Os Caçadores: A Última Guerra escrita por Gustavo Ganark


Capítulo 25
Fragilidade


Notas iniciais do capítulo

Temporada "Blue", capítulo 1
BOA LEITURA.



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Todos foram para casa descansar, em Leonor, um distrito ao lado da cidade natal dos Caçadores, onde havia uma segunda sede da guilda. Um enorme prédio espelhado.

Darcy, como líder da guilda, precisou ir ao Conselho Municipal de Magia prestar queixa contra a Yambakka e dar seu depoimento para o julgamento daqueles que ainda estavam vivos.

Sagan ainda estava foragido, mas foi considerado carta fora do baralho para o Conselho. Quais seriam seus planos? Nada se sabia.

Apenas tempo era necessário para os Caçadores descansarem e voltar a sua rotina comum.

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O maior cômodo do nosso prédio em Leonor. Inúmeras mesas brancas e redondas. Uma das quatro paredes de vidro dando visão para aquela cidade imensa e lotada de prédios. O barulho de carros e pessoas falando, do alto, era perceptível. Entretanto, ainda um lugar de sossego, eu poderia relaxar.

Uma semana após a guerra contra a Yambakka, nós Caçadores, resolvemos nos separar um pouco. Cada um seguir suas próprias missões individuais. Eu, diferente dos outros, não tinha aceitado nenhum trabalho. Eu queria férias, mas o dinheiro no bolso estava voando feito um pássaro maluco tentando fugir de seu manicômio pessoal.

Era tarde e meu dia seria longo, então resolvi me levantar. Senti uma leve dor nas costas na parte inferior, próximo a bacia. A armadura estava perdendo sua eficácia e meus movimentos com as pernas estava se limitando um pouco, mas nada de muito absurdo.

Eu andei em direção a um quadro de madeira com inúmeras folhas anexadas. Era hora de eu escolher meu primeiro trabalho como Caçador. Era hora de dar lucro para eles e para mim, claro.

Nada ali me agradava. Eram coisas chatas e com baixas recompensas, mas um daqueles trabalhos me chamou a atenção. Eu peguei na mão uma folha onde dizia que corpos estavam desaparecendo. Pessoas morrendo e consequentemente seus corpos sumindo, sendo possivelmente roubados. O trabalho era investigar e a recompensa era tão boa quanto a que a Seven Night nos deu após a guerra de uma semana atrás.

Com o papel em mãos, eu fui direto ao andar inferior, entregar o papel para o Gerente de Missões dos Caçadores, o Gym.

— Você vai escolher esse trabalho? – Ele me perguntou.

— Sim. Irei. – Respondi.

Ele leu aquele folheto, algo que não era permitido. A função dos gerentes de missões das guildas oficiais era simplesmente grampear o folheto nos arquivos e documentos dos magos e simplesmente oficializar tal como responsável por aquilo, assim ligando para a pessoa que enviou o trabalho para guilda e informando de que alguém já estava trabalhando naquilo.

— Corpos desaparecidos? – Gym perguntou, coçando seu rosto intrigado.

— Sim. Corpos desaparecidos. Está escrito aí.

— Você se identificou com isso?

— Não. Apenas me pareceu uma das missões mais diferentes. As outras eram infantis e baratas demais.

Gym sorriu, deixando para lá a estranheza de uma pessoa só pegar tal trabalho. Ele grampeou com minha ficha e guardou. Eu me retirei e vi ele pegando o telefone para ligar para o remetente do trabalho.

Fui no meu armário e peguei o meu livro. Nesse momento o elevador parou ao lado e a porta abriu. Era Fairy, com uma roupa totalmente diferente: um enorme vestido preto e uma espada branca nas costas. Seu cabelo estava bem curto, parecia um menino:

— Você está bonita, Fairy.

— Eu agradeço, Anark. Eu senti que você estava preocupado e precisava de mim. O que precisa?

Eu, Anark, mandei ela, Fairy, ir para a sacada onde não tinha ninguém. Um lugar isolado e perfeito para discutir segredos:

— Você sabe fazer transplantes com sua magia?

— Hum... eu aprendi algo sobre isso na minha dimensão, mas o que isso tem a ver com o que você tem para falar comigo?

Eu peguei meu celular e mostrei para ela a foto do folheto do trabalho que eu tinha me inscrito:

— Eu peguei esse trabalho. Terei de investigar corpos que foram roubados e pessoas que morrem e consequentemente tem seus corpos furtados.

— Sim, Anark. Curioso esse trabalho, mas o que isso tem a ver com transplante?

Eu guardei o celular no bolso e me encostei na mureta da sacada, olhando alguns corredores e atletas passando em frente ao prédio:

— Eu nunca te contei, mas eu sou paraplégico. O que me permite andar é essa armadura, mas a mesma não está aguentando trabalhar tanto. Eu sinto algumas dores de vez em quando, mas elas se intensificam. Há um osso perto de minha bacia que está destruído. Tal osso não pode ser retirado, mas sim trocado.

— Eu sinto muito, Anark. Eu realmente não tinha como saber. Mesmo assim não entendo.

— Simplesmente eu peguei essa missão por sorte. Eu quero localizar um desses corpos e trocar o meu osso danificado por um novo. Quero que faça um transplante em mim, com um novo osso desse corpo.

Fairy arregalou os seus olhos verdes. Não estava acreditando no que eu tinha pedido e evitou:

— Desculpa, Anark. Eu não tenho tal conhecimento e mesmo se tivesse, um transplante desse é arriscado demais. Se você morrer eu sou prejudicada, você sabe.

Eu concordei com a cabeça e continuei falando:

— Sim. Por isso que depois de encontrar esse osso e realizar a missão, nós iremos para Chrono. Se eu tiver que morrer, morrerei lá e você não será prejudicada. Eu só peço que tente.

Fairy tinha uma personalidade forte e mesmo assim recusou:

— Não, Anark! Eu não quero perder você. O pouco que ficamos juntos foi suficiente para eu criar um vínculo mágico com você que me ilude e me faz pensar que eu te conheço há milênios. Infelizmente você vai ter que arranjar outra pessoa.

Na hora eu fiquei um pouco irritado com a negação de Fairy, mas eu pude perceber a sua preocupação. A deixei ali na sacada e fui embora, sem dizer tchau. Ela ficou estranhando tudo aquilo. Ela havia se perguntado da onde a minha ideia de transplante e eu posso garantir para vocês, ela surgiu assim quando vi o folheto do trabalho. Eu estava frágil como aquele pedaço de papel.


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Notas finais do capítulo

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