Os Caçadores: A Última Guerra escrita por Gustavo Ganark


Capítulo 6
Lágrimas


Notas iniciais do capítulo

Olá.
Boa leitura.



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O vento bateu no meu rosto. Senti aquele frio congelar minha espinha. Calma. Era apenas o ar condicionado do quarto do hospital que estava quase na minha cara.

Eu acordei e estava Blue, Malena, Lilian, mais uma menina loira (linda) e a líder da guilda. Essa menina loira tinha cabelo enorme e ondulado, usava um vestido curto e preto. Bota tão grande quanto o cabelo e tão preta quanto o vestido.

Ah! Nunca falei do visual da Lilian e nem dá Malena né? Vou falar. Da Malena não, pois ela é chata. Deixo para depois.

Lilian tem corpo definido, cabelo castanho e ondulado, sempre presos em um rabo-de-cavalo. Era bonita também. Eu só tinha amigas bonitas. Estava no céu. Amigas? Digo conhecidas. Acabei de conhece-las. No caso a loira que eu nunca vi e a Lilian. A insuportável da Malena eu aguento desde o início da escola de magia.

Lilian sempre teve pele pálida e batom cabaré – aqueles batons vermelho tão fortes que chegam a doer o olho. Normal das meninas de hoje em dia. Ficava linda do mesmo jeito.

Enfim, essas são as meninas.

Eu estava deitado no hospital e estavam todos me olhando, com olhar bem sério:

— Gente. O que aconteceu? Minha cabeça está doendo.

— Que clichê, Anark. Todos falam isso quando acordam de um acidente. Não tinha fala melhor não? – disse a filha da p... disse a Malena.

Blue se levantou e sentou-se ao meu lado:

— Você sofreu um acidente. Digo, ocorreu um incidente ontem. Estávamos você e eu andando e passamos em frente a uma loja de armas mágicas. Ela explodiu e nós sofremos danos. No caso quem sofreu o maior dano foi você.

— Blue! Não fala assim! Tem que falar com jeito! – brigou Malena, que segurou em minha mão e continuou a falar. – Ontem você bateu o meio de sua coluna no poste e isso a fraturou. Você passou por uma cirurgia e... como posso te dizer... o médico disse que você não vai poder mais andar. Sinto muito, Anark. Sinto muito mesmo.

Eu não poder mais andar? Gente, meu mundo caiu. Fiquei sem chão. Meu rosto encheu de lágrimas, tampei ele inteirinho com as duas mãos e dei um berro seguido de um choro de criança. Blue olhou para trás e começou a chorar também. A menina loira e a Ivy ficaram quietas, mas tristes com toda aquela situação. Malena manteve postura firme, mas estava quase para cair em prantos também:

— Estamos aqui para isso. Vamos fazer de tudo para que você fique bem. – disse Malena, dando espaço para Ivy, que também queria falar.

Meu dia não podia ficar pior. Podia sim:

— Devido a esse acidente você está sendo dispensado da guilda. Você não pode mais fazer parte dos Caçadores.

Que? Sofri um acidente, passei por uma cirurgia, fiquei paraplégico e ainda fui expulso da guilda que eu sempre sonhei e que acabei de entrar? Eu não estava acreditando. Eu tentei sair da cama, mas Blue me segurou:

— Não deixe as coisas piores, Anark. Aceite e tudo vai ficar bem.

Eu fiquei tão nervoso que falei uma tremenda besteira para Blue, que fez ele sair dali em raiva e prantos:

— Aceitar? Cadê aquele que disse que ia me proteger? A culpa toda é sua! A culpa de tudo isso é sua! Você não conseguiu me proteger! LIXO! EU TE ODEIO!

Quando ele saiu tentaram segura-lo, dizendo que eu estava nervoso e que aquilo era por causa das tristes notícias que eu tinha recebido. Mesmo assim ele saiu. Todas elas deixaram flores e saíram atrás dele.

Quase para sair do hospital, Malena e a loira estranha seguraram Blue:

— O que vai fazer? – disse a loira, chamada Fernanda Parker, mais conhecida como Nanda ou Nandinha. Ui.

— Vou rasgar a minha página do livro dele. Falhei na minha missão.

— Você não pode fazer isso! Você não tem culpa. Primeiro que se você soubesse do incidente você nem passaria por ali. Foi algo rápido. – confortou Malena, abraçando Blue.

— Eu falhei sim. O meu mestre criador agora não pode mais lutar pelos seus sonhos. Eu sou zé ninguém!!! – gritou Blue, chorando feito criança.

Blue, naquele momento, gente, lembrou-se da mulher que vimos no centro antes da explosão. Aquela encapuzada com uma serpente nas costas desenhada. Ele ficou nervoso e soltou Malena:

— Não foi um acidente não, Malena! Foi um atentado! Eu sei quem foi! Eu vi! Eu vi!

— Calma! Respira e conte para gente o que você viu. – disse Nandinha. Ui.

