Mad Teacher escrita por kunpimoose


Capítulo 2
2. This Is My Class!


Notas iniciais do capítulo

Olá~!
Adivinha quem chegou com mais um capítulo fresquinho? Sim, dona Sayo!
ENFIM, eu queria cumprir com as minhas palavras sobre postar todos os finais de semana, porém eu terminei o capítulo antes do previsto - Bem antes, na verdade. - e estava com um comichão bem certeiro na ponta dos meus dedos.
Então eu pensei que seria uma boa coisa eu postar logo, não é?
Inclusive, se eu terminar até antes da próxima quinta-feira, posto. Certo?
Então ficamos combinados (as)! ♥
Espero que gostem, até as notas finais (Leiam, sério! Tem coisa importante).



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Uma semana havia se passado. Os alunos de Junior estavam curiosos em relação ao comportamento do professor, sabendo que a forma atual que se portava não era nada parecido com o que conheciam. Era como se houvessem posto alguém diferente para lhes dar aula ou coisa do tipo.

Parecia que o rapaz havia esquecido que outras pessoas residiam em sua sala e agora estava apenas voltando sua atenção ao garoto novo, que sequer havia trocado palavras com alguém da sala no período.

Pra quem via de fora, achavam o garoto arrogante e fechado, o que ajudava na hora de recuar. Poucos sabiam que era essa a verdadeira intenção de Kunpimook. Não fazia muito seu gênero ser apático, mas havia se tornado necessário desde vários acontecimentos que lhe fizeram parar ali naquela instituição.

Muitas vezes tinha a intenção de sentar e gritar com todo mundo simplesmente por querer ou por não querer ouvir ninguém falar. Em outras, só queria sair correndo e voltar pra casa, sua real casa.

— Quero alguém disposto a me responder o resultado dessa equação. – Ninguém se atreveu a levantar a mão, levando o moreno a fitar cada um dos rostos, esperançoso por qualquer que fosse uma resposta, certa ou errada.

— Vinte e três. – O tailandês ao fundo respondeu alto o suficiente, mesmo que ainda mantivesse seus olhos por sobre o caderno, sem parar de escrever. Estava concentrado demais para tirar os olhos da pequena agenda.

Aquilo frustrava Junior. Muito mais do que um dia pôde imaginar.

—  Eu imagino que você queira dar aula no meu lugar, Sr. Buhwakul. – O moreno literalmente cuspiu as palavras, finalmente atraindo a atenção do mais novo.

—  Bhuwakul. – O menino bufou, largando a lapiseira de canto. – Você prefere que alguém responda ou a sala continue em silêncio? Te poupei o trabalho de esperar.

— O que você realmente faz aqui? – A pergunta era o totalmente  jogada em desprezo.

Talvez Jinyoung estivesse bravo naquele momento por nenhum de seus alunos que ele tanto se dedicou em ensinar não conseguiam responder, e alguém que há pouco chegou, sabia responder sem mesmo olhar. Não vacilava em... Nada.

— Eu deveria estar tendo aula com um professor que conseguisse ensinar algo aos seus alunos. Mas, se preferir, eu posso tomar seu lugar, como você perguntou agora pouco. – O ruivo não tinha medo de enfrentar o professor. Na verdade, pouco se importava. No fundo realmente não queria e não precisava estar ali.

—  Eu espero que você comece a medir essas palavras se quiser continuar em minha sala. De agora em diante, você só toma a palavra se eu disser que você pode ou não. Do contrário, você continua quieto. – Dessa vez parou para analisar o rosto do menino, franzindo o cenho. Ele estava comprando uma briga que lhe custaria caro.

— Chài, senhor "Eu Tenho Autoridade". – Seus olhos definitivamente voltaram a fitar o caderno, lentamente voltando a escrever.

Jinyoung não sabia por que se sentia tão irritado com o fato do garoto responder suas perguntas, por mais que no fundo soubesse exatamente que era puro despeito. No fim das contas, a pergunta havia saído de sua boca.

Ainda assim, decidiu ignorar aquele comichão, voltando a atenção à sua aula, observando o menino de minuto em minuto, esperando que este violasse a sua regra, o que claramente não ocorreu. Não sabia se estava desapontado ou feliz, naquele momento.

