Ojesed escrita por Andye


Capítulo 1
O Desejo de Hermione


Notas iniciais do capítulo

Essa short surgiu do nada, como a maioria das minhas shorts. Estava olhando umas fanarts que tenho salvas no PC e encontrei essa da capa. Olhei tão atentamente que a história toda se formou em minha cabeça.
Eu gostei, minha beta gostou, e espero que cada um de vocês gostem.
Abraços e até depois!



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 Já passava das oito e Rony e Hermione ainda não haviam saído para a ronda noturna. Estavam ansiosos à espera de Harry que estava pagando detenção com Umbridge mais uma vez.

Hermione estava rígida e, sentada no chão, olhava fixamente para as chamas da lareira. As costas estavam apoiadas na poltrona onde Rony se sentara displicentemente. Especulavam, querendo saber, que tipo de punição a professora aplicaria dessa vez.

— É um grande absurdo que o Harry esteja com aquela mulher até agora — Hermione lamentou mais uma vez — E ainda mais absurdo que ele não queira contar ao professor Dumbledore. Com certeza ele tomaria providências. O que ela faz é tortura.

— E você acha que eu não sei disso? — Rony respondeu resignado — Quantas vezes já falei pra ele? Mas ele insiste que se Dumbledore não pode falar com ele, ele também não irá procurá-lo.

— Harry é um grande cabeça oca — a garota ralhou — Que contasse para Mcgonagall, Flitwick, até mesmo ao Snape.

—  Tá louca? — o ruivo se sobressaltou — Era mais fácil o Snape lançar um feitiço sumidouro no Harry.

Ele parou de falar assim que ouviu o retrato abrindo a passagem do Salão. Fred e Jorge atravessaram e entraram parecendo planejar algo muito secreto. Rony os observou enquanto recebia um sorriso maldoso dos dois que encenavam uma cena de romance que ele reconheceu ser entre ele e Hermione. Ele agradeceu por ela estar de costas e não ter percebido quando os dois praticamente se beijaram em uma dança nada agradável de se ver.

— O que houve? — Hermione perguntou, começando a virar para os gêmeos — Por que se calou de repente?

— Hermione, melhor irmos fazer a ronda de uma vez por todas. Está ficando tarde — ele sugeriu tentando desviar a morena do teatro dos irmãos.

— É verdade... Você tem razão. Podemos fazer a ronda e esperar por ele depois que voltarmos — ela sugeriu e ele, que já havia levantado, tapando a visão dos irmãos, concordou lhe dando a mão para ajudá-la a levantar — Obrigada — sorriu.

Saíram do Salão e começaram a ronda pelo corredor do quinto andar. Rony falava com Hermione sobre as aulas de defesa contra as artes das trevas e de como estava insatisfeito por não estar aprendendo nada.

— Até eu que não sou fã de estudar já percebi que esse ano será perdido — ele continuou irritadiço.

— E o que poderíamos fazer? Aquela mulher se infiltrou em Hogwarts e Dumbledore não pode fazer nada.

— Mas deveria. Ninguém aguenta mais aquela mulher.

— O pior é que ele não pode, Rony. Você sabe que ele está em descrédito com o Ministério...

Mas Rony não estava mais prestando atenção no que Hermione falava. Ele estava com a cara fechada, se irritando e ficando levemente vermelho quando avistou Gina de mãos dadas com Miguel Corner, o quintanista da Corvinal, vindo pelo corredor.

— O que estão fazendo aqui? — perguntou carrancudo, a voz tomando um tom severo.

— Aquilo que você tem vontade de fazer, mas não faz, Roniquinho.

Gina respondeu com altivez. Um sorriso debochado estampava seu rosto. Hermione percebeu o quanto ele ficou desconcertado com a resposta da irmã.

— Como é? — ele continuou se aproximando deles — O que você disse?

— Rony... — Gina continuou — Vá fazer o seu serviço e me deixe em paz, tudo bem? Não lhe devo nenhuma satisfação.

Gina saiu divertida, abraçando Miguel pela cintura enquanto ouvia Rony balbuciando palavras como "Claro que me deve satisfações" "Sou seu irmão mais velho" "Ginevra, eu sou o monitor" "Vão para seus salões" "vou lhe dar uma advertência, Gina". Ela virou para trás antes de sumir em um corredor e lhe mandou um beijo soprado. As orelhas de Rony assumiram um tom escarlate.

— Rony... — Hermione lhe tocou no braço e falou tranquilizadora —  Deixe isso pra lá. Eles são namorados e...

—  Desde quando? — ele olhou para Hermione com assombro — Desde quando a Gina tem permissão para namorar?

—  Ah... Rony — Hermione respondeu, agora sem paciência, revirando os olhos — Gina é muito bonita, inteligente e divertida. E já tem catorze anos, se você não sabe.