— Eu vi uma mulher com sobretudo preto e encapuzada. Capuz vermelho. Nas costas tinha uma serpente. Ela estava muito apressada e vinha contra a direção do lugar que explodiu. Acredito que foi ela. Senti algo estranho ali. E minha intuição é boa, eu acho.

Malena e Nanda se olharam. Nandinha. Ui. Elas ficaram serias:

— Tínhamos certeza que eles estavam bem longe daqui. – disse Nandinha. Dessa vez não vou falar ‘ui’. – É uma guilda clandestina chamada Yambakka, abreviação de Yambe-Akka, uma bruxa lendária mitológica. Eles já vieram para cidade uma vez e tentaram matar a população em troca de coisas que pediram para um certo Deus Menor. Essa guilda até então era uma lenda, mas depois se tornou uma piada ao ser presa e conseguiram fugir misteriosamente. Pelo visto eles voltaram.

Blue ficou nervoso e disse:

— Eu vou vingar o Anark! Vou acabar com todos eles!

— Não sozinho. Nós, Caçadores, vamos te ajudar com isso. Você não sabe o quão difícil foi enfrentar esses caras. Precisamos nos aliar à duas guildas, mas dessa vez como estamos em menor número precisaremos de mais. – disse Ivy, intrometendo-se na conversa.

Eu não sabia, mas Malena tinha saído da Neo Imperium e entrado para os Caçadores. Blue também foi convidado, e não ia aceitar. Aceitou apenas para ter oportunidade de enfrentar a Yambakka. A Fernanda, Nanda ou “Nandinha Ui” também tinha saído da Neo Imperium e entrado para os Caçadores. Ivy estava tentando aumentar o número da guilda:

— Blue, faça-me um favor. Entregue o CloudBook para Anark. Ele quer aquilo por perto para se sentir protegido. Ele está abalado e em crise. – pediu Ivy.

— Eu vou pegar. Quando vocês planejarem alguma coisa, não esqueçam de me avisar. E eu quero pedir um único favor. – pediu Blue, aproximando-se mais de todas elas.

— Pode fazer. – disse Malena.

— Não chamem outra guilda. Deixe apenas os Caçadores fazerem o serviço. Eu vou mostrar para eles que eu sozinho consigo matar metade deles.

Todas concordaram e Blue foi pegar o livro de Anark para entrega-lo.

                                                                              ---x---

— Então foi você quem explodiu aquela loja, Jade? – perguntou Yambe, sentada em seu trono.

— Sim, mestra. Foi eu, sim. – respondeu Jade, curvada diante ao trono. Os outros sete membros estavam sentados na mesa que tinha ali. Uma mesa de reunião imensa e com crânios de caveira enfeitando as beiradas.

— E você pegou as espadas mágicas?

— Sim. Peguei e explodi a loja, matando os vendedores. Dessa forma eles não poderão me denunciar.

— E mais alguém te viu?

Jade pensou bem e lembrou de Blue e eu:

— Sim. Um garoto baixinho, cabelo preto e bem branco. Um outro moço alto, forte, todo de azul inclusive seu cabelo.

— E você deu um jeito neles?

— Eu esqueci, mas eu vi eles me olhando. Estavam em frente ao local da explosão, com certeza eles foram atingidos.

Yambe respirou bem e ficou nervosa. Começou a ventar e todos os membros começaram a ficar assustados:

— Te viram, garota! Novamente você deixou rastro. Da outra vez fomos presos por culpa sua e eu disse que não toleraria outra falha! Espere um momento. Deus Menor vai me dizer se eu devo poupar sua vida ou não.

Yambe fechou seus olhos. Velha estranha. Macumbada. Depois ela abriu os olhos novamente e sorriu:

— Deus Menor me disse que o garoto pequeno perdeu o movimento de suas pernas e não é mais um problema para a gente. Disse que uma guilda chamada Caçadores está começando a nos notar e que aquele rapaz todo de azul é o problema. Ele pediu para eu te dar a última chance. Ou você mata esse rapaz de azul, chamado Blue, ou você morre nas mãos do Deus Menor. E ele disse que se isso acontecer a sua morte vai ser bem lenta e dolorosa. O que você prefere, Jade?

Assustada, coitadinha, ela aceitou em tentar matar o Blue. E eu naquele estado não poderia fazer nada, afinal, era eu quem precisava de ajuda.

Martin se convenceu que a velha realmente tinha falado com alguém e ficou intrigado:

“Como ela sabe de tudo isso? Existe realmente esse Deus Menor? Se existe, qual a dimensão de seu poder? Eu não acredito nisso. E eu queria ousar em duvidar de sua existência. Maldição. Essa foi por pouco. ” – pensou ele, tremendo na base.

Jade saiu do recinto, com chamas negras em suas mãos. Quando a reunião acabou, todos os sete magos também saíram e Yambe ficou ali. Começou a falar sozinha. Ou melhor, com o Deus Menor.


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Notas finais do capítulo

Até mais e futuras boas leituras.