PDV - Freddie

Sam rapidamente se enrolou numa toalha, que estava jogada em cima da cama. Só deu mesmo para ver algumas partes, mas como eu não queria pagar de "taradão", tampei os dois olhos e sai do quarto. 

No entanto, voltei logo em seguida para me desculpar - por ter entrado sem bater -, e para pegar o cartão de crédito do Brad, afinal ele ainda estava no supermercado a minha espera.

— Lamento muito! - falei, tampando os olhos novamente. - E... Eh... Poderia me dizer onde o Brad guarda os cartões de crédito?

Sam resmungou:

— Mas você é muito cara de pau mesmo, hein! 

— Eu só quero o cartão - avisei-lhe, retirando as mãos dos olhos. - O Brad está precisando urgentemente disso. 

Sam, que permanecia com a toalha em volta do corpão... Digo, corpo! Vasculhou uma das gavetas do Brad e retirou de lá uma carteira de couro.

— Aqui está! - Com muita má vontade, ela pegou um cartão dourado de dentro da carteira e se aproximou de mim, apenas para me entregar o objeto.

Ela ficou suspendendo o cartão para mim, por uns longos dois minutos, embora eu tenha dado a mínima para esse gesto. Era mais interessante ficar olhando a loira da cabeça aos pés. 

— Pega logo e dá o fora! - Ela gritou e dessa vez agitou o cartão no ar. - Eu quero me trocar.

Fiz o que ela me pediu/obrigou, mas antes dei umas palavras:

— Sabe, essa situação poderia ser bem mais diferente se você assumisse o que está sentindo... - Dei meia volta, fechando a porta após passar.

(***)

Corri bastante para poder chegar no supermercado a tempo, e a corrida realmente foi necessária, pois o Brad já se encontrava com os dois carrinhos cheios e estava prestes a ir para o caixa.

Ajudei-o a levar as compras para a casa dele e quando a entramos - quase ao anoitecer -, reparamos numa Sam silenciosa, mexendo no Pear Phone e jogada no sofá da sala de estar. 

Brad largou as compras e foi beijar a loira, enquanto eu colocava os restos das compras para a cozinha. Num determinado momento, meus olhares se bateram com os da Sam, mas ela logo voltou as atenções para o namorado ou para o próprio celular. 

— Pode deixar que eu coloco as compras nas prateleiras, Freddie - avisou Brad, sorridente. - Acho melhor vocês! - Ele se referia a Sam e eu -Irem dormir. Amanhã será um longo dia e não quero nenhum dos dois dormindo na minha festa.

— E você? - questionei ao Brad.

— Também já vou dormir, antes irei organizar a casa e as compras - respondeu Brad gentilmente. 

Sam e eu seguimos em direção aos nossos quartos (separados, todavia, não-distantes) sem questionar os favores do Brad. 

A loira e eu fomos para o primeiro andar e quando chegamos nos nossos respectivos quartos não trocamos nenhuma palavra nem, ao menos, um "boa noite" ou "bom sono". Isso já estava começando a me incomodar.

Porém, algo mudou quando pós meu pijama e me deitei: ouço fracas batidas na minha porta - até então fechada. Levantei-me rapidamente para atendê-la e, por algum motivo, não me surpreendi quando encontrei a Sam.

— Podemos conversar? - ela me perguntou calmamente. 

Eu estreitei os olhos para ela e pensei: "ISSO É UM SONHO!?"

— AH, Agora você quer conversar!? - quase berrei ao cruzar os meus braços para ela. - Sam, você mal olha no meu rosto e além de tudo vem me tratando super mal. Do nada você vem aqui e me pede para conversar!? Qual o seu problema, garota? 

 Não me arrependi de ter fechado a porta na cara da loira e de ter ido me deitar. Depois de ter feito isso, eu pensei: "O que será que ela queria comigo? Me deixar maluco!?"

Minutos ou horas depois, ouço mais uma batida na minha porta. 

— O QUE VOCÊ QUER DE NOVO!? - Exclamei, exaltado, ao abrir a porta. Dessa vez não foi a Sam e, sim, o Brad, que me olhou indiferente. - Desculpa, pensei que fosse outra pessoa.

— Quem?

— Ninguém... - Olhei para os lados, apenas para disfarçar. - Era... Coisas do meu sonho.

