Eu, você e o garoto que já morreu. escrita por La Oliveira


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Oie, bom não vou ficar enchendo o saco de vcs aqui em cima :v Obrigada por entrar na história e espero que se divirtam lendo, ou chorem lendo, ou sei-la... apenas sintam.
P.S.: O primeiro capítulo está pequeno mais os outros vão ser maiores, prometo...



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Capítulo 01

Eu olhava para toda aquelas pessoas tristes, para todas aquelas pessoas que choravam a morte de James. Eu não conhecia a maioria. James não conhecia a metade. Meu coração doeu. Meus olhos se encheram de lágrimas.

— Quando eu estiver lá do outro lado e olhar para as pessoas em meu velório, não quero vê-la chorando.

Ele me disse alguns dias antes de partir, tínhamos até combinado um local para eu poder encontra-lo.

— Fique ao lado dos lírios amarelos, eu estarei lá.

Sorrindo levemente fui até os lírios amarelos, dei um pequeno espaço para James pode ficar, ele me dissera para não ficar em cima dele, seria desconfortável. Fechei os olhos e quando os abri novamente as lágrimas foram soltas.

— Desculpe, Jay. Não consigo não chorar. – digo enquanto soluço, não me importando com as pessoas que pudessem me ouvir – Não tente limpar minhas lágrimas, fantasminha. Não quero ser tocada por mortos.

Sabia que ele ria, ou chorava. Não, James não chora desde que eu matei Chiquinho, aquela coisa feia e barulhenta.

— Sabe... acho que nem a morte de Nuvem doeu tanto... Seu psicopata – digo e então começo a rir, uma risada escandalosa e sem humor. Acho que enlouqueci. Tudo culpa de James. É sempre sua culpa.

— Lia – a mãe de James me chama, ela estava ao meu lado, em cima de meu melhor amigo. Sufoquei o riso imaginando a careta de Jay.

— Sim, tia? – pergunto risonha. Acho que preciso voltar a frequentar minha antiga psicóloga babaca.

— Está na hora de seu discurso, meu amor – ela fala. Seus olhos lacrimejando, mas não chorando. Ela é tão forte, invejo isso nela.

Comecei a caminhar até o pequeno altar onde se encontravam um microfone e o caixão careta que possuía o corpo de meu melhor amigo dentro. Chegando lá olhei para um dos homens que não conhecia, mas que certamente trabalhava no cemitério.

— Pode abrir o caixão? – Pedi já tirando meu moletom, ele me olhou estranhamente, pronto para negar, porém tio Heitor disse lá de trás para o homem abrir. Com o caixão já aberto olhei para o rosto pálido e provavelmente frio do meu melhor amigo, estremeci.

Eu não usava uma roupa chique como a maioria das pessoas, estava de jeans, um moletom e por baixo uma camiseta (fora meu par de converses incrivelmente sujos). Com meu moletom fora do meu corpo o coloquei sobre o corpo de James.

— Para não sentir frio e não ser zuado por esse terno seja lá pra onde você foi – digo sorrindo, inclino meu corpo e deposito um beijo em sua testa – Ai, que nojo! Não acredito que beijei um morto! – exclamo, algumas pessoas soltam risos, outras barulhos de descrença, eu as ignorei, lágrimas descendo rapidamente por meu rosto, ele estava frio e não se mexia, ele estava morto de verdade. Sabe, no fundo eu ainda espera que ele levantasse lá de dentro, acabando com toda aquela farsa que era sua morte.

— O discurso, Lia – minha mãe me lembrou com todo o seu mal humor.

— É claro, o discurso. Pode fechar o caixão – falo pro homem, assim que ele o fecha eu pulo pra cima, me virando para a multidão.

— Não vou falar o quanto estou triste e o quanto ele faz falta afinal esse desgraçado matou meu gatinho azul, descanse em paz Nuvem. Mas eu infelizmente estou triste porque ele morreu antes de mim me impossibilitando de fazê-lo chorar por minha morte. Eu tenho que fazer um discurso porém, então vou falar de James, de como ele era idiota. Vou contar a vocês cada sórdido detalhe. Espero que se divirtam, ou não.

“James amava pássaros.

Eu me lembro que o primeiro animal de estimação que seus pais caretas o permitiram ter foi um papagaio, o bicho não parava quieto, vivia falando palavras estranhas e cantando músicas igualmente estranhas. Seu nome era Chiquinho. Chiquinho era irritante. James, meu melhor amigo, nunca me perdoou pelo meu ato, mas eu, obviamente não possuía culpa. Era uma menina estranha com um bom gosto musical, o pássaro era fofinho com um péssimo gosto musical, então eu... O matei.

Destrocei o coração do meu melhor amigo enviando aquela aberração para o céu, ou melhor, inferno dos passarinhos, acho que você já pode imaginar que...

Eu odeio pássaros.

Aquele bicho medonho continuou me perturbando, mesmo depois de morto. Passei 5 anos frequentando uma psicóloga babaca que dizia que eu tinha tendências psicopatas, Santo Deus! Eu só enforquei um bicho irritante! Eu seria uma psicopata se dissecasse um gatinho...

Eu amo gatinhos.

E era por isso que eu possuía um gatinho fofinho chamado Nuvem, Nuvem era lindo e branquinho quando o ganhei.... Adorável. Pintei seu pelo de azul uma semana depois de ganha-lo. Sempre quis ter um gatinho azul.

James era vingativo, muito vingativo e também psicopata. Nuvem teve o mesmo fim de Chiquinho. Foi brutalmente enforcado.

James odiava gatinhos azuis.

Isso rendeu a ele 5 anos em uma psicóloga babaca que achava que ele era um psicopata mas, diferente de mim, James realmente era um psicopata.

Nuvem e Chiquinho descansam em paz... bem longe um do outro, eu espero. Meu gatinho não merece viver (ou melhor morrer) perto daquele maldito pássaro.”


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Notas finais do capítulo

Então? Gostaram? Não gostaram? Vamos lá, não se acanhem, me respondam na caixinha de texto aqui em baixo XOXO