—  Eu sei, sim — ele respondeu ainda irritado, olhando para o corredor onde a ruiva sumira. A nuca também avermelhada.

— Não é porque você demora catorze anos para perceber que uma garota é realmente uma garota que o resto dos garotos do mundo têm que fazer o mesmo — ela falou com irritação, caminhando no sentido oposto ao da ruiva.

— Ei... Não me ofenda — falou sentido, o tom de voz diminuindo ao ouvir Hermione mencionar algo sobre aquele maldito baile.

—  Então deixei a Gina em paz e vamos logo terminar essa ronda.

Ele apressou os passos e a alcançou. Os dois continuaram pelos corredores enquanto ele tentava descobrir há quanto tempo Gina namorava aquele "boboca" e porque ela nunca lhe disse.

— Ela me contou porque confia em mim. Não tenho que sair pelo castelo falando da vida pessoal da Gina. Ela é minha amiga.

— Mas sou irmão dela. Tenho direito de saber.

— Então vá você até ela e pergunte depois.

Com isso, a conversa pareceu morrer. Atravessaram o corredor do quinto andar. Rony soltou toda a ira resguardada por ver a irmã mais nova com o namorado em alguns primeiranistas da Corvinal que tiveram o azar de cruzarem com ele no quarto andar.

No terceiro andar, ele soltou as feras em duas garotas do terceiro ano e, em seguida, com mais duas da Grifinória, essas ele sabia que eram da mesma turma que a irmã.

—  Rony, você está se comportando como um idiota — Hermione bufou cruzando os braços.

Ele a olhou como se não tivesse ouvido o que ela falou. Estava irritado em ver a irmã namorando. Talvez fosse ciúme de irmão, ou simplesmente despeito por ver a irmã mais nova à sua frente.

Hermione contornava como podia as farpas que o ruivo estava soltando para os alunos que encontravam pelos corredores e não entendia ao certo porque tanta irritação por uma bobagem.

Quando chegaram ao salão principal, rumaram pelas escadas que os levariam para perto da cozinha. Hermione sempre passava por lá para conversar com os elfos quando era seu dia de ronda.

Rony tinha plena consciência de que eles detestavam toda aquela conversa de revoltas e luta por direitos, só a ouviam porque ela pedia e eles tinham a obrigação de cumprir o que um senhor mandara.

Sabia também que os elfos gostavam de trabalhar e achava que todo o esforço de Hermione era pura perda de tempo. Ele sabia, mas era esperto o suficiente para manter aquele pensamento para si mesmo.

De toda forma, gostava de encontrar com Dobby e, principalmente, gostava de prolongar o tempo em que permanecia com Hermione sem a presença de Harry. Por mais que parecesse egoísta de sua parte, fazia um tempo que sentia-se muito bem ao lado dela e esses eram bons motivos para não contrariá-la em suas visitas.

Quando estavam voltando para o salão comunal, observaram uma porta no terceiro andar entreaberta. Era perto do banheiro da Murta e Rony não se sentiu à vontade em ficar tão perto dela.

Lembrava de quando Gina havia sido levada pelo diário, de como sofrera naquele ano, e então lembrava da garota respondona e desobediente que ela havia se tornado.

— O que você tem? — Hermione perguntou enquanto se aproximava da porta a passos firmes.

— Nada, por quê? — perguntou tentando controlar aquele azedume que sentia.

— Essa sua cara — ela falou virando para ele antes de entrar na sala.

— Você sabia que não é legal ficar entrando nas salas que não sabemos para que servem? — o ruivo falou como quem explica algo — Não sei se sabe, mas no meu primeiro ano, quando entrei numa sala que não devia, encontrei um enorme cão de três cabeças que parecia um monstro, mas, estranhamente, se chamava Fofo. E ele tentou me devorar.

— Vamos logo — ela insistiu e entrou na sala. Rony entrou em seguida.

Parecia uma sala onde guardavam entulhos. Algumas caixas, livros com capas estragadas, mobílias cobertas com grandes lençóis negros. Hermione estranhou que houvesse um lugar como aquele ali e quando ia saindo, um grande objeto lhe chamou a atenção.

— Olha, Rony — ela falou olhando para aquele objeto escondido por trás de uma grande toalha escura — O que será isso?

Ela estava curiosa e tão atenta que não percebeu que Rony a observava. Quando ele percebeu que ela havia piscado, virou e olhou para aquela capa, só então tendo curiosidade também. Fazia muito tempo, mas talvez fosse o que ele estava pensando.

Rony se aproximou um pouco do objeto, estendendo o braço até alcançar o tecido que o cobria. Olhou para ela e, silenciosamente, concordaram em arriscar saber o que era aquilo.