— Só vim te avisar que a sua mãe está no telefone lá de baixo - informou Brad, antes de voltar para seu quarto. - Acho melhor você ir...

(***)

Mesmo distante não escapei das incansaveis ligações da minha mãe. Afinal, o que ela queria comigo tão tarde!?

Eu (telefone): Oi, mãe, qual o problema dessa vez? Aconteceu alguma coisa SUPER grave?

Mãe (Sra. Benson): Claro que aconteceu, Freddie! Você se esqueceu da toca do pijama! Não se preocupe que já estou indo aí levar...

Eu: MÃE!... Não me faz passar vergonha! Eu não preciso dessa toca! Por favor, vai dormir!

Mãe: Eu não vou fazer você passar vergonha, filho... Ah, bom, já que não quer a toca, tudo bem! Não venha reclamar se algo estiver faltando! Boa noite!

— BOA NOITE! - falei irritado, desligando o telefone.

Minha irritação era tão grande que tudo o que eu mais queria era dormir em paz. Fui até a cozinha para tomar um copo d' água ou leite - Às vezes me acalmava.

Ao chegar lá notei uma loira atacando a geladeira.

Obs: Estava tudo escuro, porém, era possível notar a loira por conta da luz, que vinha da geladeira.

— Era só o que faltava! - Eu cocei a cabeça ao ver a cena. - O Brad sabe que você está aqui?

— Para que ele precisaria saber? - Ela falou de boca cheia. Parecia estar comendo umas uvas verdes. - Nem você precisa contar, né, "menino-da-mamãe". - Zombou uma Sam sorridente.

— Você escutou a minha conversa!? - Questionei-a e ela confirmou com a cabeça. 

—Você precisa falar mais baixo, sabe? - Ela continuou zombando de mim. - Se controlar mais... E, ah, eu devia dar um soco na sua cara por ter fechado a porta na minha cara.

Dei um longo suspiro.

— Sinceramente, Puckett! Eu cansei... Cansei de você, da Carly e de qualquer uma! Cansei.

Sam me olhou de maneira estranha.

— Parece que todas garotas acham que eu sou palhaço ou sei lá...

— Eu tenho certeza disso.

— Viu só! - Arregalei os olhos, dando meia volta, sendo que a Sam me puxou de volta para a cozinha e passei a questioná-la: - O que você quer?

— Que você me escute... - Ela me respondeu seriamente e eu dei minha total atenção. - Foi difícil chegar nessa perspectiva e você também não me ajudava nem um pouco, pois sempre vinha me cobrar algo, o que me deixava ainda mais irritada. Pensei no que você me disse antes de voltar para o supermercado e...

— E...? - Esperei que ela fosse concluir algo, mas não fez. Então eu tomei a vez: - A questão é: você largaria o Brad para ficar comigo? 

Ela não me respondeu e esse simples ato significativa muita coisa.

— Olha, para mim já deu... Você sempre excita - Revirei os olhos, dando as costas para a Puckett. - Vou voltar para o meu quarto...

No momento em que eu estava saindo da cozinha, ouço um baixo e singelo "Sim".

Aquela simples palavra me deixou paralisado e com um sorriso bobo, que brotou no meu rosto sem a minha permissão; talvez eu nem tenha percebido a tamanha alegria em receber uma "confirmação" de algo que poderia prejudicar a minha amizade - e com razão. 

— Apenas me dá um tempo - Ela me pediu antes de deixar a cozinha. 

(***)

Acordei bem tarde no dia seguinte - porém -, com uma grande disposição. Desci para tomar o meu café da manhã e logo dei de cara com um aviso do Brad, que se encontrava na porta da geladeira:

"Fui comprar mais bebidas e buscar o DJ... Volto antes da festa começar... - ASS: Brad"

Ao que me parece a Sam bebeu quase todo o estoque de bebidas na noite anterior e agora o Brad teve que ir buscar mais, além de trazer o DJ. Será um pouco complicado e corrido para o Brad - que tentará não chegar atrasado -, mas ainda bem que ele deixou tudo preparado antes de sair. 

A sala de estar estava toda decorada com fotos da viagem dele a Austrália e muitas outras fotos, incluindo ele com a Sam, o que me deixava um pouco triste. Enfim, encontravam-se também: balões, uma pista de dança, caixas de som, etc.

