A2: comunidade virtual para ACE’s, assexuais.

Decidi entrar no site que May me passou. E descobri muita coisa, ACE’s são uma grande comunidade de pessoas que parte do mundo, talvez maioria, não sei, nunca ouviu falar. É algo novo e muito curioso e sabe o melhor? Eu me identifique-me. Mas claro, como tudo, e a todos sexualidade não é algo padrão, uniforme e homogêneo. Tem suas especificações de caso a caso.

Tem um chat que achei no site do A2, entrei nele faz um tempo e estou a conversar com uma moça que está me explicando varias coisas, como o seguinte:

Assexual é palavra usada para a orientação sexual de pessoas que não sente atração se atração sexual. O âmbito de fazer, a vontade não partirá dessas pessoas, pois elas não sentem isso.

Mas, não significa que não fazem. Ficou confuso não é? É tem toda aquela coisa de cada caso é um caso, como na matemática. Só que bem mais complicado, ou talvez nem seja, só um pouco difícil de explicar devido aos valores mundiais em geral.

Como posso dizer, na biologia aprendemos que o ato sexual é prazeroso, porque atinge nervos que transmitem/ liberam esse conforto e satisfação. Então no físico o ato é prazeroso e todos sentem prazer em tese. Mas o psicológico que é o difusor dos caminhos. Uma pessoa pode não sentir prazer, pois sofreu um trauma, ou simplesmente não quer.

No caso dos ACE eles não sentem a necessidade de fazer sexo! Entenderam?

Mas como pode haver pessoas ACE que praticam sexo? Tem milhares de hipóteses, talvez seja por amor ao parceiro que não é ACE, por curiosidade, coisas assim, a mente humana tem muitos motivos aos quais nem sei listar.

Pode haver um casal ACE que não pratica sexo, é como todo casal, só que sem sexo.

Um assexual também ama. Tem gente que acha que não, que este deve ser um ser isolado. Digo que sentem amor conjugal, de ter alguém por perto, para beijar, contar, ser seu companheiro por toda a vida.  Como qualquer um ser humano pode sentir isso, os ACE’s também podem.

E tem gente que também não sente. Tem heteros que gostam de fazer sexo, mas não gostam de ter alguém. Como tem ACE’s que não gostam de fazer sexo e não querem ninguém. Do mesmo modo existem o contrario.

As possibilidades do “tipos/categorias/espécies” chamem do que quiser, de seres humanos, me incluo nisso, é imensa.

Mas, no momento quero focar em mim, e descobrir-me em pelo menos algumas classificações, pois ao todo não existem classificações o suficiente para catalogar uma pessoa.

A moça que me apresentou todo esse repertoria tem o nickname de @fran , e ela me enviou o endereço de um lugar onde ACE’s se reuniam em Londres, algo que despertou em mim um curiosidade enorme.

*

— As provas estão me consumindo. — May reclama esparramada na mesa da sala de aula. Estávamos na aula de comunicação. Acabamos de fazer uma prova e iríamos para outra.

— Nem fala. — Katty respondeu. Ela estava de mau humor, é um revezamento. Um dia eu, o Will, a Katty, só falta a May. Esse pensamento me faz rir.

Will estava melhor parece que as mulheres o deixaram em paz, por enquanto. Sua angustia no momento era a prova.

—Quero ir para casa. — May comenta. Levanta a cabeça e olha para mim com um sorriso bobo e escora a cabeça no meu ombro. Katty revira os olhos.  — Tenho que te contar algo. — sussurra para mim, eu também queria contar muitas coisas para ela, mas no momento eu deveria deixar ela falar, porque eu não posso ser o foco de tudo.

—Diga.  — falo vendo o professor entrar na sala com o pacote de provas, ele até sorria perversamente como quem pensasse “estão todos fudidos” e era verdade as provas dele não são nada legais.

—Agora não dá! — May ajeita-se na mesa. — Não pegue a vã hoje, vamos sair para algum lugar.

Fiz um ok com a cabeça e voltei a enfrentar a realidade, a prova esperada.

*

Katty tinha ido para casa sem nos dizer “tchau”, não sabia o que estava acontecendo, mas depois iria ligar para ela. Will foi entregar o trabalho interdisciplinar pronto para nosso orientador e depois iria para sua empresa.

Eu e May estamos na sorveteria. Sentadas com os potes de sorvetes coloridos eu encaro minha amiga, levanto a sobrancelha e espero ela me contar a novidade.

— Estou namorando. — diz sem explicar nada e eu solto um grito fina de felicidade.

— Com quem? Eu conheço?

— Não, nem eu conheço. — fala e volta a comer o sorvete com os morangos embriagados de leite condensado que ela colocou. Não entendi o que ela falou, mas sinceramente fiquei receosa de perguntar. — Quer dizer, conheço. Mas não pessoalmente, entende?

— Não. — respondo. Meus amigos são mais complicados do que eu.

May suspira como se estivesse decepcionada comigo. — É um namoro virtual. Você sabe que com esses jogos eu acabo conhecendo muita gente, e eu e essa garota, a Ambre, conversamos por quatro anos.

— E estão namorando? — pergunto tentando entender mais essa relação.

— Sim, a gente viu que damos muito certo, sempre conversamos pelo skype, facebook, qualquer coisa. Nós conhecemos muito bem, apesar da distancia... — May me conta com um brilho nos olhos. Eu realmente estou feliz por ela. — E ela vem me visitar semana que vem, vai ser a primeira vez que vou ver ela, na vida real. — May solta o pote de sorvete e faz uma cara desesperada. — Estou com medo.

Começo a rir, é tão divertido. — De que? De ela ser um pouco mais baixa do que aparenta? — caçoo minha amiga gótica trevosa.  — May, sem problemas, você se falam há tanto tempo, agora o contato será a menor coisa que irá ser estranho para vocês. Começaram certo, com uma amizade e agora devem se relacionar na vida real! Mostre-me uma foto dela. — mando e espero May pegar o celular e abrir na foto.

É uma ruiva de cabelo avermelhado e olhos azuis, morena e muito bonita. A May teve sorte, ou a Amber teve, as duas são muito bonitas.