Moonlight Lover escrita por Benihime


Capítulo 4
Parceiras




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Semanas depois

Katerina

A professora de Biologia, cujo nome não sei, começa a sortear as duplas para o trabalho que solicitou. Torço silenciosamente para que a sorte me conceda uma certa morena, e é exatamente o que acontece.

Sinto vontade de comemorar, mas me contenho e apenas sorrio para ela. Selene não retribui. Pelo contrário, vejo suas bochechas corarem de irritação, o que me faz perguntar o que diabos aconteceu.

Selene

Ainda estou com raiva, e imagino a fumaça saindo por minhas orelhas. O motivo? Uma discussão com Grace na hora do almoço.

"— Anda, Sel, admite logo que tá a fim dela. — Minha amiga disse, com um ar irritante de quem sabe de tudo.

Eu a olhei, fingindo confusão enquanto comia minhas batatas fritas.

— A fim de quem, sua estúpida?

— Não se faz de tonta. — Ela bufa, irritada. — Você sabe de quem estou falando: a Aberração.

Tanto o apelido idiota quanto sua declaração me irritaram, embora nem eu soubesse por que. E me ver irritada não é algo muito legal.

— Eu não gosto dela!

— Ah, tá. — Grace solta uma risada irônica. — Então por que fica secando ela durante as aulas? E por que deu carona pra ela? Eu não sou burra, Selene, vi o jeito que você olha pra ela!

— E se eu gostar dela? — Desafiei. — O que isso tem a ver?

— Tem a ver que eu estou apaixonada por você, sua estúpida! Há muito tempo. E só você nunca percebeu! Pensa em si mesma como uma mulher independente, mas a verdade é que não passa de uma mimadinha egoísta!

Depois de dizer isso, ela se levantou e saiu caminhando no meio dos outros alunos. Eu queria ir atrás dela e resolver de uma vez toda essa confusão mas, do jeito que estava zangada, sabia que seria melhor esperar."

Quando a professora anuncia que vou fazer dupla com Katerina no trabalho, tenho vontade de gritar de raiva. Afinal, a culpa dessa confusão toda é dela.

Ela se vira para mim e sorri aquele sorriso secreto com o qual já estou acostumada. Tenho vontade de retribuir, mas me obrigo a ignorar. Estou com raiva dela, lembro a mim mesma.

Finalmente o último sinal toca. Pego minhas coisas e saio andando sem me dignar a olhar para trás. De repente, alguém segura meu pulso, uma mão delicada cujos dedos me envolvem com surpreendente firmeza.

— Selene, espera!

Vejo que é Katerina quem me segura. Levando em conta o quanto ela é franzina comparada a mim, sua força me surpreende ainda mais.

— O que você quer? — Pergunto friamente, sem me virar para olhá-la.

— Só queria marcar um dia para fazermos o trabalho. — Ela diz calmamente. — Você sabe, nosso prazo é de uma semana, então é melhor começarmos logo. Não quero levar bomba.

— No Lune Coffe, às quatro horas. Esta quarta feira. — Declaro. — Pode ser?

— É claro. — Seu tom é meigo, quase alegre. — Estarei lá.

Então, com um último sorriso meigo em minha direção, ela se afasta e some no meio da multidão de alunos.

 Katerina

Argh, Selene!, penso, irritada. 

Eu não consigo acompanhar essa garota. Ela tem sido gentil o suficiente para me levar em casa todos os dias, já que Lennya ainda não entregou as chaves do meu carro, e nossas conversas revelaram um inesperado senso de humor mas, hoje, ela decidiu agir como se eu fosse sua pior inimiga.

 Observo-a se afastar na direção de seu carro, me perguntando por que me importo tanto com essa humana bipolar e por que não consigo ficar longe quando ela obviamente é sinônimo de encrenca.

Na quarta feira

Selene

Balanço as pernas devagar por baixo da mesa e tomo um gole do meu cappuccino. Katerina está cinco minutos atrasada, o que parece uma eternidade, pois detesto esperar.

Suspiro baixinho e volto a me concentrar na conversa que estou tendo com uma amiga da internet. Mais rápido do que imaginava ser possível, me perco numa discussão sobre Doctor Who e esqueço o mundo à minha volta.

Katerina

Entro apressadamente no café. Acabei me atrasando, e posso jurar que Selene deve estar querendo me matar.

Ao entrar, vejo-a sentada na mesa mais afastada, rindo diante de seu notebook, e paro por um momento para admirá-la. Pela primeira vez a garota fria e sexy, rainha da escola, desapareceu completamente.

Selene veste uma blusa preta simples de um ombro só, jeans escuro e All-Star azuis. Seu cabelo indomável está preso em um rabo de cavalo, balançando enquanto ela move a cabeça.

É a primeira vez que a vejo sem a maquiagem pesada, acessórios chamativos, saltos altos nem o cabelo cuidadosamente bagunçado. Sua simplicidade causa um efeito de atração instantâneo.

De repente, como se sentisse minha presença, ela se vira. Por um segundo apenas nos encaramos, então Selene acena para que eu me junte a ela.

