poderia perder a promoção se perdesse mais tempo ali, ele coça a garganta e dá a volta na criança petrificada.

Alguns passos depois, ele olha para trás e não vê mais a figura na calçada.

"Acho que hoje é o dia das crianças estranhas." Pensa ao apanhar sua bolsinha de moedas.

Enquanto contava o dinheiro, teve a estranha sensação de estar sendo observado, mas decidiu ignorar. Caso contrário, ele realmente perderia o desconto no supermercado.


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