Enquanto isso, o tailandês continuava concentrado e em seu canto mesmo que soubesse e sentisse o olhar do mais velho vibrando intensamente em sua cabeça abaixada. Foi por esse motivo que pela primeira vez resolveu fitá-lo, facilmente encontrando o olhar semelhante. Aquilo lhe deixava um pouco sem reação, ou talvez perdido e sem graça como nunca esteve, rapidamente desviando a atenção para outro ponto. Não queria aquilo, além do fato de querer pedir para que ele parasse de lhe encarar daquela forma.

Não tinha a intenção de arranjar briga justamente com o professor, mas também não era mais um daqueles garotinhos que levavam sapo para casa e abaixavam a cabeça para qualquer grosseria. E deveria concordar que o rapaz, que agora ensinava álgebra, parecia ser graduado em grosseria e outras vertentes dessa mesma matéria.

Esse foi o fator principal para que todo o show de respostas grosseiras daquele dia acontecesse. Não havia mentido sobre o fato de que realmente não queria estar lá, juntando mais ao fato de que sentia-se desconfortável e irritadiço.

Haviam muitas coisas das quais guardaria pra si desde que seus  pais tinham certo dedo na história de estar ali naquele momento. No fim, não queria ter que odiá-los, mas a tarefa era mais difícil do que pensava.

Fitou-o mais uma vez, encontrando novamente aquele mesmo olhar que não sabia descrever se estava apenas o olhando esperando alguma reação ou se estava tentando lê-lo, o que de fato conseguia lhe tirar o conforto. Balançou a cabeça em pura reprovação, voltando seus olhos para o pequeno caderno, talvez mais embaraçado do que de inicio, tentando ignorar o fato de que seu professor daria o resto da aula lhe observando.

E realmente, Jinyoung o observava minuciosamente, notando o quanto o aluno novo vivia em sua bolha particular, pronto para expulsar qualquer um que tentasse e se atrevesse a entrar. Não era algo normal. Costumava ver pessoas se comunicando, contando seus problemas. Mas desde que conheceu o garoto, não o viu sorrir uma vez que fosse pra contar história. Era como se o fato de que estivesse ali, o incomodasse mais do que qualquer coisa no mundo. E aquilo realmente incomodava a si.

Desde sua chegada, também não havia deixado de notar um aluno que não parecesse estar interessado em querer saber mais sobre o garoto. Todos queriam, até ele que até então o odiava. Ou talvez, queria odiá-lo e precisava de motivos pra isso.

E desde então podia notar que todo intervalo o garoto simplesmente sumia depois de deixar a lição em sua mesa com a mesma letra impecável de sempre. Junior não o via entregar e nem o via sair, sentindo-se curioso para saber como o garoto fazia aquilo.

Pensava várias vezes em como ele havia aprendido coreano daquela forma, mesmo vindo repentinamente para a Coréia. O que se passava? Qual era seu real motivo ali? Eram tantas perguntas que sua cabeça queria doer mais do que achou que poderia.

Algumas vezes lia o nome do garoto em sua lista de chamada, rebatendo a pronúncia em sua cabeça, por vezes esquecendo como era. Imaginava o quanto talvez fosse chato para o menino, desde que seu nome também saia errado da boca das pessoas.

Mas achava graça ao final de tudo, porque queria irritá-lo.

A grande verdade era que não sabia o que queria... Sentia-se uma criança que havia comprado briga com um garoto que mal atingira a puberdade, mas ao mesmo tempo pensava no quanto queria tirá-lo de sua vista porque ele lhe irritava.

Talvez aquele lhe fosse um dos maiores dilemas, levando ideias para casa e as arquitetando sobre como poderia tirar o menino do sério tanto quanto ele lhe tirava mesmo sem fazer nada para que aquilo acontecesse.

Difícil, mas não seria impossível.

xxx

Um mês passado e, pela primeira vez, não viu o garoto sumir durante o intervalo de forma sorrateira, franzindo o cenho quando o encontrou em sala, recostando sobre o próprio braço. Aparentava tédio e preocupação, mesmo de olhos fechados.

— Kupimoo? – Aproximou-se, tentando entender se o garoto estava bem, aguçando a vista a cada vez que chegava perto, recostando-se em uma carteira pouco próxima dali.

—  Kunpimook. – Respondeu sereno, não se dando o trabalho de abrir os olhos para ver a feição do professor que, sinceramente, não tinha vontade de ver. Não naquele momento.

— Tanto faz. O que faz em sala? É intervalo. – Não podia negar que estava curioso.

— Não estou com vontade de sair daqui agora. Você pretende me expulsar ou algo do tipo?