Sam acordou bem tarde - mais do que eu -, sendo que ela já acordou quando restava apenas duas hora para que a festa começasse e até então nenhuma notícia do Brad.

Horas depois, os primeiros convidados da festa de boas-vindas deram as caras. Na verdade não era ninguém tão importante assim.

— CADÊ O BRAD!? - as pessoas começavam a me questionar e eu não sabia o que responder. 

Não demorou muito para a sala ficar lotada de gente desconhecida. Certo que aquelas pessoas pertencem a nossa escola, mas como não tenho contato com nenhuma daquelas pessoas, exceto o Gibby, que se encontrava comendo umas batatas num canto, e a Wendy e seu gesso.

Sinceramente ainda tenho medo de que a Wendy venha contar algo ao Brad ou alguém, se bem que eu não iria ligar muito. Eu ainda estava disposto a contar toda a verdade e iria contar ainda naquele dia - ao menos quando a festa acabar.

— Freddie! - Sam me chamou num canto. - Acho melhor você ligar para o Brad, porque já estou ficando preocupada.

— Okay... Eu ligo! - avisei-lhe.

Liguei milhares de vezes e ele não me atendeu em nenhuma delas. 

O Brad só chegou umas três horas depois, quando as pessoas já aparentavam estar entediadas, e foi a maior animação quando ele apareceu na própria casa, carregando várias sacolas com refrigerantes. - Espero que estejam festejando! - Brad urrou, largando as bebidas em um local qualquer. O DJ veio atrás dele e logo soltou um som para animar o pessoal. 

A festa em si começou a ficar animada, porém, não saí do meu canto. Fiquei escorado na parede, reparando a movimentação a minha volta e, na maioria das vezes, eu olhava para a Sam e tinha a estranha impressão de vê-la olhando para mim.

Houve um momento em que o Brad puxou a Sam, que estava conversando com outras duas meninas num canto, e lhe deu um beijasso. Eu, chateado, logo virei o meu rosto para um local qualquer: a porta da casa, que fora aberta.

Mais duas pessoas acabaram entrando naquele momento: a primeira eu desconhecia, pois parecia ser bem mais velha para estar na escola; e a segunda era a Carly, que por sinal preparou uma super produção (estava muito linda).

Voltei minhas atenções para o "casal vinte" da festa e, droga, eles ainda estavam se beijando! 

Após o beijo, Brad veio em minha direção.

— Aproveitando a festa? - Ele me questionou, sorridente, quando se escorou ao meu lado na parede.

Eu fiz um "Uhum" com a boca fechada, sem olhar diretamente para ele.

— Ah... Vejo que você convidou a Carly.

— É - confirmou Brad, contente. - Eu tinha que convidar ela, né? Somente espero que você consiga conquistá-la logo... Ou pelo menos... Que "fique" com ela nessa festa, sabe? Você merece encontrar alguém! 

Permaneci calado, olhando o movimento de pessoas desconhecidas ao redor da sala de estar do Brad. Por um momento, percebi que a Carly olhou feio para mim e seguiu para um outro cômodo da casa. 

— Parece-me que a Shay está se fazendo de difícil... - disse Brad dando gargalhadas. Droga, ele também notou a expressão da Carly para mim.

— Não, talvez esse mau humor todo seja porque eu pisei, sem querer, no pé dela, uns dias desses. - Sendo que eu sabia justamente qual era o verdadeiro motivo: a mentira.

Brad riu.

— Ah, Freddie... - Brad deu uns tapinhas no meu ombro. - Vai lá falar com ela...

Suspirei fundo, olhando indiferente para o meu melhor amigo e respondendo-lhe:

— Não... Não vou - falei com firmeza. - Olha, Brad, podemos conversar? De preferência em algum lugar reservado? 

— Claro... O que houve?

— É um assunto importante... Eu não posso falar aqui.

Brad deu de ombros e fomos para o primeiro andar da casa que, por sinal, não não seria possível ouvir o barulho de música alta e de outras pessoas em volta.

— Pode se abrir para mim, Freddie. Você sabe que somos amigos. 

— Não sei se seremos mais...

Brad riu.

— Claro que seremos! Quanto drama, garoto! - Ele disse. - O que é tão importante? Você quer dicas para chegar na Carls?

— Não, não é nada disso...

— O que é então? Você...

— Eu estou amando a Sam!