Essa situação estava me deixando muito confuso, eu realmente não compreendo como o meu irmão pode não ter cheiro mortal. 

Eu já estava dirigindo a horas quando Grover e eu trocamos de lugar, Aquiles continuava a dormir no colo da Annabeth, mas eu sabia que isso era compreensível, eu duvido que ele tenha dormido nesses últimos dias. Nós paramos em um posto de gasolina.

— Percy, eu vou até o banheiro preciso trocar essa blusa ensanguentada. - Annabeth me disse. Eu a observei enquanto ela tirava delicadamente a cabeça de Aquiles do colo e deslizar para fora do carro. Eu a seguro pelo braço.

— Você está com a sua adaga? - Pergunto.

— Claro Cabeça de Alga, não se preocupe comigo. - Ela falou e me deu um beijo antes de ir.

Grover estava abastecendo o carro, e me disse que iria comprar comida. Eu estava recostado no banco do carro quando senti a mão de Aquiles no meu ombro.

— Você acordou. - Falei. - Parece que o colo da Annabeth fez falta. - Eu dei um sorriso para ele, mas ele não retribuiu.

— Percy, pode me explicar o que aconteceu? - Ele fala sério. Eu respiro fundo.

— Aquiles não sei se sou a pessoa certa para fazer isso...

— Percy eu vi o que vocês fizeram lá. Sei que sou criança, mas eu mereço a verdade. 

— Tudo bem. - Nos minutos em que esperávamos os outros eu contei a Aquiles que sou filho de Poseidon, expliquei quem era Cronos e falei um pouco sobre outros seres que os mortais descreviam como mitos, mas que na verdade existiam. Eu tentei falar tudo o mais simples possível, tentei deixar de lado boa parte dos monstros.

Quando terminei de falar ele simplesmente assentiu. Grover entra no carro com uma sacola enorme de comida. Eu achei estranho Annabeth ainda não ter voltado.

— Grover, tome conta dele. - Apontei para Aquiles.

— Tomo sim, mas para que? - Ele questiona.

— Vou ver se Annabeth está bem. - Falo saindo do carro. - Aquiles veja se o Grover te mostra os chifres dele ou as pernas. 

— Você tem chifres? - Aquiles pergunta a Grover.

Eu caminho em direção ao banheiro, minha mão estava no bolso segurando Contracorrente. 

— Annabeth? - Chamo.

— Eu estou bem Percy, só estava tentando arrumar o cabelo. - Ela sai com o cabelo preso para trás.

— Tudo bem. Podemos ir? - Pergunto. Ela assente.

— Como está o Aquiles? 

— Eu contei a ele que somos meios-sangues.

Resumi minha conversa com Aquiles para ela. Enquanto voltamos ao carro. Já estávamos perto da casa da minha mãe, minha preocupação era em como ter a minha conversa com o meu padrasto, mas eu teria de ter essa conversa com ele.

Era madrugada quando finalmente chegamos.

— Percy sua mãe não está dormindo? - Grover questiona.

— Duvido, eu a conheço ela deve estar acordada com uma enorme xícara de café esperando notícias. - Falo.

Caminhamos até a porta, minha mãe abre e Aquiles pula nos braços dela.

— Percy, obrigada. - Ela diz.

— Muito obrigado. - Fala Paul aparecendo atrás dela.

— Paul, temos que conversar. - Eu falo.

Minha mãe preparou comida para nós enquanto nos acomodamos no sofá de frente para Paul.

— Percy também não sinto cheiro de mortal nele. - Grover me fala de modo que apenas eu ouvisse. Esperei até minha mãe também se acomodar na sala.

— Paul, quero saber a verdade. - Falo. - Grover é um sátiro ele sente os cheiros, de monstros, meios-sangues, inclusive de mortais. - Eu fiz uma pausa para avaliar as expressões dele, mas não vejo nada.

— E? - Paul fala.

— E que ele não sente cheiro de mortal em você e também no Aquiles. Então quero saber o motivo por vocês não terem esse cheiro. - Paul suspira.

— Tudo bem, vou lhe contar a verdade. - Ele diz. - Eu sou filho do deus Apolo e minha mãe era filha de Vênus.