Os dedos de Kunpimook brincavam com o anel que parecia um tanto largo em seus dedos, agora parecendo mais inquieto do que sereno. Jinyoung tomou seu próprio tempo observando os dedos brincando ali.

— Sugiro que se essa seja sua intenção, comece procurando um carrinho ou terá de me tirar daqui à força.

— Um mês e você ainda não mudou esse comportamento. Eu sou seu professor e mais velho. Você me deve respeito! – Dizia mais indignado do que irritado. Como era possível alguém de gênio tão difícil quanto aquele?

— Devo respeito? E por que eu deveria? – Dessa vez o menino levantou seus olhos para observar o rosto do professor que pela primeira vez lhe tirava do sério.

Será que ele havia se esquecido do quanto havia o infernizado desde o começo do mês que estava ali? “Além de arrogante tem memória fraca”, pensou consigo.

— Eu acabei de lhe dar motivos óbvios, horas. – Havia notado a alteração de humor na voz do rapaz, quase sorrindo,  sentindo que pela primeira vez havia obtido vitória e sem muito esforço de sua parte.

— Pois agora eu vou te dar um ótimo motivo pra não lhe tratar da maneira que deseja. – Pausou, sorrindo do jeito mais falso que conseguiu achar em sua mente. – Não. Estou. Com. Vontade. – Precisou pontuar cada uma das últimas palavras, antes de molhar os lábios em puro desprezo, voltando a jogar os fios para trás com as mãos. Era sua mania favorita.

— Escuta aqui garoto, você-.

— Você realmente me ajudou a querer sair da sala, com toda licença. – O garoto recolheu um livro de capa dura, uma agenda e uma caneta antes de sair em passos apressados dali, deixando um moreno de olhos fechados ao ponto de quase explodir em puro mau humor.

Quem aquele garoto pensava que era para lhe cortar e lhe virar as costas enquanto estava claramente falando com ele?

Aquela pergunta parecia ter virado uma de suas oficiais desde que pisou em sala um mês atrás. Repetindo-a como um mantra: Quem aquele garoto pensava que era?

Jinyoung precisou de muito controle para não chutar a carteira com os materiais do garoto, lembrando-se que se o fizesse, teria de recolher em seguida.

Droga...”

Foi tudo o que conseguiu pensar no momento.

XXX

Não muito longe dali, um dos garotos da atual sala observava o estrangeiro se apressar em sair de lá. Reconheceu de imediato quem era, sabendo que seu professor ainda estava ali dentro. Ligou os pontos facilmente, sabendo dos acontecimentos recentes, até porque ele gastava mais tempo do que deveria observando as discussões. Até mais do que observando os garotos das outras séries.

— Hey, acho que o aluno novo e professor brigaram de novo. – O garoto cutucou o amigo, tentando chamar a atenção para que ele também olhasse o ruivo. – Eu não sei porque o professor se irrita tanto com ele, às vezes ele não faz nada.

— Na verdade, nem eu, Youngjae.

 Mark também parecia intrigado o suficiente, mesmo que parecesse estar desinteressado com os fatos. Como costumava dizer “mind your own business”, mas não podia evitar prestar atenção desde que toda sua sala de aula o fazia.

— Eu pensei que o professor tinha problema com estrangeiros, mas você ele trata bem, hyung. – O menino pausou um momento para coçar o nariz. – E olha que você chegou aqui um tanto atrasado na matéria, mesmo que estivesse tendo de refazer a série.

— Eu não sei. Nunca entendi realmente o professor, para ser sincero. – O americano gesticulava com as mãos, como se houvesse algo que pudesse tocar no ar. – Ele simplesmente parece outra pessoa. O barulho de uma agulha costumava o estressar e descontar tudo na gente, mas agora ele sequer se importa quando trocamos papéis em sala quase em frente do nariz dele.

—  E olha que ele tem olhos biônicos! – O mais velho dos dois precisou rir das exclamações do menor.

Youngjae era uma figura engraçada e agradecia de não ser o único a ter aqueles mesmos pensamentos guardados.

— Mesmo que não saibamos a matéria, ele se importa mais em ficar bravo pelo menino responder certo.

— Já faz um mês que eles continuam piores que gato e rato no corredor. – O loiro precisou concordar. – Às vezes eu queria saber porque ele veio da Tailândia sabendo tanto, e talvez ser amigo dele. Por mais que ele seja sério e calado, ele parece solitário... Não acha?

