Moonlight Lover escrita por Benihime


Capítulo 7
Três é demais




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Evanora

Passo as mãos por meus cabelos para domá-los e entro na escola. Como se por obra do destino, a primeira pessoa que vejo é Selene. Ela está um pouco adiante no corredor, mexendo em seu armário. Vou silenciosamente até ela.

— Bom dia ... — Me inclino para sussurrar em seu ouvido. — Deusa da Lua.

Posso ver os arrepios em sua pele enquanto ela pula de susto.

— Evanora! — Ela exclama. — Caramba, que susto, garota!

— Desculpe. — Eu sorrio, nem um pouco arrependida. — E eu sei que já lhe pedi para me chamar de Eva.

— Ok, ok. — Ela revira os olhos, mas retribui meu sorriso. — Eva. Já entendi.

— Ótimo. — Assinto, satisfeita. — Agora ... Será que você poderia ser gentil e me mostrar a escola? É meu primeiro dia.

Ela fecha seu armário, cada traço de seu rosto revelando que meu pedido não a pegou nem um pouco desprevenida.

— É claro. — Selene responde. — Vem comigo.

Selene

Depois de alguns minutos em sua companhia, tenho que admitir que gosto de Evanora. Sua ironia e inteligência me agradam.

— E aí, o que está achando? — Pergunto, de brincadeira, apontando para uma fileira de lâmpadas queimadas. — De primeira, huh?

Estamos na biblioteca nessa altura. Ao ouvir minha pergunta, recebo em resposta um sorriso malicioso.

— Pois é. — Evanora declara. — Até agora, nada mal. Parece o meu tipo de lugar. Perfeito para uma encrenca.

Nesse momento a sineta da primeira aula toca, me fazendo pular de susto. É fácil esquecer do resto do mundo enquanto converso com essa garota.

— Anda, temos que correr. — Eu digo. — Qual é a sua primeira aula?

— Cálculo.

— A minha também, posso te mostrar o caminho. —  Respondo. — Anda. O professor Griggori odeia atrasos.

Evanora

Selene praticamente corre pelo corredor mas, mesmo de saltos altos, não tenho dificuldade em acompanhar seu passo. Paramos por um momento na porta da sala de aula.

— Vamos. — Eu digo, batendo meu ombro no dela num gesto brincalhão. — O Sr. Griggori não gosta de atrasos, lembra? Não quero encrenca no meu primeiro dia.

— Só depois?

— Isso mesmo. — Rio de sua pergunta. — Depois, quando mais ninguém estiver esperando. E talvez eu deixe você se juntar a mim.

Selene revira os olhos em resposta. A primeira coisa que vejo ao entrar na sala de aula é minha irmã, que olha diretamente para nós com uma mistura de acusação, irritação e mágoa.

Katerina

Eu a observo, mal conseguindo conter a vontade de pular no pescoço de Evanora. Quero estraçalhá-la por estar ao lado de minha Selene.

Como se decidida a aumentar ainda mais o meu ódio, a maldita da minha irmã ocupa a carteira vazia logo atrás da minha.

— Oi, irmãzinha. — Ela sussurra ao se sentar, baixo o bastante para que apenas eu a escute.

Ignoro seu cumprimento e retribuo o sorriso de Selene, que senta ao meu lado. Lá pela metade da aula, um bilhete cai em cima do meu caderno. Mesmo sem erguer os olhos, sei exatamente quem o escreveu.

Quando olho para cima, minhas suspeitas são confirmadas ao ver o cabelo castanho de Evanora balançando enquanto ela se dirige ao quadro-negro. Apesar de minha irritação, desdobro o pequeno pedaço de papel e o leio:

Kat,

Só pra constar: eu não estou tentando roubar a sua garota. Que tal relaxar, baixar a guarda só por um momento e me dar uma chance? As pessoas mudam, irmãzinha. Aposto que você ficaria surpresa.

Espero minha irmã terminar de se exibir resolvendo a soma no quadro negro. Quando ela se vira, encontro os olhos de minha irmã e, com um gesto deliberado, rasgo o bilhete. Fico surpresa ao ver a reação de Evanora. Ela parece verdadeiramente magoada. Uma pena que sei que não posso confiar nela.

Selene

Finalmente soa o sinal para o intervalo do almoço. Quando saio para o corredor, Katerina e Evanora me alcançam.

— Oi de novo, meninas. — Sorrio, ignorando a tensão entre elas. — E aí, quem quer ir para o campo de futebol comigo?

— Eu vou. — As duas respondem em coro.

— Vá para o inferno, Evanora! — Katerina exclama. — Selene é minha amiga. Eu vou.

— Nossa, irmãzinha. — Evanora declara suavemente. — Pelo visto, você não mudou nada.

Apesar de seu tom leve e do sorriso, conheço essa reação perfeitamente. É a que eu mesma tenho quando alguém me magoa e não quero demonstrar fraqueza.

— Bom, nesse caso ... — Katerina declara, sua voz puro veneno. — É melhor deixamos a Selene decidir.

— E, nesse caso ... — Respondo imediatamente. — Eu escolho as duas.

Katerina cruza os braços, lançando um olhar mortal para sua irmã.

— Se ela for, eu não vou. — A loira diz categoricamente. — É uma ou outra, Selene.

— Vê se cresce, Katerina! — Exclamo, ao que ela apenas me encara. Perco a paciência de vez e estendo uma das mãos para Evanora. — Ok, Eva, vamos.

Por um momento o choque e a traição na expressão de Katerina quase me fazem mudar de ideia, mas decido ensinar-lhe uma lição, então a ignoro e vou para o campo de futebol com Evanora.

Evanora

Sento nas arquibancadas ao lado de Selene, sentindo o sol aquecer minha pele. É bom poder sair à luz do dia, para variar. 

— E então, o que acontece entre você e a Kat? — A morena pergunta, afastando alguns fios escuros do rosto. — O lance parece bem intenso.

— É ... Complicado. — Respondo. — Fiz uma besteira enorme uma vez, e minha irmã nunca me perdoou. 

— É, eu sei. — Selene concorda, estendendo uma das mãos para pousá-la em meu joelho num gesto de amizade. — Sei bem como é isso.

Pela primeira vez em muito, muito tempo, não tenho vontade de me afastar nem de fazer com que ela me odeie. Estar com essa humana é tão fácil que quase faz com que eu me sinta humana também.

Katerina

De onde estou, sei que Selene e Evanora não conseguirão me ver, mas posso vê-las muito bem, conversando como se fossem velhas amigas.

Mais uma vez tenho vontade de pular no pescoço de minha irmã. Eu a odeio, odeio com tanta força que, se tivesse a oportunidade, poderia matá-la sem pensar duas vezes.


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