Ele puxou o tecido e enquanto a boca de Hermione se abria em um delicado e mudo "O", os olhos de Rony brilharam e um sorriso de canto se formou em seu rosto. Era o que imaginava que fosse: O espelho de Ojesed.

— Um espelho... — Hermione comentou tentando desvendar o que estava escrito nele — Por que guardariam um espelho aqui?

— Não é um espelho qualquer — Rony começou a explicar. Estavam lado a lado diante do espelho, e eram refletidos por ele — É o espelho de Ojesed.

— Espelho de Ojesed? — ela ainda observava o objeto como se esperasse algo extraordinário, olhando para ele em seguida, curiosa — Nunca ouvi falar. Nunca li nada sobre isso também.

— Quando Harry e eu estávamos no primeiro ano e você saiu de férias no Natal, o Harry foi na sessão reservada procurar saber sobre Nicolau Flamel, lembra?

— Sim — ela o olhou novamente — Claro que eu me lembro.

— Ele encontrou esse espelho enquanto fugia do Snape e do Filch. E daquela gata insuportável.

Hermione ainda não sabia onde Rony queria chegar. Olhou novamente para o espelho e não viu nada de anormal. Se viu refletida ao lado de Rony e tentou mais uma vez tentar desvendar o que aquelas palavras na borda do objeto queriam dizer.

— O Harry me trouxe pra cá e quando fiquei de frente com o espelho, eu me vi como monitor e...

— Esse espelho mostra o futuro? — ela o interrompeu curiosa, sem acreditar.

— Não... Não teria como porque o Harry viu a família dele — ela arregalou os olhos, surpresa — Ele mostra aquilo que mais desejamos.

— Ah... — ela olhou novamente para as gravuras e compreendeu que Ojesed era Desejo ao contrário. Então pronunciou toda a frase, cheia de encanto — "Não mostro o seu rosto, mas o desejo em seu coração."

— Isso... — ele falava observando Hermione com ternura — Por que você não tenta?

— Eu? — ela pareceu nervosa e ansiosa — Não, não... E eu nem sei como isso funciona e...

Rony já havia se afastado, deixando Hermione só diante do espelho. Ela ficou um breve momento calada e levou uma das mãos aos lábios, surpresa com o que via. Não se controlou e levou os dedos até o vidro, pensando se aquilo seria verdade.

Refletido diante dela estava Ronald Weasley, e era estranho, porque ela olhou para o lado e o viu sorrindo despretensiosamente para ela.

Voltou a olhar para o espelho e o Rony refletido sorria para ela também, mas era um sorriso envolvente, um sorriso cheio de sentimento.

Tocou novamente aquele reflexo, encantada com o que via. Rony a abraçava com carinho. Era um abraço agradável, envolvente, e ela levou as mãos instintivamente até os braços, como se abraçasse a si mesma.

— Rony — ela virou assustada — Você consegue ver o que eu estou vendo?

— Não… — ele respondeu observando a ansiedade dela — Só você pode. Por isso que enquanto estava junto de você apenas nos víamos refletidos. O desejo é pessoal, é seu… Ninguém pode compartilhar ele com você.

— Certo — ela sorriu mais tranquila e se virou novamente para o espelho.

O reflexo havia mudado e Rony observou sorrindo que a expressão dela vagava entre o susto e a satisfação. Hermione sorria também e, em sua frente, Rony a erguia em seus braços e a beijava.

Seu coração bateu apressadamente nesse momento e seus dedos tocaram seus lábios como se quisesse descobrir se aquilo era real.

Ela ficou ali, parada, diante daquele reflexo, assumindo definitivamente aquilo que já imaginava sentir havia muito tempo. Ficou tão imersa que não se deu conta do tempo que havia passado até ouvir a voz de Rony.

— Está tudo bem? — perguntou ao se aproximar dela.

— Sim… — ela virou e sorriu para ele — Está tudo bem, sim.

— Estava paralisada diante do espelho — ele observou — Deve ter sido realmente muito bom o que você viu… 

— É… Esse espelho realmente mostra o desejo do nosso coração? —ela perguntou apenas para confirmar.

— Sim... — ele respondeu olhando fixamente para ela — Foi o próprio Dumbledore que falou para o Harry. Acho mesmo que foi Dumbledore quem fez...

— Não duvido... É brilhante! — ela olhou novamente, e viu seu reflexo natural ao lado de Rony.

— E então… — ele perguntou curioso olhando para ela através do reflexo do espelho — Qual é o desejo do seu coração?

— O desejo do meu coração? — ela o olhou também através do reflexo e sorriu — Me formar em Hogwarts e conseguir um emprego no Ministério da Magia.


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam? Não esqueçam de me dá um retorno sobre. Conto com vocês!Beijocas...