Youngjae concordou, abaixando o olhar.

Às vezes para eles era difícil, desde que estavam ali por eles e só eles. Não conseguiam imaginar o que era estar em outro lugar do qual não estava familiarizado e pior ainda, sozinho. Nem Mark conseguiria entender.

O silêncio contornou ambos por alguns minutos antes do sinal do final do intervalo ressoar pelo recinto, fazendo com que ambos levantassem à contra gosto.

Foram dessa forma que puderam fitar o mesmo jovem de quem falavam antes atravessar o outro lado da escola para entrar na sala de aula que dividia com ambos. Seu rosto não parecia muito contente e talvez pudesse estar três vezes mais irritado do que quando Jinyoung o espezinhava. Mark teve de se conter para não ir falar com o rapaz.

Era como se ele houvesse saído de um local por ter discutido e ido parar em outro para discutir mais.

E realmente era isso. O ruivo sentou-se em seu lugar, massageando as têmporas,  acalmando a dor de cabeça que parecia lhe atingir de forma severa. Até aquele devido momento queria mandar todos fecharem a boca, desejando apenas estar em algum lugar tranquilo onde podia escrever com calma e em paz. Tarefa essa que pouco podia ter a chance de cumprir que não fosse em seus próprios pensamentos ou sonhos próprios dos quais vivenciava ali mesmo.

Pensou se deveria sair da sala e ir até a diretoria, tentar de alguma forma obter uma autorização para se ausentar o resto da semana, mas era óbvio que não iria conseguir, aquilo lhe fez querer permanecer de olhos fechados. Quem sabe daquele jeito não se materializava ou coisa parecido.

Não que aquilo realmente fosse acontecer. Suspirou, tentando entender quando foi que sua vida havia sido tomada pela má sorte.

— Sr. Kupimok? – A voz conhecida ecoou pela sala. Parecia que o tímbre ecoava várias vezes em sua mente, fazendo sua cabeça latejar.

—  K u n p i m o o k. – Soletrou antes de abrir os olhos. Não estava com paciência para discutir com o professor.

Não naquele momento e pedia para que ele simplesmente voltasse a atenção para a aula.

— Sugiro que se quiser dormir, faça isso na sala do diretor. – O mais velho retrucou antes de apontar para o conteúdo da lousa. – Esse conteúdo é importante e necessita de atenção. Eu realmente não tenho tempo para ficar voltando a matéria se você tiver alguma dificuldade.

—  A resposta é  X com número atômico 7 e de massa 14. – O rapaz menor massageou a testa esperando o estrelismo do moreno parado em frente a lousa, o que claramente não demorou muito a acontecer.

—  Eu me lembro de ter sido claro quanto ao fato de você só responder quando eu lhe desse a ordem. – Seus braços se posicionaram em frente ao corpo, contendo o ímpeto de apertar a cabeça do menino até que ela explodisse em meio a suas mãos.

A essa altura do campeonato, a classe toda havia parado seus afazeres apenas para prestar atenção em ambos que agora estavam em meio a uma discussão mesmo recém voltados da tranquilidade do intervalo. Youngjae e Mark guardavam cada pedaço apenas para discutirem na volta pra casa mais tarde.

— E eu me lembro que em alguns minutos atrás você chamou meu nome e me pediu a atenção sobre esse conteúdo. Por que você não atualiza as suas aulas e oferece aos seus alunos um conteúdo que eles realmente vão aproveitar e seja novo? Todo professor já ensinou isso! – Gesticulou. Teria um grande problema com aquela dor de cabeça ameaçando lhe acompanhar pelo resto do seu dia. Não queria ter dito aquilo, mas quando viu, já havia saído.

— Moleque vo-

— Eu tenho nome, está na sua lista de chamada se precisa saber qual é. – Retrucou.

— Saia agora da minha sala de aula! – O rosto do mais velho estava tão vermelho que parecia estar prestes a explodir. – Essa é minha sala de aula! Minhas regras, meu conteúdo. E você deve segui-las! Eu não quero você aqui tão cedo. – Exaltado era como podia se determinar o moreno naquele momento.

— Oh, você não sabe o quanto fico chateado por ouvir isso. – A voz era carregada de ironia, enquanto as mãos ágeis cuidavam de seus materiais, guardando-os na mochila, atravessando a sala de aula assim que terminou. Levantou a destra jogando um tchau ainda de costas.

“Esse moleque...”