Selene

Meus olhos analisam Katerina. A blusa vermelho-escura que ela está usando lhe cai bem, e é a mais justa que já a vi usar até agora, mas ela estragou o efeito ao colocar um cardigã bege que tem duas vezes o seu tamanho por cima. O jeans claro, porém, molda-se e deixa à mostra o contorno de suas pernas.

Rio comigo mesma ao reparar nas suas sapatilhas douradas de lacinho e na bolsa cor de canela estilo country, cheia de franjas, que ela escolheu. Katerina não tem a mínima noção quando se trata de moda.

— Oi, Selene. — Ela diz enquanto se senta de frente para mim.

— Oi, Kat. — Respondo. — Vai querer alguma coisa? Vou pegar mais um cappuccino para mim.

— Um mocca, por favor. — Katerina diz com um sorriso. — Obrigada.

Eu apenas assinto e vou até o balcão, voltando menos de cinco minutos depois com nossos pedidos. Mary, a dona do café, mandou como cortesia uma cestinha de pães de queijo.

Abro uma nova guia do Google assim que me sento, junto com um documento em branco do Word.

— E aí, vamos começar?

— Claro. — Ela assente. — Quanto antes terminarmos, melhor. Abomino Biologia.

— Nisso concordamos.

Começamos o trabalho de má vontade e, depois de duas horas, finalmente conseguimos terminar tudo.

— Formamos uma boa dupla. — Katerina comenta, como se ecoando meus pensamentos.

Eu me recosto na cadeira, ajustando a postura de modo a ficar o mais confortável possível.

— Verdade. — Admito. — Acho que nunca tinha terminado um trabalho tão rápido.

Ficamos um segundo em silêncio, até vermos um casal através da ampla janela de vidro. Estão rindo, felizes e despreocupados. Enquanto os observamos, percebo com o canto do olho Katerina se inclinar em minha direção.

Eu me viro para olhá-la nos olhos, amaldiçoando aquelas íris cor de âmbar. Ao olhar naqueles olhos, sinto que me falta o ar. Quando ela se inclina para mais perto, meu coração começa a martelar com tanta força que tenho certeza de que ela pode ouvi-lo.

Katerina

Ah, meu Deus! Ela quer me beijar! Posso ouvir seu coração disparar, ver seus olhos verdes escurecerem e sua pele enrubescer de desejo.

Olho em seus olhos, e ela sorri como se me encorajasse. Eu me inclino mais um pouco, deslizando minha mão até sua nuca para firmá-la. Vejo seus lábios se entreabrirem e reparo no quanto são perfeitos, bem cheios e rosados. Imagino qual é seu gosto, e posso apostar que é delicioso.

Roço meus lábios nos dela e sinto um sabor levemente frutal, instigante. É tão delicioso quanto imaginei.

— Selene, eu já lhe disse para não ficar agarrando suas namoradas aqui dentro! E se seus pais descobrem? — Uma voz irritada estala pelo ar como um chicote.

É a dona do restaurante, uma baixinha muito simpática de mais ou menos quarenta anos.

— Não, não, Mary, você entendeu errado. — Selene diz, parecendo totalmente à vontade. — Katerina não é minha namorada. Somos só colegas.

Mary simplesmente dá uma piscadela e sorri. É óbvio que ela gosta muito de Selene.

— Vou fazer vista grossa, menina, mas só porque é você. — Ela diz por sobre o ombro enquanto volta para a cozinha.

Selene então volta seu olhar para mim, seus olhos brilhando como se rissem de alguma piada secreta.

— Ela diz isso todas as vezes. — Ela confidencia em voz baixa, rindo. — Vem, é melhor irmos logo, já está quase anoitecendo. 

— O que foi, Selene? — Ergo uma sobrancelha ao encará-la, deixando a máscara de timidez que sempre uso escorregar um pouco. — Tem medo do escuro?

O olhar que ela me lança em resposta diz "você só pode estar brincando" com todas as letras. Logo depois, sua seriedade é quebrada por uma risada.

— Há-há, muito engraçado. — Selene retruca. — Quer uma carona pra casa?

— Eu adoraria.

Selene

Katerina está num bom humor surpreendente. Durante todo o caminho até sua casa não nos falta assunto, e fico surpresa ao ver que a menina tímida da escola na realidade é incrivelmente vivaz quando quer.

Quando paro na frente de sua casa, nós duas ficamos em silêncio e nos entreolhamos por um momento.

— Obrigada pela carona, Selene. — Ela abre um sorriso caloroso, toda a timidez completamente esquecida. — Por essa e pelas outras.

— O prazer foi meu. — Rebato, surpresa ao me pegar flertando com ela. — Talvez não em todas as vezes, admito.

Katerina ri com gosto, hesita por um momento e então se inclina por sobre o freio de mão. Meus músculos congelam quando ela beija meu rosto.

— Então até amanhã. — A loira diz. — Durma bem.

— Até amanhã, Kat.

Vou embora em seguida, e passo o caminho todo até em casa sentir minha bochecha arder no local onde os lábios dela encostaram.


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