PDV - Freddie

Próximo do final de semana, minha mãe fez questão de arrumar a minha mochila com algumas roupas, lençóis e travesseiros limpos; comidas e bebidas saudáveis; e afins, para os dias em que ficarei na casa do Brad.

— Ligue para mim caso algo de errado aconteça. - Minha mãe me disse após finalizar a minha mochila. - Tome cuidado, Freddie.

Coloquei minha mochila azul nas costas e saí. Rapidamente senti o peso nas minhas costas, mas nada disso chegava aos pés do peso que eu sentia na minha consciência. 

Repito em dizer que não me arrependo de nada, apenas não queria estar passando por essa situação idiota. Teria que contar toda a verdade!

(***)

Peguei um ônibus que me deixou na rua exata do Brad, caminhei um pequeno percurso e bati em sua porta, já que a campainha parecia não funcionar.

Havia me esquecido que a casa do Brad era pura riqueza. Ele tinha duas piscinas no quintal, dois extensos quartos e outras luxúrias, apesar de ele não ligar muito para isso.

— FREDDIE! - Brad abriu a porta e me surpreendeu com um forte abraço amigável e apertado. 

Guinchei baixinho, sentido um pontada nas costas.

— Pega leve... - avisei-lhe após o abraço. - Minhas costas estão me matando! Olha, a minha mãe me fez trazer coisas BEM desnecessárias, então não ligue para o que tiver dentro da minha mochila. 

Brad sorriu e praticamente tomou a mochila das minhas costas, jogando-a no chão da sala de estar, e, em seguida me fez entrar em sua residência. 

Aparentemente, tudo estava bem dentro do lar do Brad - que se demonstrava feliz em ter a casa toda para ele -, ainda mais sem a presença de nenhum responsável para dar ordens. 

Então... Estava tudo indo muito bem até a hora em que o Brad me fez segui-lo até a cozinha de sua casa, para me servir um copo com água, e foi lá onde encontramos uma loira entediada, sentada na bancada cozinha e comendo umas barras de chocolate, em total silêncio. 

— Droga! Esqueci de te avisar, Freddie... - Brad pós as mãos na cabeça, desesperado. - A Sam também vai passar o final de semana conosco.

Encarei a loira por um breve momento e, na minha concepção, ela não aparentava muito surpresa em me ver. Na verdade, ela levantou uma das sobrancelhas quando notou os meus olhares.

— Será apenas nós três! - Brad comemorou enquanto retirava uma garrafa de água da geladeira - Apenas nós...

— Hmmm... - fingi uma expressão de ânimo para ele. - Ótimo!

Houve um pequeno momento silencioso entre nós três, onde um olhava para a cara do outro com uma cara de tonto, no entanto, o momento foi facilmente interrompido por um toque de telefone, que vinha da sala de estar do Bard.

Ele rapidamente correu para atender o telefone, deixando-nos (Sam e eu) sozinhos na cozinha:

— Deixa que eu atendo! - Ele disse antes de sair e me entregando a garrafa com água. 

Aproveitei a ausência do Brad para encher o meu copo e encarar a Puckett com toda liberdade. 

— O que você tanto olha!? - Ela me perguntou, brava. - Não fui eu que pediu para ficar o final de semana com ele!

— Você não precisa me justificar... - Dei um rápido gole da água. - Afinal... Ele é o seu "NAMORADO" - dei ênfase na palavra - E eu não sou nada seu, certo?

Ela iria me dar a resposta para essa pergunta, mas, no momento, o Brad voltou para a cozinha e ainda trouxe o telefone sem fio nas mãos.

— Eram os meus pais no telefone! - explicou um Brad sorridente. - Queriam saber se eu cheguei bem em Seattle...

Brad largou o telefone sem fio na bancada - próximo da Sam - e, ainda, depositou um selinho na loira.

— Vai querer mais alguma coisa, além da água, Freddie? - questionou-me Brad, após beijar a Sam.

— N-não, não precisa! ... Eu vou para o meu quarto de hóspedes - avisei-lhes. - Não precisa me levar até lá, eu sei o caminho. 

(***)

Não suportei o momento meloso dos dois e corri para o meu quarto de hóspedes, que ficava no primeiro andar. Era um quarto muito incrível e chegava a ser melhor do que o meu no Ridgeway.

Enfim, eu pretendia contar o que rolou entre a Sam e eu a qualquer momento, mas, com a presença da loira, essa minha "missão" ficará um pouco mais complicada.

— Freddie? - ouço a voz do Brad, que batia na porta do meu "quarto especial". Apressei-me para atender. - Ha, vamos, você não pode ficar aí preso nesse quarto!

— Eu só... - tentei me explicar, mas ele não me deu ouvidos, e saiu me puxando para fora.