Foi tudo o que Junior conseguiu pensar antes de precisar tomar posse de sua garrafa de água e tentar se acalmar diante de seus alunos, que pareciam estar sem reação do que poderiam fazer.

— Página duzentos e trinta e oito. Leiam os textos e respondam as perguntas. Eu não quero ninguém falando ou desviando a atenção do livro ou caderno que não seja pra algo importante. – Reclamou. – Eu irei me ausentar por alguns minutos e espero encontrar essa sala em ordem.

Foi a última coisa que disse antes de deixar a sala de aula, atravessando o corredor. Era óbvio que conversaria com o diretor, realmente não queria o garoto em sua sala. Pelo menos não ele, mas o diretor parecia discordar da ideia de tirá-lo e colocá-lo em outra sala.

— Professor Park, eu sei que você tem seus métodos e suas maneiras de ensino, mas eu infelizmente não posso colocar o aluno em outra sala. Me comprometi em deixar o garoto em suas mãos quando falei com seus pais antes de receber sua transferência. Você é o melhor professor dessa escola, todos sabem disso. – E já estava se arrependendo amargamente.

— E só por isso eu vou ser obrigado a aguentar aquele moleque quase andando na minha cabeça e respondendo à mim? – Balbuciou incrédulo.

— O menino só está estressado demais, ele deve ter seus motivos. Vou chamá-lo para conversar assim que vocês dois se acalmarem. E quero você junto.

Junior se recusava. Sabia que o diretor pouco caso faria, ele tinha seus próprios problemas e alunos piores para lidar, sabendo exatamente do gênio difícil de Jinyoung.

— Que seja, dê um jeito daquele garoto melhorar o comportamento ou eu mesmo o impedirei de entrar em minha sala de aula. – Lembrou-se de ser claro, fitando o outro rapaz balançar a cabeça em afirmação, levantando-se para tomar seu rumo, mais uma vez andando pelos corredores da escola.

Queria apenas espairecer, esquecer o quão estressado estava e toda a “porcaria” que havia passado, acreditando fielmente o quanto aquilo tudo parecia difícil. Jinyoung ainda deixava o pensamento de que aquilo não mudaria tão cedo prevalecer em sua mente, tentado a ignorar tudo de uma vez e esquecer que um dia o tailandês havia existido. Recomeçar.

Mas ele odiava recomeços e, um dos motivos atuais para que ele rejeitasse a ideia, era porque ele sentia que no fundo, precisava daquela dose extrema de grosseria vindas do garoto do qual vivia debatendo. Era um capítulo novo, uma coisa nova que chamava a atenção de Junior por mais que ele detestasse admitir, mesmo que dentro de sua mente.

Não se entendia e estava mais do que escrito na sua testa aquilo.

Dedicou-se a chutar o chão, até que algo lhe roubou a atenção e era exatamente o seu objeto de ódio.

Não muitos metros da onde estava podia se observar o garoto sentado na graça onde o Sol batia com força. De cabeça baixa, não sabia exatamente como o menino estava, mas podia notar um fone de ouvido preso à orelha esquerda. A cena era estranha. Sentia-se estranho observando o garoto ali, decorando cada ponto. Por algum motivo, não conseguia evitá-lo.

O menino se remexeu hesitante, levantando o rosto, pondo as mãos na agenda que Jinyoung reconhecia como companheira, considerando que ele a levava para cima e para baixo. Era seu objeto de afeto, assim como a caneta de tons pastéis.

Em seu ponto de vista, pareciam ter algo interligado ao seu gosto ou simplesmente havia sido um presente especial. Parecia admirar um ponto fixo do objeto, deixando a cena esquisita para quem via de fora. Seria complicado tentar decifrar o que é que o garoto planejava naquele momento.

Alarmou-se quando este ameaçou jogá-la longe, logo notando que o garoto recuou quase que de imediato, agarrando-a com mais força que de ínicio.

O que será que pensava? O que queria?

O moreno queria saber, queria perguntar. Queria ter alguma conversa produtiva pela primeira vez com o ruivo. E foi isso que levou seus pés à contra gosto na direção alheia. Não era apressado, mas a distância colaborava para que chegasse rápido. Pensou em mil coisas que poderia dizer, sem sucesso, assustando-se quando o tímbre do menino passou por sua audição.

— Por favor, eu só quero aproveitar o meu tempo em paz, seja quem for, me deixe aqui. – Fora o tempo de Kunpimook virar para fitar o rosto do moreno, suspirando com toda a força que tinha. No fundo ele realmente era a última pessoa da qual queria topar.

— Você sabe que sou do corpo docente e não posso deixar alunos meus soltos pelo pátio em período de aula. – Tentou ser cuidadoso pela primeira vez em sua vida, fazendo com que um ruído de desaprovação saísse dos lábios do menor.

— Que eu me lembre foi você quem começou me expulsando. – Retrucou.

— Você me deu todos os motivos para que eu-

— Eu realmente não quero discutir, por favor. – Era um pedido simples. – Se você veio aqui pra isso de novo, me avise e eu vou pra outro lugar.

—  Não... – Recuou um pouco, notando que as palavras haviam saído tão fáceis de sua boca como não imaginava que pudessem. – Eu notei você aí e por alguma razão, quis ter uma conversa normal com você. – Começou, hesitando um pouco mais quando recebeu o olhar do menino, talvez surpreso. – Desde o começo sei que não nos demos bem.

— E eu acho que não vamos. – O tailandês pontuou. – Sinto muito, mas desde o ínicio eu sei que não nos daríamos bem e eu não tenho a intenção, realmente. – Era esforçado e no fundo, Junior podia sentir que o menino não falava com toda a firmeza, fazendo com que soubesse que mentia.

Mas por quê?

— Nunca é tarde pra nada. – Deu de ombros, tentando manter a situação sob controle.

— É tarde. É sempre tarde. Eu não sei de onde vocês tiram a ideia de que nunca é tarde para as coisas. Do meu ponto de vista, é sempre tarde pra tudo. Para dizer, para sentir, para voltar atrás. É sempre assim.

O toque amargurado na voz parecia bater em cada ponto de sua mente, ousando tentar entender o que era aquilo tudo. Queria entender o “vocês” que o menino usava na frase mais do que qualquer coisa.

— Esse não é o tipo de pensamento que os jovens deveriam ter. Você é novo, tem muito pela frente.

— Você quer mandar nos meus pensamentos também? – Comentou irritado, rapidamente levantando-se. – Eu não quero pensar no quanto eu tenho daqui pra frente. De preferência, não quero pensar em nada. – Foi a última coisa que o menino disse antes de sair batendo o pé, apressado.

Antes que pudesse chamar a atenção do menino, seus olhos pararam no objeto jogado no gramado. A agenda. No fundo, pensou se deveria ou não chamá-lo para devolver, mas seus dedos coçaram irritantemente, pedindo para que tocassem o objeto em sua frente. E foi isso o que fez, não demorando a admirar a capa.

“Bambam’s memories”.

Não sabia bem o que a primeira palavra queria dizer, mas deduziu ser algo relacionado ao rapaz, que mais uma vez, não sabia e tinha a sensação de que não demoraria a descobrir.

Ou demoraria, se sua consciência não pesasse fortemente, impedindo-o de abrir o objeto pessoal ali no meio do pátio, numa linha tênue entre a curiosidade e a boa ação de não mexer na onde não havia sido chamado.

Decidiu que por hora voltaria até sua sala, deixando para pensar no que deveria fazer depois, também guardando o peso para outra hora.

Não se surpreendeu quando não encontrou o garoto em sala, também não esperava que estivesse lá. Julgando pelo restante dos olhares, faziam a mesma pergunta que fazia pra si: Onde ele estaria naquele momento? Era como se fosse um mistério. E realmente, odiava mistérios. Porque eram coisas das quais lhe intrigavam mais do que deveria.

Resolveu retomar sua aula, desde que não havia tempo o suficiente e precisava finalizar o conteúdo da lousa, dificilmente focando sua atenção ali, desde que seus olhos acabavam sempre por pousar por sobre o caderno em cima de sua mesa.

Seja lá o que fosse aquilo que estava pensando ou até sentindo, ainda não tinha aprendido nem a lidar, nem a descrever.

Era inútil, mas ignoraria por hora.


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Notas finais do capítulo

E então? Eu espero que tenham gostado! Agora as coisas começam a correr, porque tem alguém com a agenda do menino Bambam em mãos. ~
Caso alguém tenha alguma duvida, eu preferi fazer com que o Junior fosse apenas professor de matérias exatas. Química, física, matemática e todos os seus derivados. Ele divide o turno com outro dos professores, que é mais de humanas, mas esse professor só vai entrar um pouquinho mais pra frente, uhum. *joga no ar*



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