— Vamos jogar vídeo games, como nos velhos tempos, lembra? - Ele me disse.

Sentamos no chão da sala de estar e começamos com os jogos altamente viciantes de ação, aventura e violência. Certo que estava começando a ficar divertido. 

— Ganhei! - berrou Brad, jogando o controle de lado. - GANHEI!!

Fomos mais uma rodada, outra e depois outra... Até alguém "atrapalhar" tudo:

— Eu posso jogar com vocês? - perguntou a loira.

Mal percebi quando ela chegou e o estranho era que ela parecia estar nos vendo jogar a bastante tempo, pois havia dois pacotes de salgados no sofá. 

Brad e eu trocamos olhares. 

— Claro, amor - disse Brad, sorridente, dando espaço para a namorada.

Sam alongou os braços e estralou os dedos, lançando uma risada maligna para Brad e eu, quando pós as mãos num terceiro controle para vídeo games.

— EU VENCI! - Ela gritou minutos depois. Sua animação foi maior que a de Brad, chegando a nos incomodar profundamente. - VENCI!

Ela também se intrometeu nas outras atividades feitas por Brad e eu. Se nós quiséssemos jogar basebol no quintal enorme do Brad, ela iria querer também; se fossemos brincar de guerra de almofadas, ela também estaria lá; até quando estávamos estudando! 

Ou seja, tudo que fizéssemos, a Sam iria querer fazer também e isso não me incomodava, mas, de alguma maneira, me deixava mais "bobo" por ela.

Naquela mesma tarde, Brad decidiu que era a hora perfeita para entramos na piscina. Sam e eu concordamos com ele, pois o calor começara a incomodar. 

— Vou me trocar - avisei-lhes, subindo para o meu quarto.

Demorei um pouco para por um short de banho. Somente me apressei quando ouvi umas risadas, uns gritinhos e barulhos de água, e da janela do meu quarto pude ver a Sam e o Brad se divertindo na piscina. 

— Hmm - Afastei-me da janela. Era terrível ter que ver aquela cena. 

Sai do meu quarto e fui rapidamente para onde o casal se encontrava: na piscina. Notei que os dois interromperam o beijo com a minha chegada.

— Vem logo, Freddie! - chamou o meu amigo.

Eu fiquei de pé, prestes a pular na piscina, mas, no momento, reparei vagamente para a loira, que se afastou do namorado e se retirou da piscina - para enxugar os cabelos loiros.

E... Nossa... A loira estava incrível. Ela tinha uma beleza natural e nem parecia vulgar naquele biquíni preto. 

Quando eu finalmente ia pular, sinto-me empurrado para o lado da piscina. Uou, eu poderia ter me afogado nessa hora!

— Sinto muito pelo empurrão! - ironizou a loira para mim e voltou para a piscina mais uma vez.

Depois desse momento tenso, Sam, Brad e eu fizemos várias brincadeiras: apostamos corridas de natação, jogamos voleibol na água, pega-pega e outros. Até o momento em que Brad e eu saímos da piscina, exceto Sam.

— Freddie e eu vamos ao mercado - informou Brad à loira. - Quer ir conosco também? 

Por incrível que pareça, ela não quis, o que eu achei bem estranho.

— Não... - Ela fez um sinal para que fôssemos. - Podem ir, vocês dois. Ah, lembrem-se de trazer mais Bolo Gordo. 

Brad sorriu para a namorada e se despediu dela de uma maneira carinhosa. 

Eu mal estava acreditando nisso: teria, finalmente, um momento a sós com o Brad. Bem, eu teria que contar a verdade agora ou nunca mais iria conseguir. 

(***)

Porém, assim que chegamos na porta do supermercado, Brad me parou:

— Que cabeça, a minha! - ele resmungou em voz alta, verificando os bolsos. - Esqueci o meu cartão de crédito no meu armário! 

— Quer que eu vá buscar? - perguntei. 

— Seria legal, pois enquanto você vai, eu vou comprando o que for necessário para a festa de amanhã - Brad coçou a cabeça, avisando-me. - Olha, a Sam sabe onde está o meu cartão de crédito... Então, pergunte a ela...

— Okay! - dei as costas para ele e voltei para a casa do Brad.

No entanto, quando cheguei lá e entrei não encontrei a Sam na piscina. Tive que rodar aquela "mansão" a procura da loira. 

Ela não estava na cozinha, nem na sala de estar, muito menos no porão, então, só poderia estar no quarto do Brad.

— Sam!? - gritei, já entrando no quarto do Brad.

E eu estava certo: a Sam estava lá. Porém, encontrei-a quase semi nua. Ela deu um grito extremamente alto quando me viu entrando desesperadamente no quarto.